Um Breve Suspiro de Felicidade escrita por Migaylangelo


Capítulo 12
Por Incrível Que Pareça, Feliks Tem Jeito Com Mulheres


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos, no último capítulo antes das férias acabarem TvT Por que só minha escola começa dia 25? Por que?
Enfim, esse foi um dos capítulos mais divertidos de escrever para mim. Apesar de ser tudo um diálogo grande só, e me perdoem por isso, espero que se divirtam lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo.



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Os portões enferrujados cercando o casarão não poderiam ser menos convidativos, com seus bicos nas pontas como espadas e rachaduras como serpentes, cravados no chão de folhas secas e a neve como uma arma. Entrar pela porta da frente, algo dizia a Feliks que era uma má ideia. Até a porta havia um caminho de pedras traiçoeiro e uma escada firme demais e quase viva. Tudo emoldurado por tábuas de madeira em lenta decomposição e janelas embaçadas. Não era possível que alguém fosse louco de viver ou trabalhar ali, ainda mais seu Toris. Teria que ir fundo nisso.

Atravessou o caminho de pedras, sentindo seus pés afundarem como se fossem ser engolidos a qualquer hora por ela. O ar parecia feito de fantasmas gemendo com o som dos galhos das árvores ao vento. Casa assombrada, era assombrada com certeza. Os portões para abrir tinham rangido uma canção fúnebre. Feliks tentava não deixar se intimidar por uma velha construção, mesmo subindo as escadas e parando em frente à porta. Não havia campainha; bateu; ninguém atendeu. Tentou de novo, mas ainda ninguém. Tentou ouvir o que se passava, mas era puro silêncio do outro lado da porta.

Caminhando com as mãos no bolso casualmente, circulou a volta da casa, procurando outra porta, outra entrada, algo que o levasse a Toris. Decidiu, mais por medo do lugar que por responsabilidade, que aquilo era loucura e que deveria voltar para casa e pintar uma daquelas árvores retorcidas. Repetiu isso na caminhada, antes de finalmente dar meia volta. Foi então que ouviu um latido, um latido que quase arrancou pra fora seu coração.

...

Do lado de dentro, Toris estava fazendo nada mais que sua obrigação: limpar o que tinha que ser limpado e ficar quieto. Não pensava em Feliks, mal se lembrava dele depois da péssima última noite, de tão exausto que se sentia. Não que o amasse menos, mas seus sentimentos tinham entrado em dormência devido ao clima do casarão, tão pesado que amassava emoções ao esquecimento. Nada passava por sua cabeça além de profunda tristeza enquanto preparava o almoço de Natália, para ser deixado em sua porta até esfriar e eventualmente alimentar os ratos.

Natália estava trancada havia quase duas semanas. Todos os moradores, exceto Ivan, já haviam dado ela como morta. Mesmo que bebesse a neve da janela, ninguém passava tanto tempo sem comer, e seu quarto não tinha banheiro. Por isso, sempre deixavam alguém acordado na cozinha durante a noite, esperando que ela aparecesse, mas ninguém relatava nada. Tinha se matado em algum momento, provavelmente. Era só esperar Ivan aceitar e arrombar a porta para todos verem o cadáver em decomposição, manchando o tapete muito branco. Era uma imagem horrenda de imaginar.

O quarto de Natália era branco como o céu em dia de neve. Nada era escuro ou de cor, apenas branco; na cama, nas paredes, nos armários. O dossel de seda como princesa era quase transparente, salpicado de pequenos brilhos que reluziam a luz do sol. Seria lindo, se não fosse tão gélido. Estar no quarto dela era como estar condenado a uma imensidão opressora e cruel de monocroma. Era exatamente como ela, seria seu eterno monumento.

A quantidade de branco foi a primeira coisa que Feliks viu quando entrou, subindo apressadamente a janela. Branco até não poder mais. Como um artista de exagero de tons fortes, aqui foi nauseante. Porém, nada como o sangue congelando quando ouviu passos no mesmo ambiente.

Lá estava ela, a própria rainha de gelo viva como podia estar, com os cabelos penteadíssimos escorrendo pelas costas e olhar de quem poderia rasgar alguém ao meio onipresente. E no outro canto, o desconhecido artista espalhafatoso que fugia de pitbulls raivosos e que nunca deveria ter atravessado aquele portão. Quando ele entrou no campo de visão de Natália, antes que pudesse raciocinar, ela gritou:

— O que você está fazendo no meu quarto?!

Ela não sabia quem ele era, o que a deixava apenas mais alarmada. Feliks, temendo pela própria vida que tinha acabado de passar diante de seus olhos, tentou improvisar para não dar na cara que tinha invadido.

— O que você está fazendo no meu quarto?! — a imitou, tentando parecer ainda mais ultrajado.

— Está de brincadeira com a minha cara? — ela ficou genuinamente surpresa. Nunca ninguém tinha a astúcia – ou irresponsabilidade – de responder para ela.

— Não funcionou? — ele murchou, percebendo a falha. Feliks era artista, não ator. Ela fez sinal de negativo. — Que merda!

Ela tentou analisar friamente o rapaz esquisito que agora estava em seu quarto, como fazia com tudo no mundo, mas nada parecia responder o que queria saber. Sua resposta imediata então foi sacar sua faca escondida na faixa do vestido. Quando ele viu a lâmina posta no ar, sentiu pela segunda vez seu coração para fora do peito, mas a expressão dela tirava as chances de ser uma brincadeira.

— Opa, opa, opa! Não me mata! — levou as mãos acima da cabeça, em sinal de redenção. — Eu não fiz nada de errado, eu juro!

— Como você chegou até aqui? — perguntou devagar, esticando as palavras com sua desconfiança para intimidá-lo.

— Pulei a janela. — explicou, apressado para escapar da faca. — Tinham uns cachorros medonhos querendo um pedaço de mim pro jantar...

— Estamos no segundo andar...

— Como eu disse, cachorros muito medonhos.

Ela respondeu com um olhar que misturava interrogação com incredulidade, mas o rapaz com aquele sorriso de bobo da corte realmente não parecia mentir. Porém, isso não o redimia do fato principal para abaixar a faca:

— O que estava fazendo perto deles, pra começar? Você não mora aqui e não tem permissão pra entrar, verme.

Bem, sobre isso Feliks não tinha boa explicação e a garota estava longe de parecer boba, não dava para inventar qualquer coisa. Talvez a verdade fosse a melhor opção.

— Vim procurar uma pessoa... — suspirou, abaixando as mãos para guardá-las no bolso do casaco. Só rezava para que a pessoa que tinha feito aquilo com as costas de Toris não fosse aquela moça.

— Que pessoa?

— Isso é, tipo, totalmente da minha conta.  — péssima frase para dizer em frente a uma arma. Sim, mentir, mentir era uma boa ideia. — Mas de qualquer forma, eu não conheço. Fui mandado pra cá, loirinha.

— Loirinha? — ela arqueou uma sobrancelha. Ninguém era louco de chamar Natália Arlovskaya por um apelido.

— Sabe, por que você é loira e, tipo, baixinha... — riu nervosamente, percebendo descontentamento.

Veio um instante de silêncio constrangedor pela situação, antes de Natália chacoalhar a cabeça e voltar para o que importava:

— Quem te mandou?

Cara, aquela moça não parava de fazer perguntas difíceis. E com aquele olhar de medusa, Feliks ficava cada vez mais nervoso para inventar uma desculpa boa.

— Um cara do governo, disse que essa pessoa ia encontrar comigo aqui... — Feliks sabia que aquela explicação ainda não seria suficiente para livrá-lo de todas as perguntas. Concentrando todo seu poder de mentir bem, ele teve uma ideia. — Rua 17, número 84, é aqui, não é?

Não, não era. Ele se lembrava do número da casa na porta e claro que sabia a rua em que morava. Precisou de muito autocontrole para não relaxar e sorrir de orgulho da própria ideia. A menina abaixou a faca devagar, parecendo mais calma, porém ainda suspeitando.

— Não, imbecil. Rua 12, número 136. Você está do outro lado da cidade.

Ela tinha caído. Natália, uma das poucas vezes na vida, tinha errado seu julgamento. Estava salvo, aparentemente. Agora era só continuar com a mentira.

— Não acredito! — bateu na própria testa, fingindo frustração. — Eu nunca acerto!

— O governo anda com péssimos espiões ultimamente. Se eu mandasse nessa merda, você estaria sem emprego.

Era triste porque ela nem precisava para ser verdade. Mas isso era outra questão. Vendo a moça massagear a testa e sentar-se no chão, espalhando o vestido, copiou o movimento, percebendo o quanto fugir de pitbulls e inventar mentiras o deixava cansado.

— Bem, que sorte a minha que você não manda.

Ele se arrependeu imediatamente. Nunca tinha visto ninguém com uma expressão tão raivosa, com olhos tão sombrios que pareciam feitos de inferno.

— Vou me lembrar disso, maldito. Grave minhas palavras, muito em breve eu terei o poder de apagar sua existência.

— E o que a donzela pode fazer contra mim? — ele esticou um sorriso prepotente, se apoiando nas mãos, num de seus momentos irresponsáveis que Feliks esquecia com quem estava falando.

— Além de te esfaquear?

— Ok, esquece o que eu disse. Eu gostaria que você não fizesse isso. — voltou imediatamente a sua postura normal, um pouco mais afastado. — Mas se não fosse agora, como você apagaria minha existência?

— Você tem umas curiosidades esquisitas. — comentou Natália, inspirando arrogantemente. — Mas, por coincidência, eu em breve vou mandar neste país inteiro com mão de ferro e você teve o azar de cruzar meu caminho.

Agora Feliks ficara curioso de verdade. Supôs que ela fosse parte do governo, e ele odiava gente do governo.

— Desculpa, mas eu nunca ouvi falar de você. — fez biquinho, duvidando do discurso — E você não acha que você é muito criança para mandar em alguma coisa?

— Claro que não. — afirmou, passando os dedos pelo cabelo. — Eu sou perfeita para o papel. É só esperar meu irmão começar a cooperar e aceitar casar comigo...

O queixo de Feliks foi para o chão. Aquilo era mais que loucura. Tinha pulado na janela de uma esfaqueadora louca e incestuosa com síndrome de poder. Que tipo de gente era aquela com que Toris morava?

— C-casar com seu irmão? — só conseguiu gaguejar de tanta surpresa.

Natália notou a curiosidade por sua história e seus planos, que nunca tinha partilhado totalmente com ninguém. Não por medo de anteciparem seus planos, porque ninguém seria forte o bastante para pará-la. Mas até que seria interessante contar, para ver o olhar de medo e de admiração de um rapaz descuidado que obviamente não entendia nada poder e força ou de um plano bem pensado. Se ajeitando melhor no chão, jogou uma mecha do cabelo para trás, orgulhosa de pensar em si mesma no futuro, casada com seu irmão e com todo o poder em suas mãos.

— Ele tem ótimos contatos, e se for meu marido, tudo ficará mais fácil. — explicou, fazendo círculos com os fios do tapete nos dedos. — Além do mais, eu sou mulher, nunca que o partido comunista vai me nomear. Agora, nomeariam ele num piscar de olhos, mas eu mandaria do meus jeito.

— Mas ele é seu irmão... — Feliks gaguejou, ainda achando tudo aquilo absurdo.

— Não é de sangue, então que diferença faz? “Irmão”, “Marido”, são apenas títulos na prática, só estou mudando o nosso. Quando ele entender isso, estará tudo resolvido.

— Isso é muita loucura...

— Ivan é uma peça chave para minha felicidade, de qualquer maneira. — Natália deu de ombros, abraçando os joelhos.

Não era a intenção dela parecer frágil pelo milissegundo único de sua vida que pareceu, mas foi entregada por seu suspiro.

Por mais paradoxo que possa parecer, Feliks foi o único vivo na terra que viu Natália parecer triste, por mais curto que tenha sido o momento. Natália tinha vivido sem contar com emoções, mas em pequenos momentos como aquele, ela mesma tocava na ferida.

— Tá tudo bem, loirinha? — ele perguntou com cautela, pensando se deveria se aproximar.

Mas Natália já tinha voltado ao normal, o pingo de sentimento que tinha deixado transparecer já havia ido embora, ela esperava que pra sempre. Queria deixar aquele estranho amedrontado e admirado, não com dó. Natália seria a última pessoa que precisava de dó, muito menos de um espião fracassado que falava cantado.

— Claro que estou. Digo que Ivan é peça chave para meus planos, apenas isso. Não ponha palavras na minha boca.

— Eu não disse nada.

Ela estalou a língua, percebendo que havia se precipitado. Se aquilo continuasse naquele rumo, talvez precisasse mesmo apagar aquele rapaz.

— Mesmo assim... — ele continuou, roubando sua atenção dos planos malignos. — Não dá pra ficar colocando sua felicidade nos ombros dos outros. Não tem como terminar os planos sem seu irmão?

— Não. — completou na mesma hora.

— Por que não? Você é bonita e assustadora, por que não, tipo, toca o foda-se e vai dar outro jeito de ser feliz.

— Ivan é meu único jeito de ser feliz. — cortou, irritada com a parte de “bonita e assustadora”, porque era um elogio â sua aparência, e elogios assim a deixavam nervosa.

— Por quê? Ele não é só um peão para te ajudar a conquistar o país? — se apoiou nos cotovelos, cada vez mais confuso com aquela história toda. Pra começar, nem sabia por que estava ouvindo tudo aquilo, mas queria ouvir o resto. E quem sabe, quando voltasse para casa, estivesse inspirado o bastante para pintar algo como aquele quarto branco.

Já nem lembrava mais que tinha que procurar Toris.

— Sim, mas também... Eu preciso dele casado comigo de verdade, ou vai estar tudo errado.

— Você o ama? Tipo, não que nem irmão?

— Não é isso. — Natália também não sabia por que falava. Queria contar de seus planos, de sua futura dominação, mas estava contando justamente de seu único ponto fraco. — Ele me lembra de uma pessoa que poderia ter me amado.

— Como assim? — a história estava ficando interessante, Feliks deitou no chão para ouvir mais atentamente. Não era exatamente encontrar uma amiga para fazer fofoca, mas era quase.

Natália respirou fundo. Nunca tinha contado essa parte de sua história para ninguém, era até vergonhoso. Mas ali estava ela, prestes a revelá-la para um estranho, que talvez nunca mais a temesse. Porém, o maior desafio era conseguir dizer em voz alta o pedaço misterioso que havia guardado de sua história.

— Quando eu era criança... — começou, sentindo um nó na garganta se formar. A sensação era tão ruim que não era surpreendente que escolhesse viver sem emoções. — Eu tinha um amigo na minha rua que brincava comigo sempre. Um dia ele me prometeu que a gente iria se casar quando crescêssemos. Era uma promessa infantil, mas eu era uma criança feliz. Até matarem ele.

Os olhos de Feliks se arregalaram. Além de perturbada, esfaqueadora, louca e incestuosa, ela também conhecia uma fileira de cadáveres.

Era uma musa perfeita.

— Quando eu conheci Ivan, as coisas pareciam poder melhorar. Eles me adotaram, já que minha família também estava morta. — continuou, respirando um pouco pesadamente. — Ele era igualzinho ao meu amigo, igualzinho. Prometeu que cuidaria de mim. Então eu soube que tinha que honrar a minha promessa e me casar com ele.

Ao final da explicação, Feliks continuava pasmo. Ela já era adulta e parecia tão esperta, não fazia sentido se prender no passado daquela maneira, promessas que nunca seriam compridas. Por mais que se sensibilizasse com a história, para ele, ela estava jogando sua vida fora.

— Você definitivamente é louca. — foi o que disse em resposta, sem medo da faca ou de nada, o que a fez levantar o rosto de genuína surpresa. Falaria tudo que tinha em mente antes de se preocupar. — Isso foi quando? 20 anos atrás? Bola pra frente, menina!

Para a surpresa da própria, Natália não ficou brava, só... assustada. Ninguém nunca levantara a voz para ela para animá-la.

— 12 anos atrás.

— Então! Muito tempo! Querida, a vida passa assim, — estalou os dedos rapidamente na cara dela algumas vezes. — não dá pra ficar sonhando com o que já passou. Esse Ivan não vai substituir ninguém, aliás, você e esse garoto provavelmente nunca iriam se casar de qualquer jeito! Para de colocar sua felicidade nos ombros dos outros, vai atrás do que você quer sozinha, bota a cara no sol!

Demorou um tempo para Natália sair do estado de choque e digerir as palavras. Ir para Moscou sem Ivan, nunca se casar e vencer sozinha, nunca tinha pensado nisso... Sempre pareceu muito absurdo, mas não quando saía da boca de outra pessoa.

— E quando você virar... Soberana suprema do universo ou sei lá... — ele continuou, depois de uma longa pausa esperando resposta. — Me chame para pintar um quadro seu.

Isso definitivamente acordou Natália de seu mar de pensamentos e a obrigou a olhar para ele. Quadro? Aquilo não parecia fazer o menor sentido. Embora, de fato ela pensasse em mandar fazer um quadro seu para pendurar.

— Pintar um quadro?

— Não é a toa que eu sou um espião tão ruim. — brincou, se apresentando. — Meu nome é Feliks, e eu sou um artista.

Demorou para ela entender tudo, pediu confirmação algumas vezes. Mas fizeram um acordo: Ele pintaria um quadro dela, e se ela o aprovasse e um dia ela conseguisse ascender, ele seria seu pintor oficial. Se divertiram com os planos, Natália até o deixou ver seu guarda-roupa gigante e se acabar entre aquelas rendas e babados, para escolher qual ficaria melhor para ela usar no quadro. O estilo Lolita gótica talvez precisasse de umas mudanças, mas nada tiraria o foco do rosto de rainha dela.

Natália era linda, verdade. Feliks ficou surpreso quando a viu no primeiro instante, porque ela era perfeita como uma escultura. Mesmo magérrima como estava, ainda mais depois de tanto tempo vivendo com refeições roubadas da cozinha por um morador que subordinara, sua beleza não era afetada. Era uma musa perfeita, como Feliks mesmo disse. Inclusive quis levá-la para a praça dos artistas, certo de que todos parariam o que estivessem fazendo para dedicar a ela dezenas de pinturas, esculturas e até sonetos, mas ela recusou.

— Não posso sair daqui.

— Por que não? — questionou num muxoxo, decepcionado.

— Meu irmão ainda não acha que eu estou morta. Preciso esperar ele vir me ver.

Ele colou as mãos na cintura e franziu o cenho, zangado em frente à resposta.

— Achei que já tinha entendido a parte de fazer as coisas sozinha.

— Botar a cara no sol, entendi, entendi. Mas não vou jogar meu plano inteiro fora logo agora. Mas se ele não aparecer... — suspirou, olhando para os vestidos no armário aberto. — Então eu vou embora.

— É, faz isso. Se liberta! — fez um gesto exagerado, puxando Natália pelas mãos para dar um saltinho com ele, que não foi correspondido. Por mais que o estranho fosse uma exceção, ela não gostava desse tipo de animação. Desapontado, ele fez biquinho e mudou de assunto. — Bem, mas enquanto você não puder sair, pode ao menos me dar uma foto sua? Eu quero começar a rascunhar.  Já estou até vendo: Você vai ser minha obra prima!

Ela parou para pensar, tentando lembrar de alguma foto boa sua que tivesse. Caminhou até a gaveta, tirando de lá um porta-retrato não muito velho em que tinha saído especialmente elegante. Embora não demonstrasse animação, gostava a ideia de ser imortalizada em obra de arte, ainda mais uma obra-prima. Só torcia para que o artista fizesse jus a sua beleza inigualável.

— Tenho essa aqui. — estendeu o porta-retrato para ele. — É uma foto de família, não tem problema, certo?

— Não, imagi...

Ele nunca completou a frase. Assim que bateu os olhos na foto, deixou a moldura cair no chão e o vidro que cobria quebrar. Mesmo boquiaberto, ele imediatamente se abaixou para pegar e ver melhor.

— Katyusha...


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Notas finais do capítulo

TAN DAN DAN DAN
Eu não consegui pensar em nada legal o suficiente pro passado da Natália, infelizmente, então inventei qualquer coisinha mal explicada. Mas quando eu li o que eu tinha escrito, achei tão absurdo que tive mais ou menos a reação do Feliks, então deixei assim mesmo :v Eu sei que é uma desculpa esfarrapada, mas ao menos pude colocar o Feliks falando "bota a cara no sol!"
Até o próximo capítulo, quem comentar ganha um biscoito e um beijo o/



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