Cartas de uma quase desconhecida. escrita por Jmissnothing


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Eu tive essa ideia a partir de um sonho, a muito o personagem Matteo existe em minhas histórias, mas nenhuma postada, então eu espero que vocês gostem, boa leitura.
Ps: Muito obrigada a linda Ju Goulart por betar



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Eu devia estar morto, e sabia que devia, os curativos que enfaixavam meus pulsos me lembravam disso a cada minuto, sempre que olhava para os meus braços. Naquele hospital era tudo irritante. As paredes brancas, o cheiro, que só dava para descrever como uma mistura de desinfetante e doença, um cheiro que me deixava doente. Minha mãe entrando com os olhos inchados, meu pai me olhando com uma expressão aflita, os médicos e enfermeiros sussurrando coisas sobre mim e dizendo para os meus pais que eu preciso visitar um psiquiatra.

Não sei se queria realmente morrer, não sei o motivo real de porque fiz aquilo, mas sei que fiz e agora vou precisar arcar com as consequências dos meus atos. O tic-tac do relógio que está na cômoda ao meu lado é irritante, mas de algum modo sei que vão reclamar se eu me livrar dele, suspiro. Suspiro porque o silêncio daquelas paredes está me matando, matando muito mais do que o sangue que perdi quando tentei morrer, talvez a Samantha tenha razão e eu esteja ficando maluco, é eu devo mesmo estar, acabei de supor que o silêncio pode me matar... Sacudo a cabeça e dou um sorriso para mamãe, ela sorri de volta quando percebe que estou acordado, ela estava muito distraída lendo "Volta ao mundo em oitenta dias" pela milésima vez, era seu livro favorito.

— Você está péssima senhora Mazulo, deveria ir tomar um café. — Ela me olha atenta, eu estou tentando fazer as coisas voltarem ao normal. Ela não percebe, ou percebe e decide ignorar minha tentativa, um mal de mãe... Elas sempre ignoram quando os filhos estão certos, mas não posso culpá-la, que mãe conseguiria agir normalmente depois que o filho tenta se matar? Acho que nenhuma, ela morde o lábio e eu sei que está nervosa, passa a mão pelos cabelos negros e eu sei que estou ferrado, lá vem um sermão...

— Você tem razão, eu deveria mesmo ir tomar um café, volto logo. — Escondo minha expressão de surpresa, minha mãe não costuma me escutar, e ela costuma normalmente fazer exatamente o contrário do que eu sugeri, então quando ela sai fico boquiaberto, eu devia ter tentado essa coisa toda antes. Brinco comigo mesmo, já que não tem ninguém para conversar, pego o controle e ligo a televisão, quando vejo um envelope, o olho atentamente na dúvida se devo pegar e obviamente minha curiosidade me vence, abro-o e começo a ler.

“ Olá Matteo, soube do que aconteceu com você, espero que já tenha tirado essa ideia estúpida da cabeça e resolva mover essa sua linda bunda para fora da cama assim que tiver alta e mudar o que quer que tenha que ser mudado na sua vida perfeita, que agora não parece mais tão perfeita quanto antes. Estou te escrevendo porque acho que de alguma forma, mesmo que um pouco, minhas palavras talvez possam te ajudar, talvez você queria alguém que te escute, mais do que sobre basquete, ou afazeres escolares, talvez mais que sobre sexo, ou como a garota nova da sala é esquisita. Eu ainda não sei, se você se conforma apenas com esses assuntos fúteis, essas banalidades, porque afinal eles são necessários de vez em quando. Mas se você se conforma com isso e apenas isso, então por favor ignore essa carta, mas se de algum modo você quer mais do que isso para si me responda e vamos manter contato.

Não direi meu nome, nem minha idade, muito menos de onde te conheço, mas acho que você já deve ter percebido ao menos de onde nos conhecemos, ou não já que você vive meio fora de órbita... O fato é que acho que imaginei que você precisasse de alguém em quem confiar, já que de certo modo, seu ciclo social é um ninho de cobras em que as pessoas competem para saber quem é o mais venenoso e não sei porque você não me parece desse tipo, ou talvez eu esteja errada e você é um serial killer, um psicopata, ou só tão babaca quanto a maioria dos garotos da sua idade... Eu não escreverei muito nessa carta, afinal ainda não sei se vai aceitar nossa correspondência. Você tem até o fim do mês pra pensar senhor bonitão, então pense com carinho. Talvez você esteja precisando de novos ares e novas pessoas.

PS: Se aceitar só precisa responder para o e-mail quasedesconhecida@gmail.com

Até a próxima, quase desconhecida.”

Olhei para aquela carta e ri baixo, então eu tinha uma espécie de admiradora secreta? Não era exatamente isso, ainda assim... Que maluquice! Enfiei a carta na minha mochila e escolhi decidir depois se responderia aquilo, ou não, mas por mais louco que parecesse também parecia divertido.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado e sejam muito bem vindos os que leram, deixem um elogio, crítica, só por favor tirem cinco minutinhos para comentar, obrigada e espero que tenham gostado, nos vemos no próximo capítulo ♥



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