You Belong With Me escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 15
Epílogo: A Musa


Notas iniciais do capítulo

Feeeeliz madrugada aos cheios de insônia!

Como puderam perceber, a fanfic chega ao fim e eu não mudo certos hábitos ruins (como postar em alta madrugada). Enfim, cá estou eu com o derradeiro epílogo de You Belong With Me :(

Já adianto que esse capítulo está repleto de doçura, fluffy e romantismo... Se você tem problemas com o doce, saia correndo! Hahahaha Do contrário, venha ver a última parte desse romance cheio de ares literários entre Hermione e Fleur!

Espero que gostem, boa leitura!



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O sorriso brilhante de Hermione Granger jamais fora tão aberto ou tão desavergonhado como agora. A morena sequer estava preocupada com a diferença dos seus dentes centrais superiores, levemente maiores, em relação aos outros dentes, Draco Malfoy com certeza diria que os dentes de esquilo estavam à mostra, se pudesse e era evidente que, naquele momento, Hermione não ligaria.

Toda essa alegria pungente que fornecia um brilho maroto aos seus olhos e esse sorriso gigante em seus lábios tinha nome e sobrenome, atendendo por Fleur Delacour.

Obviamente, a ex-aluna não estava fisicamente presente na Academia de Hogwarts naquele fim do dia, sobretudo, porque já fazia cinco meses desde que ela terminara a sua educação e, atualmente, ela estava em Oxford cursando Artes. Na verdade, Fleur sequer estava em Londres e sim, em Paris, visitando o Museu do Louvre em uma excursão.

Contudo, Hermione podia senti-la por perto, de alguma forma. E essa sensação se devia ao papel que segurava em sua mão direita e o buquê de rosas vermelhas que ela tentava equilibrar no lado esquerdo de seu corpo. O aroma de rosas brincava no olfato da morena e ela ria porque, afinal, era impossível - naquela altura do relacionamento das duas, depois de tudo que aconteceu - não relacionar Fleur às flores...

De alguma forma, parecia que Fleur sabia como usar cada uma delas para deixar evidente que o que tinham era diferente de tudo que as cercava.

Hermione apoiou o buquê nas prateleiras de seu armário aberto, era um mistério como Fleur conseguira enviar aquele buquê estando em outro país, e olhou para o papel em suas mãos. Era o mesmo pergaminho amarelado e a caligrafia surpreendeu Hermione ao lhe ser familiar. Fleur, de alguma forma, escrevera aquele bilhete de próprio punho.

“Antes disso, eu nunca fora arrebatado

por amor tão súbito e doce.

Seu rosto vicejava como se uma flor fosse

E, assim, meu coração foi roubado.”*

O efeito das palavras lidas por Hermione foi imediato, o coração bateu acelerado em seu peito e os olhos umedeceram pela saudade e muito pelo sentimento que transbordava em seu interior. A morena, sempre tão acostumada à lógica e à racionalidade, estava totalmente entregue aos sentimentos que venceram a sua inteligência e a sua compreensão.

Quando tudo começara, não passava de uma atração. Porém, agora, Hermione sentia como se fosse feita desse amor tão intenso e também sentia que não vivera tudo que podia antes dele.

Fleur, a cada dia, a surpreendia. Mesmo distante, ela se fazia presente. O que elas tinham realmente desafiava qualquer coisa que Hermione cogitara pensar sobre um relacionamento.

Não havia dependência e sim, companheirismo. E a intensidade do que tinham ocupava os olhares, os abraços, os beijos e até mesmo as palavras que trocavam. Principalmente, as palavras. Diferentemente de qualquer outra relação da qual Hermione tinha conhecimento, elas começaram e se moviam pelas palavras... A relação das duas era uma ode ao amor de peito e mente aberta.

Hermione aspirou, mais uma vez, o perfume de rosas vermelhas. Ela sentia que não estava mais no corredor da Academia e sim, em outro lugar, flutuando em meio às palavras escritas naquele pergaminho e presa nos braços de Fleur. Nem mesmo a distância conseguia transpor o que elas tinham construído.

— Rosas? Sério? Qual o problema da Fleuma com flores? - A voz de Gina Weasley retirou Hermione de seus devaneios e a puxou para a terra, contudo, nem mesmo esse choque de realidade e as palavras da ruiva conseguiram desaparecer com o sorriso nos lábios da morena. Surpreendentemente, Gina não estava acompanhada por Luna e tinha um sorriso irônico nos lábios. Hermione revirou os olhos para as palavras dela e respondeu:

— Se você a chamasse pelo nome dela perceberia que Fleur, em francês, significa “flor”.

— E eu quero saber o que significa o nome da namorada alheia? - Gina voltou a brincar sem maldade, os olhos castanhos brilhavam apenas pela excitação de irritar a melhor amiga. Hermione estava acostumada com isso, na verdade, essas brincadeiras sempre a lembravam como era sortuda por namorar Fleur Delacour. A ruiva aproximou-se e segurou os livros da morena, enquanto esta jogava a alça da bolsa no ombro direito e ajeitava o buquê no braço esquerdo. Hermione também guardou o pergaminho na bolsa, sob o olhar atento da melhor amiga. - Eu também nunca entenderei essa tara de vocês duas por poemas.

— E não é para entender, afinal, eu nunca reclamei da sua tara por esportes e nem julguei a sua tara pela Luna em outros anos. - Hermione respondeu obstinada, dessa vez, o seu sorriso estava repleto de sarcasmo e Gina ficou imediatamente vermelha após as palavras da amiga. A morena gargalhou e balançou a cabeça, as duas caminharam pelo corredor em direção às escadarias da entrada da Academia.

Não foram poucos os olhares que as acompanharam, entretanto, o fato de Hermione Granger ter um admirador - desconhecido para grande parte do corpo discente, fora os amigos mais próximos da morena e de Fleur e alguns retardatários - não era mais novidade. Os olhares que a morena recebiam eram feitos, muitas vezes, de inveja. Não eram poucos os buquês recebidos e a cada sorriso dado, Hermione sacramentava a sua felicidade diante dos demais.

Justo ela, a perdedora.

A dupla encontrou Luna próxima às imensas portas de entrada. A loira tinha o mesmo ar sonhador cotidiano, contudo, o seu sorriso era tão ou mais brilhante do que o dado por Hermione. Luna entrelaçou os seus dedos aos de Gina e comentou animada:

— Acho que o seu dia só tem o que melhorar, Hermione.

— Não acredito tanto nisso, o meu dia até melhoraria se Fleur estivesse aqui e não naquela excursão, no Louvre... - Hermione grunhiu entre dentes, abraçando o buquê como se ele fosse trazer algum conforto físico em relação à falta que Fleur fazia. Gina e Luna a observaram e sorriram uma para outra, as duas bem sabiam o que aquela mudança de humor repentina representava. - Eu não sei o que ela fará naquele museu se já o conhece do começo a fim!

— Achei que você fosse segura o bastante para não sentir ciúme, Granger. - Gina comentou venenosa e rindo em seguida, Luna sequer repreendeu a namorada e sim, acompanhou-a na risada. Hermione sentiu as bochechas esquentarem e não precisou olhar o seu reflexo para saber que corava. Também, não precisava pensar muito para entender que era a saudade que falava naquele momento. O ciúme existia mais por aquele sentimento do que por qualquer outra coisa. O trio parou antes de atravessar as portas. - Enfim, não precisa se defender porque nós sabemos a verdade. Mas, eu não a procurei para observar todo esse comportamento vergonhosamente fofo e sim, para lhe convidar para passar em casa hoje... Bill, Carlinhos e Percy estão na cidade e vai rolar uma social, Harry vai com Cho e Rony, com Lilá. Topa?

Hermione olhou através das portas que se abriam e fechavam conforme a passagem dos alunos, ela até gostaria de ir, mas, se sentiria deslocada diante de todos os casais que estariam presentes e os irmãos de Gina eram muito mais velhos do que ela. Em outras épocas, ela toparia, mas, agora, tudo o que queria era chegar em casa e conseguir falar com Fleur através de qualquer aplicativo. A morena estava prestes a responder quando Luna intercedeu e respondeu por ela:

— Acho que Hermione tem outros planos para essa noite, Gi...

— Eu sei, mas, não custa nada tentar! - Gina respondeu risonha para a namorada, antes de piscar para Hermione. A morena suspirou aliviada diante da leveza da amiga, Gina jamais ficaria irritada com esse tipo de desfeita, ainda mais, quando os sentimentos da morena estavam envolvidos. Gina poderia implicar com Fleur, mas, no fundo, realmente simpatizada com a mais velha. - Eu fiz a minha parte e convidei, sinta-se a vontade para ir, Mione!

Com essas palavras, Gina e Luna acenaram e tomaram o caminho oposto às portas de entrada. As duas provavelmente se encontrariam com os demais e pegariam carona em algum dos carros, restando o ônibus a Hermione. A morena, contudo, não estava chateada e abriu as portas de entrada, descendo o primeiro lance de escadas enquanto verificava o seu celular em busca de novas mensagens ou ligações.

Aparentemente, o dia de Fleur estava bastante corrido porque não havia qualquer notificação. Hermione desanimou e continuou a descer os degraus de cabeça baixa - uma postura defensiva que aprendera a adotar depois de tanto bullying sofrido nos anos anteriores -, talvez, por isso que não percebeu o que estava acontecendo a sua frente. Na realidade, a morena somente notou que algo estava errado quando os sussurros se fizeram audíveis e ela sentiu-se incomodada a ponto de erguer a cabeça para bisbilhotar.

As pessoas, ao seu redor, comentavam sobre algo e Hermione teve que procurar os óculos de grau na bolsa antes de observar o que havia ao seu redor - só esperava que não fosse o alvo da vez para Draco Malfoy ou a Pansy Parkinson -, os seus olhos castanhos vasculharam os arredores e o seu coração quase saiu pela boca quando, enfim, encontrou a dona de todos os olhares e sussurros que a distraíram de sua caminhada.

Ela estava rodeada de estudantes - os seus calouros, ex-colegas de turmas avançadas, ex-companheiras do pelotão das líderes de torcida e ex-admiradores - e cumprimentava a todos, sorrindo e dizendo uma ou duas palavras afetuosas, a morena sabia disso porque o sorriso dela jamais era falso naquele tipo de situação. Hermione, mesmo àquela distância, reconheceu os fios loiro-platinados que já estiveram entrelaçados em seus dedos, assim como reconheceu o sorriso na boca que tanto beijara e também reconheceu os olhos azuis cerúleos que, de súbito, encontraram os seus.

Não existia definição para aquele magnetismo intenso e abrupto. A única explicação cabia ao seu conteúdo e este era feito de saudade e, sobretudo, de amor.

Fleur lhe sorriu à distância e Hermione piscou mais de uma vez para averiguar se a sua mente não estava lhe pregando uma peça ou se o seu coração não estava louco de saudade a ponto de projetar uma imagem daquelas. Entretanto, a sua mente sempre foi lógica e racional demais, ela não sonhava e, portanto, era Fleur quem realmente estava a alguns poucos metros de distância.

Porém, mesmo com tão pouco as separando, Hermione paralisou. Jamais cogitara passar por aquela situação, ela e Fleur não pensaram em como agiriam na frente de toda a Academia já que não era necessário. Fleur se formara e o que elas tinham não chegaria ao conhecimento de todos os demais estudantes... Contudo, mais uma vez, Fleur lhe surpreendia.

Hermione estava tão imersa em seus pensamentos, pesando as conseqüências do que poderia acontecer que, sequer, percebeu a aproximação de Fleur. A mais velha caminhava lentamente, acenando e atentamente observada pelos estudantes mais próximos, o dia era frio - a primeira neve caíra na noite anterior - e, ainda assim, Hermione sentia-se acolhida pela cálida presença de Fleur.

A mais velha olhou por cima dos ombros, sorrindo para outro estudante qualquer, antes de, mais uma vez, encontrar Hermione. O castanho afogou-se no cerúleo e, em meio a todo o nervosismo da morena, ela ainda conseguiu sorrir para extravasar toda a alegria que transbordava em seu interior. Hermione percebeu, através do acelerar de seu coração, que Fleur somente sorriu quando viu o mesmo em sua expressão.

Fleur estava tão nervosa quanto ela e também não sabia o que fazer, contudo, Hermione sabia que a loira só faria o que ela autorizasse a ser feito. Por isso, mais uma vez, a morena nutriu-se de coragem para aprofundar aquele relacionamento. Hermione deu um passo à frente, adentrando no espaço pessoal de Fleur e ignorando os sussurros chocados ao seu redor. Fleur franziu a testa para o seu comportamento e, respirando fundo, de olhos fechados, murmurou:

— Hey, você.

— Olá, Delacour. - Hermione respondeu no mesmo tom e com a voz tão doce quanto a da mais velha. Fleur finalmente abriu os olhos e o azul cerúleo, novamente, entorpeceu Hermione, a morena se pegou ofegando e Fleur, ainda insegura, tocou-lhe a mão de leve. Hermione suspirou, ela sabia que não agüentaria aquela proximidade (e a saudade) por muito tempo. - Você não deveria estar em Paris?

— Arrumem um quarto, sapatões! - A voz estridente e enojada de Pansy Parkinson se fez ouvir acima dos sussurros que já eram altos. Fleur se virou em direção à voz, a postura ereta e os punhos cerrados, pronta para enfrentar Pansy ainda que isso despertasse ainda mais curiosidade diante da natureza da relação das duas. Hermione, por sua vez, tocou-lhe gentilmente as mãos e os punhos fechados se abriram, lentamente, relaxados. As duas trocaram um breve olhar, antes de Hermione responder obstinada:

— E nós vamos, Parkinson! Diferentemente de você, nós não somos frígidas!

Fleur não conseguiu conter a risada musical que explodiu em seus lábios, mais risos foram escutados ao redor delas sobrepondo-se aos sons surpresa e não foram poucos aqueles que riram da expressão ofendida de Pansy. Hermione riu mediante a risada de Fleur, os olhos das duas se encontraram em meio ao riso e a morena percebeu que os longos cílios dourados estavam umedecidos pelas lágrimas de alegria.

Lentamente, o riso se perdeu nas feições de Hermione e o ar apaixonado e devoto ocupou todos os espaços do rosto moreno. Fleur percebeu que estava sendo observada e as suas bochechas avermelharam diante de tal admiração. Hermione aproximou o rosto de Fleur e teve que erguer-se nas pontas dos pés para alcançá-la, contudo, foi a mais velha que rompeu a distância e a beijou.

Aquele era o primeiro beijo das duas em público e tal qual o primeiro dado nos fundos da galeria de arte, ainda tinha o doce sabor do impossível se fazendo verdade em seus lábios.

# # #

Conforme o som das risadas diminuía dentro do carro e as duas deixavam dezenas de olhares chocados nas escadas da Academia de Hogwarts, Fleur Delacour tentava entender o que acabara de acontecer. Não estava, de forma alguma, reclamando da recepção que tivera, mas, ainda lhe surpreendia que Hermione tivesse tido a coragem necessária para assumi-la para toda a Academia.

Fleur não mais se preocupava com as aparências, ainda mais agora que os seus pais e a sua irmã verdadeiramente sabiam quem era e que estava em Oxford. Porém, Hermione sempre a preocupara por ser reservada e Fleur temia que ela fosse a única a sofrer as consequências dos seus atos apaixonados de cinco meses atrás.

Hermione se preservara e, sobretudo, preservara o que tinham até minutos atrás. Até beijar Fleur nas escadarias da Academia de Hogwarts, diante de um grande número de alunos que, agora, provavelmente, estavam espalhando a notícia de que as duas estavam juntas por todas as redes sociais existentes.

Era uma situação caótica e que, mesmo assim, estava provocando risos em Hermione.

A mais velha acelerou o automóvel e logo as duas estavam nas vias principais que levavam a Academia de Hogwarts, as risadas desapareceram, mas, Hermione ainda tinha um sorriso levado nos lábios. Fleur arqueou uma das sobrancelhas douradas para o comportamento da mais nova e, resistindo à urgência de beijar aquele sorriso, perguntou:

— Não que eu esteja reclamando, mas, você realmente fez aquilo?

— Aquilo o que? Beijar você na frente de toda a escola? - Hermione perguntou brincalhona, fingindo-se de desentendida. Os olhos castanhos estavam doces, como chocolate, o orgulho enchia o peito da morena e acelerava o seu coração. O sorriso de Hermione não desapareceu quando ela trouxe a mão de Fleur para seu colo e a beijou, delicadamente. - Eu beijaria de novo se ainda estivéssemos lá.

— Isso é... Surpreendente? - Fleur questionou retoricamente, os olhos cerúleos firmemente engatados aos olhos de Hermione à procura de explicações para aquele comportamento tão espontâneo e corajoso. A morena acenou afirmativamente com a cabeça e quando um sinaleiro parou as duas, ela se aproximou para beijar a bochecha de Fleur e suspirou apaixonada de encontro à pele alva cheirando a rosas. Hermione fechou os olhos e, ainda próxima a Fleur, sussurrou:

— Você não é a única corajosa dessa relação, Delacour.

Novamente, a risada leve de Fleur enviou uma onda elétrica para interior de Hermione. A morena se viu, mais uma vez, sorrindo como Fleur e dividindo com ela aquele momento tão especial. Hermione não tinha se dado conta da magnitude de seu ato até aquele momento, não pensou ao fazê-lo, - o que era estranho vindo de alguém tão acostumada a pensar antes de qualquer coisa - ela simplesmente sentiu e o fez.

Era uma das poucas vezes em que Hermione não questionava uma de suas emoções.

Fleur afastou a mão do toque de Hermione, apenas o necessário para engatar uma marcha e dar uma seta, as duas estavam se afastando das áreas mais movimentadas e a morena sorriu ao reconhecer aquele caminho. Do lado de fora do carro, existiam pequenos montes de neve e as pessoas caminhavam lentamente, bem agasalhadas.

O inverno já chegara e fizera casa em Londres. A primeira neve, na noite anterior, apenas sacramentou que a estação mais fria do ano prometia muitas temperaturas negativas.

Hermione, particularmente, gostava do frio. Era bom para ler, realizar deveres e assistir um filme. Fleur, porém, tinha certa bronca com as temperaturas mais baixas... Também gostava de estudar, de assistir filmes e, sobretudo, de ler, mas, preferia estar ao ar livre quando podia. Mesmo morando na Inglaterra desde pequena, existia muito do sangue francês na mais velha e ela sempre ansiava por menos umidade, menos frio e mais calor.

Entretanto, não existia qualquer bronca ou desgosto na expressão de Fleur. Ela estava verdadeiramente feliz enquanto dirigia, os seus olhos cerúleos sempre se perdiam em Hermione quando podiam e o sorriso não abandonara os lábios cheios desde que se encontraram. De alguma forma, Fleur estava feliz por estar na neve londrina ao invés de caminhar pelo Museu do Louvre.

A cumplicidade entre as duas estava ainda mais latente depois de cinco meses juntas, obviamente, Hermione percebeu a aura de satisfação que pairava em cada gesto e olhar de Fleur. As palavras eram extremamente importantes para as duas, mas, em momentos como aquele - de silêncio, sorriso e companhia - eram dispensáveis. A morena se sentia agraciada por compartilhar esse tipo de ligação com alguém.

Elas eram, realmente, alguma coisa que fugia do normal.

— Você realmente não vai me dizer por que abandonou o seu precioso Louvre e voltou para cá? - Hermione gostava de silêncios, contudo, também era muito curiosa e não percebeu quando as suas palavras ansiosas irromperam de seus lábios. As suas bochechas coraram levemente, ela estava envergonhada de seu inquérito, mas, de alguma forma, agora, ela precisava das palavras de Fleur. E a mais velha não vacilou ao responder apaixonada:

— Eu não poderia ficar em Paris já que deixei o meu coração, há cinco meses, em Londres.

— Oh... Você... Você lembrou! - Hermione estava sinceramente impressionada. Achava que fosse a única que possuía uma espécie de cisma com datas, ela também pensava que fosse a única, naquela relação, que sentia que o relógio passava rápido demais para elas. Cinco meses e Hermione ainda se sentia nas nuvens quando Fleur dizia coisas como aquela. A morena sequer sabia responder à altura, tudo que conseguia fazer era olhar e admirar o belo perfil de Fleur que, no momento, sorria radiante. A mais velha suspirou e disse:

— Como eu poderia esquecer? Eu sei que digo, todos os dias, quão feliz eu estou e quão linda você é, mas, é somente essa data que podemos chamar de nossa... Se eu não tivesse ido à biblioteca naquele último dia de aula e se você não tivesse deixado aquele bilhete com Madame Pince, esse dia jamais seria nosso. São tantos componentes que poderiam ter dado errado, ainda assim, nós fomos contra todas as probabilidades e fizemos dar certo. Nós tomamos essa data para nós, ela nos pertence e eu não poderia me esquecer do dia em que eu, enfim, lutei por algo que realmente vale à pena.

— Você realmente tem um jeito com palavras. - Foi a única sentença que saiu dos lábios de Hermione, ela ainda estava embriagada pela delicadeza e pela intensidade do que Fleur dissera. Quando estava acostumando-se ao romantismo da mais velha, sempre era surpreendida por momentos como aquele em que Fleur tornava algo rotineiro, como uma data, em um momento de pura entrega. Hermione sentia-se tão envergonhada naquelas situações e sequer sabia se merecia tanto. - Eu não sei como responder isso à altura.

— Você não precisa responder, eu acho que já consigo enxergar o que sente em seus olhos... - As palavras de Fleur somente foram ditas quando elas, novamente, pararam em um sinal. Dessa forma, o que Fleur disse foi feito olhando nos olhos de Hermione e a morena também enxergou na imensidão cerúlea tudo o que Fleur sentia.

Acima de tudo, Hermione enxergou o amor. E mesmo diante de tantas variáveis lhe dizendo que um sentimento dessa magnitude não era compatível para tão pouco tempo de relacionamento, ela acreditou. A verdade residia nos olhos de Fleur e ela lhe sussurrava: Je t’aime.

Os olhos castanhos de Hermione refletiam a superfície espelhada que se estendia abaixo de si. O seu corpo tremia, muito pelo frio e outro pouco pelo medo. As suas mãos seguravam, firmemente, os cadarços dos patins e os seus olhos se desviaram da superfície congelada do lago da propriedade dos Delacour para as lâminas brilhantes que tinham a função de mantê-la em pé em cima do gelo liso e escorregadio.  

Hermione se recusava a aceitar que aquelas lâminas eram a única coisa que a impediam de cair no gelo. Não havia lógica nenhuma naquilo (e nem naqueles que acreditavam que aquilo era uma diversão e ela incluía, nesse grupo, a sua namorada).

A morena ficara particularmente feliz ao notar que estavam a caminho da Mansão Delacour, a família de Fleur possuía uma vasta biblioteca e ela costumava sentar-se em frente à lareira, com Fleur próxima a si enquanto lia por horas entre beijos e toques. Porém, naquele dia frio de inverno, Fleur decidiria que estava na hora de cumprir a promessa da qual Hermione sequer se lembrava.

Fleur queria patinar no lago e tudo o que Hermione queria, no momento, era fugir.

As diferenças entre elas, principalmente no aspecto da atividade esportiva, eram notáveis. Fleur era naturalmente atlética, ela fizera balé até os 14 anos, depois, começara a treinar nas líderes de torcida e possuía habilidade física suficiente para jogar qualquer tipo esporte. Hermione, por sua vez, não era desastrada, tampouco, levava jeito para atividades esportivas - costumava justificar-se dizendo que a sua mente, nesse quesito, era atrasada porque ela realmente não conseguia pensar e fazer algo, ao mesmo tempo - e ainda era míope. Toda aquela situação estava fadada ao fracasso, Hermione dissera e Fleur sequer a escutara.

Hermione rangeu os dentes, não conseguia parar de pensar nos prováveis hematomas que aquela atividade deixaria em seu corpo. Não sabia por que ainda estava ali e, como se o seu coração quisesse lhe dar uma resposta, Fleur envolveu a sua cintura pelas costas, depositando o queixo em seus ombros e respirando profundamente em seus cabelos. A morena, inconscientemente, se aconchegou nos braços dela e perguntou cansada:

— Nós realmente precisamos fazer isso?

— Foi uma promessa, lembra? - Fleur respondeu divertida e, mesmo de costas para ela, Hermione sabia que ela sorria de seu desespero velado. A loira soltou o corpo da morena e deu a volta, os seus patins já estavam calçados e ela saltou, elegantemente, do cais para a superfície congelada do lago.

Fleur fazia tudo aquilo parecer fácil, mas, Hermione sabia que quando tentasse o mesmo, cairia e tinha a vaga impressão de que a loira, provavelmente, riria dessa cena. A ideia a irritava, contudo, não a ponto de tirá-la do sério. Aparentemente, Fleur era a única que poderia rir de sua vergonha em momentos como aquele.

Ainda assim, a morena revirou os olhos e bufou para a alegria infantil que ocupava os olhos e as feições de Fleur. Ela sabia que jamais seria capaz de resistir aquele rosto e, rendendo-se aos seus sentimentos, Hermione se sentou no cais e a madeira fria arrepiou os pelos de seu corpo, ela grunhiu e resmungou:

— Eu já estou me arrependendo dessa ideia e sequer coloquei os meus patins.

— Pare de ser estraga-prazeres, mon amour... - Fleur disse gentil, a voz doce e sedutora teve um efeito imediato em Hermione que, imediatamente, relaxou a postura tensa e agressiva. A loira deslizou pelo gelo, encaixando-se entre as pernas da morena e ajeitou o cachecol avermelhado no pescoço moreno. Em seguida, uma de suas mãos enluvadas escorregou pelo braço agasalhado de Hermione, entrelaçando os seus dedos aos outros que agarravam os cadarços. A morena suspirou e Fleur beijou-lhe na bochecha. - Eu prometo não deixá-la cair.

Fleur, afinal, não possuía somente um jeito com as palavras e sim, com as atitudes. Hermione estava verdadeiramente envergonhada por ceder rápido demais àquela voz aveludada e àqueles toques pontuais. Na verdade, ao mesmo tempo em que Fleur abaixava as suas defesas daquela forma, ela mesma se erguia forte o bastante para proteger o que tinham. Fleur retirava de Hermione a necessidade de sempre parecer forte. A morena permitia porque se sentia segura.

E, mesmo contrariada com toda aquela situação, ela estava disposta a tentar patinar no gelo.

Fleur ajoelhou-se no gelo e calçou, delicadamente, os patins nos pés de Hermione. Em seguida, amarrou-os em um laço elegante e ofereceu a mão, de forma cavalheiresca, para que Hermione a tomasse. A morena arqueou a sobrancelha e, desconfiada, perguntou:

— Essa é só uma oportunidade para você se exibir, não é?

— Nossa, chérie! Que bela opinião você tem de mim! - Fleur dissimulou o ar ofendido para, em seguida, rir abertamente. Os pés de Hermione tocaram o gelo e ela tremia pelo esforço em se equilibrar de forma vergonhosa sobre as lâminas. Um sorriso maroto formou-se nos lábios de Fleur e Hermione, tão concentrada em não cair, não percebeu. Essa foi a deixa para que a mais velha a puxasse e Hermione gritasse, desesperada. - Precisamos mudar isso, não acha?

— Retiro o que eu disse. Além de se exibir, você também quer se aproveitar de mim! - Hermione grunhiu irritada e até tentou estapear Fleur, contudo, a loira a abraçava e as suas mãos estavam apoiadas no colo dela, sem espaço para qualquer movimento. Fleur sorriu divertida e se aproximou, roubando um beijo apaixonado de Hermione que acabou rindo entre o beijo. - Você é impossível, Delacour.

Fleur piscou para ela antes de impor certa distância entre os seus corpos e segurar as mãos de Hermione. As duas começaram a deslizar, lentamente, pelo gelo com a morena imitando os movimentos da mais velha. Hermione percebeu, depois de alguns minutos, que aquilo era muito mais fácil do que imaginava (ou, talvez, só fosse a sua professora que era atenciosa demais).

Logicamente, elas não tentaram nada mais complicado e continuaram a deslizar suavemente pelo gelo. Hermione estava verdadeiramente orgulhosa de si, já estavam a quase meia hora no lago e ela não caíra, nem tropeçara em seus próprios pés. Fleur também parecia se divertir, mesmo que não estivesse tentando nada mais desafiador ou perigoso.

As duas estavam tão concentradas uma na outra e tão imersas naquele universo paralelo em que existiam única e exclusivamente para a outra que não perceberam a movimentação na mansão e nem uma figura pequena que correu, calçou os próprios patins e jogou-se no gelo.

Gabrielle Delacour era bastante inconseqüente em quase tudo que fazia, o que geralmente deixava Apoline enlouquecida. Dessa forma, a pequena deslizava violentamente pelo gelo e passou em alta velocidade no espaço entre Hermione e Fleur. A morena desequilibrou-se e praticamente viu o gelo de encontro ao seu rosto antes de ser amparada providencialmente por Fleur.

O resultado? Fleur de costas para o gelo, grunhindo de dor com Hermione sobre o seu corpo, segura e sem qualquer ferimento.

As risadas de Gabrielle chegaram aos ouvidos de ambas enquanto Apoline gritava o nome da caçula. Fleur, mesmo dolorida, riu da irmã mais nova e Hermione, preocupada, perguntou:

— Você não quebrou nada, não é?

— O meu orgulho, talvez. Gabby me paga! - Fleur grunhiu entre dentes e Hermione sorriu, saindo de cima da namorada e ajudando-a a se levantar. Fleur ainda gemia de dor quando Apoline finalmente chegou ao cais e esbravejou:

— Gabrielle Catherine Delacour, essa não foi a educação que eu lhe dei!

A pequena Delacour revirou os olhos para mãe, ignorando-a e voltando a deslizar pelo gelo. Agora, Gabrielle realizava alguns saltos perigosos e Hermione estava verdadeiramente surpresa com a coragem da caçula. Fleur, por outro lado, observava a irmã com um sorriso orgulhoso (e dolorido) nos lábios. Apoline cruzou os braços e bateu o pé, respirou fundo e voltou a bronquear:

— Gabrielle, se você não sair desse gelo agora, eu lhe tiro da aula de balé...!

— Ótimo, a senhora estará me fazendo um favor! - Gabrielle interrompeu a mãe, vitoriosa e com um sorriso tão grande que arrancou ainda mais risos de Fleur. A mais velha foi rapidamente repreendida por um olhar duro da mãe e Hermione riu daquela interação, abraçando o lado do corpo de Fleur e iniciando uma massagem na base das costas da namorada, por baixo de todas as camadas de agasalho. Os seus dedos arrepiaram a pele de Fleur, mas, em seguida, a loira suspirava satisfeita entre os fios castanhos, apertando o corpo de Hermione junto ao seu.

Apoline observava o casal ao mesmo tempo em que procurava conter o sorriso orgulhoso, ela estava feliz por Fleur ter encontrado uma pessoa tão especial quanto Hermione. Ela era uma das maiores defensoras do casal, talvez, estivesse empatada com Jane Granger nesse aspecto. As duas pareciam leoas com a relação das filhas enquanto Gael e Donald eram mais contidos. Apoline desviou os olhos do casal e voltou-os para Gabrielle, voltando a bronquear:

— Eu lhe tiro do balé e não a coloco na aula de esgrima que você tanto quer!

O efeito da ameaça foi instantâneo. Gabrielle parou de deslizar perigosamente pelo gelo e, delicadamente, chegou até o cais onde retirou os patins e voltou a calçar as botas de inverno. A pequena até mesmo colocou os seus patins no lugar deles, no gancho mais baixo do suporte de madeira e aproximou-se da mãe, dócil e comportada. Fleur gargalhou diante do comportamento da irmã e Hermione a acompanhou, Apoline também sorriu de lado e abraçou a caçula pelos ombros antes de dizer:

— E vocês duas, entrem. Não quero que fiquem doentes.

Fleur bateu continência para a mãe que franziu a expressão antes de dar às costas e voltar para a mansão. Hermione e Fleur continuaram abraçadas, no meio do lago congelado. Os movimentos circulares contínuos na base das costas de Fleur estavam amenizando a dor e, sobretudo, relaxando-a. A mais velha fechou os olhos e sentiu quando Hermione se aconchegou em seu corpo, mais precisamente, em seu pescoço.

Estava frio do lado de fora, mas, ali, nos braços de Hermione, Fleur se sentia aquecida. Em momentos como aquele, ela não conseguia deixar de pensar nas definições mais clichês a respeito do amor...

Uma delas se tratava das estações do ano. Fleur sabia que, mesmo se o inverno fosse infinito, ela ainda seria capaz de encontrar a primavera nos braços de Hermione.

O cheiro de chocolate ocupava toda a extensão da Mansão Delacour, Hermione parecia uma criança às vésperas do Natal tal era a forma como os seus olhos brilhavam e tal era o tamanho do seu sorriso. Fleur não sentiu qualquer choque térmico porque estava perfeitamente aquecida pela presença da morena ao seu lado. Hermione tinha a mão entrelaçada a dela e parecia não querer soltar, as duas estavam indecisas entre ir à cozinha auxiliar Apoline ou refugiarem-se na biblioteca quando Gael as interceptou.

O patriarca da Família Delacour sequer as cumprimentou e já partiu para um abraço apertado, Fleur sentiu uma ligeira pontada de dor na região que contundira no gelo, mas, decidiu não acabar com a alegria do pai. Ele beijou a testa de cada uma das meninas e brincou com a filha:

— Já fiquei sabendo que Gabrielle lhe derrubou, de novo.

— Não foi exatamente isso, papa! Gabby praticamente nos atropelou e eu só levei a pior porque alguém precisava proteger Hermione. - Fleur respondeu ofendida e com o orgulho visivelmente ferido pela implicância do pai. Gael riu roucamente da atitude protetora da filha, Hermione corou e Fleur a trouxe para um abraço, segurando-a junto de si. O contato entre os corpos arrancou mais uma careta motivada por uma pontada de dor na base de suas costas. - Não foi dessa vez que Gabby me quebrou em duas, mas, está doendo de verdade.

— Então, suba com Hermione e cuide disso enquanto eu distraio a sua mãe. - Gael sugeriu em tom conspiratório, sabendo que precisava esconder isso da esposa ou um verdadeiro drama de proporções épicas se instalaria naquela residência. Fleur acenou de forma afirmativa ao pai, no exato momento em que Apoline voltava a chamar Gabrielle. Gael deu de ombros e o casal riu. - Aparentemente, Gabby está distraindo e estressando a sua mãe.

— Eu diria que ela está estressando a sua esposa, senhor. - Hermione sugeriu brincalhona, Fleur e Gael a acompanharam nas risadas antes do patriarca as empurrar para as escadas e correr para a cozinha.

A subida dos degraus foi mais dolorida do que Fleur esperava e ela até mesmo chegou ofegante no andar superior. Hermione estava abraçada a ela e, enquanto caminhavam pelo longo corredor em direção ao quarto de Fleur, perguntou preocupada:

— Tem certeza que está bem?

— Já tive contusões piores quando torcia. Só preciso de uma pomada antiinflamatória e de um analgésico, logo, estarei bem. - Fleur respondeu de forma segura, ainda que existisse certo incômodo em suas feições. Hermione não teve como rebater, Fleur era tão teimosa quanto ela e não aceitaria outra sugestão. As duas pararam em frente à porta do quarto de Fleur e a mais velha beijou os lábios de Hermione, levemente, antes de entrarem.

O quarto de Fleur era uma imensa suíte, decorada em tons claros que mesclavam o branco e o azul. A cama era enorme, ladeada por uma elegante escrivaninha de estudo e uma penteadeira em madeira branca, uma enorme TV decorava uma das paredes enquanto, na outra, existia uma extensa prateleira de livros.

Enquanto Fleur se encaminhava para o banheiro, Hermione rumou diretamente para os livros. A morena sempre se deliciava ao observar os títulos que Fleur tinha, muitos em francês e outros, em inglês. O gosto literário das duas era parecido, ainda que Fleur gostasse muito mais de poesia do que Hermione. E sempre era interessante observar aquela instante porque Fleur sempre tinha algo novo ali.

Hermione sorriu ao encontrar um fino volume preto, sem nome na lombada, que não estava ali na última vez que viera à mansão. Os dedos morenos puxaram o livro, com delicadeza, de seu lugar na estante e ela se surpreendeu ao perceber que não se tratava de um livro e sim, de um caderno de capa de couro e pautado. Hermione não sabia o que fazer com o objeto em suas mãos porque sabia o quão pessoal aquele caderno poderia ser.

Contudo, a curiosidade a atiçava e ela, verdadeiramente, gostaria de ler o que tinha ali. Não duvidava de Fleur, mas, sempre estava ansiosa por descobrir novas porções da apaixonante personalidade da mais velha.

Por isso, os seus dedos trêmulos deslizaram pela capa antes de ela, sentindo-se imensamente curiosa e culpada, abri-lo. Só teve tempo de vislumbrar alguns belos versos e outros riscados antes de seu celular tocar em seu bolso. A chamada a sobressaltou e ela colocou o caderno de qualquer jeito na estante, o telefone identificava uma mensagem de sua mãe que ela, imediatamente, leu para ocupar as suas mãos.

Espero que não fique aí o dia todo ou eu passarei a sua guarda aos Delacour... Esperamos vocês duas para o jantar! - Mãe.

Hermione revirou os olhos para o ciúme dramático de sua mãe antes de respondê-la e virar-se, novamente para a estante, estava prestes a recolocar o caderno em seu lugar de origem quando Fleur saiu do banheiro. A morena deixou-o no local onde o colocara e se virou para a namorada, Fleur resolvera tomar um banho, ela cheirava a rosas e a algo refrescante, proveniente da pomada que usada.

Fleur usava apenas uma camiseta social amassada, mas, logo apanhou um suéter e uma jaqueta no armário antes de sentar-se na cama para calçar os sapatos. A morena estava atordoada por quase ser pega bisbilhotando e, por isso, resolveu se manter distante e fingiu prestar atenção em algo que não envolvia Fleur.

Naqueles minutos em que ficaram caladas, a única coisa que se ouvia eram os sons dos movimentos de Fleur que terminava de se vestir. A ausência de palavras provocou uma reflexão em Hermione e ela se envergonhou de seu comportamento tão curioso. Fleur jamais lhe dera margem para algum tipo de desconfiança, mas... Aquele caderno de capa de couro preta era tão destoante do resto da estante! A morena realmente se sentiu atraída e queria ter descoberto o que aquelas páginas escondiam...

Ainda assim, nada justificava o seu comportamento, agira de forma curiosa e, principalmente, rude. Não tinha o direito de mexer nas coisas de Fleur, ainda mais, aquelas que pareciam tão pessoais.

— Vamos, chérie? - Fleur perguntou gentilmente antes de segurar uma das mãos de Hermione, a morena virou-se para a voz que a chamava e os belos olhos cerúleos a recepcionaram, iluminados pela pálida luz solar de inverno. Hermione sorriu para aqueles olhos e beijou, delicadamente, os lábios cheios. A mais velha sorriu no meio do beijo e Hermione, entrelaçando os seus dedos aos dela, de forma familiar e especial, murmurou:

— Eu vou a qualquer lugar com você.

E não havia mentira nas palavras de Hermione, ela realmente iria a qualquer local com Fleur e, provavelmente, era essa ânsia de segui-la que a fazia ter tanto medo de perdê-la para os segredos e, até mesmo, para as páginas não-lidas de um caderno qualquer...

# # # # #

Deixar a Mansão Delacour foi uma verdadeira guerra. Apoline queria que o casal ficasse para jantar enquanto Gael insistia para mostrar a sua pequena coleção de livros raros a Hermione e Gabrielle exigia atenção da irmã mais velha. Depois do chocolate quente - regado à canela, chantilly, hortelã e mais alguns adicionais deliciosos da matriarca da família -, Fleur precisou explicar exaustivamente que precisava, também, dar atenção aos seus sogros ou Hermione nunca mais voltaria àquela casa.

Dessa forma, Apoline e Gael finalmente permitiram que elas fossem. Entretanto, eles a acompanharam até o carro de Fleur e acenaram até tornarem-se incapazes de serem vistos através do véu da noite e a fina neblina que ocupava o ar de Londres. O casal estava triste por abandonar os Delacour, mas, igualmente ansioso para jantar com os Granger.

— O que direi não pode chegar aos ouvidos de minha mãe... - Fleur anunciou em tom conspiratório quando elas chegaram a uma via expressa que estava deserta, passado o horário de pico. Hermione desviou os olhos da janela e voltou-os para Fleur. A mais velha tinha uma expressão divertida no rosto enquanto segurava o volante firmemente em suas mãos. - Mas, eu realmente prefiro comer algo simples de sua mãe às loucuras gastronômicas de Apoline Delacour.

— Não seja tão dura com sua maman, Fleur! Bem sabe que ela faz de tudo para nos agradar! - A morena bronqueou a namorada, defendendo a sua sogra com unhas e dentes porque Apoline realmente a acolhera. Fleur gargalhou diante da intensidade da morena e, desviando os olhos da via por breves segundos, disse maliciosa:

— E ela precisa fazer algo mais para agradar você? Ela já me fez, achei que isso lhe agradasse bastante, Granger.

— Você está bastante engraçadinha hoje, não é, Delacour? - Hermione comentou irônica com o cenho franzido e os braços cruzados abaixo dos seios. Fleur riu ainda mais daquela reação, deliciada pela forma como conseguia tirar a morena do sério e, ainda assim, divertir-se com aquilo. Claro que era extremamente perigoso irritar Hermione Granger, mas, era engraçado e revigorante. Fleur voltou a desviar os olhos da estrada e se aproximou, ela beijou a bochecha da morena e sussurrou:

— Eu estou feliz, mon amour! E não estaria em tão bom humor se a razão não fosse única e exclusivamente você!

Hermione sorriu acanhada e agradecida para as palavras de Fleur, as suas bochechas assumiram um tom róseo que já estava tornando-se familiar a todos os momentos em que passava com a outra. Os versos escritos e riscados no caderno encontrado no quarto de Fleur vieram, subitamente, à mente de Hermione. De alguma forma, algo estalou em sua mente e evidenciou que, talvez, a sua namorada tivesse mais jeito com as palavras do que ela imaginava... E se isso fosse verdade, a morena gostaria de saber por que ainda não tinham discutido essa hipótese.

Das duas, Fleur era a alma mais apaixonada e, sobretudo, romântica. Naqueles cinco meses de relacionamento, as maiores declarações e as melhores provas de amor vieram dela. Fleur tinha um jeito muito belo de demonstrar e explicar os seus sentimentos, Hermione gostava de pensar que a inteligência emocional dela era muito maior do que a genialidade material que demonstrara na academia e na faculdade.

Portanto, Hermione detinha as maiores demonstrações - como aquela de mais cedo, nas escadas da Academia de Hogwarts -, a morena era mais obstinada e, também, mais corajosa em suas atitudes. O bilhete deixado com Madame Pince, o que as uniu, viera dela. Assim como todas as palavras mais duras e, também as mais adocicadas que as levaram até aquele ponto, em que estavam juntas e felizes.

As duas eram diferentes e, da mesma forma clichê anunciada em tantos outros romances clássicos, elas se completavam.

Todo esse raciocínio denotava que Hermione era a ação enquanto Fleur era a emoção e, justamente, por isso, a morena não duvidava que a outra fosse capaz de escrever palavras para retratar o amor que possuíam.

Poesia e Fleur eram componentes que se encaixavam e, principalmente, combinavam.

Hermione estava ansiosa para perguntar sobre o caderno, mas, compreendia que a poesia era extremamente pessoal e reservada. Essa modalidade exigia o lirismo e a individualização do seu autor, eram belas palavras solitárias que se tornavam magnas quando reveladas aos outros.

A poesia era capaz de transformar as verdades de um na realidade de muitos.

E, devido a isso, a morena sabia que deveria preservar a reserva da namorada. Fleur lhe contaria sobre o caderno quando chegasse a hora e Hermione esperava, ansiosamente, por esse momento. Seriam mais palavras a serem divididas e essas, assim como a data do dia de hoje, pertenceriam somente a elas. Outros poderiam lê-las, mas, as verdades cabiam a elas e não aos outros.

Distraídas pelos seus pensamentos que eram, lentamente, inundados pelo romantismo emanado de Fleur, Hermione apanhou a mão dela sobre o câmbio de marcha e beijou cada um dos nós dos dedos. A motorista a observava com olhos curiosos e tudo o que Hermione foi capaz de dizer se resumiu as três palavras - que cabiam a muitos e que eram certezas absolutas a elas - ditas com emoção:

— Eu te amo.

Fleur não usou as palavras ao seu favor, não daquela vez. Naquele instante, elas trocaram as suas armas e Hermione nutriu-se das palavras enquanto Fleur muniu-se das atitudes. A francesa desviou, mais uma vez, os olhos da estrada e roubou um beijo de Hermione.

Ambas riram diante do beijo roubado e, mesmo distantes de suas zonas de conforto, elas se sentiram da mesma forma. Ambas sabiam que amavam e, principalmente, as duas sabiam que eram correspondidas... Fossem por atos, ou palavras porque, afinal, o que as unia era um sentimento muito maior do que essas duas demonstrações.

— Esses jantares nessa casa estão me deixando bastante preocupada com o meu peso! - Fleur anunciou satisfeita e gentil enquanto afagava a barriga cheia pela quantidade absurda de alimento consumida no jantar. Donald Granger riu ruidosamente da colocação de sua nora e comentou brincalhão:

— Continue assim... Elogiar a comida da sogra é a melhor forma de conquistá-la!

O som espalmado se fez ouvir à mesa de jantar e, no segundo seguinte, Donald afagava as costas que foram agredidas pela esposa que passava atrás dele com a louça da refeição. Fleur se levantou prestativa e ignorou os olhares reprovadores de sua sogra que diziam, claramente, para que ela se sentasse. Hermione também fez o mesmo e Jane desistiu de tentar dissuadi-las, entregando o que carregava à filha enquanto dizia:

— Eu acredito nas palavras de Fleur, afinal, ela não é fingida como certas pessoas à mesa.

— Em nenhum momento eu menti a sua mãe, eu realmente gostava do que ela cozinhava. - Donald se defendeu prontamente, olhando ofendido para a esposa que revirou os olhos para ele, de uma forma bem semelhante a que Hermione fazia. A morena estava bastante envergonhada pela falta de tato dos pais enquanto Fleur ria abertamente, ainda à mesa, segurando as louças que recolhera. Jane ajeitou a postura e apontou o dedo para o marido:

— Nem eu gostava da comida da minha mãe, que dirá você? Por que acha que eu cozinho tão bem? Tive que aprender! Ou eu seria obrigada a engolir aquela gororoba todo o dia.

Hermione voltou da cozinha a tempo de presenciar os pais e Fleur rirem abertamente. Um sorriso satisfeito desenhou-se em seus lábios, jamais imaginaria que viria algo do tipo e, ali estavam os seus pais brincando com a sua namorada, sem qualquer julgamento ou decepção presente em seus comportamentos. Jane e Donald estavam verdadeiramente felizes pela filha. A morena tomou a louça suja de Fleur e disse:

— Voltando ao foco da questão, Fleur não precisa ficar preocupada com o seu peso... Eu a amaria da mesma forma com uns quilinhos a mais ou a menos.

— Oh céus, minha filha se tornou uma idiota apaixonada! - Jane comentou sarcástica enquanto arrancava a louça das mãos da filha e a empurrava de encontro a Fleur. A mais velha recebeu o corpo de Hermione, abraçando-o junto ao seu enquanto a morena escondia o rosto em seu peito. Jane riu do comportamento da filha e Donald, entre risadas, disse:

— Por que não sobem? Eu posso ajudar Jane com a cozinha.

— Não é necessário, senhor. Logo, eu voltarei para casa... - Fleur respondeu rapidamente e Hermione, embalada em seus braços, apreendeu a tensão que exalava do corpo da namorada. Fleur sempre respeitara as regras da casa dos Granger e jamais insistira em passar a noite ali, era algo que Donald e Jane jamais autorizaram.

Hermione, preocupada com a mudança abrupta de comportamento de Fleur, apertou-se junto a ela e massageou a base das costas da outra que fora contundida anteriormente, naquele dia. Fleur cedeu ao seu toque e suspirou diante dele, as duas se aconchegaram ainda mais uma a outra. Enquanto isso, Jane foi até a cozinha e depositou o que segurava sobre a pia, ainda no outro cômodo, ela comentou gentilmente:

— Vocês completam cinco meses hoje, meninas... Acho que algumas regras podem ser esquecidas por essa noite.

O casal estava incrédulo diante das palavras de Jane, Donald teve que empurrá-las em direção às escadas e elas só tiveram o perfeito entendimento do que acabara de ocorrer quando já estavam no andar superior. Hermione foi a primeira a se adiantar, em direção ao seu quarto.

A morena abriu a porta e Fleur entrou no quarto, o cômodo já era conhecido, mas, as duas jamais o dividiram. E era justamente essa última parte que tornava a situação levemente embaraçadora. Hermione olhava distraída para a sua pequena cama de solteiro, Fleur passou por ela e sentou-se na beirada, de frente para ela. A morena pigarreou e perguntou chocada:

— O que acabou de acontecer?

— Eu realmente não sei, mas, acho que devíamos aproveitar. - Fleur respondeu de forma gentil, tentando tranqüilizar a morena enquanto a puxava para a cama. Hermione sentiu quando Fleur removeu o seu casaco e o seu cachecol, assim como as suas botas e, observou-a fazer o mesmo com as mesmas peças de roupa em seu corpo.

As duas se deitaram na cama e ambas se encaixaram nas pequenas dimensões da cama de solteiro. A cabeça morena repousou sobre o peito alvo e os dedos pálidos acariciaram o couro cabeludo escuro. Hermione fechou os olhos e respirou fundo, Fleur ainda cheirava a rosas e a frescor, o silêncio rapidamente ocupou o espaço entre elas e ritmou as suas respirações, assim como, os seus corações.

Fleur beijou o topo da cabeça de Hermione, sentindo milhões de sensações explodirem em seu peito e milhões de palavras surgirem em sua mente. Em momentos como aquele, de silêncio compartilhado e de palavras não-ditas, ela sentia absolutamente tudo o que tinha com Hermione justamente na intensidade da qual era feito.

Naquele momento, ela sentiu a impossibilidade embrenhar-se ao infinito. Era absurdo que dois conceitos tão destoantes fizessem sentido... Contudo, elas desafiaram o impossível e deram a infinitude ao que conquistaram com um beijo. Fleur respirou fundo e, inconscientemente, apertou Hermione junto a si. A morena, percebendo a mudança sutil de comportamento, perguntou:

— No que está pensando?

Fleur não respondeu imediatamente, as palavras a traíram naquele momento, contudo, a poesia que habitava, secretamente, a sua essência, não. A mais velha piscou os belos olhos para o teto e remexeu nos cabelos platinados com a mão livre, em seguida, os seus lábios beijaram o topo da cabeça morena antes de soltarem o ar e, essencialmente, soltarem o seu amor.

“Nas páginas surradas dos livros,

encontrei o que não procurava

e sim, o que eu precisava." 

As palavras eram desconhecidas aos ouvidos de Hermione, ela não se lembrava de tê-las escutado, juntas, naquele arranjo. A morena não reconheceu o que escutava, mas, lembrou-se do que havia encontrado antes. Aquele caderno pertencia a Fleur, assim como os versos rabiscados e soltos em suas páginas surradas... Hermione não errara ao desconfiar que a alma de Fleur era feita de poesia. O que escutava, no silêncio de seu quarto, eram as palavras ditas pelo coração - e não pela boca - de Fleur.

“Entre as letras escritas por paixões antigas,

o meu amor se fez tão forte

quanto as mãos clássicas que as escreveram.

Eu delineei os primeiros versos de meu amor

ao mesmo tempo em que amava

pela primeira vez.”

Fleur podia sentir o calor chegando às maçãs de seu rosto, podia sentir a vergonha fraquejar a sua voz... Contudo, era a ânsia de ser sincera que a motivava a continuar. O seu coração acelerado dava ritmo à poesia que vinha do seu amor e o corpo em seus braços dava a força necessária para que ela enfrentasse qualquer temor. Fleur não podia ver os olhos castanhos de Hermione, mas, era como se a sentisse abaixo de sua pele, atravessando todos os músculos e estruturas até chegar a sua alma. E sentindo-a, de tal forma, não havia o que fazer exceto continuar.

“Nos versos rimados dos poetas esquecidos,

eu entendi o que sentia

mas, jamais, pude explicar o que existia

dentro do meu peito,

imerso em meu coração.”

As estrofes prosseguiam assim como as respirações descompassadas. De um lado, Hermione se agarrava à beleza das palavras e, do outro, Fleur tentava se lembrar de cada uma delas, em suas posições exatas. Aquele era uma das primeiras composições e, talvez, a mais rústica de todas... Mas, ela trazia um significado especial porque não era genérica.

Aquelas palavras, assim como o dia, as pertenciam porque Fleur as colocou juntas, justamente, para contar a forma como se apaixonaram.

“Em minhas palavras, proclamo:

eu te amo

em todas as letras, rimas, versos e estrofes

eu escrevo a nossa história

não para marcá-la no tempo

e sim, em mim.”

Lembranças se tornaram visíveis na mente de Hermione. Ela lembrou-se da queda, do primeiro encontro, do primeiro livro... Assim como se lembrou daqueles que achava serem os “últimos” em sua relação com Fleur. As lágrimas derrubadas, os bilhetes ignorados, os silêncios, o livro final.

Em tão pouco tempo, as duas passaram por todas as provações que somente um amor forte poderia suportar. Elas tiveram o início, o meio e pareciam estar aprisionadas naquele infinito clímax de felicidade e alegria. Hermione não conseguia e nem queria enxergar o fim que estava preparado a elas. Elas pareciam ser, exatamente, como um clássico.

Eram intensas o bastante para serem consideradas imortais.

“Minhas palavras engrandecem e,

finalmente,

falam por mim.

 

Eu te amo como poetisa,

mas, quero-lhe como mulher.

Eu te amo como romântica

e me apaixono como qualquer humana.” 

Fleur parou, ofegante, diante das palavras que escrevera e decorara. Em seus braços, Hermione se virou, de forma que, agora, olhava-a.

Os olhos castanhos estavam curiosos e, mesmo na escuridão, brilhavam. Fleur fez uma nota mental para se lembrar, da próxima vez, dos olhos de Hermione. Poderia escrever dezenas de poemas para narrar o que aqueles olhos representavam para si... Eles derretiam-se como chocolate e endureciam como ágatas.

Fleur também poderia separar dezenas de palavras para tentar descrever o que os lábios de Hermione representavam... O néctar que a nutria, o veneno que a mal tratava e a droga que a viciava. A fonte de tudo que procurou e o deleite pelo que encontrou.

Se Fleur tinha a poesia em si, a sua inspiração era justamente aquela presa em seus braços e desnudando a sua alma com aqueles olhos castanhos.

“Em todas as minhas facetas,

só você existe:

A dona das minhas palavras e,

acima de tudo,

A musa da minha poesia.”**

Fleur se calou para, enfim, olhar nos olhos de sua musa e, Hermione respirou fundo para encarar a sua poetisa. Os seus lábios se aproximaram e, ao se tocarem, cadenciaram o ritmo de um belo soneto ao amor. As suas línguas desenharam as rimas, as suas mãos tocaram os versos e as suas respirações entrecortadas determinaram as estrofes e seus fins. Quando o ar faltou e o poema findou, elas sorriram uma para outra... Ofegantes, sonolentas e apaixonadas.

Aquele não era o fim do clássico ou a última rima do poema.

Aquele era o início de uma ode ao que as unia. Elas escreveriam, através do impossível e do infinito, uma ode ao amor.

FIM

 

* Walt Whitman.

* “Musa”, Fernanda Redfield.


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Notas finais do capítulo

E aí? Valeu toda a espera?

Bem, eu realmente quero ter agradado a todos, se não gostaram, podem me bronquear nos comentários e recomendações.

Como puderam perceber, esse epílogo trouxe, além da alma poética de Fleur, a minha também. O poema supostamente dela é, na verdade, meu e não foi, de fato, escrito a uma pessoa específica... Ele simplesmente veio a minha mente e eu não pude deixar de encaixá-lo a Fleur.

Espero que tenham gostado e também peço que me acompanhem, tanto na próxima Fleurmione (com prólogo já postado) chamada "The Blackest Day" (https://fanfiction.com.br/historia/721248/The_Blackest_Day/) assim como no Twitter (@redfieldfer).

Bem, nos vemos nas próximas e novas fanfics!
Foi muito bom fornecer a vocês essa dose de romantismo e de literatura... Beijos e até mais! :))