Contador de Histórias escrita por Darth


Capítulo 2
Vento da Liberdade




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Galeth agora estava em uma taverna bem conhecida em Ornea, a Beholder Cego. Esta se encontrava na cidade de Clarke, no centro-sul do continente. Era uma grande estalagem, a maior de Clarke. Com seus imponentes três andares construídos em madeira e pedra, tinha no térreo o refeitório com a lareira, no primeiro andar os quartos para os viajantes alugarem e pernoitarem e no segundo andar ficavam os quartos de luxo e os aposentos particulares de Dean e sua família, os donos da Beholder Cego.

Após sua apresentação, os presentes se acomodaram para mais uma de suas conhecidas histórias. Galeth já possuía uma considerável fama pelo reino como um habilidoso contador de histórias, além de sua grande habilidade na música. Uma vez mais o bardo tomou a palavra:

– Hoje vocês ouvirão uma história sobre uma dama. Não uma dama qualquer, não uma princesa indefesa como as das histórias. Não, essa história é de uma dama guerreira. Uma dama que treinou desde pequena com os monges nômades do deserto. Essa é uma história de Ciaran.

“Essa história se passa quando Ciaran ainda não era tão poderosa como hoje. Ela havia terminado o treinamento com os monges havia apenas dois anos. Foi nessa época que ela foi derrubada na Estrada do Rei por um grupo de magos escravagistas. Após o sofrimento e a humilhação de ser tornada escrava e aprisionada, foi obrigada a suportar a agonia de sentir seus músculos atrofiarem devido aos grilhões. Até que foi vendida a uma trupe de artistas itinerantes.

Foi nesse momento que seu destino se traçou. A trupe a qual ela se juntou era conhecida por números que exigiam grande aptidão física, com várias acrobacias. Seu treinamento como monge lhe permitiu se estabelecer como uma das acrobatas principais da trupe rapidamente. Mas não lhe era permitido esquecer sua condição como escrava.

Todos os dias Ciaran precisava de se esquivar de tentativas que vários membros da trupe faziam de possuí-la a força. Essas tentativas vinham do líder da trupe, dos guardas, dos outros acrobatas e dos atores. Também havia os que a ajudavam a se proteger: mulheres, em sua maioria. Mas havia também outros escravos, os encarregados da limpeza e da cozinha. Os músicos também a apadrinharam e a protegiam sempre que podiam.

Mas houve um dia em que Ciaran não conseguiu fugir... Enquanto ela estava descansando em um pequeno morro próximo ao acampamento, incomodada como sempre com suas vestes chamativas e sensuais, três acrobatas chegaram por trás dela e a derrubaram com um forte golpe na cabeça. Antes mesmo que pudesse se levantar para enfrenta-los, dois deles já estavam em cima dela segurando-a no chão enquanto o terceiro começava a abaixar as calças. “Não... Não pode acontecer. Não depois de tudo o que tive que suportar para continuar viva.” Pensava a monja, tentando se libertar enfurecidamente de seus agressores:


– Olhem só! A vadia é bem forte até! Segurem ela direitinho aí, quero aproveitar bastante. – Disse o acrobata que havia tirado as calças, se aproximando de Ciaran.

–EU VOU MATÁ-LO! JURO QUE VOU MATÁ-LO E ARRANCAREI SUAS BOLAS COM SEUS PRÓPRIOS DENTES! – gritava a ensandecida monja.
–E além de forte é boca suja! HAHAHAHA Será ótimo possuí-la!

Quando ele estava se abaixando para se aproximar mais de Ciaran, todos ouviram uma voz grossa dizendo:

–Toquem nela e mato vocês três!

Era Zanth, um dos guarda-costas da trupe itinerante. Ele estava com os longos cabelos brancos caídos ao redor do ombro e de espada em punho. Seu traje de couro evidenciava seus músculos enrijecidos de guerreiro. Os três acrobatas sabiam que não podiam enfrentar o guarda-costas, que era considerado o mais habilidoso dos guerreiros servindo a trupe. Sendo assim, retiraram-se em meio a ofensas tanto a Zanth quanto a Ciaran.

Após os acrobatas voltarem para o acampamento, o guarda-costas embainhou a espada e se dirigiu a monja, que estava se levantando com o apoio de uma rocha próxima. Estendeu-lhe a mão para ajuda-la...

E levou um tapa, rejeitando sua mão:

– Acha que eu sou tola? O que você deseja é o mesmo que aqueles três. A diferença é que você tenta parecer gentil, enquanto por trás dessa falsa gentileza tenta me acariciar. Você não me engana, Zanth! Eu me cansei dessas humilhações! – e com essas palavras, avançou contra o guarda-costas surpreso. Zanth não teve tempo de puxar a espada e estava morto, com as mãos de Ciaran lhe trespassando o peito. – Está na hora de purificar essa trupe asquerosa.

E assim Ciaran fez. Um por um, os guardas e membros da trupe que tentaram possuí-la caíram diante de sua perícia marcial. Fora necessário aquele tempo de sofrimento para que a monja recuperasse sua proeza e habilidade. Seu objetivo inicial era a fuga, mas essa última tentativa dos acrobatas e de Zanth havia sido a gota d’água. Agora o objetivo era aniquilar com aquele mal.

Esquiva, soco, defesa, chute. Mata-leão, quebra-pescoço, chute-penetrante. Assim a monja foi cortando através do acampamento e matando todos, exceto aqueles que a ajudaram e a protegeram. Após o fim da chacina, Ciaran estava em pé sobre a mesa do líder da trupe, com o corpo do mesmo logo abaixo. Disse então para os sobreviventes:

–Vocês estão vivos, pois não merecem a punição pelas ações desses homens. Então partam, e reconstruam esta trupe em algo digno de ser lembrado com louvor e glória e não em algo para ser lembrado com asco e repulsa.

Com essas palavras, Ciaran recebeu um brado de vivas dos escravos agora libertos e das pessoas que agora liderariam a trupe. “Até eles estavam fartos. Talvez meu destino fosse sofrer para que eu pudesse salvá-los, afinal.” E com esse pensamento final, partiu pela estrada em busca de serviço como mercenária, sempre ajudando mulheres que, como ela, sofriam nas mãos de homens cruéis. Mas nunca se esqueceu daqueles homens que a ajudaram.”


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