The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 27
Capítulo 25: Será que é uma boa hora?


Notas iniciais do capítulo

Sim, vcs estavam de castigo, por me abandonar no último capítulo u.u



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Os enjoos tomavam conta de mim, nada que eu comia parava no meu estomago. Damon já tinha até mandado revisar todo estoque do La Luna para saber se tinha algum produto fora da validade. Não havia nada de errado com a comida do restaurante, a culpa era minha. Ele ficava me enchendo para ir no médico, mas eu não queria minha médica me dando sermão sobre minha gastrite. Era só eu maneirar nos produtos ácidos e tudo daria certo.

Naquela terça-feira, não consegui ir trabalhar. Minha cabeça doía, meus seios nem se fala, e meu estomago estava mais irritado do que nunca, nada parava. Até o fim da tarde tenho certeza que emagreci um quilo de tanto vomitar. Minha garganta ardia de tanto que a comida e o suco gástrico forçaram a saída do meu organismo.

Damon chegou com Jeremy e Caroline, e logo que me viu praticamente desmaiada no sofá, correu até meu lado. Meu pequeno também parecia preocupado, ele nunca tinha me visto daquele jeito. Até nos meus piores dias de doença, eu me escondia no quarto, e para ele, eu continuava sendo a mamãe que nunca ficava mal. Minha amiga por outro lado, parecia que não ligava se eu estava morta ou viva, já que foi até a cozinha e voltou de lá mordendo uma maçã verde e depois entregou um copinho de Danone para o afilhado.

—Já chega, Elena, nós vamos para o hospital. Isso não é normal, tem alguma coisa errada. — a voz de Damon era aflita, acho que depois que contei a ele que quase tinha perdido Jeremy por motivos de saúde, ele ficou com medo que o quadro se repetisse.

—Tá tudo bem, meu amor. Deve ter sido alguma coisa que comi. — sussurrei rouca. Nem voz mais eu tinha.

—Que hospital o que, Elena tá ótima! — Caroline contrariou. O olhar que Damon direcionou a ela não foi nada amigável.

—Você tá vendo a mesma coisa que eu, certo? Então, claramente, ela não tá bem!

—Não, eu não vejo a mesma coisa que você. — a loira desdenhou — Que Damon seja um idiota, eu perdoo, agora você Elena? Até parece que esqueceu como foi.

Tentei racionar o que ela dizia mas as contrações de fome no meu estomago não ajudavam. Eu estava doente e ponto, Caroline já estava delirando. Damon me olhava apreensivo, parecia que a qualquer segundo me colocaria no colo e correria para o hospital. Jeremy observava as coisas de longe, como se estivesse com medo de se aproximar e se envolver naquela confusão toda.

—Como foi o que? Fala de uma vez, Caroline, eu não tô com paciência para os seus momentos!

—Elena tá grávida, seu idiota, estúpido! — gritou com raiva. Foi só quando suas palavras ecoaram na minha mente que pude assimilá-las e entendê-las. Minha cabeça girou com tal possibilidade. — Você não faz ideia de como foi a gravidez de Jeremy porque não estava lá, mas para mim, é como ver um filme repetido. Tenho certeza que tô tendo um deja vú.

Damon me olhou com aqueles enormes olhos azuis arregalados. Foi como se um novo horizonte estivesse abrindo na sua frente e ele não pudesse ao menos descrevê-lo. O silêncio que tomou conta da sala foi surpreendentemente inquietante. Por que estavam todos tão calados? Meus nervos se agitaram e meu coração disparou. Eu não estava grávida! Ou pelos menos não queria estar; eu não deveria estar. Nos meus planos de mulher adulta, antes de resolver ter outro minúsculo ser dentro da minha barriga, eu pretendia ter uma aliança no meu dedo. E lá estava eu, quase oito anos depois, com o mesmo homem, um filho e uma possível nova gravidez. A aliança? Novamente não estava no meu dedo.

—Eu não tô grávida! — gritei assim que saí do choque.

—Tá sim, pode fazer o teste se quiser. — ela deu de ombros.

Como se fosse uma afirmação, senti a conhecida sensação de queimação e estômago revirando e corri para o banheiro. Eu não tinha mais nada o que vomitar, mas uma água amarelada saiu do meu jeito. Dei descarga no vaso sanitário, e escovei os dentes para tirar aquele gosto horrível de azedo da minha boca. Voltei para a sala envergonhada, era como se eu passasse um recibo de que estava sim gestando um bebê. Caroline me encarou com um sorriso irritante que me deu vontade de bater nela.

A loira chata pegou a bolsa e deu um beijo na bochecha de Jeremy:

—Ok, família, eu vou indo. Klaus tá me esperando para jantar. — já estava na porta quando olhou para trás, me mandando um beijo. — Me mantenham informada!

A porta bateu com um baque silencioso. Ficamos três estáticos na sala. Não tinha muito o que falar; eu tinha medo de falar alguma coisa. Damon puxou Jeremy até a cozinha para jantar, e eu aproveitei a deixa e subi para o quarto. Eu estava com medo, muito medo. De repente, todas as certezas que eu tinha na minha vida foram substituídas por um milhão de dúvidas e eu não tinha a menor ideia se teria capacidade de lidar com aquilo. Damon falava de tempos em tempos sobre ter outro filho já que não tivera a chance de ver a gravidez de Jeremy, mas eu não esperava que fosse assim. Não desse jeito.

Algum tempo depois — que não sei dizer quanto exatamente, pois estava perdida demais entre pensamentos para contar — ouvi os passos de Damon no quarto. Ele tinha um prato de sopa em uma mão, e um copo de suco na outra. A preocupação estava estampada naqueles lindos olhos azuis que equilibravam meu mundo. Com muito cuidado, ele colocou a comida em cima do criado mudo e pegou minha mão.

—Tem uma chance de você estar mesmo grávida?

—Sério que você tá me perguntando isso? Sabe muito bem que nos deixamos levar como dois adolescentes deslumbrados e não nos protegemos de nada. — aquela era a última coisa que ele deveria me perguntar. Ainda que eu entendesse, continuava sendo uma pergunta estúpida. — Ah, isso não pode estar acontecendo!

—Ter um filho meu é tão inconcebível assim?

—Não leve para esse lado. É claro que eu quero outro filho com você, mas olha para nós. O que estamos fazendo? Estamos namorando ou estamos morando juntos? Somos uma família, ou sou apenas sua namorada com um filho seu? Não era essa a estrutura que eu queria para ter um filho, ainda mais dois!

Ele levantou da cama e eu sabia que ele estava chateado, mas não podia parar. Se eu estivesse mesmo grávida, aquela não era a estrutura que eu queria. Aquele não era o jeito certo.

—Eu sabia que vim para essa casa era um erro. — comentou de costa para mim.

—A culpa não é da casa, Damon.

—Não, a culpa é da sua mãe e dessa casa estúpida que tem cada pensamento dela entranhado! Depois de tudo que passamos, você ainda tenta me colocar contra a parede para casarmos porque acha que a qualquer momento eu vou embora e te deixar. Se eu ainda fosse o mesmo cafajeste de antes, te garanto que uma aliança não faria a menor diferença.

—Não acredito que esteja falando isso.

—Eu que não acredito que depois de tanta coisa, você ainda não acredite em mim! Quando vou te convencer que eu te amo e não vou a lugar nenhum? Não precisamos de um papel estúpido para sermos uma família. — o olhar dele era tão intenso que parecia que me encolhia diante de tanta certeza em suas palavras. — O fato de eu ainda me explicar sem a menor necessidade dessa discussão besta, prova o quanto eu me importo. Nos importar um com o outro faz de nós a família que somos. Você precisa aceitar isso de uma vez por todas.

Suspirei. Ele estava certo. Apesar de tudo, Damon ainda estava do meu lado. Mesmo depois de tantas brigas, e tantos obstáculos no caminho. Será que eu tinha o direito de desconfiar dele assim? Talvez eu estivesse mesmo grávida e os hormônios estivessem mexendo com minha cabeça. Pela primeira vez na minha vida, eu tinha que admitir que estava errada.

—Ok, desculpa. Eu meio que me descontrolei, é só que... para você pode não significar nada, mas eu realmente preciso de uma maldita aliança no meu dedo, Damon. Não vou ficar em paz enquanto isso não acontecer. Tudo que eu preciso na minha vida é estabilidade, e me desculpe, mas eu não conheço outro jeito. — levantei e caminhei até ele, o fitando no fundo dos olhos — Se você não estiver completamente comprometido com nós, eu nunca vou conseguir relaxar.

Foi a vez dele de respirar. Eu sabia o quanto estava sendo maçante com aquele assunto, mas não conseguia evitar. Eu precisava de uma forma física de saber que ele não iria a lugar nenhum e me deixar com nosso filho. Não tinha outro jeito de me tranquilizar.

—Elena...

—Damon... eu preciso saber que você quer ser parte dessa família.

—Eu já sou parte dessa família, baby. Por favor, confia em mim.

Senti seus braços me rodeando, e fechei os olhos fazendo as lágrimas cair. Por que tinha que ser tão difícil?

************************************************

O dia seguinte amanheceu rápido demais. Durante a madrugada, Damon decidiu que não aguentaria a ansiedade e precisávamos fazer a droga do exame. Eu não sabia se estava realmente preparada para saber disso, mas não tive coragem de lhe negar aquilo. A pressão psicológica da noite anterior já tinha sido o bastante.

Tomei banho e me arrumei vestindo uma calça jeans e uma camisa de manga comprida. Jeremy se arrumou para ir para escola e depois de um café da manhã reforçado — para ele e o pai, porque eu me contentei com um suco de maracujá e um biscoito de leite — e seguimos caminho. Jeremy ficou na escola e nós seguimos para a clínica que eu conhecia bem.

Esperamos por uns quarenta minutos que todas as pacientes fossem atendidas até que meu nome foi chamado. Entrei reconhecendo a sala e lembrando de todas as consultas que eu tive ali.

—Elena, me desculpe por não ter ido no aniversário de Jeremy. Fiquei presa no hospital e quando fui liberada já era tarde.

—Tá tudo bem, Meredith, nós entendemos. — sorri. A Doutora Fells continuava a mesma, o mesmo cabelo castanho, comprido e o mesmo sorriso doce. — Ah, deixa eu te apresentar. Esse é...

—Damon Salvatore, eu suponho. Os olhos de Jeremy são inacreditavelmente parecidos.

Sorri, eu sabia que era verdade. Jeremy parecia um mini Damon, nem Stefan era tão parecido com o irmão.

Damon e eu sentamos nas cadeiras à frente da mesa dela.

—Então, o que há?

—É... eu meio que tenho uma suspeita de estar grávida. — respondi meio envergonhada.

—Meio que tá? Entendo.

—É, eu tenho enjoado bastante essa última semana, e de acordo com Caroline, é como um deja vú. — rolei nas órbitas, lembrando das palavras da Barbie.

—Sei, eu confio mais na Caroline do que em você. — eu também, pensei. —Bem, vamos fazer um exame de sangue e dependendo do resultado, podemos fazer uma ultra e começar o pré-natal.

Fui guiada até uma saleta apavoradamente branca e uma enfermeira colheu meu sangue. Damon e eu demos uma volta pelo shopping para passar o tempo e mesmo que eu não quisesse, meus olhos paravam em cada vitrine de bebê. Eu já podia imaginar um quartinho de bebê, com aquele cheiro maravilhoso. Depois de uma hora, voltamos a clínica.

Meredith nos olhava com um envelope na mão.

—Ok, eu já sei o resultado. De qualquer jeito, quero que saibam que não é o fim do mundo, essas coisas acontecem, certo? Qualquer um está sujeito a essa situação, o mundo não vai cair nas suas cabeças por isso.

A voz da médica era calma mas pelas suas palavras, eu já imaginava que não estava grávida coisa nenhuma, mas sim doente e com um mês de vida. Sim, o mundo poderia desabar nas nossas cabeças. Olhei para Damon e ele parecia tão apreensivo quanto eu.

—Bem, a contagem de HCG no seu sangue está alta demais para o tempo de gestação, o que nos leva a crer que Elena está grávida de gêmeos.

Naquela hora, eu não entendi muito bem as palavras. Depois a frase ficou ecoando na minha cabeça — "o que nos leva a crer que Elena está grávida de gêmeos" — e tudo ao invés de clarear, foi escurecendo. Não sei bem quando, mas sei que desmaiei em seguida.


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