Na cidade medieval de El Dorado, finalmente a estação estava mudando, de verão para Outono, as férias dos membros da masculina guilda Dragones del Elemento, estavam prestes a retornar às atividades cotidianas e não teriam mais tanto contato com mais ninguém que não pertencesse à guilda.

Havia um vilarejo bem mediano, com algumas casas de madeira que formavam um corredor, umas eram coloridas e outras eram amadeiradas mesmo, a arquitetura delas parecia casa de boneca, junto às casas que ainda tinham calçadas gramadas, alguns estabelecimentos comerciais, pequenos jardins e chafarizes à beira da estrada principal que era de terra, na estrada só transitavam charretes.

Em uma das casas próximas do vilarejo...

–Já vai me deixar, hermano?- perguntou a menina de cabelos desarrumados e tom de voz masculinizada-

–É preciso, Lupita, tenho atividades a cumprir- respondeu Juanez com um olhar terno, na verdade suas feições eram sempre gentis embora muitas vezes não era tão inteligente-

–Por que, Juanes? É sempre assim, eu acabo ficando sozinha- retrucou Lupita de modo inconformado-

–Não fique assim está bem?- falou o maior colocando as mãos nos ombros da menina e lançou para esta um olhar doce e fraterno-

–Certo, certo, eu já devia estar acostumada com isso- falou Lupita, que retribuiu o olhar do irmão com um caloroso abraço-

–Sabia que me entenderia, admiro sua força, hermanita- falou Juanez com um belo sorriso nos lábios, em seguida ele acabou despenteando os cabelos da menina-

–Droga, você sempre faz isso- retrucou Lupita chateada-

–Sabia que faria essa cara, até à volta, hermanita- disse Juanez, que em seguida beijou a testa da irmã e saiu-

Próximo dali, em uma outra casinha de cor amadeirada, as janelas estavam abertas anunciando o dia que já raiava mesmo sem Sol, Pablo se levantava da cama e começava a se vestir para sair.

–Você já tem que ir?- perguntou a jovem loira que ainda estava deitada envolta aos lençóis-

–Tenho, mas você sabe que eu volto- respondeu Pablo com um belo sorriso, ele era um moreno alto de traços marcantes que sabia conquistar mesmo sem dizer um única palavra-

– Não é justo isso!- exclamou Dolores, que logo se levantou da cama e com lágrimas nos olhos abraçou o namorado- Você vai de novo para longe de mim e terá que me ignorar quando nos encontrarmos pelas ruas, eu não quero isso! Por que temos que viver como dois criminosos, mi amor?

–Você sabe- falou Pablo, que retribuiu o abraço da namorada-

–Quero você pra mim e não na guilda, faça como o Leon, abandone essa existência vazia- insistiu Dolores, que envolvia o moreno com abraços calorosos-

–Não faça isso, mi amada, será pior pra nós dois- falou Pablo com uma expressão séria-

Nessa hora, Dolores não conseguiu segurar as lágrimas, acabou caindo na cama e chorou copiosamente.

Pablo se sentiu penalizado, sentou-se na cama e ficou a acariciar os cabelos loiros dela.

–Se sente melhor? - perguntou ele gentilmente-

–Ah, adoro sentir o toque das suas mãos, tão perfeitas, mi cariño- declarou ela com um sorriso completamente envolvida-

–É assim que eu quero te ver- declarou o moreno prosseguindo com as carícias-

–Eu sei que você acabará indo para a guilda, mas por favor, vamos ficar assim mais um pouco, por favor- pediu Dolores séria-

–Está bem, mas somente por alguns minutos- consentiu Pablo com um sorriso, ele a abraçou e os dois trocaram beijos bem calorosos-

Em outra parte do vilarejo, havia um conjunto de pequenos chalés que rodeava uma linda praça que tinha estátuas de fadas e duendes aalém de umas plantas raras e flores, em um dos pequenos chalés, Héctor terminava de se ajeitar no espelho, porém a cada segundo achava um defeito em sua aparência, embora possuísse cabelos negros bem sedosos, uma pele branca aveludada, olhar marcante e lábios expressivos, porém uma altura mediana. Nada para ele estava bom, era o cabelo, o nó da gravata, as expressões faciais; na verdade isso era o que mais o angustiava, como ficar bem já que seu amigo mais querido saiu da guilda justamente para se casar? Era justamente isso que lhe atormentava.

–Leon, por que você fez isso comigo?- murmurava ele com os olhos marejados-

Ele continuou a olhar para o espelho e se lembrou do dia em que se separou da companhia de Leon, era como se um filme passasse na sua cabeça.

Flashback

Um ano atrás, em um dos alojamentos da guilda...

–Finalmente chegou o dia de eu sair dessa prisão- falou Leon, que terminava de arrumar suas malas-

–Você vai mesmo nos deixar, né?- perguntou Héctor triste-

–Eu vou viver a minha vida, Héctor, você sabe, depois que conheci a Sulamita, minha vida mudou- respondeu Leon decidido-

–Está bem, eu só quero que você seja feliz- declarou Héctor sério-

–Gracias, mi amigo- agradeceu Leon sorridente, que em seguida puxou o amigo para um abraço-

Héctor sentiu o coração palpitar mais forte, estar nos braços do seu amado era o que ele mais queria, eles continuaram assim por mais algum tempo.

–Já que vai embora, posso dizer o que está entalado aqui na minha garganta- falou Héctor, que logo fez com que os olhos de Leon encontrassem os seus-

–Nossa, o que será tão sério?- perguntou Leon com uma expressão de quem não estava entendendo nada-

–Você é muito importante pra mim e eu nunca vou te esquecer- declarou Héctor, que em seguida deu um selinho nos lábios convidativos do amado-

Leon ficou sem saber o que fazer.

–Mira, Leon, quero que seja feliz, se você escolheu viver sua vida ao lado dessa Sulamita, ficarei feliz, porque a sua felicidade é a minha- declarou Héctor de um jeito bem sério o encarando-

–Er... Héctor, eu não contei a ninguém, mas pra você eu posso, na verdade esse meu casamento com a Sulamita...

Nessa hora, eles foram interrompidos pela Ximena, a bruxa representante do senhor Gutierrez, o dono e fundador da guilda.

Fim do flashback

–O que será que ia me dizer, Leon? Não entendi até hoje o sentido daquela frase- desabafava Héctor angustiado ainda em frente ao espelho- Ah, não voltarei agora, melhor fazer algo um pouco divertido.

Héctor pegou uma pedra amarela, apontou para a janela e ao seu redor um círculo se formou.

–Viene agora a mi, Mercedita!

Na frente dele, se materializou uma bela garota loira de curvas bem definidas e usando um vestido preto e sapatos escarpin bem elegantes, o curioso era que a garota era a cara do seu mestre, com as mesmas expressões faciais, olhar e lábios expressivos.

–Oh si, pode falar, mi Maestro- falou a garota o reverenciando-

–Já que você apareceu tão rápido dessa vez, te darei um tempo bônus- decidiu Héctor sério-

–Maravilloso!!! Te amo, Maestro querido- falou Mercedita extasiada, que logo deu um selinho nos lábios do Héctor-

–Aiaiai, pare com isso, criatura pervertida e vá, quero que faça seus números de dança e...- interrompeu Héctor um pouco apreensivo-

–Me traga o que ganhar, ora, já sei disso de cor e salteado, Maestro Héctor- completou Mercedita, que gesticulava sem parar-

–Também, mas além disso, passe na modista e procure saber como está o Leon- ordenou Héctor sério-

–Ah, Maestro casanova ham, aposto que quer dar o troco na rival heim- alfinetou Mercedita com um ar de riso-

–Eu não disse isso. Vá logo, Mercedita e faça tudo do jeito que mandei- ordenou Héctor sério-

–Ahora mismo- consentiu Mercedita, que logo saiu-

Em duas ruas próximas que ficava próximo da floresta que dava para a guilda, caminhavam Diego e Miguel, que ao se encontrarem, fizeram uma expressão bem calorosa de dois amantes que se reencontravam.

– Finalmente, Miguelito.

–É verdade, Dieguito.

–Que saudades- declarou Diego de forma calorosa pegando na mão do menor-

–E eu também- falou Miguel com uma cara triste- puxa, você nem me escreveu.

–Tive medo, você sabe que nossas correspondências são confiscadas pela Ximena- declarou Diego acariciando as mãos do menor-

–É mesmo, tinha esquecido- falou Miguel apreensivo-

–Não fique mais assim, Miguelito, estamos juntos ahora- disse Diego sorridente o abraçando-

–Ah, Dieguito, você sempre sabe o que se deve fazer, se fosse só por mim, colocaria tudo a perder- declarou Miguel com ar sorridente se deixando envolver nos braços do maior-

–E eu vou cuidar para isso nunca acontecer, Miguelito, sempre- declarou Diego de modo bem amável e gentil, ele soltou o menor do abraço -

–Oh ya sé, um desafio aqui e ahora de magias holísticas, que achas?- desafiou Miguel com ar confiante-

–Aqui na rua?- perguntou Diego espantado-

–Por favor, será bem divertido, não me negues isso- insistiu Miguel com cara de criança pidona-

–Está bem, se és o que quer, aceito- decidiu Diego de modo gentil-

Diego ficou a esperar Miguel começar o desafio, mas ao invés disso, Miguel começou a recitar uma magia para transformar o amado em uma mulher, porém antes que pudesse continuar o encantamento, eles perceberam que alguém se aproximou, então pararam imediatamente.