Tudo É Possível escrita por Nena Lorac


Capítulo 10
10 - Dias De Escola


Notas iniciais do capítulo

"Gente ignorante brotam dos lugares mais inusitados."



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Tinha se passado duas semanas desde a notícia que Matthew finalmente tinha documentos. E essa semana que se iniciava era a semana que ele iria começar a freqüentar a escola com Francis. Ele queria a todo custo ficar na mesma série que Francis, e por causa disso, ele precisou fazer um teste de aptidão para ter absoluta certeza de que era capacitado para isso.

O resultado do teste tinha saído no fim de semana anterior com a resposta que ele esperava. E isso só dava mais motivos para ambos quererem acordar mais cedo e se preparar para aquele novo dia na vida de Matthew. Francis acordou o amigo as seis da manhã, e o ajeitou na cadeira para ambos irem tomar café e se arrumar.

– Eu nem acredito que isso está se tornando real! – Francis estava muito eufórico.

– Eu também nem acredito. E vamos ser colegas de turma! – Matthew devorava seu ceral.

– Só espero que não se atrasem. – a senhora Bonnefoy apareceu já apontando para o horário.

– Não se preocupe, tia. Nós ainda temos uma hora e meia.

Ela deu um suspiro e massageou um de seus ombros, andou em direção a Matthew e começou a guiar a cadeira para fora da cozinha. E sem entender nada, o menor se questionou o do porque dela fazer aquilo, e aos sorrisos ela explicou que se fosse depender dos dois juntos, eles chegariam às 10 da manhã no colégio.

Ela levou Matthew para o banheiro e o colocou na banheira. E enquanto ele se ensaboava, ela começou uma conversa um tanto deprimente para o primeiro dia de aula dele.

– Querido... tenha cuidado.

– Com o que? – ele parecia confuso – Eu vou para uma escola e não para a guerra.

– Só quero que saiba que sempre terá a mim e ao Francis.

– Eu não entendo o que a senhora quer dizer.

Matthew só testemunhou um sorriso fraco vindo da face de sua protetora e uma carinho no rosto antes dela pegar a mangueira e limpá-lo do sabão.

–-- X ---

Ambos se despediram da senhora Bonnefoy com um beijo e seguiram pela calçada em direção ao colégio. De tão animado, Francis até andava um pouco mais rápido com a cadeira, fazendo com que Matthew se segurasse com força nos braços dela.

Já que o colégio ficava próximo da casa deles, não demorou 15 minutos até eles chegarem. Matthew se deparava com aquela entrada, que nos dias anteriores não dera muita atenção ao levar Francis até lá. Mas hoje era diferente. Ele não só testemunharia como entraria naquele local. E acompanhado de seu melhor amigo.

– Vamos, Matthew! Nossa sala fica virando o corredor.

O mais novo olhava os corredores daquele local. Eram bem espaçosos e quase não se viam muitas paredes fora as salas de aula e de outros ambientes importantes. O colégio era bem aberto por dentro, o que o deixava bem agradável. Mas o que ele não poderia negar era o fato de ser o centro das atenções naquele momento.

Vários alunos, inúmeras vezes, o encaravam enquanto Francis o empurrava até a sua sala. Isso lhe dava uma sensação ruim. Era como se eles o julgassem antes de conhecê-lo. Então ele abaixou a cabeça e colocou as mãos no peito, tentando afastar esses maus pensamentos.

– Chegamos! 7-B! Eis a nossa sala. – Francis abriu a porta para Matthew testemunhar onde iria passar o resto do ano.

Quando a porta foi aberta, tinha alguns alunos espalhados pelo local. Alguns deles ignoraram o fato da porta ter sido aberta, já outros encaram a porta e acharam estranho por ter um menino novo sentado numa cadeira com rodas.

Notando esse fato, Gilbert correu em direção do novo garoto e começou as suas estranhas conversas.

– Quem ousa entrar sem a devida senha! – ele nem encarou o rosto de Matthew pois estava rindo e olhando para cima.

– S-Senha?? – Matthew estava nervoso.

– Deixa de besteira, Gilbert. Matthew é novo na turma, então não o assuste. – Francis repreendeu o amigo.

– Francis?? Desculpe, eu não tinha percebido que era você que estava pilotando a cadeira.

– Bem, agora que percebeu, pode dar licença? Vou colocar o Matthew sentado do meu lado.

O jovem garoto energético encarou Francis por um tempo e logo abaixou a cabeça para encarar Matthew. O menor acenou com uma das mãos tentando dar um “oi” para o novo colega. E sem fazer o que Francis pediu, Gilbert se agachou e encarou Matthew por um tempo. Após rir um pouco ele soltou uma frase totalmente sem nexo para os dois.

– Então ele é o gato... – e começou a gargalhar antes de sair da frente deles.

–-- X ---

Mais tarde, Matthew foi apresentado devidamente pelo professor representante da turma, mas quase ninguém dela o encarava de uma maneira amigável. E isso fez com que Matthew se sentisse mais aflito do que antes. As únicas pessoas que falavam com ele fora Francis era Gilbert e Antonio. E isso já perdurava por algumas semanas.

– Por que ninguém fala comigo...?

– Mas eu falo! – Gilbert respondeu – E Antonio também.

– E o resto da turma... eles me odeiam...

– Eles são idiotas. Você não precisa deles. – Francis falou.

Matthew e Gilbert encaravam Francis com uma expressão de dúvida estampada na face. Ele nunca fora de falar isso das outras pessoas. Mas quando se tratava de Matthew, ele sempre dava um jeito de agir diferente. Gilbert começou a sorrir sem jeito e disse que procuraria Antonio antes do intervalo acabar e saiu da presença dos dois.

E ambos os dois presentes ficaram em silêncio, até Matthew ter a coragem de se pronunciar para cessar a sua curiosidade sobre tais palavras que Francis proferia.

– Por que eles são idiotas...? Você nunca chamou seus amigos assim.

– Se eles lhe tratam mal, eles não são meus amigos.

– Você não precisa ter ódio deles por minha causa.

– Você não entende o motivo real de eu ter ódio deles...

– Olhem lá!! É o menino quebrado! – após ouvirem isso, alguns garotos começaram a rir e a apontar para Matthew.

Já completamente irritado, Francis levantou e partiu para cima do menino que tinha dito isso e começou a surrá-lo. Ele desferia vários socos na cara e no corpo do garoto. Ele ouvia algumas vezes o garoto pronunciar as palavras “gay” e “enfermeira” para Francis, mas ele ignorava esse fato e continuava a seção de pancadaria. Ele só parou quando Antonio e Gilbert o seguraram e Matthew começou a chorar quando viu Francis agir desse jeito.

Ele olhou para o rosto do garoto que acabara de machucar. Estava completamente vermelho, inchado, como se acabara de sofrer um acidente. Logo ele olhou para as suas mãos que estavam cheias de sangue. Elas tremiam. Isso resultaria numa coisa muito ruim depois. Então ele olhou para Matthew mais uma vez. Mesmo tão distante, ele estava tão lindo... só não era perfeito naquele momento porque estava triste, arrasado, surpreso...

Ele não agüentou e começou a chorar.

–-- X ---

A senhora Bonnefoy foi as pressas procurar a enfermaria do colégio. Ela recebera a ligação de que Francis tinha começado uma briga e que também tinha levado alguns machucados. Quando encontrou, viu Francis sentado numa cadeira de plástico com alguns curativos no rosto e Matthew segurando a sua mão.

– Francis... – ela suspirou – Como você me apronta uma dessas?

– Me desculpe, tia...

– Nem sei se teremos que pagar alguma coisa... E o menino está bem?

– Sim. – Matthew respondeu – Ele está logo ali na cama.

Ela virou o rosto e encontrou um garoto com o rosto totalmente irreconhecível e que permanecia chorando. Ela não conseguia compreender como o seu sobrinho fizera algo tão cruel quanto aquilo.

– Ele merecia. – Francis olhava para o garoto deitado – Ele vem falando mal do Matthew desde que ele veio estudar aqui.

– Como assim Francis? – Matthew parecia curioso.

– Todos os dias, eu venho escutando ele e os amigos deles lhe chamando dos piores nomes possíveis. – ele suspirou – Eu não queria que você soubesse, então não falei nada. Mas hoje foi demais! Ele não deveria falar essas coisas sobre você! E principalmente na sua frente!

O ódio vindo de Francis era compreensível, mas a violência não era a solução. Então uma outra senhora entrou na sala quase chorando e gritando o nome do garoto. Ela ficou alguns segundos do lado dele e começou a murmura sobre quem teria feito isso, e não demorou muito até ela descobrir que era Francis ao olhar para o outro lado da sala.

– Como você deixa o seu filho bater nos outro?? Que espécie de mãe você é?? – a mulher estava em choque e não conseguia raciocinar.

– Minha senhora, veja bem... eu não tenho culpa se foi o seu filho que começou com isso.

– Meu filho é um amor de pessoa! E pelo que eu soube, ele não começou briga nenhuma!

– Então falar mal dos outros não é querer começar uma briga? – Francis se meteu na conversa.

– Meu filho não fala mal de ninguém!

– Mas ele vem falando mal do Matthew já algumas semanas! – Francis apontou para o mais novo.

A senhora encarou Matthew de cima a baixo, e depois encarou a sua cadeira. Ele tentou sorrir de uma forma amigável para ela. Ela só fez bufar e se afastou dele.

– Agora vejo o porque dele falar mal dessa coisa... que repugnante!

Francis parecia mais irritado que o convencional. Ele queria partir para cima daquela mulher também, mas foi detido por sua tia. E a mesma tentou intervir para evitar ficar com tanta raiva quanto Francis naquele momento.

– Vejo que não é apenas o garoto que julga pela aparência... Veja, se precisarmos pagar alguma coisa, mande para a minha conta, mas fique sabendo de uma coisa: da próxima vez que o seu filho ou você fizer alguma ofensa contra os meus, independente de como eles sejam, eu irei processá-la por danos morais!

– Não entendo como eu posso estar errada por você criar dois monstros, mas enfim, falarei com o meu filho para evitar mencionar essa coisa no colégio e em casa.

Logo que respondeu isso, a senhora carregou seu filho no colo e saiu da enfermaria. Francis só se segurava para não ofende-la verbalmente. E ficava com mais ódio quando pensava que teria que aturar outras coisas por causa disso. Mas seu ódio e raiva acabou quando Matthew tocou a sua mão e sorriu para ele.

– Obrigado por me proteger Francis. Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

Perdoem os possíveis erros, irei corrigir assim que possível!

Pois bem, isso meio que mistura a minha infância também (nunca cheguei a bater em ninguém, e muito menos alguém batia por mim), mas eu creio que se tivesse alguém para me defender das merdas que me falavam, seria algo tipo isso... ou não!! Sejamos pacíficos sempre, pls~~

Mas sim, já encontrei gente ignorante a esse ponto de não ser apenas o filho, mas como os pais também. Gente assim deveria repensar as coisas antes de soltar merda pela boca. Algum de vocês já sofreu um bullying extremo??

Até o próximo capítulo~~