Roses escrita por LS Valentini


Capítulo 2
Memórias Perdidas


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews!
Boa leitura *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/605706/chapter/2

A força de impacto do carro foi tão grande que a placa foi ao chão, causando um ruído metálico por toda a estrada numa faixa de quilômetros. Logo, Killian tentava abrir a porta do Fusca, e não obteve sucesso, mas não desistiu de imediato.

O primeiro pensamento que lhe passou pela cabeça foi quebrar o vidro e destravar a porta. E assim o fez, apesar de ter se cortado com os cacos e quase fraturado os ossos da mão ele havia conseguido numa só tentativa. E só então percebeu que se tratava de uma mulher.

Retirou-a do veículo com cuidado, e colocando a mão sobre o pulso dela, se sentiu melhor ao ver que o coração dela ainda bombeava sangue. Quando a respiração dela tornou-se pesada, cessou de repente, fazendo com que ele se desesperasse. Mas a mulher voltou aos poucos, abrindo vagarosamente os olhos, mostrando duas órbitas esverdeadas confusas e até infantis.

Ela tinha feições finas, a pele levemente pálida em contraste com um fio de sangue que lhe percorria toda a face direita. Os cabelos loiros bagunçados caíam sobre o busto. Além daquele vestido azul que lhe caia perfeitamente.

"Quem é ela?", Killian pensou ao tocar o rosto dela para chamar-lhe a atenção, e de fato conseguiu. Mas tudo se transformou em dor e confusão quando a mulher lhe golpeou no rosto. Ele tinha que admitir: ela era forte.

– Ficou louca? - ele apertava sua mão contra o nariz.

– Quem é você? - ela perguntou assustada ao colocar a mão na testa e o líquido vermelho tingir-lhe os dedos - Onde estou?

– Você pode me chamar de Sr. Jones, e estamos Storybrooke, Maine. - ele respondeu - Como está se sentindo?

– Eu... eu sei me virar sozinha.

Ela se levantou e agiu como se nada tivesse acontecido, mas suas pernas fraquejaram, se não fosse por Killian apoiá-la, estaria no chão novamente.

– Qual o seu nome? - Killian perguntou com cara de dor.

– Emma... - ela parou de falar - Não quero sua ajuda.

De certa forma, ele a admirou por dizer aquilo, principalmente porque ela deveria estar com dor, mas era teimosa demais para admitir qualquer coisa. Até se parecia com Killian nesse quesito, e foi por isso que ele deu meia-volta, pegou as caixas e seguiu seu rumo, deixando a Srta. Sabe Tudo para trás.

– Se não quiser morrer de hipotermia, de fome ou até mesmo de tétano por esse machucado enorme na sua testa, é melhor vir até a minha casa. - ele disse seguindo a estrada - A primeira que encontrar.

– E se você for um maníaco?

– Ninguém desconfia do homem com caixas de rosas, sabia? - ele falou mais alto - Sou sua única chance de sobreviver.

Emma sabia que o conhecia de algum lugar, mas seu cérebro escondia suas memórias. De fato, ela só se lembrava do primeiro nome, ou melhor, o único nome que lhe veio à cabeça.

...

FLASHBACK ON

As crianças estavam para se encontrar no jardim mais bonito do bairro, exatamente à meia-noite, como combinado.

– Killian? - Emma sussurrou.

– Tô aqui - ele respondeu no mesmo tom - Que bom que veio.

Logo atrás dele, uma garotinha de uns 5 anos - com os olhos pesados de sono e pijama com desenhos de maçãs -, caminhava vagarosamente arrastando seu urso de pelúcia no chão.

– O que vocês tinham que me contar de tão importante? - Emma perguntou, mas não obteve resposta.

Eles todos se sentaram na grama. Killian retirou uma caixinha de presente do bolso do casaco e entregou para a amiga.

– Feliz Aniversário! - ele disse e recebeu um abraço.

– É isso aí, e não me abrace. - a mais nova falou, e Emma só lhe direcionou um sorriso.

– Vocês se lembraram! - ela exclamou - Mas porque resolveram me entregar o presente essa hora?

Mas não precisou de resposta alguma, só olhou para o céu e entendeu o porquê.

Uma chuva de estrelas surgiu no céu bem no momento em que o relógio marcou 12:02. Os olhos de Emma brilhavam ao ver cada ponto brilhante, e no total dos que contou foram cerca de 12. Mas em alguns segundos tudo acabou. A garota abriu a caixa de presente, e se deparou com um pingente de cisne.

– Obrigada, é meu animal preferido em todo o mundo!

– Eu percebi - Killian falou apontando para a blusa dela, com aquela ave estampada.

Emma corou e perguntou:

– Eu vejo vocês ao meio-dia?

– Sim - eles responderam de forma uníssona.

E assim a aniversariante foi indo embora, mas de repente girou seus calcanhares e antes de sair correndo para dentro da mansão, disse:

– 12 é no nosso número.

A menina mais nova pôs-se a rir descontroladamente.

– O que foi, Gina? - ele perguntou.

– Vocês estão namorando! - sorriu ainda mais - Elizabeth e Killian estão namorando!

– Regina Mills... Volta aqui agora! - ele gritou e começou a correr atrás dela.

FLASHBACK OFF

...

P.O.V KILLIAN ON

Eu podia simplesmente deitar a minha cabeça no travesseiro e dormir pelo resto da noite, mas não consegui. O sentimento de culpa por tê-la deixado sozinha na estrada me consumia. E se ela estivesse morta de frio? Ou algum animal tê-la ferido? Só precisava saber se a tal Emma estava bem.

Minutos depois do meu conflito interno, resolvi procurá-la. Coloquei meu casaco e calcei minhas botas. Assim que abri a porta, me deparei com Emma prestes a bater na porta. Ela abaixou o braço e disse:

– Oi... Sr. Jones - e dessa vez parecia mais confusa - Preciso de ajuda.

– Pensei que não precisasse - falei ríspido, e fechei a porta.

O que eu estava fazendo? Ela me pede ajuda e ao mesmo tempo em que eu quero ajudá-la, também quero fugir porque não sei o que dizer. Isso nunca me aconteceu antes, talvez uma vez apenas. Lutei contra tudo e abri a porta novamente. Ela estava próxima ao jardim, parada de costas, observando o céu. Eu fiz o mesmo e percebi que estava chovendo estrelas.

–Eu sei que o senhor está aí. - ela disse - 12.

– O quê?

– Contei a quantidade de estrelas que caíram. - sorriu - Desculpa por ainda estar aqui, já estou indo embora.

– Espera! - eu exclamei - Eu que peço desculpas, agi como uma criança mal educada.

– Isso é verdade... - acho que ela estava gostando de me irritar.

– Como conseguiu atropelar, danificar o patrimônio público e encher a paciência... - eu não conseguia parar - Isso tudo em plenas 11 da noite?

– 12, ou melhor, meia-noite.

– O quê? - fiquei perdido.

– É Lua Cheia, e ela está no ponto mais alto do céu... Então é meia-noite.

– Quem é você? - fiquei a observando por um tempo.

– Espero que possa me ajudar com isso. - ela abaixou a cabeça fechando os olhos - Porque eu não me lembro de absolutamente nada.

Aquilo era grave, eu tinha certeza. Ou era um golpe, e eu não estava percebendo. Mas sendo um pobre coitado como eu, com uma casa de madeira no meio do nada e um jardim cheio de rosas mortas, a primeira opção estava correta.

– Vou cuidar desses ferimentos primeiro - falei.

Assim que entramos em casa, ela se acomodou no sofá e esperou até que eu trouxesse o kit de primeiros socorros. Minhas habilidades não eram mais as mesmas, mas eu consegui me virar. Quando tentei limpar o sangue do machucado em sua testa, ela recuou comprimindo os olhos.

– Nem está doendo tanto assim. - falei ao segurar o queixo dela involuntariamente e me deparei com um sorriso arrebatador.

– Não é você que está machucado - ela mostrou a língua num ato infantil.
Aqueles olhos verdes encontraram com os meus, e a sensação que ao mesmo tempo era nova e antiga tomou conta de mim. Ou de nós. Eu a conhecia de algum lugar, mas onde?

Me desvencilhei de tudo aquilo e voltei a me concentrar nos ferimentos. Assim que terminei, percebi que ela estava sonolenta demais para se manter acordada por mais tempo.

– Você precisa dormir - falei.

– Aqui é um bom lugar pra dormir - ela fechou os olhos.

– Se quiser ter torcicolo e não conseguir se mexer amanhã... - percebi que ela já dormia.

Mas eu não podia deixá-la ali, então a carreguei no colo até minha cama. Quando fui fechar a porta, tive que observá-la só mais uma vez pra ter certeza de que aquilo não era um sonho do qual eu poderia nunca mais vê-la.

– Boa noite.

"Droga! O que está acontecendo comigo?", pensei confuso.

P.O.V KILLIAN OFF

...

De manhãzinha, Killian se levantou do sofá, e de fato não conseguia mexer o pescoço. Caminhou até o local do acidente na noite anterior e observou o Fusca. Encontrou uma mochila, que provavelmente era de Emma, e percebeu que o carro estava quase sem gasolina.

– Você dirigiu por muito tempo até chegar aqui - ele disse como se ela estivesse ao seu lado.

– É mesmo? - uma voz familiar soou, o assustando.
Uma mulher morena, elegante em seus saltos finos se aproximou com uma cara desconfiada e sobrancelhas arqueadas.

– Regina? Meu Deus... Por que você sempre tem que aparecer do nada?

– Eu te conheço, você só se assusta quando faz algo errado, e me chama de Regina quando está preocupado... - ela disse - O que você está escondendo?

"Acorde chegou a hora garotinha, acorde

Todas as coisas ruins que fizemos ainda irão voltar

Acorde chegou a hora garotinha, acorde

Apenas lembre-se quem eu sou de manhã

Você está perdendo sua memória agora".

Losing Your Memory - Ryan Star


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estão gostando?