Mais que a Minha Própria Vida escrita por Melissa J


Capítulo 18
Capítulo 18




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As semanas que se sucederam ao meu término com Eric foram apenas monótonas e desgastantes. Eu não queria conversar, fazia as coisas no automático, não comia e nem dormia direito. Eu nunca me senti tão sozinha. Basicamente eu saía da aula e ligava para o meu avô dizendo que faria um trabalho na casa da Rachel. Então ia de ônibus até o cemitério onde estavam enterrados os meus pais, me deitava sobre a lápide da mamãe e ficava a observar o céu. A tarde toda.

Quanto mais eu reconstituía o acidente em minha mente mais atraía o pensamento de que eu jamais deveria ter sobrevivido. Os meus pais foram embora e me deixaram sozinha, agora cada vez mais eu me sentia perdida. Não havia espaço para mim. Eu não me encaixava. E, pior, eu estava me cansando de me sentir assim o tempo todo. Sempre culpada, sempre uma menina má. Não era justo que os outros adolescentes tivessem os seus pais em casa, tivessem uma mãe para abraçar-lhes e dizer que tudo ficaria bem, e eu não. E eu sabia que, se a minha mãe pudesse me ver de algum lugar, ela estaria muito, muito desapontada. Eu estava desistindo de mim, jogava tudo o que sonhamos juntas no lixo. Ela queria que eu cursasse Direito como ela na Universidade de Liverpool, desde que eu era bem pequena, me contava dos seus professores e de todo o seu aprendizado e amadurecimento.

Mamãe fora uma daquelas garotas exemplares na faculdade. Bastante popular e cheia de amigos, orgulhava os seus pais e professores, todos percebiam o seu potencial e sabiam que teria um brilhante futuro pela frente. Ela teve anos maravilhosos na faculdade. Conheceu o meu pai quando estava quase se formando e foi amor a primeira vista. Eles se casaram alguns meses depois e construíram uma carreira invejável, tiveram uma filha e projetaram todos os seus sonhos nela. Claro que eles não planejavam morrer e jogar sua filha pequena no mundo, sem nenhuma fé e perspectivas de futuro.

Mas... Fatos eram fatos. Eu havia sobrevivido e decepcionar os meus pais e fugir da vida só me fazia mal. Isso sem falar que preocupava e muito ao meu avô, um homem que fora mais forte do que qualquer um conseguiria ser. Ele perdeu a sua filha querida, um exemplo de que ele tanto se orgulhara, e nunca deixou que eu o visse triste. Eu sabia que ele se sentia fracassado por falhar comigo. Eu precisava de fé, precisava de objetivos, algo em que acreditar para me manter viva. Então escolhi centrar-me em meu sonho. Ingressar na universidade da minha mãe. Eu faria o que fosse preciso. Eu teria de afastar tudo o que me tirava o foco. Teria de fazer boas escolhas e parar de sentir dúvidas quanto a elas. Quanto ao resto? Eu guardaria tudo na gaveta e esconderia muito bem a chave. Era o melhor que eu poderia fazer.

Mas havia algo mais. Eu queria me sentir diferente. Talvez um símbolo, um gesto que significasse mudança. Ainda que só para mim. Eu precisava sentir que estava caminhando sempre para frente. Ignorando as lembranças, o trauma, o passado. Foi por isso que eu tomei a decisão. Eu não gostava mais da minha imagem no espelho, não gostava daquilo que eu era. Eu teria de fazer algo a respeito. Foi por isso que eu peguei aquela tesoura grande e velha do meu avô. Tê-la em minhas mãos me fazia sentir um poder imenso, como se eu pudesse ser dona do meu próprio futuro, autora de qualquer mudança que eu desejasse. Eu não tinha dúvidas. Eu tinha que fazer aquilo. Estava cansada de ser a Jenni, aquela Jenni de quem todo mundo tinha pena. 'Coitadinha da Jenni. Perdeu os pais tão nova no acidente. Coitadinha, ela precisa tanto de amor, mas não consegue despertar o amor nas pessoas. Connor nunca vai gostar dela porque nem ela gosta de si mesma. Pobrezinha. Ele estuda tanto. Estuda pra fugir. Todos o sabem, fingem que não percebem, mas é tão óbvio.' Involuntariamente eu sentia ódio, um ódio imenso daquelas pessoas. Não bastava só eu achar que jamais seria forte o suficiente para seguir em frente, conquistar os meus desejos? O que é que eles tinham de achar? Eles não eram nada. Não sabiam de nada.

_ Chega de ter medo! Chega de ser a menina de quem todo mundo sente pena! - eu disse em voz alta. Poderia ter sido um grito, mas não seria agradável que o meu avô chegasse no momento do procedimento. Ele poderia tentar me impedir, tentar me convencer de que não precisava de tanto. Mas eu estava cansada daquela imagem. A mesma imagem de sempre.

E então eu dei o primeiro golpe. Uma grande mecha de cabelos de ouro passeou pelo ar antes de cair no chão. E a cada mecha que o chão recheava eu me olhava no espelho e me sentia diferente. Eu me sentia livre. Eu não era mais a mesma menina e era como se cada lembrança ruim, fosse cortada juntamente com aquilo com que eu sempre tivera o maior cuidado para não cortar curto demais. A franja sempre abaixo do nariz. O resto do cabelo sempre até o fim das costas. Todos sabiam. Eu gostava demais do meu cabelo para ter coragem de deixar tão curto. Eu gostava muito de me parecer com minha mãe. Ter os longos cabelos que ela tanto gostava de pentear e trançar.

O que eu me esqueci foi de um pequeno detalhe. Cortando o meu tão querido cabelo eu acreditava estar também cortando os meus medos e defeitos. Mas já dizia Clarice Lispector:
"Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro". Mas agora já era tarde demais. Talvez eu estivesse me libertando. Talvez estivesse entrando em uma mentira maior ainda.

_ Jennifer?
_Que foi vô?
_O que foi que você fez?
_ Cortei vô.
_ Mas... No ombro? Por quê? Você gostava tanto do seu cabelo grandão. Desde criança.
_ É. Eu gostava.
_ Mas até que ficou bem. Você parece tão mais...
_ Mais velha?
_ É. - ele disse com um olhar sério. Eu sorri olhando para o espelho, satisfeitíssima com o resultado. Peguei aquele batom vermelho, quase novo, já que eu nunca usava maquiagem e retoquei uma última vez.
_ Onde é que você vai?
_ Sair, vô. Só sair.
_ Você volta pra jantar?
_ Volto. - eu disse, dando-lhe um beijo no alto da cabeça. - Não se preocupe. Só preciso andar um pouco.

Fazia frio, muito frio e eu estava começando a me arrepender por ter saído com aquele vestido que ficava um pouco acima dos meus joelhos. Reparei em um bar que nunca havia visto por ali. Parecia quente e aconchegante. E, considerando que eu estava com fome, poderia até comer alguma coisa. Haviam poucas pessoas lá dentro, contando ainda o barman e um homem que devia ter por volta dos seus 35 anos sentado próximo ao balcão. Ele era quieto, calado, não parecia estar se divertindo nem um pouco. Parecia estar lá simplesmente para não se sentir sozinho, para fugir de si mesmo. Ah! E ele gostava de fumar. A fumaça do cigarro impregnava todo o ambiente, ainda que as pessoas dali não se mostrassem minimamente incomodadas. Aproximei-me do balcão e o garçom encarou-me.
_ O que vai beber?
_ Tem coca-cola?
_ Vou pegar. - ele disse, virando-se de costas.
_ Espera. O que vocês servem de comida?
_ Vou pegar a sua Coca. Procura o cardápio aí.
_ Aqui, toma. - o homem sorriu.
_ Ah...Oi. Obrigada.
_ Não vai dizer o seu nome?
_ Pra quê? - levantei os ombros. Eu não confiava nas pessoas que eu conhecia, por que então eu deveria confiar nas que eu não conhecia?
_ Tudo bem. - ele respondeu com um tom desanimado e voltou a tragar o cigarro.
_ Aceita? - ele me estendeu a cartela de cigarros ao perceber que eu o observava.
_ Eu não fumo. Mas obrigada mesmo assim. - respondi, tratando logo de me concentrar no cardápio antes que ele tentasse puxar assunto. Passei os dedos por cada uma das opções até escolher aquela que me agradava.
_ Vou querer strogonoff de frango, tá bom? - gritei para que o garçom ouvisse do lugar onde ele estava.
_ Não grite, eu não sou surdo. - ele respondeu rispidamente, logo após ter surgido de repente atrás de mim com o refrigerante na mão.
_ Desculpa.
_ O cozinheiro não veio hoje.
_ Tá, e...
_ Então peça uma coisa simples de fazer!
_ Mais simples que strogonoff?
_ Ah patricinha! Arrume um restaurante francês então! - ele gritou virando-se de costas. Porém eu estava com fome e havia trazido pouco dinheiro para restaurantes.
_ Espera! Pode ser algo como...batatas fritas?
_ Vou ver o que posso fazer.
_ Tá. Valeu. - virei-me desanimada para o balcão. Ao menos eu comeria alguma coisa.
_ Não se preocupe. As batatas fritas daqui são as melhores da cidade. - sorriu timidamente o homem sentado ao meu lado. Ele segurava firmemente um caderno pequeno de espiral que estava escrito até a sua metade, e tinha uma caneta com a ponta toda mordida nas mãos, isto é, quando ele não estava com o cigarro.
_ Ah. Que bom. - eu sorri, tentando parecer simpática. Mas a única coisa que eu queria era ser simpática. Eu só estava tentando ficar sozinha, não queria conversar com ninguém.
_ A propósito, meu nome é Adam. - ele disse, e eu apenas olhei em seus olhos. - Quero dizer, não que você tenha perguntado, e... enfim.
_ O meu é Jennifer. Prazer em conhecê-lo. - estendi uma das mãos. Ele, meio sem saber o que fazer, colocou o cigarro na boca e cumprimentou-me com a mão antes ocupada por ele. Ainda estava meio quente.
_ E então? O que uma menina...como você está fazendo num lugar como esse? - ele perguntou, como se tivesse que pensar em cada palavra.
_ Como assim uma menina como eu? Os bares são públicos, não são?
_ Eu sei, só que... Por que você não está com suas amigas, e num lugar mais...apropriado?
_ Olha, vem cá. Ou você tá me chamado de criança, e saiba que eu já tenho quase desessete anos, ou você tá achando que eu sou aquele tipo de mulherzinha não-me-toque cheia de frescura que só vai em lugares cheios de riquinhos e não tem nada na cabeça. E saiba você que eu não sou assim também. - eu reclamei, levantando o nariz. Isso fez com que ele risse, tentando disfarçar, como se adiantasse. - Eu vi isso! Você tá rindo de mim?
_ Ei, ei, ei! Não precisa ficar tão irritada. Não há motivos.
_ Eu já estava irritada antes. Não é sua culpa.
_ Bem...
_ Desculpa.
_ Tudo bem, menina. Mas eu não pensei nada assim de você. Não se preocupe. - ele disse,voltando a fitar seu caderno.
_ Eu estou aqui porque queria ficar sozinha. Não aguento mais os meus amigos, o meu avô, sempre preocupados comigo, achando que tem algo errado, que eu estou sofrendo, que o fato de eu estar estudando como nunca pra faculdade seja uma maneira...hm...nada saudável de fugir. Agorinha estão querendo que eu me trate com um psiquiatra. E estou cansada de pensar, até mais do que eles, que realmente tem algo errado comigo. Que eu não me encaixo em lugar nenhum e não deveria estar aqui. Enfim...estou falando demais. Deixa pra lá. - eu disse. Ele não contestou. Passou cerca de vinte minutos, de pleno silêncio, até que as batatas fritas chegarassem.
_Aqui, toma princesinha! - disse ironicamente o garçom entregando-me a porção de batatas fritas. Vai querer mais uma lata de coca? Afinal a sua já deve ter esfriado, né? E coitadinha. Tomar refrigerante quente. - Aquele garçom só podia estar brincando comigo.
_ Sim. Vou querer sim. - eu disse, tentando ignorar tamanha ignorância.
_ Então você quer ir pra faculdade? - Adam finalmente falou.
_ É. Quero. É meu maior objetivo agora.
_ A University of London é realmente muito boa. É uma das melhores do mundo.
_ Pode ser. Mas não é pra lá que eu vou.
_ Não?
_ Não. Eu quero a Universidade de Liverpool.
_ Por que tão longe?
_ É a universidade dos meus sonhos. Eu quero me formar na universidade onde minha mãe se formou.
_ Ela também quer que você se forme lá? Talvez ela não se importasse se você entrasse em uma por aqui, mas perto dos seus amigos.
_ Não tem como ela se importar ou deixar de se importar. Sabe por quê? - e naquele momento eu praticamente gritava com o pobre homem. - Por que ela tá morta! Ela tá morta, meu pai tá morto, eles não vão voltar, então eles não se importam com porra nenhuma! Tá entendendo?
_ Desculpa! Eu não fazia ideia.
_ É. Você não fazia ideia. - eu disse ainda irritada, fitando o chão.
_ Não se preocupe. A saudade passa. Experiência própria. - ele disse, com uma incrível paciência que nunca imaginei ser possível existir. Será que fumar compulsivamente acalmava assim?
_ Muito fácil falar... - murmurei.
_ Então já que você vai seguir o seu sonho...Você deveria aproveitar pra fazer todas as coisas que podem ser feitas antes de se mudar pra uma universidade totalmente nova e ter uma vida completamente diferente, não acha? Até porque você não sabe o que te espera depois que se mudar de Liverpool.
_ Como assim? O que posso fazer de diferente? Aprender a fazer comida? - dei de ombros, rindo um pouco.
_ Pode ser, por que não? Escrever uma carta de agradecimento para os seus pais e deixar no túmulo deles antes de você ir, passar mais tempo com os seus amigos, com o seu avô, cativar o máximo de pessoas possíveis enquanto você ainda estiver aqui.
_ Mas eu não vou morrer. Eu só vou pra faculdade. E fica só a algumas horas daqui. Tudo bem que é um punhado, mas...Não são dias, sabe?
_ Você não como vai ser. Não sabe se sempre terá dinheiro pra vir aqui visitar as pessoas que você gosta. Não sabe se pode acontecer alguma coisa com você.
_ Ai, que papo estranho!
_ Que tal aprender alguma coisa que você sempre quis? Se você aprender a cantar, por exemplo, pode entrar para alguma banda na faculdade e quem sabe ficar famosa. - ele sorriu.
_ Cantar? Sem chance! Sou uma total negação. - eu ri.
_ Ou a tocar algum instrumento. Ou algo assim. Seria legal. Afinal, pense bem, planejar algo a ser feito até que o nosso sonho seja realizado é um passo primordial para a realização do mesmo, não acha?
_ Planejar...é, pode até ser. É uma ideia legal. Algo a se pensar.
_ Certamente. Você poderia fazer uma lista. Algo como '20 coisas a se fazer antes de entrar para a faculdade'. Então você poderia tentar completar todos os objetivos impostos por você mesma antes de entrar.
_ Ah, sei lá.
_ Ao menos você vai se manter ocupada. E com menos tempo livre para ficar triste, vir a bares e conversar come estranhos. - ele sorriu.
_ Me manter ocupada...Ah, Adam! Essa é a palavra chave. - eu disse. Ele riu.
_ Então compre logo um caderninho e trate de começar. Você tem pouco tempo.
_ Um pouco menos de um ano e meio.
_ Como eu disse, pouco tempo.
_ É pra isso que você tem esse caderninho com você? - perguntei, olhando-lhe agora com olhos curiosos.
_ O quê? Isso? Ah é! - ele disse meio sem jeito.
_ E você tá cumprindo um dos objetivos agora?
_ Pode-se dizer que sim.
_ E qual é? Ser sociável? - eu ri.
_ Engraçadinha.
_ Qual é então?
_ Fazer o máximo para que as pessoas a minha volta sejam felizes. E isso as faça se lembrar de mim como alguém que lhes deu algo bom.
_ E você acha que tá me fazendo feliz?
_ Bem, eu fiz você rir, não fiz?
_ É...
_ E qual é o seu sonho? Quero dizer...o motivo maior pelo qual você fez a lista?
_Eu...É algo que...Querida, eu tenho que ir, tá bom? - ele disse, levantando-se de uma vez da cadeira com um alarde e agonia repentinos.
_ Ei, espera. Eu...Obrigada. - eu disse. Mas ele já havia saído pela porta a muito tempo. - Eu hein! Cara estranho.

Aquele dia algo em mim mudou. Eu me sentia motivada de uma forma que há tempos não sentia. E devia tudo àquele cara...qual era mesmo o nome? Adam.

"Planejar algo a ser feito até que o nosso sonho seja realizado é um passo primordial para a realização do mesmo".

Como ele era brilhante!

E, de qualquer forma, ao menos isso me manteria ocupada. Era exatamente o que eu precisava. Ter objetivos seriam de fundamental importância para que eu ficasse sempre com a cabeça tão cheia de ideias de forma que não sobrasse espaço para pensamentos negativos e coisas assim. Eu quis começar imediatamente.

Paguei a conta ao garçom grosseiro e olhei para o lugar onde Adam estava. Ele havia deixado a caixa de cigarros. Por que é que ele não deixara o livro? Eu daria qualquer coisa para saber qual era o sonho dele, os motivos pelos quais ele ter feito o caderno.
_ Aquele cara esqueceu isso aqui. - eu disse, estendendo a caixinha.
_ Ah, e você vai levar pra casa espertinha?
_ Mesmo que eu fumasse eu não faria isso. Tá achando que eu sou o quê? - respondi.
_ Deixa aí. Ele sempre volta mesmo. Eu entrego pra ele.

Caminhei rapidamente para casa pensando que, se eu voltasse mais cedo, talvez o meu avô ficasse menos preocupado. Eu não queria que ele se preocupasse tanto. Não queria acabar deixando-o infeliz por minha causa. Ele não tinha culpa pelas coisas pelas quais eu passava. Muito pelo contrário. Ele perdera a única filha e genro em um acidente de carro não muito tempo depois de ter perdido a esposa e ficara encarregado de criar sozinho a única neta. E agora a neta estava sofrendo e ele não sabia mais o que fazer para aplacar aquele sentimento. É incrível a dor que você sente quando começa a pensar o que você faz passar as pessoas que te amam. Dói saber que alguém sofre por nós. Por muitas vezes eu desejei ser sozinha para que ninguém nunca precisasse sofrer por mim. Isso acabou fazendo com que eu me tornasse uma pessoa infeliz. Temos que tomar cuidado com os nossos desejos.
A primeira rua que tive de atravessar dava em frente a uma papelaria pequena que eu nunca havia visto por ali.
_ Inacreditável. - eu sorri - Parece destino. - E entrei a procura de um caderno pequeno onde eu pudesse começar a minha lista de objetivos a cumprir. Era o primeiro passo.
Entrei correndo em casa, dei um beijo na testa do meu avô e comecei a subir a escada até o meu quarto quando ele me chamou.
_ Jennifer, vem cá.
_ Que foi vô?
_ Vem aqui. Na minha frente.
_ Sim? - perguntei parada em sua frente com as mãos na cintura.
_ Adoro te ver feliz assim.
_ Ah, vô! - eu sorri, correndo para abraçá-lo.
_ Eu te amo.
_ Eu...eu também te amo vô. - gaguejei. Por quê era tão difícil falar? Por quê era tão difícil demonstrar?

Cinco minutos depois eu estava sentada de frente a minha escrivaninha. Janela aberta, cabelos presos (o que era algo quase impossível devido ao tamanho que eu havia cortado), um caderninho azul-bebê aberto a minha frente e um estojo com dezenas de canetas coloridas ao meu lado. Primeiramente eu tinha de pensar em algo para preencher a primeira página.
'Planejamento para a realização do meu sonho'. Não. Não era isso. 'Lista de objetivos para...', 'Caderno de....'. Eu não conseguia pensar em nada. Até que olhei para frente e vi a garota de cabelos curtos refletida no vidro. Eu me sentia tão diferente. Foi então que eu soube o título ideal. 'Uma nova Jennifer'.
Pronto. Primeira parte feita. Agora vinha a mais difícil.


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