Project Lorrain escrita por Annonnimous J


Capítulo 17
Cap 17 - E o Tempo Passa


Notas iniciais do capítulo

Então galera, como prometido, mais um hoje ainda, hehehe, espero que acompanhem até o final que promete muito!



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—Lorrain

Acordo de um salto com o som do despertador perfurando meus tímpanos, todo o dia que eu acordo prometo que vou trocá-lo, mas nunca consigo. Sempre chego cansada demais do treinamento. Viro-me na cama e fito o teto, mal posso acreditar que já se passaram dois meses desde que Roney se foi, sua presença ainda está viva em mim e parece me dar forças para continuar. Tudo mudou desses dois meses para cá, durante esse tempo eu descobri que a mulher loira do enterro era a mulher do capitão e minha nova instrutora nas Operações Especiais, era engraçado pensar que o “Big Boss” da corporação tinha apenas uma pessoa que temia e era justamente sua mulher. Durante esse mês eu também descobri que a minha corporação sabia da minha condição de experimento e vem me monitorando há anos para “a minha proteção”, não sei bem se era isso que eles queriam ou se tinham medo de eu perder o controle ao saber disso ou ainda se queriam me usar. Procuro não pensar muito nisso e me focar no meu treinamento que já era muito trabalhoso.

Quase todos os dias, começamos com um treinamento que ela chama de “siga o mestre”, em que eu tenho que a seguir em uma pista de obstáculos vigiada por soldados que têm a permissão de atirar no que se mover, com balas de verdade, isso tudo pra começar “sem muita pressão”, como ela dizia, perdi a conta de quantas vezes eu pensava que não ia sair dali viva depois de ser detectada por alguém ou de um tiro zunir perto de minha cabeça. Depois disso era uma série quase interminável de exercícios físicos para melhorar a minha diversidade de movimentos, e isso quando ela era boazinha, se ela estivesse em um dia ruim, me forçava a sobreviver em um tanque de água ou invadir o quarto em que ela estava e simular sua morte, isso tudo antes de ela me ver e me acertar com um tiro de bala de borracha.

No final desses dois meses eu estava quase irreconhecível, estava mais morena do que antes por causa dos treinamentos diários, minha massa muscular aumentou muito e tinha cicatrizes onde antes não tinha, meus passos não faziam mais barulho e eu conseguia escutar e enxergar com mais precisão mesmo a uma boa distância e em meio a barulhos ou no escuro. As únicas coisas que permaneciam iguais em mim eram o cabelo e meu corpo esguio.

Hoje o treinamento não iria acontecer por que o capitão tinha requisitado a minha presença, só me lembro disso depois de ser acordada pelo despertador inutilmente. Aproveito que estou de pé e saio para respirar um pouco de ar, subo até o terraço do QG e fito o horizonte através das grades de proteção. Nas minhas primeiras semanas no exercito esse era meu lugar preferido, sempre vinha aqui, sozinha ou com Roney, mas princialmente quando me sentia ruim ou não conseguia fazer algo direito e me criticavam, depois de um tempo parei de ir ali, talvez porque eu não precisava mais, pois comecei a fazer as coisas direito, talvez porque eu não tinha mais tempo depois de subir de patente, talvez porque aquele lugar me lembrava que eu sou fraca também como todo mundo.

Aproveito esse tempo para alimentar um novo hábito, desde tudo que aconteceu, eu comecei a ter um tipo de diário, para relatar a mim mesma por tudo que eu passei em determinado dia dentro de um caderninho simples de capa dura com as laterais adornadas, nele estava tudo o que eu passei nesses últimos meses. Sempre que penso em desistir, leio ele e vejo tudo pelo que já passei, isso me dá ânimo pra continuar.

Olho o horizonte me rodear, há em minha frente um desfiladeiro que acaba no mar verde claro, dos meus lados florestas e algumas construções baixas e casas simples, atrás de mim uma montanha de concreto de quatro andares que chamamos de QG. Passo um bom tempo ali, uma brisa suave soprava e meus cabelos a acompanhavam, eles agora estavam na altura do meu ombro, então podia conservá-los soltos, apenas no treinamento os amarrava para trás em um rabo de cavalo ou em um coque.

Depois desse momento de nostalgia, desço para meu quarto e me troco. Visto um casaco azul escuro e uma calça de brim branca, nos pés coloco um sapato social preto polido na noite passada e na cabeça uma boina na mesma cor do casaco. Então vou me encontrar com o capitão na sua sala, estou na esperança de que ele logo me mande em uma operação para pegar informações para testar as minhas habilidades novas, seria a minha primeira missão furtiva.

Penso nisso no caminho todo até chegar à sala, respiro profundamente antes de entrar e abro a porta, a folha desliza e mostra o interior. Capitão Richard estava examinando alguns papéis bem no momento em que entro, assim que me vê ele fecha pasta e me encara, eu endireito o corpo e faço uma continência, assim que ele me pede para descansar, me aponta a cadeira e eu me sento, então começamos a conversar:

— Sei que está treinando com a instrutora da Spec-Ops Susana há um bom tempo – começa ele – então acho que já está na hora de você ir para a sua primeira missão.

Sinto um calor de excitação em mim, finalmente minha primeira missão como Spec-Op, ele então continua.

— Não vou estender muito a nossa conversa porque você já sabe que é confidencial, então vamos ao que interessa – ele se ajeita na cadeira do outro lado da mesa e aproxima seu rosto – sua missão será se infiltrar na nova base da Nação do Norte e matar o líder deles Dr. Sternchen Wolfgang, a nossa ultima missão para acabar com ele há vinte e cinco anos atrás falhou, posso contar com você para que isso não se repita soldado?

— Sim senhor – respondo balançando afirmativamente a cabeça, meu coração bate descompassado por um momento enquanto absorvo o que ele disse.

Ele então sorri colocando um charuto na boca e completa:

— Muito bem, você parte hoje ao entardecer, boa sorte Sub-Sargento Lorrain, seus equipamentos estarão lhe esperando no hangar junto com o veículo que vai levá-la para o local desejado sem ser identificada.

Eu então faço nova continência, giro nos calcanhares e saio da sala, ainda não acredito que o meu desejo seria atendido tão rapidamente, teria a minha primeira missão, minha vingança e assim Roney descansará em paz, tudo em um só dia. Entro no meu quarto e vejo documentos na minha mesa, abro-os e vejo que são plantas de um local, com todas as saídas e entradas, tanto de ar, como de movimento. Pelas fotos, não parecia ser um lugar muito grande, mas era subterrâneo e isso atrapalhava muito as coisas, mas por isso tinha varias saídas de ar, o que me dava pontos estratégicos pra minha entrada. Outro fator que atrapalhava era que o nosso espião foi executado antes de saber onde era a sala do líder deles, mas consta que ele circulava muito na base, o que poderia facilitar a sua localização, ainda mais por que eu sabia como ele era, então seria fácil de identificá-lo.

Mas assim que leio mais um pouco daquilo, algo me intriga, o espião relata que teve o joelho totalmente deslocado por algo que parecia ser um super soldado, que após isso se ligou ao comandante deles, mas nada mais que esse relato. Uma unica e breve descrição diz que ele é de estatura média, parece jovem e menciona um nome: “Project Schlange“, será que ele compartilhava da mesma sina que eu? Era bem provável, então era melhor eu me preparar para isso.

Passo varias horas fitando os documentos, então consigo bolar o inicio do plano, não iria entrar pelos dutos, pois além de serem muito apertados, o que dificultariam minha locomoção, tinham vários lugares que dificultavam o acesso ao interior da base, então eu entraria pela frente, lugar onde eles menos esperavam, mas eu me advirto a tomar cuidado com câmeras e a atenções desnecessárias, pois eu sabia que ele estaria esperando um ataque e estaria preparado para quando isso acontecesse.

Por um instante passa pela minha cabeça que poderiam ter mais super soldados, mas eu duvido muito disso, pois os nano robôs só são compatíveis com alguns poucos hospedeiros, com outros eles são muito agressivos e mortais.

A noite então começa a se aproximar lentamente, era hora de agir, me visto rapidamente e corro para o hangar. Assim que chego vejo uma bolsa com o meu equipamento e um macacão para altitude, me visto com ele e me dirijo ao avião, acoplado a ele está um módulo de inserção, esse modulo nada mais é que uma cápsula com asas que plana de maneira silenciosa e pode ser lançado de um avião em movimento, fazendo com que sua furtividade fosse muito alta e a sua detecção muito prejudicada, mas ele também era chamado carinhosamente de “o casulo”.

Jogo o equipamento na cápsula e entro nela, colocando a bolsa em cima de mim, como manda o manual. Fecham a porta e por um instante me encontro no breu total, mas logo luzes acendem junto com um monitor que ficava na porta, na altura da minha cabeça, onde era transmitida a imagem da parte de fora do casulo, isso me alivia um pouco da sensação de aperto.

Em instantes sinto a vibração do jato em movimento e depois uma sensação de frio no estômago, tínhamos decolado. Estava fixa na minha ideia de vingança, repassava minuciosamente o local da missão e meus movimentos, programando tudo isso com o horário de extração, mas o temor como da ultima vez voltou, o que não era bom sinal.


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Notas finais do capítulo

Fala pessoal, curtiram? Se sim, não deixem de acompanhar essa historia que todos amamos. Abraços!



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