Topo do Desespero - Interativa escrita por Leonard C


Capítulo 2
Conheça seus queridos inimidos - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Feliz páscoa, desgraçados! Três capítulos de apresentação serão postados, então peço desculpas se ficar maçante, mas é importante que haja as devidas apresentações, todos os personagens que recebi até agora são interessantíssimos, e só poderei postar o próximo capítulo quando receber mais cinco fichas :/
Espero que gostem do capítulo, escrevi com muito amor



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Ellie Harver – Atriz de Nivel Super Colegial

Ellie

Com uma das mãos arrasto a mala de rodinhas pelo piso ladrilhado que serpenteia até a entrada da grande construção. Desde que recebi essa carta tenho sido assediada com congratulações e sorrisos encorajadores, todos os meus amigos atores e atrizes demonstravam um misto de admiração e inveja enquanto eu lia as linhas da carta de admissão para o Colégio Topo da Esperança.

Sim, é um motivo de inveja ser convocado para estudar no Colégio Topo da Esperança, é um Colégio Interno para gênios, os melhores naquilo que fazem: Os melhores escritores, músicos, cantores, matemáticos.. E atores, como eu.

O vídeo promocional que recebi pouco mais de uma semana atrás realizava um tour virtual pelas instalações do Colégio: As salas de aula arejadas, a sala de jogos com vídeo-games e mesas de sinuca, uma biblioteca enorme com os mais variados livros, até mesmo o que não encontramos tão facilmente, uma enorme piscina olímpica para as aulas de Educação Física, um Salão de Festas com equipamentos modernos para sonorização e efeitos especiais. É uma honra gigantesca ser convidado para estudar aqui! Em compensação, é um sacrifício enorme chegar aqui, o colégio não fica no centro da cidade como a maioria dos grandes colégios, ele é isolado em uma ilha onde, para chegar, você deve utilizar um barco ou voar de helicóptero, foi uma negociação um tanto quanto difícil conseguir uma lancha que me trouxesse para cá com rapidez, mas consegui que um rapaz boa pinta pilotasse e em menos de 40 minutos chegamos. Papai vai ficar uma fera quando ver que está faltando uma considerável quantia de dinheiro que usei para pagar a lancha.

Não me considero a melhor atriz do mundo, fiz apenas alguns filmes em Hollywood, nada que realmente valha um Oscar, fui aclamada pela crítica no último ano pela minha atuação em uma série de TV, recebendo comentários positivos sobre minha aparência e minha atuação. Confesso que fiquei bastante encantada com tudo isso, mas se tem algo que minha mãe ensinou é que uma atriz nunca deve deixar seu ego inflar.

Os grandes portões se abrem na minha frente, em passos confiantes atravesso o portão, uma estranha névoa negra cobre minha visão e minhas pernas fraquejam, minha mente começa a enevoar e já não consigo formar uma linha de pensamento quando caio no chão, inconsciente.

– ... –

Minha bochecha está dormente quando acordo, estou deitada com a cabeça sob um caderno, no que parece ser uma carteira escolar. Ergo a cabeça ligeiramente,ainda atordoada com o acontecido. Eu desmaiei? A última coisa que me lembro é estar entrando no Colégio e uma névoa esquisita preencher todo meu campo de visão..

Espera ai! Eu estou em uma sala de aula, é isso? Carteiras se espalham por todos os lados, dispostas simetricamente pela sala, estou sentada na quarta carteira da quarta fila, bem em frente ao enorme quadro branco. Estantes com livros circundam todos os cantos da sala e uma luz amarelada ilumina o recinto. Será que já é noite? Não, na realidade todas as enormes janelas estão bloqueadas por chapas de ferro, parafusadas com gigantescos parafusos que eu duvido que uma chave de fenda comum possa ter sido usada.

Escrito em uma letra quase infantil, com um canetão vermelho, está escrito meu nome seguido por um título estranho:

“ Ellie Harver – Atriz de Nivel Super Colegial”

Sob a mesa do professor, um caderno com apenas algumas folhas encontra-se rabiscado com informações, me aproximo da mesa e arranco a folha do caderno.

“Caros Alunos,

A Comissão de Boas Vindas começará pontualmente as 08:00 da manhã, no Ginásio. Pedimos encarecidamente para que não se atrasem. Será uma manhã repleta de surpresas!

Diretor Monokuma.”

O relógio está marcando 07:30, estou adiantada, abro a porta da sala de aula que, apesar do tamanho, não emite nenhum rangido. Caminho lentamente pelo enorme corredor em que me encontro, as paredes pintadas de amarelo são maciças e impressionam pelo tamanho, no fim do corredor duas portas azuis estavam escancaradas, e em cima da entrada, em letras garrafais, lia-se: “Ginásio”.

Atravessei a entrada esperando não encontrar mais ninguém, para minha surpresa vários calouros, que aparentavam estar tão confusos quanto eu, estavam espalhados pelo ginásio. Alguns pareciam analisar o local onde estavam, outros estavam sentados em silêncio nas grandes arquibancadas azuis, um garoto me encarava como se tivesse visto um fantasma.

– Alguém aqui acordou em uma sala de aula? – Perguntei timidamente, esperando que alguém respondesse educadamente minha pergunta. Murmúrios de concordância atravessaram o ginásio e quem me respondeu foi um garoto.

– Aparentemente, todo mundo aqui acordou. E presumo que eu conheça você! – Ele sorriu para mim e se aproximou, estendendo sua mão. Vestia uma camiseta branca com uma espécie de colete azul marinho, uma gravata da mesma cor atravessava a camiseta. Sua calça social era larga e contrastava com o resto de suas roupas. – Você é Ellie Harver, certo? Sou Hiroshi Okamoto, o Pianista de Nivel Super Colegial.

Hiroshi Okamoto – Pianista de Nivel Super Colegial

Hiroshi

Ellie apertou minha mão com graciosidade e sorriu, seus dentes eram brancos e perfeitamente alinhados, os olhos azuis esbanjavam carisma, da de entender porque ela faz tanto sucesso em Hollywood.

– É um prazer te conhecer! Acho que já ouvi você tocando a Quinta Sinfonia de Beethoveen! – Ela sorriu ainda mais, como se a lembrança fosse agradável. – Você é o Pianista que foi ovacionado pela plateia! Jogaram rosas pra você.

Não posso evitar que um rubor suba pelas minhas bochechas, é verdade. No festival que ela está se recordando o público atirou rosas vermelhas após eu terminar de tocar. Isso foi alguns meses antes de eu receber a carta de admissão para o Topo da Esperança.

Eu espero por essa carta desde os 15 anos! Comecei a tocar piano desde muito cedo, quando ainda era um garotinho. Meu pai odiava a ideia, todos no Japão conheciam ele, o famoso Ichiro Okamoto, Maestro da Orquestra Japonesa! Não que ele fosse um pai muito presente, apenas para me pressionar a aprender a tocar violino, seu sonho era que eu participasse da Orquestra e rendesse uma grana preta pra ele.

Mas minha mãe não achava isso, ela me incentivava cada vez mais a tocar piano, até me deu um de natal! Meu próprio piano, era quase um sonho. Ao longo dos anos, meus dedos clamavam cada vez mais pelo contato com as teclas, e parei de tocar apenas musicas de outros musicistas, comecei a escrever minhas próprias sinfonias, passava noites em claro escrevendo partituras, tomando conhecimento suficiente para criar uma melodia agradável aos ouvintes. E finalmente, no meu primeiro show no Teatro Municipal de Tókio, arranjei um empresário que prometera angariar minha carreira, foi um sonho realizado. Hoje em dia, com 18 anos, faço shows regularmente por todo Japão e também na China, quase 20 shows por semana, é bem cansativo, mas vale a pena.

– Vocês não acham estranho essas chapas de metal nas janelas? – Perguntou Ellie com um tom que eu reconhecia como confusão.

– Acho que a ideia principal é impedir a gente de sair. – Uma outra garota com um sotaque engraçado, um pouco mais baixa que Ellie, aprontou-se a responder, ela não me é estranha. – Tentei sair pelo portão de frente, mas ele está trancado como se fosse a porta de um cofre.

Ela não parece ser daqui, ela fala com um sotaque carregado e veste uma saia xadrez, um casaco preto bem fino e está com um laço vermelho amarrado entre a gola polo. Seus cabelos negros são compridos e chegam quase em sua bunda, e ela segura uma boneca estranha nas mãos.

– Espera, eu conheço você! – Ellie é mais rápida que eu, ela encara a garota com total espanto, como se ela estivesse vendo alguém muito famoso. Irônico, ela é a única pessoa deveras famosa aqui.

– Estou tão conhecida assim? – A garota soltou uma risadinha até fofa. – Me chamo Noelle Matthews, a Ventriloquista de Nível Super Colegial.

Noelle Matthews – Ventriloquista de Nível Super Colegial

Noelle

– E quem é sua amiga? – O garoto que aparentemente é o pianista perguntou em um tom quase irônico.

– Essa aqui é a Clarice. – Respondo tentando ao máximo ser meiga e não enterrar minha mão na cara dele. – Diga olá Clarice!

“Oi!

Todos se assustam com a voz infantil de uma garotinha, e tenho que me segurar para não rir, é claro que a voz é minha, porém a prática me levou a um nível em que não preciso movimentar minha boca para emitir sons e palavras, ao invés disso, apenas movimento a boca da minha boneca de ventríloquo.

“Eu sou a Clarice, a Ventríloquo de Nível Super Colegial.”

Meus colegas me olham assombrados e me permito soltar uma risadinha, acredito que o mesmo pensamento esteja rondando a cabeça de todos eles: “Essa garotinha sabe que isso é só uma boneca, não é?”, a resposta é claramente sim, eu sei. Mas Clarice não é verdadeiramente apenas uma boneca, ela é uma das únicas coisas a que posso recorrer para fugir da solidão.

Aos três anos de idade fui largada em um orfanato na Romênia, sem nenhum indício de quem quer que fossem meus pais, é difícil viver em um orfanato onde você não recebe amor e carinho, apenas tarefas e um “não fez mais que sua obrigação!”, como sempre tive notas altas e era uma das mais inteligentes do Orfanato, pedi de presente de Natal para a diretora um boneco de ventríloquo depois de assistir a apresentação de um senhor muito simpático no colégio, a diretora estranhou o pedido mas em um acesso de compaixão decidiu atender meu pedido. No dia do Natal, enquanto as outras crianças recebiam suas costumeiras meias, bonecas de pano e piões, eu recebi um lindo embrulho dourado, e dentro dele estava Clarice. Quase chorei de emoção! Pela primeira vez na vida eu teria uma amiga.

Quando mais velha, procurei esse senhor e ele prometeu me ensinar o dom do Ventriloquismo, e durante muito tempo eu treinei,treinei,treinei para me tornar a melhor ventriloquista conhecida, e em uma das minhas apresentações no auditório do orfanato, a diretora filmou a apresentação e colocou na internet. Em uma semana milhares de comentários positivos preenchiam a tela do computador, foi um choque pra mim toda aquela atenção, e aos poucos, comecei a ascender como Noelle Matthews, a famosa Ventriloquista da Romênia, até receber essa carta.

– Impressionante. – Falou o mesmo garoto, Hiroshi, sem muito interesse. – Alguém sabe quem é aquele garoto ali? – Ele apontou para um garotinho encolhido em uma das arquibancadas.

– Ah, se eu fosse você eu não me meteria com ele não. – Digo, me aproximando para sussurrar para Hiroshi. – Ele se chama Nathan Hopers, é o Youtuber de Nível Super Colegial. Tem essa aparência fofinha, mas dizem que é louco.

Ele me olha com uma expressão difícil de decifrar, mas imagino que signifique “Você está chamando ele de louco, sendo que você fala por um boneco de ventríloquo?”

De qualquer forma, ignoro sua expressão.

Nathan Hopers – Youtuber de Nível Super Colegial

Nathan

Eu cai em uma armadilha, como o gato do Cat Mario ao cair dentro do buraco com pedras invisíveis. Não tem saída, eu mesmo verifiquei as chapas que prendem as janelas, começo a sentir uma claustrofobia descomunal aqui dentro.

Sou o Youtuber de Nível Super Colegial, então é óbvio que eu vejo tudo como em um vídeo-game, todas essas pessoas são como NPC’s programados, manipuláveis, apenas precisam dos comandos certos.

– Não é estranho não ter nenhum professor por aqui para nos recepcionar? – A tal atriz de Hollywood, Ellie Harver, disparou.

– E-Era pra ter alguém aqui, não é? – Uma garota de aparência frágil de cabelos azuis presos em duas marias-chiquinhas, que não deve ter mais de 1,60 de altura retruca Ellie com outra pergunta. – Ou talvez a gente esteja no lugar e-errado.

– Não é possível, eu revisei o mapa umas cinco vezes! – Afirma Ellie, procurando algo em seus bolsos. Será que ela ainda não percebeu? – EI! Cade meu celular?

– Aparentemente, eles confiscaram tudo: Nossos celulares, malas, dinheiro, carteira.. – A estranha garota fazia uma contagem nos dedos de maneira sutil, suas palavras saindo quase como um sussurro. Não é de falar muito. – Muito estranho..

– Qual seu nome? – Perguntou Ellie carinhosamente para a garota.

Ela ajeitou a armação de seus óculos em seu rosto, fitando Ellie desconfiada, porém respondeu com um tom um pouco mais firme agora.

Aigazaki Bijutsudo, a Desenhista de Nível Super Colegial– Todos a encararam estupefatos, talvez pelo fato de seus desenhos serem super famosos ou por seu nome ser difícil de pronunciar. – Ou simplesmente Ai. – Ela bradou timidamente.

Aigazaki Bijutsudo “Ai” – Desenhista de Nível Super Colegial

Aigazaki

Eu nem acredito que estou aqui! Quer dizer, quem diria que eu estaria aqui um dia? É realmente difícil ser convocado para estudar no Topo da Esperança, quase desmaiei quando recebi a carta de admissão.

Depois de tudo o que aconteceu, nunca esperaria ser chamada para estudar aqui, mesmo que eles não saibam de nada.

Comecei a desenhar desde bem cedo, tinha 10 anos na época, eu não me considerava boa, mas minha professora de Artes, Shiina quando viu meu desenho de uma árvore de sakura ficou encantada, até me convidou para desenhar vários desenhos para a exposição anual do Colégio Fukanaga, passamos o ano inteirinho trabalhando juntas, eu desenhava e ela pintava, e quando chegou a exposição foi um completo sucesso! Eu fiquei encantada com todos aqueles elogios, todos diziam como eu era brilhante e como estavam impressionados por uma garota de apenas 10 anos conseguir pintar obras de artes tão magníficas, foi um dos melhores momentos da minha vida.

Após isso, passei a morar com Shiina já que meus pais, desculpe o termo, estavam pouco se ferrando para mim. Raramente brigávamos e meus desenhos estavam tomando fama com uma rapidez imensa, fui até chamada para assinar com um mangá famoso aqui no Japão, eu desenhava as capas e recebia um bom dinheiro por isso, nossa vida estava tomando o rumo certo. Então Shiina caiu no esquecimento, e caiu no mundo das bebidas.

As vezes eu sinto saudade de Shiina, eu queria que..

O som de um microfone sendo testado invade nossos ouvidos, como se alguém estivesse batendo nele. Uma voz que provavelmente pertence a uma criança de seis anos preenche todo o ginásio e o medo começa a me corroer.

– Bom dia desgraçados...


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo meus amores? Tentei ao máximo aprofundar a história de cada um deles sem revelar tudo de uma vez, agora é só esperar novos personagens para a fic ficar ainda mais emocionante!!
Qual o personagem que vocês mais gostaram? E o que menos gostaram? Me contem nos reviews!
Beijos e até a próxima