CAPÍTULO I

Desde sempre que fui odiada cá em casa. As minhas irmãs sempre me disseram que eu era um caso perdido e a minha mãe sempre me tratou como lixo.

Estou no meu quarto (que na verdade é apenas uma sala pequena com um colchão , que anteriormente foi uma casa de banho) a observar o que se passa para o outro lado da janela. Aqui em Piltover sempre houve paisagens bonitas. Gosto de as observar, já que não tenho mais nada que me divirta neste quarto vazio.

A porta abre-se, e a minha antipática irmã Caitlyn grita-me:

– É para ir jantar , magricela!

Levanto-me do meu colchão e dirigo-me á cozinha. Como o habitual, tenho o meu lugar marcado na mesa. Helena , Vi e Caitlyn comem sempre comida cara e apetitosa. Eu tenho que comer uma sandwich barata e horrível.

– Quando é que vou ter direito de comer o mesmo que vocês? - perguntei

– Acho que é mais do que óbvio que nunca. Jinx, tu não vales nada! Não mereces nem essa sandwich. - responde Vi

– Mãe, vá lá... - retorqui

– Não Jinx , basta! Para a sala.

Arregalei os olhos. Ir para a sala nunca era bom sinal. Era lá que a minha mãe me batia. Não tive alternativa. Levantei-me e fui para lá. A violência doméstica cá em casa era muito frequente, mas só em mim. Vi e Cait nunca sofreram.

A mãe pega no cinto e chicoteia-me com força nas pernas. Vejo sangue a correr-lhes e fecho imediatamente os olhos. De seguida há uma pausa.

– És uma aberração, Jinx! Porque não és como as tuas irmãs?

Não lhe respondo. Ela bate-me com o punho na face. Gritei.

– Não grites, idiota. Os vizinhos podem ouvir.

Ela pega numa lâmina e faz-me um pequeno e fundo corte perto do ombro.

– Para o teu quarto, já!

E fui.

Quando me dirigia para lá, Vi perguntou:

– Então magricela, doeu muuuito?

Ignorei e fui para o quarto. Sentei-me no canto, dobrei os joelhos e encostei a cara neles. Silenciosamente, chorei. A minha vida era uma grande treta. Todos os dias.