Felicity mantinha o olhar para o lado de fora da janela, mas obedeceu ao pedido de Oliver. Não sabia ela tamanha surpresa lhe aguardava quando seus olhos encontraram o homem mais lindo que ela já havia visto. Olhos azuis, rosto quadrado, barba rala e cabelos castanhos claros com alguns fios loiros, sem dúvida Oliver era aos olhos de Felicity a perfeição que nem em seus melhores sonhos ela conseguiria produzir.

Os olhos arregalados e a cara de espanto de Felicity, despertaram em Oliver um misto de confusão e medo, sem mais paciência para esperar que algum som audível saísse daquela boca feminina, ele afirmou:

– Então agora pode ver que não sou “bonito” como você pensou que fosse.

Felicity não conseguia dizer nada, sua boca estava aberta e já seca, suas bochechas estavam avermelhadas por estar tímida diante da beleza daquele homem e mil pensamentos bombardeavam sua mente buscando uma explicação para ele se manter escondido por trás daquele capuz, “temia ele que eu me apaixonasse?” questionava sua mente brilhante. Porém Oliver já não tinha mais nenhuma esperança de que ela dissesse algo, ele estava arrependido de ter mostrado seu rosto, sentia que Felicity realmente havia se decepcionado, afinal, “alguém tão feio assim e ela pensando que seria um príncipe”, enfurecido por sentir que estava perdendo a admiração de Felicity, ele virou-se rapidamente e se dirigiu para fora da casa ignorando a chuva forte que caía sobre sua cabeça, ficar naquele lugar estava sendo sufocante para ele.

Ao ver Oliver se distanciando, Felicity despertou do seu transe e percebeu que não havia dito nada a Oliver o deixando confuso, “é claro que ele esperava que eu dissesse algo”, sem mais espera, ela saiu em disparada atrás dele e o encontrou bem no meio do pátio, debaixo daquela chuva forte, o chamou várias vezes, mas ele parecia ignorar então, ela foi até ele que tentou se virar, mas foi interrompido por um par de mãos pequenas e delicadas que seguravam forte o seu rosto o fazendo encarar aqueles olhos azuis fascinantes acompanhados de um sorriso iluminado.

– Não acredito que pense que você não é bonito, por Deus Oliver, você é lindo!

Oliver notou que aquela frase não foi planejada já que a moça ganhou um rubor na face inteira e seu olhar foi de encontro ao chão, após um suspiro demorado, Felicity ergueu o olhar para Oliver e os dois ficaram se encarando por um tempo. Sem perceber, Oliver colocou suas mãos na cintura de Felicity e eles foram se aproximando lentamente até que havia poucos centímetros os separando, foi quando a buzina do carro guiado por Jonh os despertou desse transe fazendo com que se separassem abruptamente.

Oliver abriu a porta do carro para Felicity e entrou em seguida, Jonh analisava o desconforto dos dois em silêncio, mas se arrependia de ter chegado tão cedo. Assim que chegaram à mansão, Felicity não esperou nem que abrissem a porta, apenas correu em direção ao seu quarto, Jonh pensou em questionar Oliver, mas o mesmo não parecia estar aberto ao diálogo. O resto do dia correu normalmente para o resto do mundo, porém para Oliver nada estava normal, nem certo, pela primeira vez desde que saiu do exército ele não tinha nenhuma certeza do que sentia ou então não queria admitir. À noite a senhora Maria trouxe a janta até seu quarto e percebeu certa inquietude e até mau humor em seu olhar fixo no corredor, ela então se adiantou.

– Meu menino, eu solicitei a vinda do Dr. Phill até a mansão e não lhe pedi antes para não lhe incomodar.

– Algum problema Maria? Sente alguma coisa?

– Não, meu menino. Eu chamei para a menina Felicity, ela está com febre alta e dor de cabeça e como os remédios que temos aqui não estão fazendo efeito, eu optei por chamar o doutor, espero que não se incomode.

– De forma alguma, me mantenha informado...

Maria sentiu que Oliver queria questionar mais, porém ele não fez, se despediu de seu menino e foi em direção à cozinha terminar a sopa que estava fazendo para Felicity. Oliver estava completamente sem fome e saber que Felicity não estava bem o deixava ainda mais incomodado. As horas se passaram e ele pôde ouvir quando o doutor se despediu de Jonh ainda no corredor alertando que ela dormirá bastante por causa dos medicamentos, quando os dois se distanciaram Oliver aproveitou para verificar ele mesmo como Felicity estava e foi até seu quarto, o que ele não esperava era que sua presença o denunciasse tanto:

– Oliver? É você?

Ele ficou em silêncio, aproveitou-se da sombra que fazia na lateral do quarto e apenas ficou admirando enquanto a garota ainda grogue pelos antialérgicos que tomou para a sinusite tentava enxergar além da escuridão, falhando miseravelmente, ela se deu por vencida e apenas murmurou:

– Claro Felicity, só você mesma para pensar que o Senhor Mau Humor mais lindo do mundo se ocuparia a vim no seu quarto pra ver como está, não é?

Oliver pensou em se pronunciar, mas achou melhor não, também não pôde conter um mínimo sorriso que brotou quando ouviu ser chamado de “senhor mau humor mais lindo do mundo”, ele não sabia como, mas essa garota parecia ter o poder de mudar completamente seu mundo, sua forma de pensar e agir e principalmente sua forma de se ver, porém, ele não estava pronto para esse “tratamento”. Felicity finalmente cedeu ao efeito do remédio e adormeceu profundamente, Oliver afastou uma mecha do seu cabelo castanho e admirou sua beleza diante da luz do luar, ela sem dúvida era a imagem mais linda do mundo aos seus olhos.