Senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, meu Deus! Ele era lindo, lindamente lindo, branquinho, de cabelos pretos espetados, olhos verdes e covinhas, S.O.S!

– Obri...ga...da! – falei sem jeito.

– Não foi nada! Acho que seu celular estava muito interessante. – ele deu um sorrisinho de lado.

– Aí meu Deus, que falta de atenção a minha. Mil perdões.

– Não, não, tudo bem. Prazer, Léon Vargas!

– Prazer Violetta Castillo, mas pode me chamar de Vilu.

– Um nome lindo para uma garota linda... – não podia me ver, mas sentia meu rosto queimando de vergonha. – Alias você sabe onde fica a sala da 1ª série? – não acredito que ele está na minha sala.

– Ah... claro, eu estudo lá. Se quiser te levo lá!

– Ficaria imensamente grato, mas você não estava descendo?

– Sim, estava indo até a biblioteca, mas se você q... – Léon me interrompeu.

– Vamos fazer assim, eu vou até lá com você e depois você me leva até a sala.

– Okay, então vamos! – ele sorriu.

Enquanto voltávamos para a sala, o clima estava extremamente tenso, até que eu me manifestei:

– Mas e aí, porque você chegou tão tarde? Não era melhor ter faltado?

– Bom... eu cheguei da Itália hoje pela manhã, tive que pegar meu material e cá entre nós essa escola é um labirinto. – nós dois rimos.

– Pois é, então temos um italianinho na sala? Ihh as meninas só vão ficar no seu pé.

– Na verdade eu sou argentino mesmo, desde pequeno morei com meus avôs na Itália, mas pedi para retornar quando fosse ingressar o Ensino Médio e cá estou eu, sei que aqui as oportunidades para correr atrás do meu sonho são bem maiores. E em relação as meninas, eu sinceramente odeio isso, para mim todas que fazem isso são oferecidas, gosto que sejam meus amigos pelo que eu sou e não porque sou “italiano”.

– Concordo plenamente com você... pense numa racinha que eu odeio é essa das oferecidas. Mas qual é o seu sonho? – perguntei envergonhada.

– Bom... é que eu... Eu sonho em ser cantor.

– Não brinca! Eu também! – opa, opa, opa! Além de lindo, fofo, e surreal, sonho o mesmo que eu, não poderia ser mais perfeito.

– Vil... – Lud parou quando viu que eu estava acompanhada.

– Léon essa é a Ludmila, minha amiga, ou melhor, minha irmã, e sim ela é um pouco extravagante.

– Prazer, Léon Vargas!

– O prazer é todo meu, já que vi vocês se deram muito be... – cortei ela.

– Ludmilaaa!

– Concordo, tenho que admitir que apesar de conhecer ela a pouquíssimos minutos, me sinto bem ao lado dela, e confesso que nunca senti isso com garota alguma, sua amiga tem uma energia diferente. – ele nos deixou e foi para a sala, fiquei da cor de uma pimenta.

– Olha aí, tudo ao seu tempo, falei que o príncipe encantado iria aparecer na sua vida na hora certa.

– Ai ai, não sei o que faria sem você loira oxigenada! Agora vem que o professor já esta vindo! – a puxei pelo braço.

POR LÉON

De verdade, nunca senti isso com garota alguma. Violetta é diferente de todas, finalmente achei o amor da minha vida, você deve estar pensando “Mas esse garoto é um louco! Conhece a garota a poucos minutos e já acha que é o amor da vida dele”, porém eu nunca me senti assim ao lado de nenhuma menina. Entrei na sala, e todos dirigiram o olhar a mim, sentei ao lado de duas carteiras vazias, deduzi que seriam da Vilu e da Lud, já que todos ocupavam seus devidos lugares. Até que uma menina meio amostradinha veio até mim:

– Oi, me chamo Lara! Porque você não senta ali ao meu lado e de minhas amigas? – ela disse sentando na ponta da carteira.

– Não obrigada, estou muito bem onde estou! – Lara ficou incrédula.

– Bora, bora, todos em seus lugares! – um ser barbudo e careca entrou na sala.

– Aquela ali já veio dar em cima de você? – Violetta me questionou.

– Uhum, mas tratei de dar um fora nela daqueles, conheço bem esse tipinho.

– Valeu boy!

– Vejo que temos um aluno novo na sala! – exclamou o professor. – Qual seu nome jovem?

– Léon... Léon Vargas. – todos me olhavam.

– Já estudava na instituição?

– Não, não. Eu acabei de chegar da Itália.

– Muito bom! Seja bem-vindo, me chamo Estevan e sou o professor de História.

– Obrigada!

...

Os dois últimos horários de aula foram de História, achei bem legal! Logo que o sinal bateu, peguei o contato das meninas, e acabei por fazer amizade com mais duas novatas, Camila e Natalia. Estávamos descendo a rampa, quando o celular da Vilu vibrou e ela saiu desesperada, parecia que tinha visto um fantasma.

– Éhh... bem , eu tenho que ir! Vejo vocês amanhã. – ela se despediu.

– Esper... – eu e Ludmila falamos juntos, mas não adiantou de nada.

– Até amanhã, amo vocês, beijão, té mais! – ela estava a 1000 por hora.

POR VIOLETTA

Como assim a Francesca está na escola? Meu Deus! Eu não posso encontrar ela, me desesperei, sai correndo que nem uma louca tinha que arranjar um jeito de sair da escola, sem que ela me visse. Me escondi atrás do quiosque, até que escuto vozes conhecidas:

– Você faz muita falta Fran! – era a chatice da Lara.

– Ow, também sinto falta de vocês. – ela parecia preocupada e não parava de olhar o celular, será que ela estava esperando por uma resposta minha?

Fiquei sem saber se respondia ela ou não, mas me contive. Já fui ignorada tantas e tantas vezes por ela, que o que eu estou fazendo agora não é nada.

– Vamos lanchar no shopping? – a baba ovo da Lara, Clarisse perguntou.

– Pode ser. – Francesca falou tentando parecer amimada, conheço minha amiga.

Assim que elas se retiraram, meti carreira. Liguei para o meu pai, e pedi que ele vinhesse me buscar correndo, ele se assustou, mas eu falei que tinha que terminar um trabalho para amanhã e estava mega atrasada.

(10 minutos depois)

– Aleluia! – entrei no carro batendo a porta.

– Calma! Sabe o transito não facilita. – meu pai retrucou. – Aquela ali não é a Francesca?

– Aonde? Não estou vendo. – me fiz de boba.

– Ali de calça jeans. – ele apontou.

– Não, não, você deve estar confundindo com alguém, agora vamos logo Sr. Germán Castillo, que sua filha tem um trabalho para fazer e se ela tirar zero, você mata ela. – eu disse, querendo parecer impaciente.

– Okay, okay estressadinha!

...

Quando cheguei em casa, subi para o meu quarto rapidamente, não estava a fim de falar com absolutamente ninguém, só queria me deitar e pensar sobre a minha vida. Tranquei a porta do quarto, liguei o som e fui tomar banho. Logo em seguida, me joguei na cama e peguei o PC para ler um pouco, espairecer, até que meu celular toca, atendi receosa de ser a Francesca:

*Ligação on*

– Oiiie foguetinho!

– Léonnn!

– Posso saber o porquê de a senhorita ter saído tão desesperada?

– Apesar de nos conhecermos a menos de um dia, sinto que posso confiar em você, porém esse é um assunto bastante delicado... – falei desnorteada.

– Entendo... mas de qualquer forma eu exijo uma explicação. – garoto insistente esse.

– Já vi que se não falar você não vai sair do meu pé.

– Ainda bem que você já percebeu! – sua voz é tão linda.

– A questão é que minha melhor amiga, ou melhor, a garota que eu acho que é minha melhor amiga, tinha me mandado uma mensagem avisando que estava lá e queria se encontrar comigo. Só que eu sei muito bem, que se tivesse ido vê-la teria ficado de lado, enquanto ela falava com as ISPS, Violetta Castillo sempre em segundo plano. – estava a ponto de explodir.

– Ah, então este era o problema. Hmm... mas que são as tais ISPS? – ele me perguntou.

– Sabe aquela menina que deu em cima de você hoje? Pois bem, ela é a líder desse grupinho, na verdade essa sigla eu e Lud que criamos, para falarmos delas sem que elas percebam, ISPS significa “Intelectuais Super Populares”.

– Garotinhas espertas! Gostei disso, mas depois quero saber mais a respeito dessa história da sua melhor amiga, agora vou deixar você descansar. Boa noite, ah e muito obrigada por se atrapalhar no celular hoje, caso contrário nunca teria conhecido a menina mais fofa, doce e atenciosa do mundo, você tem um diferencial de todas as outras. – mais uma vez fiquei da cor de uma pimenta.

– Boa noite, assim você me deixa sem jeito, obrigada, até amanhã, beijão!

– Beijão!

Passei um bom tempo trancada no quarto, tinha que fingir que estava fazendo o trabalho, então umas duas horas depois desci para comer algo, e em seguida fui dormir, apesar de estudar pelo turno vespertino, minha manhã é muito corrida.