You Belong With Me escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 3
Capítulo 2: Insistência versus Teimosia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, como vocês estão?

Antes de mais nada, gostaria de agradecer a todos pelos comentários lindos e extremamente carinhosos! Eu juro que fico até meio sem saber o que responder diante das palavras de vocês... Só posso agradecer e pedir que continuem me acompanhando e comentando *-*

Bem, sobre a história... Acredito que muitos vão adorar esse capítulo! Nele, temos uma característica de Hermione bem clara em suas atitudes: a teimosia, óbvio. Diante dessa revelação, acredito que saibam de quem é a insistência, certo? Hahahahaha

Bem, boa leitura!



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Nos próximos dias que se seguiram, Hermione procurou andar de cabeça baixa pelos corredores e não foi esperar Harry e Rony nas arquibancadas. A morena procurou evitar qualquer local e qualquer atitude que pudesse culminar em encontrar Fleur Delacour na academia.

Portanto, se enfiou ainda mais em suas atividades como bolsista e, nos períodos vagos, estava estudando, concentrada demais para perceber qualquer coisa ao seu redor. Hermione estava bastante orgulhosa de seu comportamento, era uma semana sem sequer olhar para Fleur. Era um recorde, podia até dar uma festa em comemoração.

Entretanto, ela estava cansada porque tendia a chegar aos seus limites quando estava muito irritada com alguma coisa. Seus pais haviam desistido de conversar com ela, pois ela chegava e se trancava no quarto. Harry e Rony estavam muito amedrontados para enfrentá-la. A única que parecia não ter noção alguma do perigo era Ginny e, por conseqüência, Luna.

Hermione estava pensando seriamente em fugir das duas também.

– Vocês duas não sabem ser sutis. - Hermione grunhiu entre os dentes, empurrando o carrinho da biblioteca por um dos corredores e escutando barulhos que lembravam tropeções e xingamentos no corredor seguinte. Ginny apareceu a sua frente, vermelha até as orelhas, com Luna ao seu lado, tão envergonhada quanto ela. Hermione parou o carrinho bruscamente e olhou para as duas, exigindo uma resposta. Ginny empurrou Luna que, ansiosa, gaguejou:

– Oh Mione! Não sabíamos que estava aqui, estamos à procura de um livro para Ginny!

– Vocês duas sabem que eu sempre fico aqui depois que as aulas acabam e Ginny não entra na biblioteca sem espirrar ou reclamar, muito menos ia querer algo da seção de clássicos latino-americanos! - Hermione argumentou colérica, apanhando um livro da pilha do carrinho e o colocando o mais cuidadosa, que a sua fúria permitiu, na estante. Ginny e Luna olharam-se e as duas engoliram em seco, antes da ruiva dizer:

– Tudo bem, você nos pegou. Parabéns para você! Só que nós duas estamos aqui porque nos preocupamos contigo.

– E porque os meninos são covardes demais para enfrentarem você. - Luna completou com um sorriso brilhante, procurando amenizar a situação, mas só provocando um revirar de olhos em Hermione. A morena apanhou mais um livro e olhou a lombada do mesmo, empurrou o carrinho mais alguns metros e respondeu entediada:

– Eu estou bem, não tem nada de novo acontecendo.

– Não mesmo, é a Fleuma, como sempre. - Ginny resmungou impaciente, erguendo os braços para cima, depois, deixando-os cair ao lado do corpo. Hermione franziu a testa para ela, desconfortável com o apelido que Ginny dera à líder de torcida quando as duas ainda compartilhavam a antipatia por tudo que esta representava. Luna cutucou a namorada que a ignorou. - Sempre é culpa dela. Esse seu tombo pela Delacour é um bom material para zoação e, até mesmo, chega a ser bonitinho... Mas por raios, Hermione Granger! Você tem que decidir o que quer da sua vida e não ficar sofrendo por cada pequena coisa que ela faz!

Ginny terminou o seu argumento em um tom bem acima do aceitável na biblioteca, devido a isso, Madame Pince surgiu atrás de uma das estantes e as olhou de cara feia, fazendo sinal para que elas ficassem quietas. Hermione corou violentamente e assim que a bibliotecária tornou a desaparecer, olhou furiosa para a amiga. Ginny estava corada também, mas sorriu de lado e deu de ombros, Luna suspirou e, apaziguadora, comentou:

– Gi está certa, Mione... Você tem que fazer algo em relação a ela ou simplesmente, partir para outra. Você se surpreenderia com a quantidade de meninas no armário que essa academia tem.

– Eu não quero superá-la, Luna! O que eu sinto em relação a ela é seguro e eu compreendo. - Hermione sentenciou séria, retomando seu caminhar e seu empurrar do carrinho, virando em mais um corredor cheio de estantes. O casal a seguia de perto, observando-a com preocupação. A morena respirou fundo, parando novamente e colocando mais um livro devolvido na estante a qual pertencia. - E também sei que não vai dar certo. Em algum momento, eu vou acabar a esquecendo, mas não vou me forçar a superar. Eu tenho outras coisas mais sérias a me preocupar.

Hermione não obteve alguma discordância ou alguma opinião de suas amigas, quando virou para as duas, elas a observavam com resquícios de pena em seus olhares. A morena bufou para as duas e abriu um sorriso de lado, procurando melhorar a situação, mas Luna agitou a cabeça negativamente enquanto Ginny permanecia emburrada. A loira entregou mais um livro a Hermione e disse:

– Você não pode ficar nesse impasse. Se eu não tivesse acreditado no que sentia por Ginny, não estaria com ela hoje.

– Nossa! Revelações! Achei que a ativa da relação fosse você, Weasley! - Hermione cutucou com ironia, Ginny fez uma careta e mostrou o dedo do meio da mão direita para ela. Luna riu da interação das duas e segurou a mão da namorada, entrelaçando os dedos e deixando seu corpo descansar de encontro ao de Ginny. A ruiva beijou-lhe o topo da cabeça e sorriu, Hermione olhou a interação das duas com certa inveja e Luna, suspirando, continuou:

– O que eu quero dizer é que o que aconteceu comigo e com Ginny também pode acontecer contigo... Você não pode dar como encerrado se nem tentou alguma coisa.

– Pegue essa teimosia insuportável e essa arrogância absurda que você tem e torne-as úteis! Eu acho que elas não servem somente para irritar os professores e nossos adoráveis colegas de academia, certo? - Gina aconselhou sarcástica, provocando um sorriso em Hermione.

A morena não respondeu, ela sequer sabia o que poderia fazer em relação a Fleur, aquela situação não correspondida era confortável e só de pensar em tentar algo, seu estômago embrulhava e ela começava a ter uma crise de ansiedade. Fleur era algo muito distante de sua realidade.

Hermione apanhou mais um livro e o guardou na estante, sob a observação atenta de Luna e Ginny. A ruiva olhou o relógio e pigarreou, depois espirrou e anunciou:

– Temos que ir, Mione... Mas pense no que falamos.

– É, somos as provas vivas de que conto de fadas podem acontecer na vida real. - Luna completou com mais um sorriso sonhador e uma piscadela brincalhona que manteve o sorriso de Hermione nos lábios. A morena observou as duas saírem de mãos dadas de seu campo de visão para, em seguida, continuar seu trabalho.

Olhou os títulos que repousavam sobre o carrinho e estremeceu de forma leve, eram todos da seção de Literatura Vitoriana. Engoliu em seco e, empurrando o carrinho com uma força além do normal, rumou até aquele local da biblioteca que, se antes lhe deixava eufórica, agora, lhe dava calafrios.

Hermione suspirou aliviada quando constatou que estava sozinha na seção e mal havia parado o carrinho e já estava com três livros em mãos. Quanto menos tempo ficasse ali, menores seriam suas chances de encontrar Fleur Delacour.

A morena tinha em mãos “Jane Eyre” e “Feira de Vaidades” em suas mãos e “O Retrato de Dorian Gray” estava apoiado pelo seu queixo, junto ao seu peito. Hermione percorria as prateleiras rapidamente, seus olhos castanhos correndo pelas lombadas de livros à procura do local certo daqueles que estavam em suas mãos. Ela acabara de colocar o exemplar de “Jane Eyre” próximo aos outros romances das irmãs Brontë, desviando os olhos propositalmente, dos exemplares de “O Morro dos Ventos Uivantes” quando escutou, atrás de si, a voz rouca a qual ela evitara durante toda a semana dizer:

“O que me faz viver é ele. Se tudo o mais acabasse e ele permanecesse, eu continuaria a existir; e se tudo o mais perecesse e ele fosse aniquilado, eu não me sentiria mais parte do universo.” Eu nunca tinha entendido o motivo pelo qual a literatura da Era Vitoriana era tão admirada até me deparar com essas palavras.

Hermione virou-se bruscamente, derrubando os exemplares de “Feira de Vaidades” e de “O Retrato de Dorian Gray” no mesmo movimento, ela olhou para os livros caídos aos seus pés e fechou os punhos, sua consciência doendo pelos volumes estarem no chão por causa do seu descontrole emocional. Fleur Delacour estava a sua frente, com o próprio exemplar emprestado de “O Morro dos Ventos Uivantes” aberto em suas mãos, lhe sorrindo, com os olhos azuis brilhantes e as bochechas levemente coradas.

Não bastava ler, ela ainda tinha que citar uma de suas passagens preferidas de um dos seus livros preferidos?

Fleur continuou a observá-la com a expressão de quem estava divertindo-se, Hermione permanecia estática, retribuindo o olhar, sentindo seu coração bater acelerado, e sua respiração sair totalmente da freqüência normal aceitável. A morena fechou os olhos por alguns segundos e quando os abriu, Fleur não mais se divertia e, preocupada, perguntou:

– Catherine, página 99... Lembra-se?

– Claro que eu lembro! - Hermione respondeu ligeiramente ofendida, saindo de seu transe e agachando-se para apanhar os livros que derrubara, colocando-os seguros junto ao seu peito enquanto se levantava. Não ousou olhar para Fleur e passou por ela, sentindo-se suar frio diante da curta proximidade. A morena colocou “Feira das Vaidades” na estante e escutou Fleur perguntar risonha:

– Pelo seu tom de voz, aposto que este é um dos livros preferidos. Não é?

– Não que eu lhe deva satisfações, Delacour... Mas sim, é uma das minhas obras preferidas. - Hermione respondeu sagaz, tentando não olhar para Fleur, o que era muito difícil, já que a loira era muito bonita de se olhar. A líder de torcida franziu o nariz, desconcertada com o tom de voz da morena, mas permaneceu calada, ainda a olhando.

Hermione passou por ela novamente e colocou a obra de Oscar Wilde na estante, ainda sobre o olhar atento de Fleur. A morena bufou, estava envergonhada, desconfortável e irritada por Fleur ainda tentar uma conversa social depois de todos os olhares que as duas trocaram há alguns dias. Hermione, por fim, perdeu a paciência e virou-se para Fleur, esbravejando:

– Tem algum motivo plausível para você ficar me olhando nesse tempo todo?

Fleur arregalou os olhos e, depois, gaguejou uma resposta que nunca veio. Pois, no mesmo instante, Madame Pince tornou a surgiu de trás das estantes e, irritada, bronquear:

– Miss Granger, não me obrigue a lhe dar uma detenção! Você mais do que ninguém deveria saber que é proibido berrar dentro da biblioteca!

– Desculpe, Madame Pince. Não vai mais acontecer! - Hermione respondeu teatralmente, contendo o revirar de olhos e a impaciência. A bibliotecária a olhou severamente e tornou a desaparecer nos corredores e Hermione tornou a olhar para Fleur que tinha um sorriso nos lábios finos, a morena fez uma careta para ela e acabou corando.

Fleur caminhou até estar próxima a ela e, desviando do corpo da morena que bloqueava o acesso a uma das estantes, ergueu o braço e recolocou o volume que segurava na estante. Depois, afastou-se lentamente, olhando para Hermione enquanto fazia isso. A morena sentiu-se corar ainda mais e engoliu em seco, seus olhos, tomados por vontade própria, observaram a boca de Fleur.

Hermione viu-os desenharem um sorriso e, depois, mexerem-se quando Fleur disse brincalhona:

– Eu vim até aqui devolver o livro e dizer que apreciei muito a sua sugestão, até mesmo vim pedir por outra, mas percebi que você não está em um bom dia para conversarmos... Portanto, eu volto depois. Aur revoir, mademoiselle.

Fleur sorriu para os olhos arregalados e surpresos de Hermione antes de virar-se e desaparecer da seção, deixando o perfume de lavanda ocupando todo o ar que a morena ousava respirar.

Hermione sequer percebeu que suas costas estavam coladas aos livros na estante e sequer percebeu, também, que um sorriso bobo brotou em seus lábios, de novo, quando Fleur a deixou naquela seção específica depois de desconcertá-la mais uma vez.

A morena suspirou e foi com energia renovada que ela empurrou o carrinho novamente pelos corredores. Madame Pince não precisou chamar sua atenção nas próximas horas, ela trabalhou em completo silêncio, apenas relembrando o seu mais recente encontro com Fleur Delacour.

# # # # #

Mais um dia acabara e Hermione sentia todo o cansaço desabar sobre suas costas. Só de pensar que ainda tinha que pegar dois ônibus para chegar em casa, a morena só conseguia grunhir e encolher ainda mais os ombros. Naquele dia, em que Harry e Rony tiveram os treinos cancelados, seu trabalho fora dobrado na biblioteca. Madame Pince decidiu que seria muito bom reorganizar toda a seção de Biologia Evolutiva. Hermione não conseguia mais ler “Darwin” e “Evolução” sem chorar pelo desespero...

Porém, o importante é que, mesmo sendo final da tarde e início da noite, com a academia praticamente deserta, ela poderia ir para casa e, quem sabe, tentar estudar. Se o cansaço deixasse, óbvio.

Entretanto, o planejamento que Hermione realizava, em sua cabeça, foi esquecido quando ela colocou os pés no imenso pátio de entrada da academia. Em pé, ao fim dos quase 30 degraus, Fleur Delacour estava parada, teclando algo em seu celular.

Hermione franziu a expressão, perguntando-se o que ela poderia estar fazendo ali, ainda mais naquela hora. Fleur era uma aluna excelente, mas só ficava na escola até tarde quando havia alguma aula extra ou algum treinamento das líderes de torcida... A morena já ouvira, pelos corredores da academia, que Fleur fazia cursos extras para enriquecer ainda mais seu currículo.

Resumindo: Fleur era uma aluna modelo e era rica, logo, ela não possuía a necessidade de cumprir determinações para manter a bolsa.

Hermione desceu as escadas aos saltos, procurando passar rapidamente por Fleur. Porém, assim que seus pés aterrissaram no último degrau, Hermione pode sentir a cabeleira loira virar em sua direção e de forma assustadora, também sentiu os olhos azuis voltados em sua direção. A morena engoliu em seco e procurou ajeitar a alça da bolsa de couro em seu ombro, abaixou a cabeça e continuou a caminhar até parar, abruptamente, diante do chamado irritadiço de Fleur:

– Hermione!

– Eu realmente estou com pressa, se eu ficar conversando contigo por mais alguns minutos, vou perder o ônibus e eu não quero ter que caminhar para casa debaixo da chuva que está prestes a desabar sob nossas cabeças... - Hermione respondeu de forma abrupta e levemente irritada, o seu corpo virou-se contra a sua vontade e no segundo seguinte, ela se viu encarando olhos azuis brilhando de forma divertida. Fleur deu um sorriso de lado e tímida, disse:

– Eu só ia lhe perguntar onde estavam os meninos porque você sempre volta com eles nos dias de treino.

– Pois é, mas eu não sei se o seu namorado lhe informou... Mas hoje não teve treino, eles foram liberados. - Hermione disse com a voz fria e, instantaneamente, sentindo-se culpada quando observou a expressão de Fleur desmanchar em desprazer. A líder de torcida bufou e revirou os olhos, atitudes que não combinavam com seus belos traços. Depois, digitou alguns números no celular e assim que o outro lado da linha a atendeu, iniciou uma calorosa conversa, em um francês rápido e articulado.

Hermione a observou por alguns segundos até dar de ombros e ajeitar a alça da bolsa no ombro, depois, tornou a se virar na direção contrária e retomou seus passos apressados. Seus olhos castanhos estavam presos ao céu que anoitecia, com imensas nuvens escuras que denunciavam o temporal que viria a seguir. Fleur a chamou novamente e, dessa vez, ela não se virou.

Essa atitude exigiu muito de seu controle, mas ela se sentiu plenamente satisfeita ao ignorar a loira e se afastar. Duas quadras a esperavam do ponto de ônibus e mal tinha completado a primeira quando a chuva desabou sobre sua cabeça, Hermione grunhiu alguns palavrões contra Londres e colocou a bolsa sobre os cabelos, procurando se proteger. Depois, começou a correr e sentiu as gotas de água molharem suas meias.

O ponto estava cheio e ela teve que empurrar algumas pessoas para conseguir um local embaixo da cobertura de plástico. Entretanto, ficou próxima ao limite entre a calçada e a rua, o que a tornou um alvo fácil para as jorradas de água despertadas pelos carros que passavam em alta velocidade. Hermione resmungou e protegeu sua pasta em suas costas, procurando preservar seus materiais da academia.

Pessoas escutavam música em seus celulares, outras conversavam entre si e alguns minutos se passaram. Hermione observava a rua, esperando pelo seu ônibus e pelos carros que passavam e podiam molhá-la. Um sedan preto virou na esquina e Hermione preparava-se para se esconder em seu casaco quando o carro diminui a velocidade e, lentamente, parou no ponto de ônibus. A morena fez uma careta que, piorou, quando o vidro do banco de trás foi aberto e revelou, novamente, Fleur Delacour.

A francesa sorriu satisfeita quando seus olhos azuis encontraram os castanhos de Hermione, ela pigarreou e, elevando o tom de voz acima do som das pesadas gotas de chuva batendo de encontro à cobertura do ponto de ônibus, ordenou:

– Entre no carro, Hermione! Eu não vou deixá-la na rua com essa chuva!

– Já tive dias piores, Delacour... Pode ir. Minha casa é na direção oposta da sua. - Hermione respondeu grosseira, desviando os olhos da líder de torcida e voltando-os para a esquina. Um ônibus vinha devagar pela rua e logo teria que parar no ponto, Fleur acabaria indo embora por bem ou por mal.

Os outros ocupantes do ponto de ônibus também perceberam que o ônibus se aproximava. Um jovem ao lado de Hermione, que parecia bem encantado pela figura de Fleur Delacour, empurrou a morena pelo ombro e disse mal humorado:

– Gatinha, aproveita a carona que a sua amiga lhe oferece e não atrapalhe a vida de quem precisa pegar aquele ônibus ali atrás.

Hermione abriu a boca, pronta para dizer umas poucas e boas ao rapaz quando sentiu seu braço ser puxado bruscamente. Aquela apreensão fria em seu braço provocou arrepios em seu corpo, que nada tiveram relação com a temperatura do toque. Hermione olhou para frente e viu Fleur segurando-a pelo braço, enquanto segurava o cabo de um guarda-chuva com a outra mão. A líder de torcida a empurrou para dentro do carro e entrou em seguida, após fechar o guarda-chuva.

A morena sentou chocada no banco de couro do carro e olhou para frente. Um chofer aguardava instruções com as mãos no volante, Fleur limpou algumas gotas de chuva do rosto e pediu:

– Gerard, nós vamos para Brixton deixar minha amiga em casa e, depois, vamos para casa. Tudo bem?

Hermione ficou ainda mais chocada quando percebeu, por meio daquela frase, que Fleur sabia onde ela morava. A morena olhou questionadora para ela, mas foi ignorada. O chofer acenou positivamente e acelerou o carro, quando voltaram a trafegar, perguntou com um forte sotaque francês:

– Gostaria de privacidade, Mlle. Delacour?

– Por favor, Gerard. Obrigada. - Fleur respondeu educadamente e, em seguida, um tampão preto ergueu-se entre o banco de trás e o banco da frente, isolando-as do olhar do chofer. Finalmente, a loira virou-se para Hermione que, no momento, encontrava-se encolhida e emburrada. Fleur sorriu para ela, Hermione sentiu seu teimoso coração acelerar em seu peito. - Eu não sou nenhuma stalker, mas Rony comentou comigo que você morava longe da academia e também me disse onde morava.

– Ronald deveria respeitar a privacidade dos outros. - Hermione resmungou entre dentes, tentando pensar através dos seus batimentos cardíacos que só se intensificavam. A morena, então, olhou para a janela do carro, encontrando apenas a chuva como companhia. Escutou Fleur suspirar e encostar o corpo no banco do carro, o perfume de lavanda invadiu o olfato de Hermione e ela fechou os olhos por alguns segundos, apreciando-o discretamente.

O silêncio entre elas perdurou por mais alguns cruzamentos até que Fleur disse gentilmente:

– A propósito, de nada pela carona.

– Eu não a pedi. - Hermione respondeu de forma teimosa, ainda sem olhar para Fleur. Escutou a risada rouca da loira e, novamente, a morena se viu imaginando como alguém como ela podia ser ainda mais linda rindo. Pena que não podia observar aquilo ou poderia acabar fazendo algo do qual se arrependeria. Fleur ajeitou-se no banco e respondeu desafiadora:

– Mas foi um prazer oferecê-la e, principalmente, obrigá-la a aceitar.

Hermione arregalou os olhos quando compreendeu a frase e virou-se para olhar para Fleur, mas a loira estava com os olhos azuis fechados e respirava tranquilamente enquanto assoviava uma música. A morena suspirou e não percebeu o discreto sorriso no canto de seus lábios.

Naquele momento, seu coração se acalmou e ela pode pensar direito. Pensou para apenas concluir o inevitável: o que ela sentia por Fleur não era seguro e já saíra do seu controle há bastante tempo.

Não era só uma queda e, merda... Ela estava apaixonada por Fleur Delacour.

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Notas finais do capítulo

Gostaram dos embates dessas duas? Também ficou claro o quão distante a realidade de uma é em relação a outra... Existe mais do que a hierarquia escolar entre elas :/

E esse interesse todo da Fleur pela Hermione? O que acham que pode ser?

Aguardo comentários!

Até a próxima,
FerRedfield