Um mês se passou desde os bilhetes anônimos.Eles continuaram chegando e eu ficava cada vez mais pensativa.

Mas,vamos ver o lado bom...O mês de abril acabou!ACABOU!!Minha metade fantasma voltou!!AAAAHHH!EU TO MUITO FELIZ!!

Acordei com o som do meu despertador.Me levantei e comecei a me arrumar.Meu cabelo estava monstruoso,mas eu deixei ele do jeito que estava por preguiça de arrumá-lo.Saí do meu tumulo e fui em direção da Alice.

–Você parece feliz!-disse ela,ao ver que eu me aproximava.

–É claro que sim!Minha metade fantasma voltou!!-falei,com um sorriso no rosto.

Ela riu e então nós fomos dar uma volta pelo lado humano,que é o lado onde as pessoas normais vivem.Fomos até uma praça cheia de gente estranha...Mas eu fiquei intrigada mesmo porque além de Alice e eu,haviam muitos monstros no lado humano:diabos,shinigamis,fantasmas,monstros com sangue de animais...

Eu e Alice nos sentamos em um banco e olhamos ao nosso redor.O lado humano era legal...Só o lugar mesmo,porque tem cada pessoa...

–Vocês por aqui??-perguntou alguém.Me virei e vi que era Brian.

–BRIAAAN!!gritei e dei um abraço nele.-O que faz por aqui?

–Só to dando uma volta mesmo...

As pessoas olhavam em nossa direção.Eita,fudeu!!Será que eles estavam vendo a gente???E agora??Se eles estivessem nos vendo tudo ia por água a baixo.

–Elas são de verdade?-perguntou um garoto,que tinha mais ou menos uns 16 anos.Ele estava mexendo nas asas de Alice.

–É...Po-poxa...Claro que não!Que tipo de pessoa tem asas?-falou Alice,dando um sorriso forçado.

Sabe quando você olha pra uma pessoa e já sabe que ela é diferente?Foi o que eu senti quando vi aquele garoto.Ele tinha um olhar curioso e atento.

–Parece tão...Real!-falou ele.

–Garoto?-falei,e ele olhou pra mim-Posso saber qual é o seu nome?

–Me chamo Alex!-ele falou.

–Eu me chamo Jully.E estes são Brian e Alice.

O garoto acabou indo embora,sendo puxado pela mãe...Bem,a mulher parecia a mãe dele.Eu acabei reparando que eles entraram em um prédio perto da praça.

–Não é melhor irmos embora?-perguntou Alice-Todos estão olhando para nós.

–Vão na frente,eu alcanço vocês depois.-falei,e então elesforam embora.

Eu olhei para ver se ninguém estava me vendo,e flutuei até o prédio do garoto...Do Alex.

Procurei em todas as janelas e achei a casa dele no último andar...E se ele pulasse dali?Esse pais são loucos??

–VOCÊ NÃO FOI PRA ESCOLA HOJE??-escutei gritos femininos vindos da casa dele.Que coisa feia...Não foi à escola.

–M-mas mãe...Eu...-ele tentava dizer,entre soluços.Tadinho,ele estava chorando.

–EU NÃO QUERO SABER!JÁ PRO SEU QUARTO!!

Alex entrou nervoso em seu quarto e eu fui pra janela ao lado.Ele trancou a porta,escondeu o rosto nos travesseiros e começou a chorar.Poxa...Eu,mesmo sendo uma loca que gosta de ver os outros tristes,com medo ou mortos,fiquei com muita pena dele.

Atravessei as paredes e parei do lado dele.Ele ainda estava com o rosto no travesseiro.Comecei a passar a mão nos cabelos castanhos dele,e ele acabou se assustando e olhando pra mim.

–Você??Mas como...-ele começou a falar,mas antes que terminasse,tapei sua boca.

–Shiiu!!-cochichei-Ficou louco??Se me descobrem aqui eu to fudida!!

Tirei minha mão da boca dele.Ele estava confuso.

–Como você entrou aqui?-falou ele,agora cochichando.

–Pela janela.

–Mas nós estamos no último andar.

–É que...Esquece,eu não posso contar.

–Afe!Conta via!Eu não conto pra ninguém!

–Promete??

–Prometo.

–Vamos fazer um trato:quem contar o segredo do outro,vai ter que engolir 10 agulhas!!

–Você é louca??

–Trato feito??

–Ta bom...Agora conta.

–É que eu sou uma fantasma.

Ele riu,e eu fiquei olhando com uma cara séria pra ele.

–Sério,sem zuera.Eu sou uma hibrida!Não ache que eu estou brincando.

–Aé?Prova!

Eu atravessei o corpo dele,e depois comecei a flutuar.Ele me olhou sem nenhuma reação.Ficou parado uns 3 minutos e só depois se manifestou.

–Caraca!!Isso é demais!!Eu conheço um fantasma!!

–Mas se você contar isso pra alguém,eu te mato!!E não duvide disso.Eu já matei uma pessoa antes.

–Calma garota!-disse ele,levantando os braço,demonstrando que se rendia.-Eu não vou contar pra ninguém.

–Você pode me contar por que você estava chorando?

Ele abaixou a cabeça e eu percebi que lágrimas rolavam pelo seu rosto.Eu me aproximei,enxuguei as lágrimas e depois dei um sorriso.

–Ei!Tá tudo bem!Pode contar pra mim.

–Eu vou contar...Minha mãe...Bem,ela usa drogas.

Eu fiquei perplexa.Não sabia o que dizer e nem fazer.Apenas continuei ouvindo o que ele falava.

–As vezes,ela se descontrola e eu acabo apanhando.-ele disse,levantou a manga da blusa e mostrou uma marca roxa enorme no seu braço.-Hoje eu faltei a escola porque eu não estava a fim de ir.Aí ela acabou me batendo...De novo.

Ele chorou mais ainda e eu acabei abraçando-o.Ele tinha um cheiro bom...Tipo cheiro de flor ou algo assim.

–Ei.Tá tudo bem!!Não chora,vai!-falei.

–Obrigado Jully...Você é a primeira pessoa que fala isso pra mim.

–Isso é bom,né?Quer dizer que somos amigos.-falei,afastando-o e dando um sorriso e ele sorriu de volta.-Eu tenho que ir...Quem sabe eu volto amanhã?

–Se você quiser...Pode voltar!

Eu acenei,atravessei a parede e fui flutuando até o lado mágico.

Eu estava flutuando pela rua da escola...Espera!O que que eu estava fazendo?Minha casa nem ficava lá perto!Mas enfim...Eu estava flutuando até que trombei com alguém.

–Ei!Você não olha por onde anda não??-falei,caída no chão.

–Calma Jully!Foi sem querer!-falou um garoto.Eu olhei para ele e vi que era o Armin,com um outro zumbi ao seu lado e...Cara!Como eles se pareciam.

–Foi mau Armin...Quem é ele?-perguntei,apontando pro zumbi de cabelo azul.

–Ah!Ele é meu irmão,Alexy.

Quando ele disse o nome do irmão,eu acabei lembrando do Alex.Sei lá,os nomes são parecidos.

–Oi!-falei.

–Oi!!Caramba!!Seu cabelo é tão lindo!!-falou Alexy.

–Ah...Obrigada!!Bem meninos...Eu tenho que ir...Até mais.

Eu me afastei e comecei a flutuar,meio que sem direção.Eu não tinha lugar pra ir,então resolvi entrar na escola...Por que mesmo eu to fazendo isso?Isso não importa.Eu entrei e comecei a vagar pelos corredores,até ouvir um barulho vindo do laboratório.

–FICA QUETO SEU MONSTRO INÚTIL!!-gritou alguém,e a voz parecia ser do Nathaniel.

Corri até o laboratório e me deparei com o Nath segurando um tipo de...Monstro que tentava se arrastar até a porta.

–O que é isso??-perguntei.

–Jully!!Segura essa coisa!!-falou Nath e soltou o monstrinho,que pulou em mim e me abraçou.O monstro era um tipo de coelho com partes costuradas,dentes afiados e olhos de botões vermelhos.Tenho que admitir,mesmo parecendo um coelho de pano sujo,ele era fofo.

–Que coisinha mais fofa!!Você que fez?-perguntei.

–É...Mas ele ainda não me obedece.

–Eu também não te obedeceria se você me segurasse pelas pernas!

–Há,há,há!Morri de rir!-disse ele,em um tom sarcástico.

–Ele é o que,afinal?

–Era pra ser um coelho...Aí virou essa coisa aí.

O bichinho rosnou pra ele e Nath deu alguns passos pra trás.Eu fiquei um tempão admirando o bichinho.Eu queria muito um desses,mas nenhum animal normal sobreviveria em um tumulo...Mas ele não era normal,então...

–Nath...Eu posso ficar com ele?-perguntei e ele sorriu,se abaixou e segurou meu queixo com o polegar e o indicador.Eu,claro,fiquei corada.

–Eu adoro quando você me chama de Nath...Pode ficar com ele!

–E o que ele come?

–O que qualquer outro coelho come...

–O-obrigada...Que nome será que eu dou pra ela?

–É ele...Ele é macho.

–Hum...Então que tal Pandora?

–Pandora?É um nome diferente...Eu gostei!

Nós ficamos um tempão conversando,até que eu me dei conta que já estava tarde e fui embora.

Chegando no cemitério,entrei no meu túmulo e deitei na cama.Na minha mesa,havia um bilhete.Me levantei e peguei-o.

“E então,inútil?Como vai a vida?Parece que você fez um novo amigo!Sim,eu sei que você conheceu um humano e acabou quebrando as regras.Que coisa feia...Pra sua sorte,não contarei à ninguém!Não quero que os tiras te matem.Quero te matar com minhas próprias mãos!

*D”

Eu recuei.É claro que eu estava assustada!Agora que ele sabia quem era o Alex,ele poderia fazer o que quisesse comigo:me torturar,me matar...Ou pior!Matar o meu amigo proibido.O Alex.