Mais um dia de treinos no clube de natação da tão prestigiada Escola Samezuka. Como todos os dias, Rin era o primeiro a chegar, e o primeiro a entrar no vestiário.

Rin adentrava o vestiário como todos os outros dias, estava usando a roupa do colégio e escutava musica nos fones de ouvido. Largou a bolsa em um dos bancos e começou a desabotoar a camisa.

– Hmm... – Disse uma voz que Rin conhecia muito bem. – Mas já está se despindo?

Rin parou involuntariamente.

– Humpf! – Bufou o ruivo. – Estamos num clube de natação, quer que eu faça o que?

– Sempre com a língua afiada, ein? – Comentou o moreno que se aproximava. – Mas é isso que eu mais gosto em você.

Rin corou contra a vontade e grunhiu:

– Cala a boca idiota.

Sousuke apenas deu uma risada baixinha e se afastou para trocar de roupa também, mal sabia ele que Rin estava com o coração a mil por hora e já não conseguia mais trocar de roupa com ele por perto. Sousuke sempre fazia estas brincadeiras sem sentido e Rin sabia que não eram nada mais do que isso. Mas de uns tempos para cá, seu coração ficava descompassado e ele não conseguia mais tirar os olhos do moreno. Só poderia estar doente! , era isso que ele sempre dizia a si mesmo em momentos como este.

Rin esperou até que Sousuke fosse embora para finalmente trocar de roupa, ele sempre chegava mais cedo para evitar este tipo de situação, mas justamente hoje Sousuke teve que aparecer antes da hora. Rin se apressou para não ser pego com o rosto ruborizado e a respiração desequilibrada. Tinha que se recompor antes que os novatos chegassem e entrar na água para que ninguém pudesse notar os efeitos que a voz de Sousuke causava em seu corpo.

– Ei, Ri- Rin havia pulado na água sem nem se aquecer, jogando um enorme jato na cara de Sousuke. – Obrigado, era exatamente isso que eu precisava. – Disse o moreno com sarcasmo.

– Disponha. – Respondeu o ruivo.

Sousuke levantou uma sobrancelha em sinal de desentendimento. Não entendia qual era o problema de seu amigo, estava o evitando e nunca queria ficar sozinho com ele por nenhum motivo que fosse. O moreno se indagava se havia exagerado nas brincadeiras.

– Ei, Rin..- Começou o moreno novamente. – Vo-

– Aaah! – Exclamou o ruivo abruptamente. – Esqueci algo no vestiário. Já volto.

O ruivo saiu na velocidade da luz para fora d'água sem nem ao menos dar tempo do moreno pensar direito. Quando chegou ao vestiário, se sentou em um dos bancos e colocou as mãos sob o rosto. Não entendia qual seu problema, não queria entender. Isso poderia estragar tudo. Ele repetia para si mesmo mentalmente que não era gay. Que não queria ser.

– Senpai? – Momotaro estava parado diante de Rin com o olhar preocupado, nunca havia visto seu senpai tão abalado. – Está tudo bem?

– Si-sim... – Respondeu Rin vagamente.

Momotaro não se deu por satisfeito, como não possuía um filtro muito bom, apenas largou o que pensava na lata.

– Você ama o Sousuke-senpai né?

Rin olhou assombrado para o novato. Como podia dizer uma coisa destas com um olhar tão calmo?

– Não! – Exclamou o ruivo alto demais. – C-claro que não!

– Sabe... – Começou Momo. – Você deveria ser honesto consigo mesmo, ou logo vai acabar se machucando.

E foram com estas palavras que Momotaro saiu do vestiário, deixando um Rin confuso e abalado para trás. Sousuke escutava logo atrás da porta, ele havia seguido Rin e planejava entrar até ver Momotaro. Ficou chocado com as palavras do irmão do ex-capitão, nunca poderia imaginar que Rin se sentia daquela forma, sempre pensou que seu sentimento pelo ruivo fosse unilateral.

– Ei, Momo.. – Sousuke acenou para o pequeno Kouhai. – Venha aqui.

Momotaro se aproximou do moreno com um grande sorriso.

– O que foi Sousuke-senpai?

– Preciso de um favor seu. – Sousuke sorria maliciosamente e Momo não compreendeu aonde se encaixava naquele plano maluco.

ϟ

Alguns dias haviam se passado e Rin ainda evitava Sousuke a todo o custo.

– Rin-senpai!! – Momotaro estava acompanhado de Nitori e corria sorridente para Rin. – Vamos juntos para o clube!!

Rin fez que sim com a cabeça e seguiu andando devagar para que ambos os alcançasse. O dia se passou sem nenhum problema, apenas Sousuke que não havia aparecido e isso fez o ruivo pensar no que poderia ter acontecido. Momotaro viu uma chance de por o plano do senpai em ação e aproveitou.

– Sabe Rin-senpai.. Já que o Sousuke-senpai não veio.. – Começou ele de forma vaga. – Não gostaria de fazer uma aposta comigo?

– Aposta? – Perguntou Rin com uma sobrancelha alevantada.

– Isso! – Respondeu o Kouhai alegre. – Vamos ver quem descobre primeiro o motivo do Sousuke-senpai não ter vindo.

– E o que eu ganho com está aposta?

– Hu hu hu! – Riu o Kouhai convencido. – Sabia que diria isso, mas, já tenho tudo esquematizado.

Rin encarou o pequeno com desconfiança.

– Como assim?

– Se eu vencer, você terá que fazer algo que o Sousuke-senpai quiser.

– Hã? – Rin olhou surpreso para Momo. – Por que algo que ele quiser e não você?

– Por que eu acho que ele vai ser bem mais interessante do que eu. – Respondeu Momo na lata novamente, deixando Rin totalmente encurralado.

– E se você perder? – Perguntou o ruivo.

– Se eu perder, vejamos.. farei algo que você quiser. – Respondeu ele sorrindo.

Rin ponderou aquilo por um tempo, havia muitas coisas para serem limpas no clube - muitos banheiros para limpar por exemplo -, a ideia de fugir destas tarefas chatas fez com que o ruivo sorrisse satisfeito com a aposta.

– Pode ser. – Ele só precisava descobrir o que Sousuke estava fazendo, certo? Não seria difícil. Ele conhecia o moreno como a palma da mão. Mas o único problema era que Momotaro não estava sozinho na aposta.

Rin saiu em busca de algumas informações, vendo contatos e e-mails para ter uma noção do por que Sousuke não havia comparecido e chegou a uma conclusão. Resolveu ir falar com seu Kouhai atrevido.

– Momo! – Chamou Rin. – Ei, está por aqui ainda?

Rin encontrou Momotaro sentado perto de uma das raias conversando com Nitori.

– Já sei a resposta. – Disse Rin confiante.

– Sério? Que rápido Senpai! – Respondeu o pequeno radiante. – E qual é?

– Ele não queria vir, apenas isso. – Respondeu o ruivo com extrema convicção em suas palavras.

– Hmm.. sério? – Momo levantava de onde estava e andou para perto de sua mochila, pegou seu celular e mostrou para Rin. – Acho que não senpai.

No celular de Momo estava escrito:

“Desculpe Momo, pode avisar o Rin que não vou ir ao treino hoje? Tentei o celular dele e não consegui.

Peguei uma gripe horrível, vou ficar em casa. Obrigado.

Ass: Sousuke.”

Rin ficou pasmo. O maldito sabia a resposta desde o início.

– Ei! Momo maldito! – Exclamou Rin. – Você já sabia a resposta!

– Hehe! Nunca disse que não sabia. – Momo sorria inocentemente para Rin. – Além do mais, aposta é aposta. Terá que pagar Senpai~

Momo adotou uma postura sedutora, algo que Rin nunca havia visto antes e se aproximou.

– Sabe, deveria ir ver o Sousuke-senpai agora.

Rin já não sabia mais com o que se surpreender, então desistiu. Aposta era aposta afinal. Quando terminou o treino, pegou suas coisas e partiu rumo a casa de Sousuke. Chegando lá parou diante da porta e começou a se acovardar. Em sua mente pensava em milhares de desculpas para ir embora e quando finalmente havia se decidido a ser covarde mesmo, Sousuke abriu a porta e se deparou com o ruivo extremamente pálido.

– Rin! – Exclamou o moreno. – O que faz aqui?

Rin encarou Sousuke por um tempo até concluir que ele não parecia nada doente.

– Você não está doente?

– Doente? Ah! – Sousuke deu uma risadinha constrangida e completou. – Fala daquela mensagem que enviei para o Momo? Foi mentira, só queria ficar em casa.

– Sabia! Sa-bi-a! – Dizia o ruivo alegre.

– Hã? – Sousuke olhava para um Rin alegre e saltitante com diversão.

Quando Rin caiu por si, notou que Sousuke sorria para ele divertido, ruborizou e tentou se explicar brevemente.

– Então eu posso fazer um pedido, é isso? – O sorriso divertido de Sousuke logo mudou para um malicioso que Rin não sabia como descrever ao certo, estava muito deslumbrado para isso. Mas tentava disfarçar de todas as formas possíveis.

– Não! Eu ganhei! – Exclamou o ruivo. – Você ficou em casa por que quis.

– Mas o Momo não sabe disso, em todo o caso a aposta vale para ele. Então eu tenho um pedido a fazer.

– Hãã?? - Exclamou o ruivo indignado.

Ϟ

Alguns minutos mais tarde Rin estava vestido apenas com um avental e não sabia como reagir, seu rosto havia assumido a mesma cor de seus cabelos e ele ficava arrumando o avental de todas as formas possíveis e impossíveis para tapar o que o tecido já não conseguia cobrir.

– Que droga é está? – Perguntou o ruivo enraivecido.

Mesmo corado, ele ainda conseguia se manter com uma raiva aparente.

– Meu pedido. – Respondeu o moreno enquanto chamava Rin para perto dele. – Agora sente-se aqui.

Sousuke apontava para seu lado no sofá. Rin inconscientemente obedeceu, o que o deixou com mais raiva ainda.

– Pare de brincar comigo maldito!

– Por que? Não gosta de brincar comigo Rin? – Sousuke se aproximava perigosamente de Rin. Ele não possuía espaço para fugir naquele sofá tão estreito.

– Por que está fazendo isso? – Rin empurrava o peito de Sousuke com pouca força, Sousuke aproveitou-se deste pequeno momento de aceitação por parte do ruivo para lamber seu pescoço. Rin se arrepiou até os dedos dos pés, o que fez com que Sousuke sorrisse ainda mais.

– Ainda não deu para notar? – Sousuke segurou uma das mãos que empurrava seu peito e a levou até a boca, depositando um beijo e depois chupando seus dedos.

Rin não sabia o que fazer, parte dele estava imensamente feliz pela aceitação de Sousuke, mas outra se encontrava assustada pela situação. Notando que Rin não falaria nada, o moreno resolveu deixar tudo às claras e explicar da forma mais simplificada possível para o pequeno cabeça oca.

– Eu te amo Rin. – Sousuke não sorria de forma maliciosa, não possuía nenhuma outra característica facial além de extremo carinho.

O coração de Rin de encheu de um sentimento que ele queria a muito tempo que fosse correspondido, mesmo que tentasse negar, mesmo que tentasse fugir, mesmo que por todos os cantos gritasse que não queria. Ele se encontrava neste momento envolto de extrema alegria. E sem que seu corpo mais pudesse ouvir as gritarias de seu cérebro, ele agarrou o pescoço de Sousuke e selou seus lábios com um beijo caloroso. Sousuke foi pego de surpresa, mas não demorou muito para corresponder. Levando os dois amantes para patamares mais avançados e por fim deixando que a história de amor unilateral e mal interpretada conhecesse um caminho diferente. O caminho do amor puro e correspondido.