E se fosse você? escrita por Raquelzinha


Capítulo 16
Capitulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! Chegamos com mais um capítulo. Mas antes os agradecimentos especiais a quem deixa reviews super especiais, Criadora, Vava, Lu, Amando, Isabella e Mel. Ficamos super felizes todas as vezes q vemos vcs por aqui meninas. Muito muito muito obrigada! Agora, vamos ao q interessa hehehehehe Tomara q vcs gostem.



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Naquela noite, depois da festa, eles retornaram para casa, mas, ao contrário das expectativas de Jacob, Bella não voltou a se mostrar receptiva. Estava séria, calada e parecia ter deixado de lado as gentilezas que costumava dirigir a ele.

Assim que cruzaram pela porta da frente, a esposa chamou por Hanna, despediu-se com um boa noite rápido e se encaminhou para o quarto. Deixando-o sozinho no meio do hall a vê-la subir os degraus em direção ao corredor que a levaria aos quartos.

Suspirou pesadamente. A paz se fora, e velhos sentimentos tomaram conta dele. Desolado pelo final amargo daquela noite que deveria ter sido muito agradável, se dirigiu ao escritório. Otto, como a sombra que sempre foi, surgiu logo depois, carregando o maldito pacote, o promotor de todo aquele mal estar.

– O que faço com o pacote senhor?

– Deixe aí. – Jacob anunciou mostrando um balcão.

– Precisa de mais alguma coisa senhor?

– Não...

O clima não era dos melhores, pensou Otto enquanto via as costas do patrão e rapidamente pediu licença.

– Boa noite senhor...

– Boa noite. – o cumprimento saiu entre dentes e logo depois ele ouviu os passos se afastando pelo corredor vazio.

Novamente sozinho sentou na cadeira estofada da escrivaninha, abriu a cortina e encarou a noite. Ao longe, nuvens carregadas cobriam o céu. O inverno era sempre uma época infeliz, o lembrava de quando era obrigado a ficar dentro de casa cercado por monitores, professores, aias ou babás.

Antes de Edward, e até que seu irmão tivesse idade para que os dois interagissem, ele vivia cercado pelos serviçais, seus momentos com os pais eram rápidos, mas sempre bons, ao menos na visão de uma criança. Depois, instrutores particulares foram contratados. O marquês dava extrema importância à educação que o filho mais velho receberia, afinal um dia ele seria seu sucessor.

Sarah e Ephraim eram pais mais carinhosos do que muitos que Jake teve a oportunidade de conhecer depois, mas jamais fizeram questão de esconder dos filhos como se sentiam um em relação ao outro. De certa forma, o fato de serem próximos e até carinhosos com ele escondeu a falta de afeto que os envolvia enquanto casal.

Quando Edward nasceu, algumas coisas mudaram, a situação se dividiu, o garoto tão parecido com a família materna atraiu também o amor da mãe. Jacob se consolidou no posto como o favorito do pai. Para a pobre Emily, a caçula, uma filha não desejada, vinda de uma noite de bebedeira, sobrou apenas a quase indiferença paterna e as excessivas cobranças maternas.

Por sorte, essa desarmonia emocional do casal não perturbou os irmãos que conseguiram manter intacta sua relação fraternal. Tendo em Jacob um líder sempre pronto a defender qualquer dos mais novos que fosse por alguém provocado ou ultrajado. Até mesmo pelos pais.

Quando lembrava dessas situações ele repetia a si mesmo um mantra elaborado há muitos anos, de que essa não era a vida que almejava para si, nem para mulher alguma, muito menos para futuros filhos. E ironicamente, agora estava ali, vivendo o que não esperava nem desejava viver.

Bella se mostrava realmente chateada, ele não a culpava, pois a mágoa da esposa se dera por uma falta sua. Como negar esse fato? Ele também estaria magoado se a situação fosse inversa... talvez, concluiu, se tivesse cumprido sua função como marido, ela se sentisse mais segura e a provocação de Vitória não a tivesse atingido.

O tema das meditações se modificou, pois essa era uma pergunta que o perturbava. Por que Isabella ainda não cobrara nada? Por que se mantinha calada sobre o não cumprimento de suas obrigações como marido?

Não tinha resposta para isso.

Jogou os pés para a borda da janela, inclinando-se na cadeira, cruzando as mãos sobre o abdômen. Sua missão agora era outra e muito urgente. Acabar de vez com qualquer possibilidade de provocação que pudesse vir por parte de Vitória. Essa era a única maneira de tentar levar aquele casamento a um segundo nível e não permitir que a história de seus pais se repetisse com ele.

*

Depois do aniversário, Bella se fechou e apenas observou a aproximação anterior se transformar em afastamento. Principalmente porque ela sabia da visita que seu marido faria à cortesã nos dias subsequentes a festa e não conseguia olhar para ele sem lembrar do fato. Pensar nos dois juntos era dolorido e a fez chorar sozinha muitas vezes.

Quem sabe aquela visita fosse a desculpa perfeita que Jacob esperava para voltar a ver a cortesã?

Provavelmente eles nunca deixaram de se encontrar. Essa era a opinião que Renée insistia em jogar diante da filha, e mesmo que Isabella não desejasse, já considerava a teoria materna como provável.

Praticamente certa.

Novamente a impotência se apoderou dela. O que fazer numa situação assim? Estava preparada para ser uma boa esposa, uma boa dona de casa, mas não sabia como lidar com os problemas conjugais que a atropelaram logo após o casamento.

Menos ainda com uma cortesã que se considerava superior a esposa.

Jacob não facilitava em nada com aquele afastamento cheio de educação e cortesia. A obrigação do casamento ficava cada vez mais evidente e ela começava a duvidar de uma futura reaproximação entre eles.

*

Em casa o clima não era mais o mesmo, Jacob logo percebeu. Ainda que Emily os tivesse visitado, Bella não voltara a se comportar como antes. Estava distante, o estudava de maneira desconfiada, e ele sabia que ali havia o dedo de Renée, que visitara a filha logo depois da festa com a clara intenção de colocar mais caraminholas na cabeça de sua esposa.

E todas as vezes em que ele observava o rosto de Isabella, chegava a conclusão de que a sogra conseguira o que desejava. Envenenar seu casamento. Porém, pensava, a culpa não poderia ser colocada apenas nas costas da mulher, afinal, se ele não tivesse dado brecha, nada disso estaria acontecendo.

Todas as vezes em que pensava no assunto, lembrava que deveria cumprir sua palavra, devolver o presente, só que para isso também teria que encarar Vitória, e essa missão seria por demais desagradável. Estava irritado com ela. A relação deles nunca, em momento algum, foi sinônimo de relacionamento amoroso. Não, eram apenas momentos de prazer muito bem pagos. E para melhor, Jacob sabia que a cortesã tinha plena consciência disso.

A intenção de afrontar Isabella, ele concluiu, fora no final das contas bem sucedida pois conseguira desestabilizar uma relação que mal começara a caminhar em direção a um entendimento.

Cansado de pensar no assunto jogou o restante da roupa sobre a cadeira, enfiou a camisa de dormir e seguiu em direção a cama. Deitou e permaneceu encarando a parede vazia por alguns minutos, estava decidido a cumprir a promessa no dia seguinte, deveria ser muito, muito firme para que Vitória não voltasse a fazer qualquer investida contra sua esposa e seu casamento.

*

O quarto parecia vazio quando Jake entrou, o serviçal lhe indicara o caminho escondido que ele costumava usar quando ia até lá e sumira pelos corredores escuros. Olhou em volta, as cortinas eram as mesmas, a cama também, ela não mudara absolutamente nada. A penumbra de sempre preenchia o ambiente, Jacob pensou que deveria fazer o que pretendia e sair logo dali. Não era boa ideia ficar mais do que o necessário.

Parou no meio do ambiente a espera de que a dona do lugar aparecesse. O pacote pesava na mão, mas seria por pouco tempo. Então, inesperadamente ele sentiu um par de mãos circular sua cintura, descer lenta e sedutoramente pelo abdômen, apertando suas costas contra um par de seios arredondados e firmes.

Imediatamente reagiu ao toque, fazia tanto tempo que não era tocado assim. As mãos ágeis puxaram sua camisa para fora, paralisado permitiu que as carícias continuassem, ela o conhecia muito bem, sabia como leva-lo a se satisfazer rapidamente, sem muito empenho.

Mas não fora para isso que viera, precisava sair dali, largar aquele pacote, dizer o que viera dizer e acabar de uma vez por todas com aquela “conversa”.

As mãos cruzaram pela camisa e acariciaram sua pele nua, subiram em direção aos mamilos, uma boca úmida e quente afagou a parte livre das costas e rapidamente ele se virou, largando o pacote no chão. Um riso suave inundou o ambiente, ela sabia que o vencera, que o colocara submisso pela falta de satisfação física.

A camisa ia sendo aberta, enquanto ele tentava se aproximar mais para tocá-la. Num ímpeto Jacob abocanhou o pescoço feminino, sugando a pele alva e suave, lentamente subindo em direção ao lóbulo da orelha delicada.

Um calor intenso o invadia, nunca a desejara tanto. Talvez fosse o fato de estar se controlando há várias semanas, ou talvez fosse o fato de ter descoberto que era capaz de desejar a esposa... de qualquer forma, aquela era a primeira vez que suas emoções pareciam se misturar ao contato físico.

Ela gemeu e Jake se afastou lentamente, muito lentamente, a claridade de uma vela inundou de luz o rosto da mulher que o beijava. Ele viu os olhos fechados, os lábios inchados, a pele alva, nada disso pertencia à dona daquele lugar.

Um som forte escapou por sua garganta e ele acordou. Estava sonhando. Um sonho perturbado, tão perturbado quanto sua cabeça estava quando acordado. Sentou na cama, sentindo o corpo quente, o desejo latente mover seus músculos.

O que aquele sonho maluco significava? Que ele ainda desejava Vitória? Mas, então por que não era ela quem o beijava? Encarou a porta que o separava do aposento ao lado e desejou não ter sido tão correto no dia do casamento. Essa abstinência não estava fazendo bem, nem a sua cabeça e muito menos ao seu corpo.

A tensão reprimida por todos aqueles dias estava sendo gasta em atividades variadas sem muita eficácia. Perdera a paciência por diversas vezes com os empregados por motivos que geralmente não o incomodariam. Percebia o modo como alguns o olhavam, e sabia que era medo. Medo de seu temperamento que piorara nos últimos dias.

Saltou da cama, puxou a cortina e abriu a janela permitindo que o ar frio da noite o envolvesse, precisava apagar aquela febre, ao menos até que Bella pudesse beijá-lo de verdade e não apenas em sonho.

*

De sua parte, completamente alheia ao que se passava na casa e na mente do ex amante, Vitória sentiu o gosto do triunfo quando ouviu seu mordomo anunciar a visita do primogênito dos Black. Não esperava vê-lo tão cedo, afinal o futuro marquês estava provando carne nova há pouco tempo, e ainda era cedo para estar cansado, porém, ficou muito feliz em estar errada.

Aprumou-se a espera de sua chegada. Jake, seu melhor cliente, merecia sempre atenção especial.

– Querido!

Falou abrindo os braços assim que o moreno cruzou pela porta. Mas, ele não entrou, ficou parado a observá-la de uma maneira como nunca antes, lembrando do sonho que tivera a noite.

Ela sorriu, mas era como se o homem parado perto da entrada não a visse. Havia algo errado sentiu de imediato.

– O que há meu bem?

Falou erguendo-se da cama sedutoramente, mostrando a coxa roliça pela fresta do penhoar. Jacob desviou os olhos do corpo dela para encarar o rosto bonito.

– Precisamos ter uma conversa definitiva.

Vitória sorriu maliciosa.

– Conversa meu bem? Nós nunca conversamos. Desde que seu pai o trouxe aqui pela primeira vez eu soube do que você era capaz, as meninas falavam... e, sinto dizer, mas a conversa nunca foi seu ponto forte. – a voz deliciosamente sensual ecoava pelo espaço do quarto na intenção de atraí-lo para dentro.

Ele lembrava disso, tinha catorze anos.

Na ocasião foi conduzido a uma cortesã mais velha que o iniciou. Vitória, na época, era carne nobre reservada apenas para um Duque da cidade vizinha, um homem importante e bastante autoritário. Para o menino, o pai escolheu uma mulher que o trataria como o marquês esperava que o filho fosse tratado. Não se decepcionou, e em pouco tempo Jake ia sozinho para satisfazer suas necessidades adolescentes.

A medida que ficou mais velho, mais forte, mais atraente física e financeiramente (ele tinha recursos pessoais invejáveis). Atingiu o nível da nova dona do lugar, Vitória, e desde então eles mantinham uma relação física prazerosa sem qualquer envolvimento afetivo.

Ele nunca exigiu exclusividade para que ela nunca tivesse o direito de lhe fazer qualquer cobrança, mas, até mesmo isso estava acabado. Jacob não sabia o que era estar com uma mulher desde o dia do casamento, porém, aquele tipo de desejo impessoal que sempre o invadia quando estava com a cortesã, parecia ter desaparecido.

Erguendo a mão mostrou o pacote que tanta confusão lhe causou, ainda fechado, da mesma maneira que recebera.

– Vim para devolver o presente. Para dizer que não espero receber mais nada que venha de você, e que nossos encontros estão definitivamente encerrados.

Pouco depois Jacob largou outro pacote junto ao primeiro, Vitória soube o que era, um pagamento pelo afastamento final dele, mas ela não era mulher de abrir mão de fonte tão rentável assim facilmente. Não, definitivamente não seria vencida tão rapidamente, principalmente por uma menina.

– Mas meu... – ela disse tentando se aproximar.

– Sei que você entendeu Vitória! A burrice não faz parte dos seus defeitos. Mas, vou ser muito claro para evitar qualquer mal entendido: Não mande recados, não mande presentes. Mas especialmente, respeite minha esposa e nunca mais a afronte da forma como fez! Já tinha sido avisada que não aceitaria seus comentários. Desta vez passou dos limites...

Os lábios da mulher se abriram num riso debochado.

– Você está apaixonado pela garotinha?

Ele deu um passo atrás, não esperava ouvir aquilo.

Não! Não estava. Ele desejava a menina, mas amor não estava no jogo deles, havia algo muito mais importante com que se importar. Sua honra, sua palavra e sua paz que se fora desde a noite da festa.

Vitória continuou:

– Sim. Porque somente paixão faria um homem como você deixar de visitar alguém que sempre lhe deu muito prazer em troca de permanecer em casa com a esposa.

Ele sorriu sarcástico tentando acalmar os pensamentos que o comentário da mulher provocavam.

– Minha honra está acima do prazer. Dei minha palavra a ela e pretendo cumprir o que prometi. Além disso, Isabella é uma boa moça, merece ser respeitada.

Ele nunca faria com Bella o que muitos homens faziam com suas esposas. Permitindo que fossem apontadas na rua por terem maridos que viviam em bordeis.

Vitória pegou o presente de cima da penteadeira, onde Jacob o largara e começou a desembrulha-lo.

– Se é assim que você quer... aceito, querido!

O casamento se realizara há apenas um mês, era mesmo pouco tempo como pensara a principio. Logo ele estaria ali novamente, cansado das infantilidades da menina. Buscando por seus carinhos. Isso é claro, encarou o rosto do ex amante novamente. Se ele não estivesse apaixonado pela esposa. Mas, mesmo em uma situação assim, sempre se pode dar um jeito.

Sem dizer mais nada Jacob saiu da peça, o assunto para ele estava definitivamente encerrado.


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Notas finais do capítulo

Meninas, pensem em Jacob como alguém q reprime sentimentos, ele os guarda para si. Sua mente, não está ligada ao coração, ela é totalmente racional. Não sei como será quando ele perceber q perdeu o controle sobre suas emoções... tomara q a Bella possa ajudá-lo nessa transição pq não será fácil. Outra coisa, apesar de não parecer, ele sofre sim... Bjs queridas e obrigada especiais a todas, especialmente q quem comenta. mas estamos felizes em ver o numero de acompanhamentos aumentar.