Project Lorrain escrita por Annonnimous J


Capítulo 18
Cap 18 - Missão decisiva


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, mais um capítulo pra vocês, espero que gostem. Abraços



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–Lorrain

Adormeço alguns instantes dentro do casulo para preservar minha energia, mas meu sono não dura muito, a adrenalina corre pelas minhas veias e não me deixa relaxar, fito o monitor e observo o céu da noite tomando o lugar em que raios de sol iluminavam a tarde, o avião em que eu estava acoplada tinha um formato incomum e quase não fazia barulho, o que me dava a impressão de estar flutuando no ar em alta velocidade. Apalpo a grande bolsa que eu carrego e sinto uma mira ótica sob meus dedos e um rifle grande, ele seria de grande ajuda nessa missão.

Os momentos se passam cada vez mais rápido, toda vez que olho no relógio ele mostra um horário diferente, até que o piloto dá o sinal sonoro que vai me soltar. Seguro os controles das asas que mais e pareciam com remos laterais e enrijeço o corpo, a qualquer momento eu estaria por mim mesma. Fecho os olhos e escuto o estalo de algo se desprendendo, então tudo o que eu escuto é o ar contra a fuselagem do módulo, abro os olhos e vejo que ele plana, nada fora do normal, movo levemente o manche e o módulo acompanha o movimento, guinando suavemente para a esquerda, observo as árvores e encontro algo que parecia uma clareira, movo o manche para aquela direção e me preparo para abrir o para quedas, conto até cinco e aperto o botão, um solavanco me pressiona contra o casulo e logo sinto a velocidade diminuir. Observo o chão ficar cada vez mais próximo.

Assim que o módulo toca o chão, chuto a porta e ela se abre, do lado de fora arvores me rodeavam junto com a noite que já avançava, escuto um ruído e me encosto no metal do módulo, primeiro jogo a bolsa e espero, depois saio vagarosamente. Ninguém parecia estar lá. Abro a bolsa enquanto retiro o macacão de altitude, pego o fuzil de precisão e um colete, no colete tinham dois pentes e algumas balas para a pistola que eu carregava, isso era mais que o suficiente para uma missão furtiva. Coloco o equipamento para visão noturna e assim que eu o ligo tudo a minha volta fica mais visível e com um tom de verde nauseante, eu ainda não conseguia me acostumar com essa cor.

Prendo a arma às minhas costas e começo a me mover na direção da base, não sabia ao certo se era essa a direção, mas segundo os meus cálculos e o que eu podia me lembrar das plantas, era próximo dali. Me esgueiro pelas árvores e escuto passos perto de mim, era uma noite com uma lua tímida, então a luminosidade não era das melhores. Ativo o visor noturno, mas não vejo nada, olho ao redor e nada, então escuto um estalo vindo das minhas costas, em seguida uma pressão na minha nuca e meu corpo estremece de leve.

– Veja o que temos aqui – diz alguém pelas minhas costas – posso saber o que faz aqui uma garotinha com um trabuco desses nas costas?

Minha mente começa a pensar em algo a se fazer sem que ele alertasse a base. Logo ele tira a arma da minha nuca e manda que eu me levante, eu obedeço, nesse instante ele se vira para pegar o rádio na sua cintura e eu giro o corpo com o cotovelo levantado, antes que ele pudesse fazer algo, é atingido no rosto e tomba, eu me jogo em cima dele e arranco a faca de sua bainha, aperto a lamina em seu pescoço e ele se rende.

–Onde é a sua base? – pergunto.

– Na-naquela direção – responde ele tentando engolir, mas com a lâmina o impedindo.

– Obrigado – agradeço, então com o cabo da faca acerto a sua têmpora e ele desmaia, espero que por tempo o suficiente.

Nunca tinha pensado nisso antes, mas matar uma pessoa antes me assustava, mas depois de tudo que tinha acontecido, de ver tantos amigos caídos e perder pessoas importantes para mim, isso era tanto, afinal todos vamos morrer um dia, eu apenas diminuo o seu tempo em vida e decido se você vai sofrer em sua passagem ou não. Paro no instante em que eu penso nisso, eu nunca tinha pensado assim antes. Será a pressão? Ou o rancor? Ou a dor de perder algo? Não sei, mas não queria que mais ninguém próximo a mim morresse e esse era o único e mais irônico jeito.

Me aproximo silenciosamente até um barranco e tiro o fuzil das minhas costas, miro na direção que o soldado me indicou e vejo alguma movimentação, ele estava correto. Espero o soldado da ronda sair de perto da estrada e arremesso uma pedra, a pedra bate em um tronco e faz barulho. Por azar dele ele resolve averiguar sem avisar ninguém pelo rádio, assim que ele se afasta um pouco mais, coloco a minha mira em sua cabeça, um único disparo surdo pode ser ouvido apenas por mim, através da mira observo ele tombar de lado como se tivesse levado um soco no rosto, me sinto mal por quem ele conhecia, mas ele escolheu o lado errado para se aliar.

Fico parada mirando por mais um tempo, parece que ele era o único vigia que estava por perto, procuro ao meu redor e vejo um tronco oco cortado perto de onde estou, me arrasto até lá e escondo a arma. Pulo o morro e corro perto da linha das árvores para aproveitar a escuridão, chego na porta e tento abri-la sem sucesso, um painel brilha do meu lado e meus temores se confirmam, tinha uma senha para entrar ali, e eu acabei eliminando minhas chances de descobri-la. Corro para a escuridão novamente e procuro pensar, me lembrar das outras entradas possíveis, é quando me lembro das entradas de ar, agora elas são a minha melhor opção. Me recordo de uma perto da minha posição atual e em instantes eu estou entrando por ela.

O lugar era muito apertado e escuro, meus movimentos eram muito lentos e a cada instante a sensação de estar presa aumentava, minha respiração era a única coisa que eu escutava por algum tempo, até que vejo uma luz em meio ao breu, e dela uma voz que entrava nos meus ouvidos e me fazia arrepiar, era ele.

Espero o silêncio voltar e me arrasto até o lugar de onde vinha a luz. De baixo de mim, uma grade separava o interior da base do interior da entrada de ar, com uma mão eu a agarro e a puxo, mas ela não se mexe, então eu a empurro e como uma peça de lego ela se desprende. Encosto ela novamente no lugar e espero para ver se alguém viria, nada, então empurro ela e desço pela abertura.

Assim que me choco com o chão, o cheio de mofo do lugar me surpreende, aquele poderia se parecer com qualquer coisa velha, até uma biblioteca, mas nunca uma base secreta. Forço meu nariz a se acostumar com o cheiro e olho ao redor, parecia uma sala de comando, com uma escrivaninha grande acompanhada por uma cadeira exageradamente macia, um armário igualmente grande e um mapa na parede, no outro extremo, uma estante com vários livros e um rádio que chiava, mas tudo era apertado demais.

Escuto passos pesados na minha direção, eram grandes, mas eram apenas uma pessoa. Meu estômago revira e uma pressão invade minha barrega, seria expectativa? Eu sabia quem era, sabia minha missão e minha vontade, e pra minha sorte, as duas últimas convergiram para o mesmo ponto, o que me fazia ter que resistir a vontade de entrar em combate com ele e fazê-lo sofrer por tudo que ele fez, mas eu deveria ser rápida e silenciosa, me lembro das últimas instruções do capitão, não queria falhar na missão como tinham feito enquanto eu era uma criança. Entro no armário estupidamente grande e espero, logo escuto a porta de ferro se abrir e depois se fechar, meu coração acelera, mas eu me forço a ficar parada. Escuto a cadeira se mover, paro minha própria mão no meio do impulso de agarrar a pistola, isso tinha que ser mais silencioso ainda. Tiro a faca da bainha e me preparo, essa era a minha missão decisiva. Empurro a porta com cuidado e ela se move, é agora!


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? espero que sim, até o proximo episódio, abraços!



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