Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 5
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Pra quem tem 4545454154165 fics, você está boa em postar tia Rose.

Pois é gente, é o amor por essa fic e pelos leitores. Os comentários estão tão amorzinhos que eu morro quando os leio



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–O que nós vamos fazer agora? –Iara foi quem perguntou, desolada. Pra mim também era um baque, mas no fundo eu já sabia que aquilo iria acabar acontecendo e já tinha um plano alternativo para isso.

–Nós vamos dormir. Amanhã, com a cabeça fria e descansada, pensamos nisso. –Robert intimou. Olhei para Gabriel e ele falou por movimento labial “Precisamos conversar”. Assenti com a cabeça e falei “Daqui a meia hora. Estábulo”. Não vi se alguém percebeu aquela troca de olhares e conversa. Se percebeu, ninguém falou nada.

Subi para o meu quarto, mas não vesti a roupa de dormir. Mordi meu lábio inferior de nervosismo. Deitei na cama e fiquei contando o tempo, esperando que ele passasse para que eu e meu irmão pudéssemos conversar. Quando deu à hora eu saí do quarto lentamente e com cuidado para não fazer barulho e não acordar ninguém, desci até o estábulo.

Gabriel já estava lá, acariciando a crina da Crystal. Dei um sorriso com a cena, sabia que a égua deveria estar amando carinho. Ela era tão carente quanto um cachorrinho peludo.

–Você chegou. –Ele sorriu. –Olha Tena, nós dois sabemos que não temos o dinheiro e tomar a casa não é uma opção. Nossa única saída é ir para o castelo, mas não posso deixar que você vá por uma causa que talvez nem seja sua. Não sei se entende o valor que essa terra tem pra gente e mesmo se entender, você é nossa menininha. Então eu posso oferecer doze anos de trabalho para cobrir os seis que eram seus.

Sorri gentilmente pra ele e me aproximei até ficarmos olhando um para o olho do outro. Ele era bem mais alto que eu o que dificultava um pouco, mas tudo bem.

–Escuta... Eu entendo demais o valor dessas terras pra gente. Você acha que eu ainda não sinto como se fôssemos uma família? E como somos uma família o mesmo valor que elas têm pra vocês, tem pra mim também. Jamais deixaria que você cobrisse meu tempo de trabalho Gabriel. Eu irei. Eu quis vir aqui hoje pra ver se você permitiria que eu ficasse doze anos e cobrisse o seu tempo.

–De forma alguma eu vou deixar que você saia daquele castelo com vinte e oito anos.

–E você acha que eu te deixaria sair com trinta anos? –Perguntei arqueando a sobrancelha. –Então iremos juntos Gabe. Convenceremos Robert de que é o melhor para a família. Não quero que nossa família perca o que é de tão importante e ainda fiquemos na rua. Vocês me deram tudo o que eu precisava, me amaram sem pensar e sem julgar. Eu iria para o castelo no resto da minha vida por vocês.

–Juntos então?

–Família é para isso.

~X~

–Vocês não irão á lugar algum! –Robert falou assim que abordamos o assunto no escritório dele, logo de manhã. –Acha que vou deixar que levem meu primogênito e minha caçula? Meus filhos? Nunca vou deixar que ninguém me tire vocês! Eu amo vocês, não posso permitir que vão para anos de trabalho forçado e sem remuneração para pagar uma dívida feita por mim.

–Feita por nós. –Corrigi. –Robert... Eu amo vocês. E eu também não iria se pudesse escolher ficar, mas isso não é uma escolha. Não vou deixar que vocês percam a terra que criadam e nem que sejam enxotados e fiquem sem casa quando eu posso impedir que isso aconteça. Não temos opção.

–Ela já falou tudo. –Gabriel indicou e eu acabei sorrindo.

–Não vou permitir isso Atena. Já pensou em ficar seis anos confinada, trabalhando sem parar. Vocês são meus filhos, eu não posso deixar isso acontecer.

–E eu não posso permitir que Katrina e Iara sejam jogadas ao relento. Que a minha mãe, que está frágil, perca sua casa e que o meu... –Suspiro, engulo o choro preso na garganta. –E que o meu pai perca o lugar onde sua primeira esposa está enterrada.

Algo o abalou. Eu realmente não sei se foi ter falado de Angelina ou ter o chamado de pai pela primeira vez desde que entrei naquela casa ou se foi os dois, mas algo mexeu com ele e o seu semblante de dor tocou meu coração. Eu sabia que ele estava num impasse, entre a cruz e a espada. Mas eu e Gabriel, apesar de que com muita dor, já tínhamos feito nossa escolha.

–Já fizemos nossa escolha papai. –Gabriel falou segurando minha mão. –Nós iremos para o palácio. E em seis anos estaremos de volta em casa.

–Como vamos contar isso á Suzanne? Katrina, Iara?

–Quanto á minha mãe, vocês podem deixar que eu conto. E as meninas, contem os dois. São só seis anos, nem veremos o tempo passar. –Falei sabendo que era mentira. Seis anos era muito tempo, mas eu precisava arrumar um jeito de que minha família sentisse menos a perda.

–Eu não me conformo com isso. –Robert colocou o rosto entre as mãos, parecia em completo desespero. Eu quis muito chorar e dizer que pra gente também era assustador, mas se eu ou Gabriel desmoronasse seria capaz dele nos prender no sótão para não nos deixar ir.

~X~

–Robert me disse que queria falar comigo.

Vir-me-ei e encarei Suzanne. O bolo na minha garganta engrossou e por um segundo pensei que tinha perdido pra sempre minha voz. Eu e minha mãe estivemos sempre juntas, em todos os momentos de nossas vidas, nos fáceis e nos difíceis. Tudo que passamos, estávamos juntos. Para o que desse e o que viesse. Como contar que teríamos que nos separar?

–Eu... –Meus olhos se encheram de lágrimas e eu tive que morder os lábios para tomar força para prosseguir. –Eu e Gabriel iremos para o palácio mamãe.

–Atena...

–Por favor, não diga. –Interrompi-a e implorei. –Por favor, não diga que não permite que eu vá e não diga o quanto sofreremos. Não diga que agora que tenho uma família eu serei obrigada á partir, não diga o quanto serei tratada mal lá. Não diga que serão seis anos presa num único lugar, sem direito á nada. Não diga que não foi isso que sonhou pra nós e não ouse dizer que tudo isso é culpa sua, porque não é. Não diga mamãe. Nada vai me fazer mudar de idéia porque isso não é uma opção. Então por favor, apenas me abrace.

Ela, para minha surpresa, acatou o que eu disse e me abraçou. Senti a força das minhas pernas me deixarem e tive que fazer muito esforço para ficar de pé e mais esforço ainda para não chorar até que toda a água do meu corpo fosse embora.

–Eu vou sentir sua falta Atena. Com tudo que tem dentro de mim.

–E eu vou voltar mamãe. Estou indo para o castelo, não para uma morte certa. Nunca se esqueça disso.

Ouvi exclamações vindas do andar de baixo e imaginei que fossem as meninas sabendo da notícia. Mas já estava declarado e não tinha mais volta. Eu e meu irmão iríamos pagar a dívida que a doença da minha mãe deixara.


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