Sinfonia - Destino Trocado escrita por cele_cambeses


Capítulo 6
Capítulo 5: Um capítulo "delicado"




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(Assim que amanheceu no campus, Naty encontrou Dan em uma mesa da cantina. Só de estar cercado por tantos copos de café, já dava para ver que o que escrevia não era lá tão fácil de ser passado para o papel)

Naty: Bom dia. Que derrota, hein? Não dormiu?

Dan: Estava fazendo uns trabalhos e tendo umas ideias. (disse, entre muitos bocejos. Na verdade, caretas das mais variadas se retorciam por segundo em demonstração de cansaço)

Naty: Hum. Misterioso. Posso ver?

Dan: Não, não, não! Você nem vai conseguir ler. Olha o meu estado! Deve estar sem nexo, e a minha letra tá péssima! (fez outra careta pior ainda ao analisar a folha): Pô, pior que tá mais horrível do que eu pensava. Ih, caraca! Nem eu tô entendendo o que eu escrevi! Os meus garranchos me deprimem, serinho.

Naty: Ok, né, piradinho. Escuta, já soube de ontem...

Dan: De quê? (deu um leve sobressalto, receoso de ter que comentar os fatos)

Naty: Você e Babi. Já decidiu alguma coisa?

Dan: Mais ou menos, não é tão simples.

Naty: Então não deveria ter feito.

Dan: Fácil falar, você não estava lá. E, engraçado, quem é que estava que nem doida há um tempo correndo atrás de algum maluco aí fantasiado? Se não fosse o Diego mesmo, você estaria procurando até hoje, e eu que te diria essa frase perfeita de apoio moral, "amigona"!

Naty: Verdade, dei sorte mesmo.

Dan: Mas se arriscou também, faz parte da vida.

Naty: Só estou te falando o que eu acho.

Dan: Tá bom, Naty, desculpa, então. Café e noite sem dormir me dão crises de sinceridade extrema. (deu de ombros antes de se revigorar com mais um gole de cafeína)

Naty: Não me importo com a sinceridade, desde que você seja delicado ao dizê-la.

Dan: Tá bom, se um dia eu achar que uma roupa sua ficou feia, eu conto com um beijo na testa e um buquê de flores. (fez um comentário tão oportuno que acabou arrecadando uns risinhos)

Naty: Até que eu não me importaria, sabe? (confessou, sem entender o porquê do beijo no rosto que recebeu logo em seguida, antes de ele começar lentamente a arrumar as coisas sobre a mesa): Eu gostei, mas por que isso?

Dan: Nada, ué. É só um "bom dia com delicadeza". Muito melhor do que "oi, que derrota, hein?" (esbanjou um dos seus sorrisos laterais ao implicar)

Naty: Tá bom, desculpa. Vem cá. (também lhe beijou a face carinhosamente em retribuição à amabilidade): Vou tentar de novo: bom dia, Lorde Daniel. O senhor está muito elegante com as suas olheiras novas e a roupa de ontem!

Dan: É, garota, você é péssima em elogios! (teve que rir da brincadeira dela): Vai dar uma jornalista com um bando de processos nas costas! Ou, quem sabe, uma colunista de sucesso do "Meia Hora", se der muitas pitadas a mais de sarcasmo. Aliás, essa roupa não é a de ontem, só é parecida. Eu tomo banho, valeu?

Babi: Bom dia. (cumprimentou-os assim que os viu e estranhou ser respondida do modo mais básico por ele. Afinal, não era comum não receber logo de cara um paparico ou zoação): Hum... Sem gatona, minha linda ou piadinhas?

Naty: Ele passou a noite em claro enchendo a cara de café. Daqui a pouco vai ter um efeito retardado e falar contigo de novo.

Babi: Não dormiu por causa de ontem? (demonstrou toda a preocupação que sentia ao tocá-lo naquele ombro mais do que inquieto)

Dan: Não, pô! Eu só estava fazendo uns trabalhos atrasados.

Babi: Mesmo? Jura? (quis confirmar, não muito convencida pela explicação)

Dan: É... Naty, acho que aquela cabeça lá no fim do corredor com cabelinho cacheado de ator da Malhação é o Mineiro. Vai lá, corre, Mary Jane!

Naty: Tá bom, eu saio, ô, sutileza em pessoa! (deixou-os sozinhos, mas não sem antes mostrar a língua para Dan pela alusão aracnídea feita)

Sugestão musical: Midnight Bottle – Colbie Caillat

Babi: E aí? (contorceu os lábios com um constrangimento que não lhe era habitual)

Dan: Não sei. (sentou-se ao lado dela em um banco, onde lhe segurou ambas as mãos): Babi, você sabe que é muito importante pra mim, eu até disse isso ontem. Você é linda demais, só que... Ai... Como eu falo isso?

Babi: Pode falar com a boca. Só uma sugestão. (riu para descontrair, mas o fez sozinha)

Dan: Você não vai ficar bolada?

Babi: Ih! Claro que não. Eu te amo!

Dan: Quê? (arregalou os olhos, sentindo o coração acelerar rapidamente. Quanto a ela, afligiu-se em iguais termos assim que percebeu o mal entendido)

Babi: Não! Calma! Quis dizer como amigo, seu louco!

Dan: Pô, se quer matar, passa logo com o carro por cima!

Babi: Dan, relaxa. Eu pensei muito e vi que somos perfeitos como amigos. Para quê estragar? Eu não costumo trocar o certo pelo duvidoso. E, além disso, é meio esquisito pensar em nós dois como um casal. (pôs a mão em seu joelho e emitiu uma risada breve)

Dan: Também acho. Imagina! Se a gente já brigou bastante só como amigos, que dirá sendo mais do que isso.

Babi: Exato! A gente curtiu, e foi maravilhoso ficar com você. Mas namorar um amigo é quase como jogar pôquer: ou você ganha ou você perde tudo. E a sua amizade é importante demais para eu arriscar perder assim. Não me imagino mais aqui sem você.

Dan: Oh, assim eu choro! (deu-lhe um cutucão na cintura só para bancar a peste): Mesmo sem você saber lá muita coisa sobre pôquer, ao que tudo indica.

Babi: Deixa de ser chato! (tentou fingir que não achou graça): Então, amizade colorida?

Dan: Que proposta indecente! Sou moço de família, tá? Quase virgem! (prendeu o riso para não estragar a expressão angelical que simulava, a qual só a fez bater na própria testa no mesmo tom de brincadeira)

Babi: Ih, então vou ter que casar. Já acordei com você! Lembra?

Dan: Vem cá. (puxou-a para si em um abraço apertado): Eu te adoro, tá bom? E não é pouco, não.

Babi: Eu também! (olhou-o com afeto e, então, lhe deu um selinho tão despretensiosamente que só reparou o que havia feito quando se viu diante do cenho franzido dele)

Dan: Perdi essa parte do acordo?

Babi: Desculpa! Me perdoa, por favor! A gente fez isso tantas vezes ontem que foi um tipo de reflexo!

Dan: Relaxa, zebrinha. Não me irritou, não! Eu até gostei de ter benefícios, sou foda! (fez-se de presunçoso para, quem sabe, conseguir deixá-la mais à vontade)

Babi: Ai! Tô até com vergonha agora! Desculpa! É tão constrangedor isso tudo!

Dan: Ah não! Você tímida? Isso merece atitudes imediatas! (aproximou-a bruscamente para beijá-la na boca, sem mais um vestígio de hesitação sequer): Pronto, agora tô me sentindo um palhaço também. Bom dia pra você. (dito isso, retirou-se, deixando-a um tanto confusa, mesmo sem ter a intenção. Juntou-se a Diego e Naty na sala de palestras alguns minutos depois)

Paulo (professor e publicitário muito bem sucedido): Bom, turma. Apresentem os seus trabalhos teóricos hoje, que daqui a duas semanas os melhores farão um trabalho prático valendo ponto extra.

Naty: Como assim? Que espécie de trabalho prático? (indagou ao levantar a mão)

Paulo: É comunicação na prática! Vocês vão dar uma palestra para os calouros e quem mais quiser ouvir sobre o perigo das drogas. Esta faculdade está tendo muitos problemas com alunos drogados. Então, uma conscientização faria muito bem a eles. Vamos ver o efeito que isso vai ter.

Naty: Ótima ideia, não é? (comentou com Dan e Diego antes das primeiras apresentações. Em seguida, todos os trabalhos teóricos foram apresentados, no geral, de forma bem executada; o que levou o professor a um grande impasse quanto ao preenchimento das vagas para a parte prática)

Paulo: Quando eu tomar uma decisão, deixo os nomes dos vencedores no mural perto da cantina. Estão liberados.

Dan: Tchau, professor. (despediu-se ao passar por ele. Depois, pegou o celular e discou o número de casa): Jackie? Baixinha, que tal ajudar o seu irmão com um presente?

(Ao cair da noite, Naty estava sentada na entrada da faculdade com Diego quando viu Dan regressar muito feliz, trazendo um embrulho nas mãos)

Naty: Dan! Oi! Que cara de felicidade é essa?

Dan: Comprei o presente da Babi hoje e vi a minha baixinha!

Naty: Sua irmã?

Dan: Uhum. Estava com muita saudade dela! O bom é que as férias estão chegando, e eu vou poder ficar com ela por mais tempo.

Naty: Ué, mas como viu a sua irmã? Vocês não moram no Rio?

Dan: Ah, faltei ao resto das aulas e dirigi bem mais do que qualquer um gostaria.

Diego: Fala sério... (deu um resmungo que foi por inteiro ignorado)

Naty: Mas então, comprou o quê para ela?

Dan: Se eu contar, terei que te matar! (encarou-a com o semblante forçosamente endurecido e depois riu, assim como ela o fez)

Naty: Bobo! Já sabe o que vai fazer se for o escolhido do professor?

Dan: Ah, depois vejo isso. Tchau, galera, tô com pressa! Tenho que trabalhar em umas coisas! (sumiu de vista em poucos segundos, a fim de concluir a tempo cada passo do que tinha idealizado para a celebração que se aproximava. E, decorridos alguns dias de total normalidade, enfim chegou a data do aniversário de Babi)

Dan: Alex! Levanta!

Alex: Que foi? (lamentou semiacordado e jogou um travesseiro contra ele)

Dan: Você falou que queria ir comigo e me ajudar!

Alex: Aff... Tá, tá. (levantou-se, vindo a abandonar a cama ainda mais contrariado do que já estava. No quarto das meninas, no entanto, o dia havia começado de uma maneira bem mais animada)

Naty: Parabéns, amiga! (berrou assim que viu Babi regressar ao quarto, de banho tomado): Olha o que eu comprei! (entregou-lhe um presente)

Babi: Ah, obrigada! (abriu o embrulho apressadamente, sem se preocupar com a integridade do papel estampado com bichinhos): Que blusa linda! Meu Deus! Ainda tem uma gatinha pensando "eu arraso". Ah, amei! Obrigada! (abraçava-a, cheia de gratidão, quando, de repente, ouviu um som agudo ressoar pelos corredores. Vinha de um amplificador? Puxou a sulista para averiguar do que se tratava e estranhou dar de cara com Dan. Não que a presença dele em si fosse inusitada; estava perplexa era com o fato de ele estar cantando, em sua homenagem, a música mais famosa da banda Raimundos)

Sugestão musical: Mulher de Fases – Raimundos

Dan: "Ela é "pró" na arte de pentelhar e aziar, é campeã do mundo! A raiva era tanta que eu nem reparei que a lua diminuía!" (enunciava os versos, sem deixar de recordar cada momento entre a aniversariante e ele que justificava a sua escolha musical)

[Babi: Se liga, menino. Você tá muito franguinho ainda. Ganha mais experiência, e depois a gente conversa, tá? Só o que me faltava, um calouro achando que estou dando mole!

Dan: Aí, não precisa esculachar, era só brincadeira!

Babi: Você vai ter que melhorar muito para ficar comigo um dia. Só pego homem com pegada!

Dan: Ih, nunca provou pra ver se eu tenho! Falou a experiente, agora.]

"A doida tá me beijando há horas. Disse que se for sem "eu" não quer viver mais não. Me diz, Deus, o que é que eu faço agora? Se me olhando desse jeito ela me tem na mão."

[Dan: Você está bem? (arrastou-se para o lado, às gargalhadas, enquanto ela permanecia deitada, engasgando-se nas tosses e nos risos)

Babi: Devo ter ralado a bunda, mas tô legal, sim!

Dan: Péra, deixa eu tirar o cabelo da sua cara. (afastou os cachos da face de Babi, recebendo um olhar intenso em troca, que nunca obtivera até então. A veterana o acariciava na parte frontal do cabelo castanho recém-recuperado, com o semblante cada vez mais próximo do seu)]

"Meu filho, aguenta! Quem mandou você gostar dessa mulher de fases? Complicada e perfeitinha, você me apareceu. Era tudo o que eu queria. Estrela da sorte!"

[Babi: Vai arder? Ai, não, água oxigenada não.

Dan: A gente assopra!

Babi: Mas o machucado não é tão pequeno assim, vai doer.

Dan: Vai não. Segura a minha mão e, se doer, pode apertar à vontade. (exibiu um sorriso tranquilizador antes de ir buscar o kit de primeiros-socorros): Calma, não vai doer nada. (passou o algodão molhado com o antisséptico sobre a escoriação delicadamente, cobrindo-a, por fim, com um band-aid): Viu? Curativo pronto! Não doeu nada!]

Babi: Obrigada! Ninguém nunca fez algo assim por mim! (foi externar a emoção que sentia na forma de um abraço, mas se espantou quando ele a recebeu com um selinho carinhoso. E as pessoas que foram se aglomerando no local iniciaram um burburinho animado pela fofoca que ganharam para comentar por um bom tempo. Já Naty, por outro lado, ficou sem qualquer reação)

Dan: Parabéns, linda! Pra você, foi a Jackie que escolheu comigo. (entregou-lhe uma caixinha de veludo. Quando a morena a abriu, se deparou com um anel prateado que exibia no centro uma pedra cor-de-rosa)

Babi: Nossa! Eu nem sei o que dizer...

Dan: Não diz nada. O dia é seu!

Babi: Obrigada! (encheu-lhe o rosto de beijos de uma intensidade ainda maior do que aquele recebido há pouco): Eu sei que pode ficar estranho, mas posso? (contorceu a boca ao fazer tal sugestão que ele não demorou a entender)

Dan: Zebrinha, já disse, o dia é seu. Pode até apertar a minha bunda, se quiser! (deu uma piscadela e abriu um sorriso ao fazer graça. Na verdade, desde a chegada, só deixou de sorrir nos momentos em que ocupou os lábios com os dela; como agora o fazia)

Babi: Vou trocar de roupa. Me espera pra tomar café?

Dan: Babi, vou explicar de novo: se você quiser, hoje fico aqui na sua porta esperando até pro jantar!

Babi: Te vejo daqui a vinte minutos. (tocou a boca na dele mais uma vez antes de entrar no quarto, enquanto Daniel permaneceu ali; apenas ficou sentado na escada, afinando a guitarra para se ocupar durante a sua ausência)

Dan: Naty! Acorda! Autistando, menina? (usou a gíria carioca, e nada politicamente correta, para chamar a atenção dela)

Naty: Ah, oi. Só tava aqui pensando que foi muito legal o que você fez hoje.

Dan: Nada de mais. (abriu mão de todo o mérito do qual outras pessoas, contudo, não o absolveriam)

Alex: Cara, olha isso! (cutucava-o seguidas vezes no braço como um molequinho chato): As garotas tão se derretendo ali!

Dan: E daí? Parece que se impressionam fácil, só isso.

Alex: Como é? (cerrou os olhos): Ah, esqueci que você tem sérios problemas!

Dan: Sim, começando pelo colega de quarto.

Alex: Cara, me ensina a tocar guitarra?

Dan: Beleza, quando?

Alex: Agora, ué! Se ajuda a pegar mulher, não tenho tempo a perder!

Dan: Folgado você, hein? Tá, você me ajudou com todos os cabos e aparelhos hoje, posso ensinar pelo menos um acorde agora. (aguardou que ele se acomodasse ao seu lado no degrau e tentou, em vão, ensinar um acorde básico)

Alex: É assim? (segurou o instrumento, todo desajeitado)

Dan: Se você estiver tentando parecer um idiota, sim. Tá todo torto!

Alex: Ai! Se depender de música, vou morrer na seca. (ao ver passar uma caloura, no entanto, sorriu a fim de testar o próprio charme): E aí, gatinha?

Beatriz: Oi, Alex. (enrolou o cabelo em reciprocidade às más intenções que o moviam)

Alex: Adorei o cabelo. Mechas roxas combinam com a sua pele, sabia? (esbanjou um dos seus sorrisos cafajestes, o que a fez lhe dar mais mole ainda; como se fosse possível ou necessário): É, cara, acho que não preciso de ajuda! (deu-lhe dois tapinhas no joelho antes de se levantar para ir ao encontro da garota)

Dan: Claro, depois dessa cantada até eu quero te dar! (revirou os olhos e deu uma risada carregada de ironia, embora não conseguisse constrangê-lo. Pelo contrário, Alex retribuía a troça)

Alex: Mais tarde, senão você fica viciado demais. De noite, quem sabe?

Dan: Oh, vou contar os minutos! (olhou para o relógio de pulso só para enfatizar a falsa ansiedade que sentia): Vai logo lá, babaca. (tornou a rir)

Camila: Oi, Daniel.

Dan: Ué, você de novo? Pelo menos desta vez me chamou como deve e não de pitucho!

Camila: Não quero mais saber de você! Você namorou comigo e nunca dedicou nenhuma música pra mim em público! Ninguém nunca fez isso por mim. (cruzou os braços, verdadeiramente ressentida com ele)

Dan: Sério mesmo que você veio cobrar algo do corno? Tudo bem, então. Desculpa! É que ainda não aprendi a tocar "Só as cachorras" na guitarra, e o garoto com quem você ficou não deveria conhecer ainda a "ih, e aí, eu banquei, mas eu comi". (deixou-a tão chateada com a resposta que ela foi embora no mesmo instante. Isso não era normal)

Alex: Cara, não entendo! Ela te quer, e você só esculacha, seu burro! (reaproximou-se do colega ao se despedir da sua mais nova "presa descartável"; era desapegado assim)

Dan: Quer de brinde? Se quiser até te pago pra levar!

Alex: Pelo menos não é afetada. Se fosse outra, teria feito o maior barraco!

Dan: Ela já deve ter percebido que eu não tô de brincadeira com ela. E ela tem o rabo preso! Tá achando o quê? Que veio para faculdade e viu Jesus na cantina? É a mesma de sempre!

Alex: Mesmo assim, você geralmente é o certinho com as mulheres.

Dan: Com mulheres. Até hoje não sei nem se ela é gente! Ela me dá nojo!

Alex: Pra mim, ela é gostosa. (deu de ombros e desenhou curvas sinuosas no ar com as mãos para expressar sua aprovação): Deixa de bancar a mulher traída! Come logo! Transar é muito melhor do que ficar aí de orgulhinho.

Dan: Já me deixei levar pelo sorriso e a bunda grande também. Você supera! A Camila já foi importante pra mim. Agora que não é mais, tenta com todos os seus artifícios me tragar de volta para o domínio dela. Não gosto nem de falar com ela. Se quisesse ser boi, comeria grama!

Alex: Do jeito que você falou, parece até que te "tragar de volta" é possível ainda, hein... Se bem que eu nunca duvido do poder que tem uma boa chave de coxa.

Dan: Ela não era tão importante assim. (negou completamente convicto do que dizia)

Alex: Hum. E a Bárbara?

Dan: Acho que nem eu sei o que é.

Babi: Sabe o que é o quê? (aproximou-se dos dois, pronta para o café; levou-os a disfarçar o assunto e a encobrir igualmente o susto que a chegada dela lhes proporcionou)

Dan: O que é que você vai fazer hoje.

Babi: Não te contei? Vocês vão jantar na minha casa, se não se importarem de viajar.

Dan: Sério? Conhecer a família Castro inteira? Oba! Se forem tão malucos quanto você, esse jantar vai ser memorável!

Alex: Valeu, cara. Tô partindo. E ah... Parabéns aí. (felicitou a morena, um tanto vexado, e foi agradecido sem o menor sinal de simpatia que fosse; só por educação)

Naty: E aí, quando vamos? (perguntou, parada logo atrás)

Babi: De tardinha. Se quiser, leva o Diego.

Naty: Sei lá. Nem namorando a gente tá ainda. E, como saímos há meses, não quero que ele ache que estou pressionando para namorar ou algo do tipo.

Babi: E daí? Ele vai conhecer os meus pais, não os seus. Eu já avisei lá em casa que iríamos eu, Dan, você e o menino com quem você estava saindo. Tá de boa.

Naty: Ok, então.

Babi: Gente, os meus pais estão quase se separando. Então, se ficar um silêncio chato, puxem o primeiro assunto que vier à cabeça, tá? Não quero que eles tenham oportunidade de se alfinetarem hoje.

Dan: Tá. Prometo dar o melhor do meu improviso. Mas você está legal?

Babi: É... acostumando. Vamos? (suspirou e, depois, partiu na liderança para que tomassem o café. Ao chegarem à cantina, no entanto, viram uma aglomeração inesperada em torno do mural): O que será isso?

Diego: Gatinha, EU fui o escolhido! (eufórico, foi até a sulista, que pulou nele com uma aura similar de felicidade)

Naty: Ah! Que ótimo, Di! Já imaginava. O seu trabalho estava ótimo!

Diego: Cara, que oportunidade! Se esse trabalho prático for bom, posso conquistar a simpatia do professor e, quem sabe, um estágio.

Naty: É, Dan, não foi dessa vez pra nós dois. (afagou-o no ombro em consolo. Mas precipitadamente...)

Dan: E quem disse que eu perdi? (apontou para a folha com o seu nome no mural)

Diego: Como assim? Ele me escolheu!

Dan: Ué, a mim também! Qual é o problema?

Diego: Vamos trabalhar em equipe? Isso não funciona.

Dan: Então você faz do seu jeito, e eu do meu, ora. (deu de ombros, por detrás dos quais surgiu o professor)

Paulo: Parabéns, rapazes! Quero que cada um faça um projeto. Inspirem-se no talento de vocês, no que os mantém fora das drogas, ou qualquer coisa que apele à sensibilidade deles. Confio em vocês.

Diego: Mas como assim? Podemos fazer qualquer coisa? Slides, cartazes, filmes?

Paulo: Podem! Só aumentam as minhas expectativas. (sorriu amistoso antes de, enfim, se retirar)

Diego: Legal! Vai fazer o quê?

Dan: Não sei. Por quê?

Babi: Diego, vai jantar lá em casa hoje? (optou por convidá-lo naquele momento justo para interrompê-los na iminência de uma briga)

Diego: Adoraria, mas estou saindo com a Naty. (brincou, sem, todavia, conquistar um riso genuíno que fosse. Conseguiu apenas que ela emitisse um pigarro levemente impaciente)

Babi: Ah... Sério...

Diego: Tá bom, mas por quê?

Babi: Pelo meu aniversário.

Diego: Desculpa, não sabia. Parabéns! (abraçou-a superficialmente antes de rumarem cada um para as suas respectivas aulas. Horas depois, Dan e Diego estavam à porta do quarto das duas, à espera delas para saírem do Campus. Babi foi a primeira a surgir, trajando um vestidinho preto e curto; uma tentação aos olhos)

Dan: Ai, meu Deus! Morri e fui pro inferno! (arregalou os olhos ao vislumbrá-la em tal apelo à admiração de qualquer homem. Na verdade, de qualquer pessoa)

Babi: Ham? Você não quis dizer pro céu?

Dan: Não mesmo! O inferno é muito mais quente!

Babi: Você não toma jeito! (empurrou-o de leve e como nos velhos tempos)

Diego: Você realmente está muito bonita. (elogiou, prestes a se encantar ainda mais com aquela que, de alguma forma, lhe pertencia. Logo em seguida, Naty surgiu de calça jeans bordada, blusa verde e um casaco preto também muito atraentes)

Naty: Desculpa o atraso, gente.

Diego: Você está linda, gatinha.

Naty: Mesmo? (torceu os lábios, insegura como quase todas as mulheres do mundo são bem lá no íntimo. Ainda que não devam)

Babi: Claro, não é, Dan?

Dan: Hum. Vou falar de um jeito delicado... (apoiou o queixo nos dedos para exagerar na reflexão que a deixava temerosa): Como diria uma amiga da minha escola: abalou Bangu, garota! (encarnou de modo a ratificar o elogio do outro)

Diego: Você era bem mal acompanhado, hein...

Dan: Foi mal, Corte Britânica! Devo me autoflagelar pelo comentário plebeu, majestade?

Babi: Ih, vamos logo! (empurrou-os ao estacionamento sem dar mais espaço para discussões. Muitos quilômetros depois, chegaram, enfim, a um prédio muito bonito no bairro do Flamengo)

Naty: Nossa, Babi! Que lugar lindo! (exclamou, tomada pelo encanto)

Babi: O apartamento não é grande, mas é bonito também. (ia tocar o interfone, mas logo foi recebida na portaria por uma senhora que tinha traços semelhantes aos seus)

Isabela: Minha filha! Que saudade de você! (apertou-a num abraço de quebrar as costelas): Parabéns, querida! Você está a cada dia mais bonita!

Babi: Ah, mãe, senti tanto a sua falta!

Naty: Oi, senhora. Prazer, sou a Nathália, amiga da Babi.

Isabela: Prazer, querida. Pode me chamar de Isabela, mesmo. (sorriu para ela e foi então que notou Dan postado ao lado): E esse menino bonito deve ser o Diego. Muito bom gosto, menina!

Babi: Não, mãe. O Diego está ali atrás. Esse bom gosto aí é meu!

Dan: Prazer, Daniel. (cumprimentou-a, não sem antes deixar de encarar Babi num misto de vergonha e dúvida simultâneas pela declaração de posse)

Isabela: Ah, então você é o Daniel? Ele é mesmo uma gracinha!

Dan: É, segundo a minha mãe, uma experiência quase bem sucedida. A sua filha que exagera na simpatia. (brincou, esboçando um sorriso caloroso)

Isabela: Que isso, meu filho! (voltou-se para o Diego certo, então): E você aí atrás? Não precisa ficar tímido! Diego, né?

Diego: Prazer, senhora. Com todo o respeito, a senhora é tão nova! Não tem como ter idade para ser mãe da Bárbara! (recebeu um olhar coletivo de "ponto de interrogação" no mesmo instante)

Isabela: Ah é, nem menstruei ainda! Um dia, chego na puberdade, prometo. (sem entender a bajulação, falou com uma ironia delicada; ensejou na hora uma tentativa inútil de aprisionamento de riso compartilhada pela filha e por Dan)

Dan: Ah, sua mãe é o maior barato!

Babi: Tinha que herdar o sarcasmo de alguém, né?

Naty: O que foi isso? (sussurrou para o ficante ao mesmo tempo em que os amigos tossiam um para o outro um discreto "puxa-saco")

Diego: Só quis ser educado!

Babi: Vem, gente! (entrou na frente, encontrando de imediato a saudosa figura paterna no centro da sala)

Carlos: Boa noite, meninos. Minha princesa, parabéns! (deu um beijo em seu rosto e a abraçou)

Babi: Obrigada, papai!

Isabela: Querida, esse é o seu presente.

Babi: Ah, que lindo! (comentou ao desembrulhar um par de brincos de prata com quartzos rosas): Não precisava, sério.

Carlos: Não se faz vinte e um anos todos os dias!

Isabela: Não é lindo? E ainda combina com esse anel que você está usando.

Babi: Ganhei hoje! (encarou maravilhada o conjunto acidentalmente formado)

Carlos: E quem foi o salafrário que deu isso para a minha menina? Diz o nome, que ele vai se ver comigo! (declarou em um tom ríspido para aparentar ser mais intimidador do que realmente era. O fato de Dan ter se acusado no mesmo instante, a despeito disso, mostrava que não convenceu nas ameaças)

Dan: Culpado, senhor! Eu sou o mau elemento! (ergueu o braço ao dizer)

Carlos: Olha, rapaz, a minha filha não é qualquer uma, não. (manteve uma expressão forçosamente severa, à qual Dan deu de ombros para corresponder à brincadeira)

Dan: Eu sei. Nem todas têm a sorte de serem como ela. Fazer o quê? Já ofereci casa, comida e roupa lavada, mas ela faz jogo duro!

Carlos: Já percebi que esse é o tal do Daniel. E essa mocinha? Nathália, certo?

Naty: Oi, muito prazer!

Carlos: Mas, então, Zé-ruela, vai assumir o compromisso quando? (voltou-se para Dan novamente após cumprimentar o casal e só o fez rir. Já Babi se empenhava em repreender aquela gozação que tinha por inoportuna)

Babi: PAI! Para com isso! Que mico!

Dan: Ela não quer! A minha mãe já tá até ameaçando comparecer para defender a minha honra! (riu, antes de também ser repreendido): Tá, agora é sério, somos só amigos.

Babi: Exatamente. Só amigos. E ponto! Para de dar asas pro meu pai.

Isabela: Que pena! Você é tão simpático!

Dan: É... Eu tento.

Carlos: Esse rapaz tem o bom-humor de um Castro! Bom, vamos comer? (conduziu-os à mesa de jantar, onde conversariam por muito tempo)

Isabela: Em quê os pais de vocês trabalham, meus filhos?

Naty: A minha mãe é gerente de uma boutique, e o meu pai é cirurgião plástico.

Carlos: Mesmo? Linda profissão!

Naty: É desgastante, mas muito legal.

Carlos: E você, cursa o quê? (perguntou com a fala debilitada pela comilança)

Naty: Faço jornalismo. Acho muito estimulante trabalhar na área da comunicação.

Isabela: Que interessante! Eu também adoro essa área.

Diego: Nós três cursamos comunicação de alguma forma. Os meus pais são empresários, e eu pretendo me especializar em marketing.

Carlos: Empresa ligada à comunicação?

Diego: Sim. Pretendo seguir com as minhas próprias pernas e, só quando for bem–sucedido, trabalhar com eles. Quero fazer o meu próprio nome primeiro.

Isabela: Isso é muito bom! Independência é fundamental! E você, Daniel?

Dan: Bom, a minha mãe é advogada, e o meu pai era engenheiro. Mas ele morreu quando eu tinha treze anos.

Isabela: Ai, que triste! Vocês devem ter sentido muito! (exclamou, compadecida)

Dan: Foi horrível mesmo. Mas a gente teve que superar para criar a Jackie, a minha irmã. Ela só tinha uns quatro anos quando aconteceu.

Carlos: Pobrezinha! A sua mãe conseguiu manter a carreira depois desse choque?

Dan: Sim. Ela precisava nos sustentar, né? Então, ela ia trabalhar por horas enquanto eu cuidava da Jackie com a ajuda da babá e, não raro, da minha avó paterna também, quando ela estava no Rio.

Isabela: Isso foi muito bonito da sua parte!

Dan: Eu não faço mais do que a minha obrigação de irmão mais velho. Ela tem o meu sangue, e eu a amo mais do que tudo no mundo.

Isabela: Mesmo assim, coitadinho, perdeu a juventude!

Dan: Nem foi. Muitas vezes, como disse, a minha avó veio para eu poder sair um pouco. E eu tinha a ajuda das babás. Acho que isso tudo só me fez virar homem mais cedo.

Carlos: E você faz o quê hoje?

Dan: Eu pretendo optar pela publicidade.

Carlos: Está em qual período?

Dan: Acabando o segundo, mas tô puxando todas as matérias que posso para ficar menos apertado no final e eu poder trabalhar sério.

Carlos: Nossa, pensei que estivesse mais adiantado!

Babi: Pai, ele ainda vai fazer vinte anos! (relembrou o motivo)

Isabela: Tem dezenove ainda? Não parece, tão ajuizado!

Naty: Vocês nunca pensaram em ter outros filhos? (questionou de repente. Depois de falar da família, achou que Dan talvez precisasse de uma folga do interrogatório)

Isabela: Já, mas desistimos depois da Babi. Ela era atentada!

Babi: Era? Quer dizer que não sou mais? Que bom saber! (arrancou algumas gargalhadas coletivas)

Isabela: Vou pegar a sobremesa. Me ajudam, meninas? (fez com que as duas a acompanhassem até a cozinha, levando as louças usadas consigo)

Carlos: Vão lá, moças, que eu fico com o meu amigo aqui! (pousou a mão no ombro do guitarrista, que permanecia receptivo às brincadeiras)

Dan: Precisa melhorar as companhias, hein, Seu Carlos!

Carlos: Mas, então, é atleta também?

Diego: Não. Esse sou eu! (respondeu na frente)

Carlos: Ah, é? Faz o quê?

Diego: Sou jogador de futebol universitário, mesmo não sendo nada no Brasil; é por esporte mesmo. Não quis ser profissional porque atrapalharia os estudos. Mas já fui convidado para o sub-vinte.

Carlos: Zagueiro?

Diego: Atacante!

Carlos: E você, Daniel? Não joga?

Diego: Joga muito mal! (abafou uma risada de escárnio; achou graça sozinho)

Dan: Não gosto muito de futebol, só malho mesmo. Prefiro me ocupar com música.

Carlos: Você toca?

Dan: Sim. Violão e guitarra.

Carlos: Sério? A minha esposa já foi cantora! Vocês poderiam fazer um dueto. (referiu-se àquela que, no outro cômodo, faria recomendações bastante diversas)

Isabela: Filha, adorei os seus amigos. Olha essa menina, uma bonequinha!

Naty: Ah, obrigada! (deu um sorrisinho tímido ao agradecer)

Isabela: Você e o Daniel têm algo? Pode me contar, fica entre nós.

Babi: Não, mãe, mas hoje ele fez a coisa mais linda por mim! (deixou o deslumbre lhe tomar conta da face, o que só aguçou a curiosidade materna)

Isabela: O quê? Conta! O que ele fez?

Naty: Acordou a gente tocando Mulher de Fases para ela. Foi lindo mesmo.

Isabela: Ai, meu Deus! Esse menino é um amor de pessoa! Como você não tem nada com ele? Eu exijo um bom genro, só pra variar. (brincou com o fato de a filha ter um baita dedo podre no histórico dos namoricos adolescentes)

Babi: Tá, vou confessar... Já rolaram algumas coisas, mas somos amigos.

Isabela: Ah, se já aconteceu, vocês poderiam tentar. Não acha, Nathália?

Naty: Ah, é complicado. Eles são muito amigos. (mexeu nas pontas dos cabelos para não ter que olhar para ela. Não pareciam compartilhar da mesma empolgação)

Isabela: E você e o outro menino?

Naty: Ah, ele ainda não me pediu em namoro. Mas é quase um namorado.

Babi: Ele só dorme no ponto! (revirou os olhos em reprovação à lentidão de Diego)

Isabela: Vocês estão muito passivas, meninas! Babi, se você gosta daquele menino, não o deixe escapar! E o mesmo serve para você, Nathália.

Babi: Mãe! Ele é só meu amigo! Só tem surdo na família? (repetiu pela enésima vez)

Carlos: Venham aqui! Temos um show para ver! (gritou da mesa para que elas retornassem à sala de jantar. Ter batucado o garfo na boca do copo ao chamar as incentivou muito a não demorarem mais do que o necessário)

Isabela: Que show?

Babi: Vai tocar, Dan? (perguntou, tendo em vista que ele segurava um violão)

Dan: Seu pai me pediu para eu acompanhar a sua mãe.

Isabela: Mas eu não canto há tanto tempo! Nem via mais meu violão, nossa!

Babi: Vai, mãe! Canta! (ensejou o coro que a incentivaria na performance)

Isabela: Está bem. Conhece alguma da Cássia Eller, querido?

Dan: Se conheço? (acompanhou-a em uma canção da cantora assim que ela escolheu o repertório. Esse acabou sendo, sem dúvidas, o ponto alto da celebração)

Carlos: Ótimo rapaz esse, hein... (sussurrou para a filha enquanto a cantoria podia abafar os seus comentários)

Babi: Pai... Não começa... Vamos mudar de assunto, vai.

Carlos: Eu não me lembrava de a sua mãe ser tão linda... (comentou de repente)

Babi: Vocês estavam muito ocupados brigando para repararem um no outro.

(No final da noite, chegou a hora da despedida, para a tristeza daqueles que tiveram momentos tão agradáveis que nem perceberam o tempo passar. No entanto, se quisessem chegar à ESF antes da madrugada, teriam que partir naquele instante)

Isabela: Tchau! Foi ótimo conhecer vocês!

Carlos: Vão com Deus! E cuida da minha filha, rapaz!

Dan: Cuidar da Babi? É mais fácil ela me defender! (prendeu o riso, ciente de que Babi era durona o suficiente para se defender sozinha e a mais uma nação inteira. De volta à faculdade, aliás, ela não tardaria em dar mais demonstrações do quão decidida era)

Naty: Os seus pais são ótimos, Babi!

Babi: Eles amaram vocês!

Naty: Até encontraram um filho perdido! (brincou com o fato de Dan ter se enturmado na família como se sempre houvesse feito parte dela)

Dan: Quê? Eu não duraria uma semana sendo irmão da Babi! Ela me bateria muito!

Babi: Tá me chamando de braba? Se disser que sim, eu te bato! (espremeu os lábios para não rir dele; o que não adiantou muito, entretanto)

Dan: Hum, ela está felina hoje!

Babi: Sempre, querido!

Diego: Vou dormir, pessoal. Tenho que trabalhar no projeto do professor. (despediu-se de todos antes de sumir, para a felicidade de dois deles)

Naty: Eu também vou dormir, gente. Tô morta! Duas viagens num só dia é demais pra mim. Só por amor à Babi mesmo. (beijou ambos no rosto como desejo de boa noite)

Sugestão musical: Girls of Summer – Aerosmith

Dan: Bons sonhos, Mary Jane! (ao tornar a se referir à obsessão que ela teve pelo mascarado da festa, fez com que Naty forçasse umas risadas irônicas antes de ir)

Babi: Você adora implicar, né?

Dan: Claro! Só ela pra perseguir que nem louca um maluco de Homem-Aranha.

Babi: Só você, doente... (balançou a cabeça, com um sorriso incrédulo)

Dan: E como assim eu sou o seu bom gosto, hein? (quis tirar satisfação agora que estavam a sós)

Babi: Foi modo de falar. E, ah, já fiquei contigo mesmo! (deu de ombros, bastante confortável com a situação. O que ele também certamente estava, já que emendou uma provocação na resposta)

Dan: Hum, ousada. Pedindo por reprise, é?

Babi: Deixa de onda! (empurrou-lhe o ombro para fingir desdém)

Dan: Agora é sério, amigos, né? (viu-a assentir de pronto): Combinado, então! Promessa de mindinho?

Babi: Quê? Promessa de mindinho? (ergueu a sobrancelha e riu dele como nunca. Afinal, o que, diabos, era aquilo de fazer pactos pelos dedos?)

Dan: Sei lá, é a minha irmã que sempre me faz fazer isso!

Babi: Bom, amigos então. Com promessa de mindinho! (cruzou o mindinho no dele para selar o acordo. Todavia, foi surpreendida na mesma hora por um puxão abrupto que culminaria em um daqueles beijos tão intensos): Ué? Traiu a promessa?

Dan: Eu não disse que não teria uma última vez. (revirou os olhos com um cinismo que só a fez sorrir. Era mestre em fazê-lo, aliás)

Babi: Aham. Me dá esses puxões, depois me mostra o dedo! (foi ambígua de propósito)

Dan: Segundo a minha irmã, quem trai a promessa é a mulher do padre e tem cabeça de mamão.

Babi: Ah, ninguém quer ser a mulher do padre. Então, é uma despedida.

Dan: Com certeza! (o sorriso que tinha nos lábios foi, então, eclipsado pela retribuição do beijo anterior. Só que esse era dado de forma mais suave e prolongada para durar ao máximo): Ué! E a despedida?

Babi: Aquela foi a sua última vez, essa foi a minha. Que seja, sou a mulher do Papa!

Dan: Que Papa, é do padre! Voa alto não! Já quer começar por cima?

Babi: Hum... Por cima, por baixo, tanto faz! Só sei que vou precisar dar mais alguns pra ser a mulher do Papa, então. Vamos evoluir isso aí.

Dan: Claro! Tudo pela Igreja. (riu de uma forma travessa, prestes a tomá-la nos braços mais uma vez)

Babi: Pela missa que a gente não foi no domingo? É infração grave!

Dan: É! Merece uma penitência! (segurou-a pelo queixo para lhe chupar a boca o mais demoradamente que pôde; valia tudo para aproveitar um pouco mais): Agora é sério, já passou muito da meia-noite.

Babi: Ei, enquanto eu não for dormir, ainda é meu aniversário! Você disse que faria o que eu quisesse! Lembra?

Dan: Chantagista... O que você quer? (fingiu má vontade, ainda que sorrisse)

Babi: Um último beijo antes de voltarmos a ser só amigos? (aproximou a face da dele naquela maneira que qualquer um acharia irresistível)

Dan: É só isso? Tá, eu faço esse "sacrifício"!

Babi: Como é o último, é melhor ser dos bons! (retorceu uma careta tão provocativa e maliciosa quanto a dele; estavam mesmo em sintonia)

Dan: Vou me esforçar! (pegou-a pela nuca e degustou a sua boca com vontade para se despedir dignamente daqueles benefícios. Após uma troca de beijos que julgaram ser suficiente, acompanhou-a até o quarto antes de ir para o seu próprio)

Alex: E aí, como foi? Gostou do jantar?

Dan: Deu tudo certo, somos só amigos mesmo. (sentou-se na cama para tirar os tênis)

Alex: Falei, pô! Ah, o Mineiro passou aqui e me perguntou se eu sabia o que você vai fazer pro tal projeto aí do professor de vocês. Devo achar isso normal ou o povo de comunicação trabalha pra CIA? (franziu o cenho ao perguntar)

Dan: Aquele cara não desiste! Eu nem comecei a trabalhar nessa porcaria, e ele já tá bancando o espião. É tão competitivo que me enche!

Alex: Relaxa, maluco. Deve ser porque a mina dele vive contigo. Aí rola medo de uns chifres, ou sei lá.

Dan: Nem... Eu não ando mais tão agarrado com a Naty como antes. Até mesmo para não atrapalhar o lance dela com ele. (começou a se despir até ficar só com a roupa de baixo)

Alex: Não acho que vocês devam mudar um com o outro só por causa dele, não.

Dan: Quer que eu faça o quê? Fique de abracinho, chamando de linda e mexendo no cabelo dela na frente dele? Ele vai achar que estou dando em cima dela. Ainda mais depois do que aconteceu entre mim e a Babi.

Alex: É... Vocês têm uma amizade diferente. Uma muito lucrativa, se é que me entende.

Dan: É o meu jeito. Não tô fazendo nada fora do comum. (pegou uma toalha dentro do pequeno armário que compartilhavam, uma vez que pretendia tomar banho para ir dormir)

Alex: Se bem que ser muito carinhoso com mulher nunca dá certo. Um dos dois pode acabar se amarrando. E aí é um draminha que só comendo muito bem pra aturar!

Dan: Sob qualquer tipo de contato isso pode acontecer. Vai dizer que nunca, quando era mais novo, ficou doido por uma garota que mal falava contigo?

Alex: É, acontece. O seu exemplo envolve sentimentos muito menores do que os que eu mencionei. Mas enfim...

Dan: Viu? Faz parte, de qualquer forma.

Alex: Mas você não gosta do Mineiro, né?

Dan: Sei lá, ele só me parece mais plastificado do que as Barbies da minha irmã! Meio forçado, sabe? (falou do banheiro, onde escovava os dentes)

Alex: Saquei. Se ele já se gabava daquele jeito na choppada, a sua amiga escolheu mal.

Dan: Ah, falaram que ela tava bêbada, algo assim.

Alex: Bêbada? Moleque! Perto dela, a Ana da cana que cursa engenharia de petróleo comigo estava sóbria! Eu fui falar com as duas, ela teve crise de riso e tudo! Estava doidona! Até a Bárbara, depois de um jogo de vira, estava mais normal. Quando olhamos, a loira já tava pendurada no maluco, do nada!

Dan: Então nem foi muito trabalhoso. Queria ver convencê-la sóbria! Ela gostava de você, acabaria dando toco nele.

Alex: De mim? Ham? (levantou por um segundo, sem entender)

Dan: Duh! É óbvio que ela tava a fim de você. Só sendo besta pra não ver! (retornava ao cômodo para buscar a roupa com que dormiria)

Alex: Por que não me avisou? Eu achava que ela era a fim de você! Poderia ter me dado bem! (teria xingado o outro mentalmente, se não tivesse o hábito ruim de pensar alto)

Dan: Você também é bem tapado, né! Para ela, eu sou quase um ser assexuado. Se uma menina me dá mole, ela já fica toda: "ai, meu Deus, mas é o Dan"!

Alex: Vai ver é isso que ela quer que as outras pensem... (ergueu as sobrancelhas de um modo sugestivo. Mas Daniel, ao invés de captar a mensagem, só perguntou "pra quê?"): E o tapado sou eu... Puta merda, hein, anta!

Dan: Não importa o motivo dela para fazer isso, ela gostava de você mesmo. Ela me disse.

Alex: Nem sabia. Bom, pelo menos fiquei com a Babi, que é um mulherão! Ô, gostosa...

Dan: E muito mais! Mas você tinha que ser besta e não só sacanear a Babi como perder a Michele. (observou-o, então, trincar os dentes, com uma expressão de cobiça de dar inveja no Coyote diante do Papaléguas)

Alex: A Michele é outra coisa linda também... Peladinha deve ser uma coisa!

Dan: Porra! Linda só?

Alex: Ah, ela era muito difícil de lidar, muito geniosa. Não tinha saco pra isso.

Dan: Nem me importaria de lidar com ela se deixasse de ser nariz em pé. (deu de ombros ao confessar): Sério mesmo. Aquela garota é absurda!

Alex: Tá... Conheço o seu estilo: cai de quatro, mas depois perde a paciência.

Dan: Pior que não. Acho que ou já começo sem paciência, ou caio de quatro e não levanto mais. Ainda não vivi para saber.

Alex: Mentiroso. Se fosse assim, aquela caloura ainda te teria na palma da mão.

Dan: Não cheguei a ficar nesse estado pela Camila! Aliás, cair de quatro é uma expressão meio esquisita, né? Precisamos mudar isso.

Alex: Não sei por que ela te enganou. Que viagem!

Dan: Sei lá também. Tenho cara de conservador por acaso? (sentou-se na cama, prestes a se deitar só para descansar uns minutinhos antes do banho)

Alex: Depende do dia. Você é meio maluco. Às vezes, acho até que você menstrua.

Dan: Há-há... Fala sério! Eu, puritano? Só falo merda!

Alex: Realmente, você estava saindo com a Babi. E ela não é o que chamamos de santa. (conseguiu exaltá-lo de pronto como se houvesse xingado a mãe dele)

Dan: Ow, ow! Deixa a Babi fora disso! Ela só era apaixonada por você há muitos anos!

Alex: Eu suspeitava que ela gostava de mim no ensino médio, quando estudamos juntos. Mas ela só abriu o jogo aqui mesmo. Pena... Bom, mas tá, também teve a Blenda.

Dan: É, então, e eu fiquei com ela.

Alex: Mas namoraria?

Dan: Faz-me rir, né? Nós não temos nada a ver! É maneira e tudo mais, mas eu nem movi o dedo. Ela nem falava comigo, do nada veio cheia de papo. E quando ela cismou de me dar esporro? Ah, cacete, que inferno! Tudo era "Daniel!". Muito ciumenta quando era só onda. Mas eu até gosto dela. Como colega, claro. (disse enfaticamente e depois contorceu por um segundo o lábio ao relembrar as lições de Babi sobre a conduta feminina; sem perceber, teve um rompantezinho de machismo ao debater o sexo casual. "Quando estaria livre de vez dessa opressão ideológica?", ele se perguntou em silêncio)

Alex: Viu? Por que a Bárbara também não faz isso comigo?

Dan: Porque para ela não era só onda, cara! Pra mim e pra Blenda sim!

Alex: É mesmo, né? (fez com que ele espalmasse a testa, dando um risinho de deboche)

Dan: Cara, como você passou para engenharia de petróleo? Todo lento! (deixou-o a sós com as próprias reflexões e rumou até o chuveiro. Pensaria muito mais do que ele sobre o assunto, todavia)


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