A Garota que Significou Tudo escrita por Srta Who


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Editado.



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Meu corpo ruía, e sinceramente este foi um dos meus favoritos, mas seria muito egoísmo de minha parte dizer que queria mantê-lo apenas para mim mesmo, não, conhecia outra pessoa que também gostava dele, alguém para quem precisava.... Perdão ‘’precisava’’ não parece uma palavra que que normalmente uso, ‘’queria’’ soa melhor, sim, alguém para quem eu queria desesperadamente dizer adeus.

Mas a deixei por último, por medo, eu tinha medo de vê-la novamente, de não conseguir me controlar, de agarra-la pela mão e nunca mais a deixar ir, porque isso iria destruir tudo, literalmente tudo, mas sabe a pior parte? Eu não me importaria de destruir até o universo inteiro para vê-la mais uma vez, para ouvir sua voz gentil mais uma vez, para mais uma vez, uma última vez, me sentir o homem mais importante do universo apenas por estar em sua presença.

Durante meses ela foi meu tudo e meu nada, eu a amei, não, sinto muito, eu a amo. Porém, próximo de mim talvez não sinta o mesmo, e eu não quero que isso aconteça. Quero de me lembrar de seu rosto, quero crava-lo em meus corações, por mais que doa, por mais que me quebre, por mais que quebre o universo no processo, farei o necessário para nunca esquecer a garota que significou tudo.

Estava escuro na sala de controles, sempre está nessas horas, ela respeita minha dor, e entra em luto junto comigo nessa fase, ela entende como é difícil. A escuridão me rodeava, dei uma risada sem humor, minha eterna companheira, a escuridão, ela sempre está lá, talvez não por mim, mas definitivamente sempre está lá para mim, me envolve, acalenta minhas noites ao relento de minha própria alma quebrada, enche-a de dor mais e mais, até que este homem quebre, e um novo surja para tomar seu fardo. Dela sei que nunca vou ter de me despedir, porque isso vai sempre estar lá, como uma doença que nunca vai embora, que nunca dá trégua, que vai sugar cada gota de vitalidade que ainda me resta.

Andei cambaleante até a porta da Tardis, tinha pouco tempo, podia sentir meu cérebro explodir, meu estomago revirar, minhas células se desfazerem, cambaleei, e quase cai, a Tardis se alarmou, e tornou tudo ao meu redor vermelho.

–E-Está tudo bem. Eu disse ofegante. Eu segurei no corrimão, ele parecia bem mais gelado que de costume, com muito custo levantei-me aos poucos, sentindo meus ossos doerem e minhas pernas reclamarem, mesmo que elas gritassem eu não atenderia, se sentasse agora, não levantaria até que tudo estivesse acabado, e então seria tarde demais, não podia desistir, continuei andando e cambaleando, respirei fundo sentindo o ar queimar em meus pulmões, abri a porta da nave cabine de polícia.

E então estava lá, novamente lá, nevava um pouco, o ar estava congelante, isso só piorou o meu estado, ignorei, andei, minha respiração era rasa e descompassada, cada passo era uma tortura, mas ela merecia cada dor, aquele corpo sempre foi dela para fazer o que bem quisesse, era mais do que justo que ele sofresse para que aqueles olhos lhe vissem uma última vez, parei em um lugar com sombra em frente a um prédio especifico que bem conhecia.

Não sabia em que ano estava, ela poderia ter qualquer idade agora, mas tenho certeza de uma coisa, ela não me reconhecerá, como poderia? Foi levada de casa por mim, teve sua linha do tempo alterada por um estupido que só procurava alguém capaz de aplacar sua própria solidão. ‘’. Tão egoísta’’, pensei. Tosi, uma tose forte, pus minha mão em frente a boca, quando olhei para ela, estava cheia de sangue.

–Rápido Rose... A-Apareça. Por favor. – Meus olhos marejaram com a dor.

Rose, minha Rose, pensei com um pesar imenso, meus olhos começaram a queimar, ela gostava desse corpo não era? Por que então não aparece para vê-lo uma última vez? Uma lágrima quente escorreu por meu rosto.

De repente me veio à cabeça cada aventura que vivemos, cada risada, cada brincadeira, cada viajem, pintei sua imagem da forma mais perfeita que consegui, ela é a garota que me mudou por dentro, quando achava que não era possível ela apareceu, com seu sorriso, seus cabelos loiros e sua compaixão, e me salvou, de mim mesmo, ela destruiu o monstro que havia dentro mim e me transformou em uma pessoa melhor, em retribuição a deixei ter uma vida livre de mim, quando estava naquela plataforma pronto para morrer sozinho ela apareceu, e me salvou mais uma vez, ela não me queria sozinho.

–Por favo Rose, esse corpo nasceu por seu amor, e se ele tem de ir, que sua última visão seja você, apareça. – Implorei.

Uma vez disse: Se eu acredito em alguma coisa, é só em uma coisa. Eu acredito nela. E minha menina rebelde nunca me decepcionou.

Eu a vi, virando a esquina e conversando com sua mãe, elas pareciam felizes, não pude evitar, sorri para sua imagem uma última vez, mas logo após gemi de dor e encostei-me numa porta gelada de metal, aquilo foi realmente um acidente ou só queria que ela olhasse para mim? Que voltasse sua atenção para mim, e para mim apenas uma mais uma vez? Nunca teria uma resposta.

–Está tudo bem aí? – Essa era sua Rose, sempre preocupada com meu bem-estar, mesmo quando ainda não o conhecia. Repeti a mesma mentira deslavada que ela ouviria centenas de vezes algum dia.

–Sim.

–Muita bebida? – Ela pensou que eu estava bêbado na viela, não a culpei, não a corrigi, não lhe disse que estava morrendo, não a alarmei sobre minha dor, não tinha motivos para fazer isso, eu deveria tê-la deixado e nunca mais a visto, aquele momento, era um presente, e não se reclama ou corrige-se presentes.

–Quase isso.

–Deveria ir para casa. De qualquer forma. – Ela deu um imenso sorriso, a dor já não era tão grande, era assim que eu queria guardar sua imagem, sorrindo, não beijando outro de mim como da última vez que eu a vi. – Feliz ano novo.

–Para você também. – Ela virou-se para andar novamente, devia tê-la deixado ir de uma vez, mas não consegui, simplesmente não pude. Passaram-se em minha cabeça milhões de coisas s quais eu podia ter dito em minha cabeça, mas todas soariam estranhas, ou mudariam a história. Queria poder muda-la, mas não se pode reescrever um livro quando já se está na última página, então eu disse a mais simples de todas:

–Q-Que ano é esse? – Ela se virou novamente parecendo se divertir com minha pergunta.

–Você deve estar realmente bêbado.

–Bem.... – Eu senti um peso, mas estava feliz, feliz por poder olha-la novamente, por ouvir sua voz, por ela rir de minhas bobagens, uma última vez só para mim.

–2005, primeiro de janeiro.

–2005 hein.... – Ela parecia estar congelando no frio, queria abraça-la e leva-la pra Tardis, deixa-la aquecida e tira-la daquele planeta, para irmos viajar, salvar vidas, mas não podia. –Eu acho que você vai ter um ótimo ano. – Ela deu mais um imenso sorriso.

–Te vejo por aí. – Então correu para o prédio, ela olhou para mim, o homem anônimo na escuridão mais uma vez. Eu estava a ponto de chorar. Fiquei lá abandonado, vendo-a partir, e isso doía mais do que qualquer regeneração pela qual eu tivesse passado, imagino se ela sentiu-se assim quando eu a deixei, espero que não, pois eu me odiaria eternamente por isso.

Ele não poderia ter dito o que realmente sentia por ela naquele momento, declarar seu amor incondicional a sua humana rosa e amarela, como poderia dizer ‘’eu te amo’’ quando aquelas três palavras sagradas não significariam nada para a garota que significou tudo? Não, ele continuou a guardar seus sentimentos para si mesmo. Aquele era seu último adeus, já que aquele era seu último dia, e ela deu seu primeiro olá, pois aquele seria o primeiro dia do para sempre deles.

...

Rose acordou de súbito na cama, ofegante e com medo, porque ela tinha sonhado com o Doutor? Já fazia tanto tempo, mais de dois anos que ela estava naquele universo paralelo, com sua metacrise, ele se chama John, eles estão casados e tem uma Tardis crescendo na garagem, ela foi gerada com a semente que o Doutor lhes deu, mais 3 ou 4 anos e eles poderiam voltar a viajar e correr pelo universo inteiro, então por que justo agora?

John acordou-se assustado vendo Rose sentada ao seu lado ofegando vermelha com os olhos inchados e desesperada.

–Rose? O que aconteceu? – Ela balançou a cabeça negativamente. –Vem aqui. John a abraçou e ela desmoronou em seus braços, chorava, e gemia muito, ele sentia as lágrimas quentes de Rose em seu pescoço, enquanto seu único coração batia preocupado com ela.

–O que houve? – Ele disse tirando uma mecha de cabelo da frente de seu rosto e acariciando sua bochecha molhada. -Diga-me.

–Ele... Ele está sozinho John, e com muito medo, eu posso sentir, o Doutor está morrendo.

O coração dele apertou, ele também sentia, ainda havia uma ligação entre sua mente e a dele, mas agora ela estava se desfazendo, e a última coisa que ele sentiu foi o doutor, sua mente gritava, procurava uma forma, qualquer uma de não ir, seu peito pesou. Quatro corações foram partidos naquela noite

–Eu não quero ir.

Foram suas últimas palavras

Rose sabia que ele estava só, ela e John tinham um ao outro, para sempre, mas e quanto a ele? Porque ele tinha que continuar nesse ciclo de quebrar seus corações e continuar sozinho? Aquele corpo, aqueles dias, tudo passou pela cabeça dela em um segundo, e queimou em seus olhos em forma de lágrimas por quase uma hora. Eles choravam a morte do Doutor juntos, enquanto este chorava sozinho, como sempre foi e sempre será a história sempre se repete, e na última página de cada capitulo há a mesma frase, ‘’e então o Doutor sozinho na Tardis...’’ O herói continuaria a sorrir com sua capa e sua máscara, mas o homem por trás do herói choraria solitário num canto, esquecido, e abandonado foi por esse homem que Rose e John lamentaram, pois foi esse o homem que mudou tudo, mas de quem nunca se soube nada.


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Notas finais do capítulo

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