Vanessa Pov's

Na manhã seguinte acordei com minha avó me sacudindo levemente, abri os olhos e olhei para ela que sorria gentil para mim.

– Bom dia meu anjo, dormiu bem? - ela perguntou enquanto eu me sentava.

Vanessa: - Dormi sim.. - menti para ela, afinal rolei quase que a noite toda no sofá chorando pela minha perda.

– Que bom. Venha tomar café. - ela disse me olhando estranho e logo se retirou da sala, eu segui para o quarto e entrei no banheiro e fiz minha higiene matinal e fui para a cozinha em seguida.

Me sentei ao lado de minha avó, e a mesa estava farta, com pães, presunto, mussarela, suco de laranja, torrada, queijo, pudim, bolo, havia até omelete e Nutella.

Mesmo com tanta comida, minha avó tomava apenas um café preto e eu olhava para aquela mesa e não sentia fome. Meu estômago estava enjoado, um gosto amargo estava em minha boca com certeza não conseguiria comer nada.

– Coma meu anjo. - disse minha avó terminando de beber seu café e me olhando tristemente.

Vanessa: - Eu não estou com fome.. - falei fitando a mesa.

– Eu sei como se sente, mas você precisa se alimentar.. sua mãe não iria gostar de ver você sem se alimentar. - ela falou e eu engoli em seco sentindo um no na garganta.

Vanessa: - Eu sei... - falei em um sussurro, me senti mais enjoada que antes, sentia pontadas no estomago, parecia que a qualquer momento eu iria colocar tudo para fora em um vomito de dor. Ela saiu da cozinha e eu peguei um copo e enchi com suco e peguei um pão com presunto e mussarela e comecei a comer. Parecia que eu estava mastigando pedra e descia como espinhos.

Flashback On

– Vanessa coma meu anjinho lindo.. – disse a mulher de cabelos negros e enrolados e olhos caramelos com um sorriso que aquecia a alma, essa mulher é minha mãe.

– Eu to sem fome mamãe... – falei fazendo bico olhando para o pão com presunto e mussarela e copo de suco de laranja que minha mãe fez com tanto carinho para mim.

– Vanessa Clarkson você precisa se alimentar para virar uma moça bonita e saudável... assim como a mamãe... – ela disse sorrindo e me dano uma piscadinha.

– Mamãe se eu ficar parecida com você eu vou ser um anjo... mas mamãe eu não tenho os cabelos negros como você... – falei fazendo bico.

– Meu anjinho seus cabelos são ruivos, você sabia que são raras as pessoas que tem a sua tonalidade de cabelo. – ela disse se abaixando para ficar da minha altura e eu olhava para ela fascinada.

– Sério mamãe? – perguntei e ela assentiu sorrindo.

– Vanessa você é como o pôr do sol, linda e fascinante. – disse um homem entrando na cozinha, com cabelos em tom vermelho alaranjado e olhos tão azuis como o céu, esse é meu pai.

– Eu sou o pôr do sol? Mamãe é a noite e o papai é o dia! – eu disse sem ter lógica alguma alisando o cabelo deles, eles apenas assentiram e me abraçaram.

Flashback Off

Eu tinha cinco anos naquela manhã, e o pôr do sol nunca mais foi o mesmo para mim. Naquela época a minha lógica era pela cor dos cabelos de meus pais, relacionei o negro dos cabelos da minha mãe com a noite, e o ruivo do meu pai com o sol, e eu virei o pôr do sol por ser filha deles.

– Crianças... – Falei baixinho enquanto bebia um gole do suco, e uma lágrima solitária escapou de meus olhos, maldita dor.

– Vanessa. – ouvi uma voz me chamando, olhei para a porta vi meu avô parado olhando para mim.

– sim.. – falei em fio de voz, parecia que eu não tinha forças nem para falar um simples “sim”.

– Podemos conversar? – ele disse sério, e eu estremeci, não seria uma noticia boa. Será que eu estaria preparada para mais dor? Não, não estou pronta para mais dor.

– Pelo amor Deus... deixa a em paz... não vê que não é o momento nem a hora para isso... a menina está sofrendo tanto quanto nos... esse assunto pode esperar alguns dias. – disse minha avó chegando e falando alterada com meu avô, arregalei meus olhos.

“Esse assunto? Que assunto?” – pensei comigo mesma, enquanto via meu avô ficar extremamente nervoso e minha avó alterada.

– Não da para esperar... você sabe muito bem disso. – ele disse olhando sério para minha avó

– Eu sei muito bem do que se trata e é por isso que estou falando que deixe isso para depois... – ela retrucou para ele.

Não da para esperar... você não entende. – ele disse contendo a voz para não gritar.

– VOCÊ QUE NÃO ENTENDE... ELA PERDEU O PAI E A MÃE... NOS PERDEMOS UM FILHO, MAS ELA PERDEU TUDO QUE TINHA... – ela gritou sem conter as lágrimas que sairão todas em meio a soluços, meu avô abaixou a cabeça e fiquei estática por alguns segundos, aquilo foi dito com tanta dor e me acertou como um soco no estômago, senti minha cabeça rodar e enjôos fortes vieram e eu sai correndo para meu quarto.

Corri até o banheiro e coloquei tudo para fora, eu soluçava e chorava, e mais náuseas vinham, por fim não tinha mais nada para vomitar e dava anciã, uma dor que eu jamais senti na vida parecia me corroer por dentro. E eu cai deitada ao lado do vaso e chorando, eu estava suja com meu vomito mas eu nem me importei, senti que naquele momento eu não me importaria de morrer, afinal já estava morta mesmo.

– VANESSA... – ouvi um grito, abri os olhos e vi Kate parada na porta assustada e com os olhos arregalados, eu dei um sorriso de canto, deveria ser uma cena horrível para Kate me olhar daquela forma. – O que aconteceu com você? – ela disse me levantando pelos braços e eu sentei de frente a ela, ela pegou uma toalha e começou a limpar meu rosto e fazendo cara de nojo.

Vanessa: - Kate eu acho que...

Kate: - Cala a boca... você não acha nada. Você tem o dever de levantar a cabeça e seguir em frente. – ela disse me interrompendo, eu arregalei meus olhos, pois ela leu meus pensamentos.

Vanessa: - Não está sendo fácil... – eu murmurei e abaixei a cabeça, ela se levantou e foi ate o guarda roupa e pegou outra toalha limpa e veio caminhando até a porta.

Kate: - Vai tomar um banho que você está horrível. – ela disse se abaixando e me entregou a toalha e eu a olhei nos olhos. - Ninguém disse que iria ser fácil... mas você tem que ser forte.. e eu estou aqui com você, sempre que você fracassar eu estarei ao seu lado para te ajudar. – ela disse com os olhos marejados e eu sorri verdadeiramente para ela.

Vanessa: - Obrigada.. – eu disse e abri os braços para abraça lá.

Kate: - Vai tomar banho primeiro Vanessa Clarkson... – ela disse e saiu correndo do banheiro e fechou a porta.

Eu ri dela, me levantei, me despi e entrei no chuveiro para tomar banho, lavei meu cabelo.

“Eu preciso ser forte!” – pensei enquanto desligava o chuveiro, me sequei e sai enrolada na toalha, Kate estava sentada na cama olhando para a janela. Fui até minha mala e peguei roupas intimas e um vestido azul e segui para o banheiro de novo para coloca ló. Sai de novo e Kate olhou para mim e sorriu.

Kate Pov’s

Quando entrei na casa dos avos de Vanessa, vi que algo não estava legal. O avô dela estava com os olhos vermelhos sentado no sofá da sala, e sua avó chorava na cozinha, eu sabia que ela chorava por que ela gritava em meio ao choro. Perguntei de Vanessa ele me disse onde ela estava e eu corri até lá, e ela estava no banheiro, caída ao lado do vaso soluçando em meio ao choro e de olhos fechados eu não contive o grito que saiu em meio ao meu desespero de ver ela daquela forma, ela estava destruída nunca imaginei ver Vanessa daquela maneira frágil justo ela que era um garota forte, as vezes chorona, mas ela sempre foi forte o tipo de pessoa que chamam de ruim, mas ela não é ruim, ela só se defendia da maneira que não a machucaria, mesmo que isso machucasse alguém, ela iria se importar sim mas não por muito tempo.

Eu conversei com ela e ela foi tomar banho, me sentei na cama dela e olhei para a janela, o tempo estava estranho era dia e o céu estava em tom acinzentado, parecia até que o céu estava triste. Vanessa saiu do banho com um vestido azul descalço e com os cabelos molhados molhando o vestido, ela estava definitivamente destruída, só não via quem não queria ver que ela estava morrendo. E eu não poderia deixar isso acontecer, jamais a deixaria sofrer sem a ajudar.

Ela me olhou e eu sorri e ela retribuiu o sorriso, foi o sorriso mais forçado que eu vi ela dar na vida ela caminhou até mim e sentou do meu lado na cama.

Vanessa: - Kate.... – ela suspirou pesadamente olhando para o chão eu olhei para o rosto dela e ela continuou. – Acho que as coisas vão piorar para mim... – ela falou e finalmente me olhou e eu arregalei os olhos.

Kate: - Co..co..mo a..assim? – eu gaguejei na tentativa de falar algo inteligente.

Vanessa: - E-eu não sei explicar... mas algo ruim ainda vai acontecer...meu avô me disse coisas estranhas.. – eu vi que ela estava preocupada e em seu olhar alem da dor e preocupação continha medo.

Kate: - Que tipo de coisas? – perguntei e ela se levantou e caminhou até a janela e encostou nela e cruzou os braços me olhando.

Vanessa: - Ele falou que vai fazer algumas coisas que vão me fazer odiá-lo no início... mas tudo que ele vai fazer e me dar motivos para viver, para batalhar pela minha vida... – ela disse e eu fiquei sem saber o que falar.

“O que aquele velho vai fazer com Vanessa?” – pensei.

Kate: - Seja lá o que for Vanessa... você não vai desistir da vida não é mesmo? – eu perguntei temendo o que ela iria responder.

Vanessa: - E-eu não vou desistir Kate... – ela disse e deu um leve sorriso e eu vi que não foi um sorriso forçado como a minutos antes.

Kate: - É bom mesmo você não desistir se não eu vou te dar uma bela surra para você parar de ser trouxa... – eu falei e ela encolheu e u sorri.

Vanessa: - Ca..calma Kate... não precisa partir para a ignorância... eu vou sofrer mas eu vou seguir em frente.. – ela disse e eu vi determinação nos olhos castanhos claros dela.

Kate: - Isso assim que se fala... você sabe que não vai ser fácil, afinal foi uma perda muito grande, mas você ainda tem muita coisa para viver, muitos momentos felizes ainda estão por vir. – eu falei quase que gritando, tamanha a minha empolgação.

Vanessa: - Não vai ser nada fácil, mas se meu avô tem algo que vai me fazer lutar pela vida... que eu saiba logo que diabos é isso. – ela falou sorrindo.

Kate: - Eu vou estar aqui com você e se eu estiver longe, me grita, me liga, sei lá da um jeito de me chamar que eu venho correndo... e eu tenho certeza que Isa, Andrew, Gustavo, até o Rafael estarão disposto a ti ajudar a superar... e o SEBASTIAN também.. – dei ênfase no nome dele e ela corou no mesmo instante.

Vanessa: - Eu sei que eu posso contar com os MEUS AMIGOS. – ela deu ênfase no fim da frase, me respondendo o que tentei supor, ata que ela e Sebastian são somente amigos, eu tão eu usei droga e to viajando.

Kate: - Ainda que sabe, mas amizade colorida ajuda mais não é? – eu disse e ela ficou mais vermelha que um pimentão se é que isso é possicel?!

Vanessa: - O que você quer dizer com isso heim Kate?

Kate: – Eu não quero dizer nada, nada não ué... o que eu queria dizer? – eu disse irônica e ela arqueou uma sobrancelha e em seguida revirou os olhos e me fuzilou com o olhar e eu apenas sorri. - Ruivinha, eu preciso ir... – falei olhando para o relógio e ela fez bico.

Vanessa: - Já?

Kate: - Sim marquei com Andrew e Rafael de estudarmos para a prova que terá segunda... eu não posso me dar mal nessa matéria senão minha mãe vai comer meu fígado com farinha... – eu disse e Vanessa deu uma gargalhada me assustando, eu olhei para ela com os olhos arregalados e ela tampou a boca ainda rindo. – Por que esta rindo? – perguntei.

Vanessa: - De.. vo.. vo.. você... – ela disse já contendo o riso e eu fiz bico e ela me abraçou e disse. – Te amo Katherine Clarky... minha melhor amiga. – serio eu quase chorei de emoção.

Kate: - Também te amo Vanessa Clarkson.. – eu falei e a apertei forte, ela me soltou e sai correndo, pois já estava atrasada para estudar na casa daquele mané do Rafael.