The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 3
Capítulo 2: E tudo recomeça em festa!


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tá bem grandinho, rs então você que tá lendo, que tal deixar um comentário? Eu não mordo ok!



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Elena Gilbert

Dois meses depois...

Era dia 15 de julho e parecia um dia como outro qualquer. Mentira; era um dia lindo de primavera. O casarão na qual eu morava na cidade de Mystic Falls tinha uma bela visão da cidade — até onde era possível ver —, e do Mystic Ecologic Park1.

Enfim, depois de fazer minha higiene matinal, tomei um banho rápido e vesti um short jeans e uma regata preta. Amarrei meus cabelos num rabo de cavalo, calcei as sapatilhas e desci para tomar meu café da manhã. Meus pais e meu irmão já estavam sentados à mesa.

Miranda e John Gilbert, meus progenitores, conseguiram acumular uma boa grana com o negócio da família. Minha mãe e minha tia Jenna tinham em sociedade um antiquário, e só isso já era o bastante para tê-las sempre felizes; eram apaixonadas pelas antiguidades. Se por um lado minha mãe era delicada, meu pai era pragmático ao cubo.

Sobre meu irmão, eu o dividira em três características principais: apaixonado pela vida na maioria das vezes, responsável quando precisa, e “galinha” vinte quatro horas do dia. Apesar de gêmeos, somos diferentes. Mas são as nossas diferenças que nos faz tão unidos.

—Bom dia minha querida. — meus pais disseram em coral.

—Bom dia Lena.

—Bom dia família.

Tomamos café correndo, pois para variar, estávamos mega atrasados. Fomos para a escola, nossa querida MFHS, na Mercedes preta do meu irmão. Eu não me acostumei a dirigir, tudo me irritava. Os motoristas lerdos nas ruas, os semáforos, tudo...

Mal tinha saído do carro, Caroline, minha melhor amiga, já estava do meu lado.

—Oi amiga.

—Oi, Barbie. — por ser loira, chata, e amante de rosa, Alex havia dado esse apelido a ela quando ainda éramos crianças.

—Oi Alex. — ela respondeu dando um meio sorriso. Ela não conseguia não ficar bem com meu irmão. Ele era um bobo mesmo

—Oi Elena. — disse Tyler com um lindo sorriso. Tenho que falar, a gente dava uns beijos aqui e ali de vez enquando.

—Fala aí moleque. — meu irmão cumprimentou seu parceiro de farra, melhor amigo, e confidente com um toque de mãos.

—Novidades?

—Tem sim. O Damon vai voltar pra cidade. Amanhã. — respondeu Caroline.

Eu não considerava isso uma informação relevante, mas... Damon Salvatore era amigo de infância de Tyler e Alex. Na verdade, crescemos todos juntos. Nossos pais eram amigos de escola, então éramos farinha do mesmo saco, porém, quando tínhamos doze anos, o pai de Damon recebeu a chance de gerenciar uma filial da empresa da qual trabalhava na Europa, então eles foram embora.

—Estava com saudade do moleque e... — o pensamento de Tyler foi interrompido por uma mensagem em seu celular. Ele deu sorrindo safado. — Er... Pessoal, vou nessa. Uma tal Vanessa tá me esperando na biblioteca.

O sinal tocou e fomos para sala. Ainda tinha muito o que rolar.

No dia seguinte — dia D segundo Alex, Tyler e Caroline — nós chegamos mais cedo na escola. Todos, menos eu, estavam numa euforia indescritível pela volta de Damon. Caroline tagarelava sem parar sobre como era bom ter nosso amigo de infância de volta, mas na verdade era só a sua inevitável alegria de fazer festa por qualquer pequeno motivo, e Tyler e meu irmão estavam na esperança de ter mais um membro no grupo “Não sou só seu, sou de todas elas”. Fazer o que? Amigo/ficante galinha, irmão galinha... Eu tinha uma noção verdadeira do universo masculino.

De repente, faltando dez minutos para bater o sinal, um Jaguar vermelho estacionou em frente ao portão principal do MFHS. Um garoto moreno, alto saiu do carro. Ele estava com uma calça jeans escura, blusa de manga curta branca que definia bem seu corpo, jaqueta preta de coro — que eu podia jurar que era uma jaqueta Armani — e Ray-Ban escondendo os olhos. No mesmo instante, Caroline começou a dar gritinhos entusiasmados.

—DAMON! — ela exclamou rindo, enquanto ele a girava no ar com o rosto enterrado em seu ombro.

—Saudades de você Barbie!

—Idem grandão! Vai, me conta tudo. Eu quero saber como você tá; como eram as escolas lá na Europa, as mulheres europeias...

—Eu estou bem, as escolas eram um porre assim como as escolas daqui, e as mulheres europeias... Ah! Não se comparam à minha melhor!

—Na moral, a Car não deixa nem o cara respirar! — disse Alex, chegando mais perto. — E aí mano?! Como você tá?

—Bem, mané.

—Mas fala aí, por que estudar seis meses cara? — perguntou Tyler.

—Pô cara, meu pai né. O velho disse que eu não ia ficar à toa. Entre a escola e a empresa, prefiro o sacrifício menor. — ele riu. — Mas eu quero saber só de uma coisa: e a curtição por aqui? Como é que tá?

—Têm festa todos os sete dias da semana! Festa sem a gente, camarada, não é festa não irmão! — Alex disse feliz da vida.

—Aí, se tu fizer a parada direito, a mulherada te dá a maior moral parceiro. — Tyler disse rindo. Homens!

Eu sabia bem qual era a parada. Era sexo.

Quando o assunto cessou, Damon veio andando na minha direção. Fingi que estava viajando na música. E pior que estava. É impossível não viajar escutando Tatoo da Jordan Sparks.

—Não fala mais não, Elena?

—Você estava meio ocupado com a coletiva. — disse tentando fazer graça.

—Hum... Como você tá?

—Bem. — aqueles óculos estavam me bloqueando de ver os olhos dele, e isso estava me irritando. — Quer tirar esse Ray-Ban? Eu gosto de falar olhando nos olhos.

Ele tirou os óculos de sol, e fui pega de surpresa por aqueles olhos azuis. Nunca na vida imaginei ver alguém com olhos tão intensos. Me vi mais perto dele, mas não liguei.

—Melhor agora?

Fiz que sim com a cabeça.

Espiei rapidamente por cima daqueles ombros largos, e percebi que já não tinha mais ninguém ali, porém quando voltei a fitá-lo, me perdi naquele mar de cor tão perfeita. Por motivos desconhecidos, meu estômago estava revirando em sinal de nervosismo, e aquilo estava me irritando.

—Você tá linda Elena. — ele elogiou.

—Obrigada. Você também tá bem melhor que imaginei.

—Posso te fazer uma pergunta?

—Sempre. — respondi apreensiva.

—Não sei por que estou te perguntando isso, mas algum dia eu teria chance de ficar com você?

Mastiguei a pergunta. Direto sempre? Olhei para ele, mordi os lábios, pensativa, e saí correndo deixando-o ali. Jamais poderia cair naquele truque que eu conhecia de cór e salteado.

Na hora do intervalo, as meninas já estavam mais que assanhadas. Quando Damon passou pelas portas duplas, eu as vi cochichar umas com as outras.

“Ele é lindo!”

“Ah, eu com um garoto desses na minha casa! Ele nunca mais ia se esquecer de mim...”

“Damon Salvatore. Gato que vai ser meu. Confere!”

Eram os tipos de comentários que eu escutei só naquele dia. Eu já estava prevendo como seria nos seis meses que viriam. Cheguei à nossa mesa que sempre foi nossa, e sentei ao lado de Caroline.

—Mas a parada é essa, parceiro. — Tyler concordava com alguma coisa.

—Aí, vamos pra The Luxy pra comemorar a chegada do Damon? — sugeriu meu irmão. The Luxy era nada menos que a boate mais badalada de Mystic Falls inteira.

—É isso aí! Virginia vai te receber no melhor estilo, rapá.

—Tô mais que dentro! Você vai amar Damon. — disse Caroline em seu tom empolgado de sempre.

—E você, Elena? — Alex me perguntou quase suplicando.

O lobo Lockwood suplicou mesmo:

—Poxa Elena. Você sabe que balada sem você, não é balada.

—Tá com essa moral Elena? — Damon estava curioso.

—O que?! Não é mole não, cara. Essa mulher é mais assediada que a capa da playboy do mês passado. — Tyler disse piscando para mim.

Mas pior que era verdade. Quando íamos para festa, os meus dois protetores, quando não estavam beijando em algum canto da boate, ficavam o tempo todo afastando os garotos.

—Diz que vai Elena. Vamos amiga!

Fingi que estava pensando, por fim decretei que iria sim.

No final da aula, não esperei Alex para ir embora. Pedi uma carona para Caroline, e como sempre, ela foi tagarelando da escola, até a minha casa; esta que ficava à aproximadamente meia hora da escola. Mas me enganei quando achei que ia ficar sozinha. Caroline inventou de me fazer companhia. Ou melhor, dizendo: eu ia fazer companhia para ela. Ou seja, cheguei ao meu lar oito horas da noite. Da noite!

Entrei desesperada, subi a escada como uma maluca. Chegando em casa, procurei no I-Pod uma música que me agradasse naquela hora. Acabei deixando “Sk8er boy” da Avril Lavigne tocando; e corri para o meu closet.

Depois do banho, coloquei uma calça preta colante, uma blusa tomara-que-caia cinza de paitê, e uma ankle boot preta com um salto de 15 centímetros. Alex sempre dizia que era humanamente impossível se equilibrar naqueles saltos.

“Então como tem mulher no mundo que luta em cima de saltos como esses?” eu perguntava

“É porque mulher tem parte com o diabo!” era sempre a resposta dele.

Prendi meus longos cabelos castanhos como a noite num rabo-de-cavalo. Meus cachos davam um ar todo especial num penteado tão normal como aquele. Marquei bem meus olhos chocolates com sombra preta. Delineador, rímel e lápis ajudaram a realçá-los. Na boca um gloss rosa-cor-de-boca; e eu estava mais que pronta.

Peguei minha carteira, e fui em direção ao quarto do meu irmão. Alex usava uma calça Jean escura justa, uma blusa preta e uma jaqueta de coro também preta. Nos pés, tênis da Nike. Seus cabelos castanhos bem claros, quase loiros estavam bagunçados como sempre, dando a ele um ar rebelde.

Nos despedimos de nossos pais, entramos no carro do meu irmão e fomos em direção da casa dos Forbes. Logo que buzinamos, ela saiu de casa e entrou no carro. Minha amiga estava linda. Usava um vestido preto reluzente, que batia no meio de suas coxas. Seus cabelos loiros de fios médios estavam soltos, num estilo bagunçado. Uma maquiagem leve, e um salto quase tão alto quanto os meus nos pés.

Chegando na porta da boate, tinha uma fila imensa de pessoas que provavelmente passariam a noite ali, e não entrariam no lugar. Em menos de dez minutos já estávamos dentro da boate. O lugar era completamente decorado com luzes coloridas dançantes. No meio, a pista de dança, com um globo brilhante rodando, pendurado no teto. No lado norte ficava o bar, ao lado, no corredor noroeste, ficavam os banheiros. Do lado sul a oeste ficava o camarote.

Os camarotes tinham um sofá vermelho, uma mesa de centro no meio, e vista privilegiada de toda boate. Logo, Ulisses, um amigo e garçom do estabelecimento, apareceu com o de sempre: um drink que brilha para Barbie, caipirinha para mim e uísque para Alex.

Minutos depois, Tyler chegou com uma loura pendurada em seu pescoço, e Damon tinha uma morena de um lado e uma ruiva do outro.

—Então, Lorena e Gabriela foi muito bom conhecer vocês, mas agora vocês têm que ir. — ouvi Damon dizer.

—O meu nome é Luiza! — disse a morena parecendo irritada.

—E o meu é Paula amor. — a ruiva estava cheia de amor para dar.

—Lorrane e Amanda, eu juro que ligo pra gente ter outra noite como a de hoje, porém agora não tem como eu dar a atenção que vocês merecem. Beijos meninas.

Tyler e Alex se desdobravam de rir da situação. Homens! Vai entender. As duas saíram marchando, provavelmente sabendo que não o veriam mais. Pelo menos aquela noite.

Era meia noite, e eu estava me acabando de dançar na pista. De repente, senti uma mão grande na minha cintura, e uma voz aveludada no meu ouvido:

—Vem comigo.

E eu fui! Não sei o que me deu; minhas pernas pareciam ter vontade própria. A figura alta e forte me levou para um corredor perto dos banheiros, e me imprensou na parede. Não tive tempo nem de respirar, meus lábios foram esmagados por aquele “estranho”. Eu não precisava olhar no rosto dele para saber quem era, mas por intuição já sabia seu nome. Eu jamais confundiria aquela voz.

Quando o ar era escasso para nós, ele levantou o rosto, me olhando em cheio pela primeira vez até aquele minuto.

—Por que fez isso? — consegui verbalizar com muita dificuldade.

—Sei lá... — ele parecia sincero. — Só segui meus instintos.

Bem, foi motivo o bastante para eu beijá-lo a noite toda.

Ai, o dia seguinte de uma balada é sempre o pior! Eu sabia que não tinha feito nada de errado porque Alex e Tyler jamais deixariam. Mas... Eu não passara a noite aos olhos dos meninos, e sim beijando — e muito! — a boca de Damon.

Ai meu Pai! Que eu não tenha feito nada para me arrepender depois. Amém!

A minha oração tinha de ser ouvida!

Na escola, estávamos todos com cara de zumbis. Estávamos tão cansados que nem tínhamos forças para conversar durante a aula. Na hora do intervalo, Damon me cercou o tempo inteiro; mas como eu não sabia o que tinha acontecido no dia anterior, fugi dele o máximo possível.

Apesar de ter conseguido escapar de Damon o tanto que foi, correndo mais que bandido foge de polícia, na hora da saída, não teve como eu sair voando.

—Tá fugindo de mim? — ele perguntou rindo.

—Er, Damon... Depois a gente conversa. Eu falei pro Alex que ia embora com ele e...

—Eu disse para ele que ia te levar pra casa, por isso ele já foi tem quase meia hora. — comecei a andar. — Não acredito mesmo que Elena Gilbert tá correndo de mim por causa de um beijo inocente!

—Não foi um beijo, e sim vários beijos. E você não tem nada de inocente Damon Salvatore. — respondi.

—Tá bom. Foi uma noite regada a beijos. Melhor assim?

Aquilo tinha de ser uma pergunta retórica!

—O que você quer? — perguntei querendo acabar logo com aquela conversa, que sinceramente, eu nem queria que tivesse começado.

—Se eu disser que quero passar mais tempo contigo, você vai achar estranho?

—Sim!

—Por quê?! — ele parecia indignado com minha resposta.

—Porque você não presta, e eu seria mais burra do que eu acho se aceitasse.

—Elena...

—Tchau Damon.

Saí dali o mais rápido que eu pude.

Esse garoto só podia estar maluco! Como assim “estar ao seu lado o máximo de tempo possível”? Será que ele estava usando drogas? Só podia! Havia anos que a gente não se via, aí depois de uns beijos — muitos beijos né?! — ele queria que eu acreditasse que ele queria algo sério?

Ah, eu devo ter cara de burra!

Mas foi contra minha vontade, que naquela noite eu sonhei pela primeira vez com Damon Salvatore. O dono dos olhos azuis mais atraentes do mundo.

Damon Salvatore

Depois que Elena simplesmente me largou falando sozinho, fui para casa. Ao chegar em casa, como sempre, minha irmã estava correndo e gritando com o caçula da família.

—STEFAN VOLTE AQUI! SE EU COLOCAR MINHAS MÃOS EM VOCÊ, EU JURO QUE TE MATO! — Rose gritava igual uma louca, enquanto o moleque corria em volta do pé da escada.

Olha que ela era mais velha que eu dois anos!

—Mas que gritaria é essa?! Rose Marie você é a mais velha de todos, e a mais infantil! Larga já seu irmão ou se não...

Não fiquei para ver o resto do discurso da minha mãe. Subi para o meu quarto.

Depois que nos mudamos para Londres, e ainda mais depois que Stefan nasceu, minha relação com minha família não era a melhor do mundo. Meus pais eram amáveis e carinhosos, apesar da minha distância. Meu pai queria que eu me tornasse advogado ou economista; algo que me tornasse utilizável na empresa. Isso me irritava profundamente, mas eu sabia que ele queria só que eu tomasse vergonha na cara, e responsabilidade na vida; algo que não fazia parte dos meus planos. Minha mãe tentava manter a paz dentro de casa, algo que nunca acontecia. Depois que o Stefan nasceu as coisas só pioraram, mas não me importava com isso.

Não fazia diferença o que eu fizesse da minha vida, eu sabia que meu destino era comandar a empresa de publicidade da família. Para alguns podia ser uma maravilha, porém para mim era o martírio.

Eu estudava no Florência Academic School, um dos colégios mais caros da cidade de Londres. Eu conhecia aquele lugar como a palma da minha mão. Os que estudavam lá também. As meninas então... Conhecia cada uma, e cada parte delas. Elas se jogavam aos meus pés. Já os moleques queriam ser como eu. Não fazia parte do time de futebol, mas eu era O Cara da escola. Tinha o melhor carro, reputação, e muita mulher. Então, minha vida era perfeita...

Infelizmente as férias de verão tinham acabado e isso era uma pena. Passei meus últimos dois meses como cidadão europeu na França. Ah, as mulheres francesas! Foi minha festa aqueles dias! Fiz o que fazia de melhor: passar cada noite com uma mulher diferente. Não me envergonho em admitir que era um galinha diplomado. Isso era fato.

E então voltamos para Mystic Falls. Minha cidade. Encontrei meus amigos, e Elena Gilbert. Quando éramos crianças não me ligava muito nela, mas agora... Ela estava tão linda, tão... O rosto mais lindo, aqueles olhos que acalmavam qualquer um! E que corpo era aquele?! Cheio de curvas nos lugares certos, incrivelmente muitíssimo bem distribuído. Sem dúvida alguma, eu queria extremamente me perder naquelas linhas que formavam seu desenho.

Eram dez horas da noite, quando eu desci para o primeiro piso da casa. A família toda estava à mesa na sala de jantar.

Peguei uma maçã, e virei na intenção de sair fora dali.

—Onde pensa que vai? — meu pai perguntou.

—Hã... Uma festa do primo de um amigo do meu amigo... É uma galera aí.

—E você foi convidado por alguém que você nem conhece? — ele levantou a sobrancelha.

—Você sabe que sou uma pessoa muito sociável. Minha fama já tá correndo. É difícil ser gato e gostoso assim! — fiz graça.

—Tudo bem, pode ir! Mas... Sem dinheiro da gasolina, e sem dinheiro pra nada.

—Como assim?! Quer me deixar a pé, me fala de uma vez, ao invés de ficar fazendo charada!

—Meu dinheiro não é capim pra você ficar torrando por aí à toa! Se quiser sair, pode ir, só não vai à custa do meu dinheiro.

—Sem problema! Não me esperem, não pretendo voltar hoje. — contrariei.

—Ah, já ia me esquecendo! Independente da hora que você chegar, você vai pra escola amanhã.

—Você quer me matar, é isso?!

—Não. Quero te ensinar que na vida, todas as nossas escolhas e atitudes têm uma consequência. E existem responsabilidades e regras a serem respeitadas. Mas... Se quiser ir, vá! — ele me mandou um olhar debochado.

—Tudo bem! Amanhã estarei na escola, mas hoje, primeiro eu estarei na festa. Tchau.

Desgraçado! Ele queria jogar? Eu também sabia jogar, e se tinha uma que ele não suportava era quando eu o desafiava. Espera Giuseppe Salvatore. A vingança é um prato que se come frio!

A festa estava um porre! Tinha umas gatas, mas nada que eu já não tivesse visto e provado antes.

Ah, eu estava no meio de uma depressão. Estava sem dinheiro, sem uma mulher gostosa, e sem minha moral de playboy. Meu mundo estava caindo!

Para tentar afogar minhas mágoas — que eram muitas! — eu ia pegando tudo que os garçons me ofereciam. Depois que eu já tinha parado de contar quantos drinks já tinha tomado, o garçom apareceu com umas balinhas coloridas. Como já estava um pouquinho mais que chapado, eu nem me liguei no que seria, e peguei umas quatro daquelas coisas que pareciam balinha com recheio de chocolate.

De repente, minha visão ficou turva, e eu já estava meio... Nem sei como eu estava! Mas eu juro que não era ilusão, eu comecei a reconhecer algumas daquelas pessoas. Eram os teletambis! O — ou seria “a”? — Tpsy me deu tchau! Acenei de volta.

Cristo! Eu estou numa festa! pensei.

Antes que eu pudesse desenrolar com a Lala, caí fora de lá. O que uma mulher não te leva a fazer?

Eu estava no meio de uma briga que nem sabia de quem era em plenas duas horas da manhã. Simplesmente eu estava passando na rua, aí vi uns caras no que para mim não era uma briga. Quando percebi estava dando porrada também.

Do nada apareceu um policial.

—Ele estava mexendo com a minha mulher, policial! O senhor ia deixar alguém mexer com tua mulher na rua? — um cara todo bombado se explicava.

—Não foi nada disso, policial! Eu estava passando na rua, e vi uma morena muito boa passando; daí naturalmente, eu virei pra ver melhor. Aí esse maluco partiu pra cima de mim! — o outro rebateu.

—Maluco? Agora tu vai ver quem é o maluco! — o bombadão partiu para cima do outro de novo.

—CHEGA! TODO MUNDO PRA DELEGACIA! — quando o policial disse isso, eu ingenuamente pensei que aquilo não se estendia a mim.

Não adiantou de nada eu tentar explicar para o policial que eu só tinha me envolvido na briga porque estava chapado. Já que não tinha nada para fazer, meus companheiros de cela não queriam papo, fui dormir. Tirei minha linda jaqueta de coro — confesso que jaqueta de couro e óculos Ray-Ban era quase uniforme para mim — e a fiz de travesseiro.

Já devia ser quase sete horas da manhã porque a luz solar já dava o ar de sua graça pela janelinha da cela.

—Acorda playboy! Seu papai tá aqui pra pagar sua fiança.

—Pô, vou indo irmão. Vou ver se o mês que vem, venho te visitar. — eu disse para o único que se esforçou para que eu me sentisse em casa naquela cela.

Juro que não acreditei. Para meu pai estar pagando minha fiança, minha mãe devia ter feito um drama! Parei na bancada, e peguei meus pertences. Claro que não perdi a chance e peguei o número de telefone da gata que trabalhava lá.

Meu pai estava encostado na Mercedes dele.

—Pensei que ia me largar mofando na cadeia! — exclamei colocando meu Ray-Ban.

—Era o que eu pretendia fazer. Mas sua mãe me convenceu.

—Eu sempre soube que você era um pau-mandado. — disse rindo.

—Olha o respeito moleque. Posso te jogar naquela cela de novo! — ele não disse isso exatamente sério.

—Claro que não pode!

—Ah, eu posso! Levando em consideração que você não trabalha, na minha visão você é menor de idade, eu posso fazer o que eu quiser com você! Se eu te matar, ninguém vai tirar minha razão, eu pago suas contas. — ele disse sarcástico enquanto dava partida.

—Vou pra minha cama! — anunciei assim que passei pela porta.

—Damon vem cá.

—Pai eu tô morrendo de dor de cabeça, parece que minhas tripas estão colocando de tão ressecadas, então, por favor, deixa o sermão pra depois.

—Volta aqui Damon. — ele ordenou com a voz dura. — O problema foi que eu sempre deixei pra depois. — ele suspirou quando eu o encarei. — De hoje em diante, você vai levar seus estudos a sério, vai ficar sem carro até me dar notas decentes, e pode começar a pensar pra um rumo na sua vida.

—Mas pai, você não pode...

—O que não pode Damon, é você pensar que vai viver à custa do meu dinheiro pelo resto da sua vida! Não é que eu não queira te sustentar, mas desse jeito, você nunca vai virar um homem! Você nunca vai crescer.

—É assim que vai ser? Vou ter que ficar sem meu carro até você decidir que virei um cachorro domesticado, e poder tê-lo de volta? — perguntei já mais que revoltado.

—Não. Você vai ficar sem carro até querer. Você é inteligente, sabe disso. Se for o seu carro que você quer, se esforce pra tê-lo.

—Tudo bem então. Mas agora eu vou ter meu sono dos justos, ou será que isso também vou ter que me esforçar pra ter?

Não esperei que ele me respondesse, e subi direto pro meu quarto, me trancando e me isolando do mundo lá.


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Notas finais do capítulo

Vem comentar? Eu sou legal, sério ^^



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