The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 17
Capítulo 15: Indo embora


Notas iniciais do capítulo

Quem aí ficou com raivinha da mãe da Elena? Eu também rs mas eu smp achei que Elena precisava de alguém pra colocar os pés no chão, e quem melhor que sua mãe pra isso? Então...
Agra eu sei que vcs vão querer matar a dita cuja mas como eu smp digo, tentem entender. Amar não é tão fácil quanto agt acha, ainda mais amar alguém que temos certeza que é o errado na nossa vida, mas se serve de consolo no próximo capítulo as coisas começam a se acertar



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Elena Gilbert

Viajar. Apesar de ter aceitado a proposta de cabeça erguida, e com orgulho, temia — sabia — que aquilo não daria certo, eu sabia muito bem que Damon ia dar um ataque quando soubesse que eu e Jeremy iríamos para Washington. Porém bem pior que ele, seria contar para meu filho. Cheguei em casa, e meu menino estava vendo desenho como sempre. Contei. Ele esperneou, e chiou como eu sabia que ele faria.

—Mas mãe eu não gosto de Washington! – ele gritou.

—Jeremy, você nunca foi lá.

—Mas eu não quero ficar longe do meu pai!

—Jeremy, não adianta! Nós vamos e ponto final. — acabei gritando.

Acabei dormindo pouquíssimas horas, e as que dormi foi muito mal. Sabia que na manhã seguinte, o pai do meu filho me arranjaria um grande caso. Sendo assim, na tarde seguinte criei coragem e fui pela primeira vez até o La Luna. Ele estava exatamente como eu havia desenhado. Ele não estava na cozinha, então fui andando até encontrá-lo. Cada curva daquele restaurante era uma facada no meu coração. Acabei encontrando-o no bar conversando com alguns garçons.

—Damon. — chamei tímida.

—Elena?! Aconteceu alguma coisa? — ele reagiu a minha voz. Afinal que outro motivo me levaria até lá?

—Podemos ir até seu escritório?

Ele me guiou até o local. Prendi a respiração ao entrar: mais uma coisa que eu havia desenhado. Como ele podia ter seguido à risca o que havíamos planejado há anos atrás? Aquele homem tinha que parar de me surpreender, ou um dia desses eu ia acabar cedendo de um jeito que eu não deveria.

—Eu vou para Washington. E o Jer vai comigo. — disparei de uma vez só.

Vi seus olhos arregalarem.

—Como assim levar o Jeremy? Você não pode levar o meu filho!

O tom grosseiro fez com que o pior de mim aflorasse. A dias nós não nos falávamos, estávamos meio distantes. Quando falava comigo, Damon só perguntava por Jeremy e pronto. Eu havia me perguntado o que havia acontecido, e depois me convenci de que aquilo era o melhor pra nós realmente. Apenas falar do que precisávamos, e ponto.

—Primeiro: abaixa o tom de voz, porque eu tô bem perto de você. Meu filho? Só porque convive com ele pouco mais seis meses já se coloca como pai? Faça-me o favor, você nem sabia que ele existia.

—Você é mãe, mas não pode fazer isso! Eu tenho direito de estar ao lado do meu filho!

Dei uma risada tão sarcástica, que pude sentir o ácido corroendo minhas esperanças de que ele pudesse fazer daquilo uma tarefa fácil.

—Quem disse isso?

—Eu tô dizendo! — ele disse exasperado.

Aquilo me enraiveceu de um jeito que nem eu sabia que era capaz. Vi minha imagem refletida no fundo dos seus olhos. Eu estava vermelha, meus olhos vidrados. Pela experiência dele, já devia saber que era uma péssima ideia querer me levar ao limite.

—Olha eu só vim aqui pra te dizer isso, então eu vou indo.

—Hey, por favor, não o tire de mim. Não assim. Não agora. — ele disse praticamente suplicando. Aquilo me atingiu, e tirou minha raiva por um minuto.

—Eu preciso.

—Você não tá entendendo, Elena. Você não vai tirá-lo de mim. Eu não vou deixar. — ele realmente estava seguro daquilo.

—E quem é você pra me dizer se eu vou ou não viajar com meu filho? — perguntei ríspida, já que minha raiva voltara poderosa.

—EU SOU O PAI DELE! — ele gritou como se quisesse reafirmar isso para o mundo.

—POIS POR MIM VOCÊ PODIA SER ATÉ O PÁPA QUE NÃO IA FAZER A MENOR DIFERENÇA!! — gritei de volta. Quem ele pensava que era? O rei do mundo?! — VOCÊ PARTICIPOU DE UMA VÍRGULA DA VIDA DELE!

—E isso foi graças a mim? — debochou. — ISSO FOI POR QUE EU QUIS NÉ? NEM SEI COMO TEM CORAGEM DE QUERER ME AFASTAR DELE DEPOIS DE TUDO QUE VOCÊ FEZ!

—EU FIZ? — perguntei incrédula — Você está louco?

—Não se faça de idiota. Você tirou de mim a chance de conviver com meu filho por seis anos — ele gritou.

—Você é mais estúpido do que eu pensava.

Caminhei alguns passos largos para longe da porta ao longo do corredor, para que ninguém nos ouvisse dentro daquele escritório e ele me seguiu.

—Ainda não terminei com você, Elena. — ele rosnou.

—Mas eu já terminei com você, Damon, há sete anos e não me arrependo nem um pouco disso. — menti da forma mais convincente que pude.

O ódio aumentou ainda mais em nós dois, as faíscas eram inevitáveis. As veias de seu pescoço pareciam que iriam estourar a qualquer momento, suas orelhas vermelhas, olhos arregalados. Nunca na minha vida eu o tinha visto daquele jeito, mas ao invés de recuar, era como se eu estivesse com desejo de briga, o gosto de sangue impregnado na minha língua.

—Olha aqui... — ameaçou segurando meu braço com força.

Empurrei sua mão com violência.

—Olha aqui você. Tá pensando que eu ainda sou aquela idiota de dezoito anos que se submetia à sua estupidez? Não vai adiantar tentar bancar o foda, eu vou levar meu filho embora.

—O que?

—Isso mesmo. Em três dias eu vou levar o Jeremy para Washington comigo e não vai ser você que vai me impedir.

—O que? — perguntou incrédulo. Eu já estava cansada daquele jogo de gato e rato.

—Gaguejei por um acaso?

—Não vou deixar. — ele segurou meu pulso com força.

—Haha. Veremos se você tem algum poder sobre isso — ameacei.

De repente Damon me pegou pelo braço, e me arrastou para mais perto dele, me fazendo chocar contra seu peito muito bem esculpido. Ele me empurrou de contra a parede do escritório e imprensou seu corpo no meu. Porque ele tinha que fazer isso?

Doeu demais sentir seu calor atravessando meu corpo e ver seu rosto a centímetros do meu. Por um segundo me esqueci das lágrimas, das imagens, de tudo que ouvi e falei e só prevaleceu na minha cabeça o presente momento. Sua respiração ofegante como a minha. Seu olhar mergulhado em mim. Seu perfume inesquecível impregnando minha pele, como se senti-lo fosse o bastante para me fazer perder a memória.

Mas não era, e meu coração sabia bem disso. E assim que meu cérebro registrou esse fato, meu corpo começou uma rejeição. Era como se o fato de estar perto dele pudesse me ferir. E de certa forma, realmente feria. Muito.

—Me solta! — consegui rosnar apesar da garganta seca.

Resgatei meus últimos resquícios de força e consegui empurrá-lo com meu corpo alguns centímetros para trás, mas não muito por ele ser bem mais forte do que eu.

—Elena... Eu não...

—Cala a boca! — minha voz saiu alta demais, enquanto eu empurrava suas mãos que seguravam meu braço com força.

Passei a mão pelo vermelho no braço que ele deixou do formato de seus dedos.

—Desculpa. — sussurrou — Mas você... me tirou do sério.

Aquilo me enraiveceu ainda mais.

—Então é assim que o jovem Salvatore resolve seus problemas? Na base da estupidez? — debochei — Eu vim aqui porque achei que não devia cometer o mesmo erro do passado e ir embora sem dizer nada, mas tô vendo que você merecia meu silêncio.

Ele me olhou intensamente como se pudesse ver minha alma, e aquilo me incomodou profundamente.

—Você só tá pensando em si mesma. — ele suspirou.

—Quer saber? Eu não sei por que perdi meu tempo vindo aqui. — meus olhos estavam umedecendo, e meu coração batia acelerado. — No fundo você nunca deixou de ser um moleque mimado. Nunca aceita a decisão alheia.

Virei meu corpo, e dei dois passos à frente. Mas algo parecia me puxar para trás. Então girei a cabeça e encontrei um Damon que eu nunca havia visto. Frágil e sem forças.

—Nunca mais vou deixar meu filho chegar perto de você. — disse com a voz fria, sabendo que aquilo o machucaria e também ao meu filho.

—Também é meu filho. — ele respondeu com a voz morta e arrastada, pois sabia que aquilo não significaria nada para mim.

Damon Salvatore

Era madrugada, e lá estava eu. Acordado pensando nos milhões de coisas que havia dito para Elena naquela tarde. Mas ela também não precisava ter feito do meu papel de pai tão insignificante. Ela não podia fazer isso. Simplesmente dizer que vai tirar meu filho de perto de mim. Jeremy era meu filho também, e precisava de mim tanto quanto eu precisava dele; eu sabia disso.

Tentei pensar num jeito que impedisse Elena de colocar meu filho naquele avião, porém só consegui pensar em uma: eu era pai dele, tinha tantos direitos sobre ele quanto ela... Disquei o número de Alaric e esperei.

—Alô?! — ele atendeu sonolento.

—Alaric? Ric, eu preciso da sua ajuda.

—Damon, pare de gritar. O que aconteceu? São duas da manhã.

—Eu quero impedir que a Elena coloque meu filho naquele avião.

—O que? — meu amigo pareceu engasgar.

—Ela quer levar nosso filho embora pra Washington com ela em três dias.

—Embora? — gritou me interrompendo.

—Ela vai levar o meu filho pra Washington. Eu... tive uma ideia.

—Qual? - pareceu mais acordado.

—Eu também sou pai, tenho direito, certo?!

—Claro!

—Ela não pode levá-la sem meu consentimento. Eu preciso de uma ordem judicial pra impedir isso... eu sei que você pode conseguir pra mim.

Elena Gilbert

Três dias depois...

—Filho, por favor, não faz essa cara. — pedi tentando ignorar a queimação nos meus olhos.

—Mas, mãe, eu quero ficar com o...

—Jeremy, sem mais! — ordenei.

—Elena?! — Caroline chamou minha atenção.

Sem que Jeremy visse seu rosto, ela sibilou para que eu pegasse leve. Fechei os olhos tentando controlar minha respiração. Precisava me convencer, de uma vez por todas, de que aquilo era a coisa certa.

—Er... filho. Vamos logo, não vamos deixá-lo esperando. — disse baixo.

—Porque hoje? — perguntou derramando mais uma lágrima.

—Mamãe só vai poder te explicar quando chegarmos a Washington, tudo bem? — pedi secando sua bochecha rosada.

—Papai não pode vir com a gente? — meu peito apertou com a forma como ele me olhava.

—Nós conversaremos sobre isso depois também. — falei mais seca.

Levantei da cama e fui direto para o banheiro o deixando sentado na cama.

Fechei a porta e ali sozinha pude desabar, tomando cuidado para que não me ouvissem. Ele havia conquistado também nosso filho, como tinha feito comigo. Porque eu tinha aceitado aquela ideia estúpida de deixá-lo conviver com ele? Agora seria tudo mais difícil. Sequei as lágrimas e lavei o rosto sem demorar demais. Eu tinha que enfrentá-lo agora. Precisava ser forte.

Já eram duas horas da tarde, e nosso voo sairia as cinco. O porteiro do prédio, senhor Michael, nos ajudou a descer as malas, enquanto Jeremy fazia um verdadeiro escândalo até o térreo. Meus nervos estavam num estado que faltava pouco para eu bater nele e depois cair no choro. Eu também não estava feliz com essa mudança, mas era preciso. Para o bem da minha sanidade e do meu coração, eu precisava me afastar de Damon.

***********************************************

—Boa sorte, Elena. — Damon desejou de longe, com os olhos vermelhos. Ele e Jeremy passaram quase uma hora grudados, chorando. E a mim só restou chorar mais ainda vendo essa cena, que passei a madrugada toda pedindo a Deus que não acontecesse, ou seria demais pro meu coração.

—Obrigada. — disse envergonhada por não ter conseguido formular uma resposta melhor. Eu, uma advogada, uma pessoa que lidava tão bem com as palavras, e não havia conseguido ter dito nada melhor que “obrigada”.

Entrei no carona do táxi e olhei pelo retrovisor. O homem ali parado a alguns metros do carro não se parecia com o adolescente que eu conheci.

Voltei meu olhar para frente antes que ele percebesse.

—Podemos ir senhora? — o taxista perguntou.

Assenti sem conseguir fazer nenhum som.

Ele arrancou com o carro e foi quando vi que Jeremy estava em pé no banco traseiro, mãos apoiadas na janela, olhando para a calçada.

—Jeremy, senta!

Ele fingiu não me ouvir e continuou vendo o pai se afastar. Seus soluços audíveis engasgados na garganta.

—Jeremy, senta agora. — mandei de novo.

—Querido, senta, por favor? — Caroline, que estava no banco de trás com ele, pediu mais perto dele.

Mas ele continuou em pé. Virei no banco e puxei sua camisa para baixo, mas não com força, é claro. Minha criança continuava de joelhos no banco traseiro do táxi. Uma mãozinha espalmada no vidro, e a outra segurando o pingente que o pai lhe dera. Um cordão de ouro com o brasão da família.

—Jeremy, sente-se agora!

—Eu quero ficar com o meu pai, dinda. — chorou.

—Ele não pode ir meu amor, sua mãe vai trabalhar em Washington.

—Mas se ela tivesse pedido, ele ia, dinda. Era só ela pedir.

Naquele momento minha garganta fechou e eu tive que me controlar muito pra não mandar o taxista dar meia volta e nos levar de volta. Meu peito doía de tão rápido que meu coração batia, pedindo, implorando, exigindo que eu voltasse pra casa, pro meu porto seguro.

—Já discutimos sobre isso, agora se sente antes que você se machuque. — ordenei ignorando seus clamores a sua dinda.

—Você vai deixar meu pai sozinho de novo. — sua voz estava chorosa — Porque?

Aquilo que atingiu. Era pura maldade com meu coração. Aquela criança chorando e dizendo algo do tipo.

—Você é muito criança para saber do que fala. Agora se sente! — me alterei.

Ele se virou e sentou no banco. Algo em seus olhos me assustaram. Mágoa profunda nos olhos do meu filho, me encarando, me julgando, me condenando a um erro que eu sabia que havia cometido.

—Porque eu não posso ter pai e mãe como todo mundo? Porque você tem que ir embora? Eu quero ficar!

—NÃO!

—Porque não? — ele alterou o tom de voz e as lágrimas começaram a rolar — Ele te ama! — chorou ainda mais.

—Chega! Cale a boca, Jeremy! — sem perceber eu já tinha gritado.

—Você precisa comer alguma coisa. — Caroline sussurrou ao meu lado, minutos depois de termos aterrizado em Washington.

—Não quero. Tô sem fome. — dei de ombros tomando cuidado para não acordar Jeremy que estava dormindo no meu colo.

—Não precisa se fazer de forte quando está comigo, Elena. Você sabe disso.

—Não quero falar sobre esse assunto.

—Tudo bem. Não vou te obrigar a nada.

Respirei fundo olhando ao redor no saguão do aeroporto.

—Ainda bem que ele não ficou chateado por aquilo. — apertei-o no meu colo.

—Não deveria ter gritado com ele.

—Você quer ajudar ou atrapalhar Caroline? — senti minha lágrima caindo.

Ela abaixou o olhar e fez carinho no rosto do afilhado.

—Acha que eu tô fazendo o certo? — perguntei receosa da resposta. Ela sabia bem do que eu estava falando.

—Não. Você ter sido um pouco mais sensível com o Damon.

—Eu não pensei que ele ficaria daquele jeito, pensei que ele...

—Iria abandonar o filho, certo?! — completou minha frase.

Eu apenas assenti e depois verifiquei se Jeremy estava mesmo dormindo.

—Ele pode ter mudado Elena. Já pensou nisso?

—Tenho medo de pensar. — confessei.


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