◊ 852 estações após a ascensão da Família Torgu, Ciclo de Phanor

Elke ficou distraído o resto da noite, para a frustração de seus filhos.

Não conseguia decidir se deveria ficar e fingir que seu pai não morreria naquela noite, ou se deveria correr e salvar o pai; ele era o rei, o que aconteceria? Seu filho legítimo iria assumir o trono? Elke tinha a impressão de que isso não aconteceria.

A rainha queria o trono, Elke não sabia por que, ou como se manteria nele, já que muitos lordes e camponeses eram fiéis a Arturo. Ela precisaria de uma grande Guarda Real que a admirasse muita para mantê-la viva; reis tiranos nunca se sustentam por muito tempo. Rebeliões e guerras com os outros países sempre

– Papai, papai! – Hope grita, puxando seu braço. Elke força um olhar despreocupado, e sorri.

– Sim, princesa?

– Conta uma história...

Elke olha para Argis em busca de apoio. O ferreiro entende o olhar, e agarra as crianças e as suspende no ar, elas gritam e riem.

– Eu vou colocar vocês para dormir hoje, seu pai está com dor de cabeça.

Elke se despede das crianças, e quando estão fora de vista, corre para os estábulos e foge pela porta dos fundos, perto das ferramentas.

Correu por todo o vilarejo, pelas sombras e embaixo das árvores, estava frio, pois não colocou seu casaco de pele, mas a corrida faz com que se sinta melhor depois de alguns minutos, e Elke não para até chegar na capital.

Os murros do castelo estavam agitados, guardas corriam para todo o lado, havia um certo pânico no ar, a tensão subiu em níveis estratosféricos, e logo Elke percebe que foi tarde demais.

Não devia ter esperado o jantar, ou que as crianças fossem dormir, deveria ter salvado seu pai. Merda.

Começou a escalar o murro do castelo, sabia que seria parado por um dos guardas, mas provavelmente não seria jogado do murro. Não parece ser tão complicado quanto subir em árvores, mas desde que se tornou pai, não escalava e se exercitava como antes, então quando finalmente subiu e chegou ao topo, estava ofegante, e se sentou, escondidos dos guardas que passavam ao longe, para descansar.

– Ei, quem é você?!

Merda, merda, merda...

Elke corre na direção contrária da voz, está um pouco escuro mesmo com as tochas, e acaba tropeçando no meio do caminho. Cai, levanta, corre. É isso que faz mais de cinco vezes em todo o trajeto do murro do castelo até que finalmente viu uma porta de madeira que dava para o interior de sua antiga casa.

Mais guardas surgiram, correndo em sua direção, mas Elke corre mais rápido e os deixa para trás, tinha que encontrar os aposentos reais, e ráp...

Estava no chão, algo duro o atingiu no rosto. Um punho, talvez... ou a bainha de uma espada, droga. Estava tonto e não conseguiu pensar direito. Pequenos pontos pretos surgiram na sua frente. Como chegaram ali?

– Vamos, levem esse para a masmorra.

Tudo ficou escuro.

+++

Cressida olhou nos olhos de todos os homens na sua frente. Talvas avaliava a reação da rainha, havia escolhido os mercenários com cuidado, todos com grandes crimes em suas vidas, roubos, furtos e assassinatos.

– São esses?

– Sim, minha rainha.

Cressida sorri, e logo um olhar de determinação cresce em seu rosto.

– Tragam-me os cristais, eu quero todos eles, sem desculpas.

Os homens se retiram após reverência, e vão atrás dos cristais que mudariam o poder da rainha e o continente de Agália para sempre.