O dia amanheceu e Felicity sentiu que devia estar animada, afinal, era o seu primeiro baile, está certo que o fato de não ter um acompanhante diminuía uns 30% da sua empolgação, porém o que mais apertava seu coração era exatamente o fato que era a sua primeira vez, ela terá que conversar e confraternizar com vários estranhos e como se não já fosse o suficiente, ainda terá que ler um discurso. O que a deixa ainda mais triste é que ela mandou para Oliver o discurso terminado, mas se ele leu, não se deu ao trabalho de responder. Contudo, ela estava ali para isso e muito mais, ela sabia as atividades que seu pai enfrentava, ela não estava inconsciente quando aceitou ficar em seu lugar. Sem empolgação alguma, ela se levantou da cama, se forçou um sorriso e caminhou até o banheiro para começar suas atividades daquele dia, o que implicava ou não, um café da manhã na companhia de Oliver.

Enquanto se arrumava ela se questionava de porquê não conseguia simplesmente ignorar Oliver e todas as suas mudanças de humor, ela conseguiu viver muito bem todos esses anos sem se importar com a opinião alheia, sua vida pacata que consistia em escola, casa e biblioteca onde lecionava para crianças gratuitamente, não incluía o convívio com muitas pessoas e ela parecia não incomodar com sua presença quase imperceptível. Porém, assim como na sua antiga vida, ela tinha a presença diária de sua mãe, e com essa lembrança Felicity sorriu triste, é lógico que ela sente falta de seus pais, mas a batida suave na porta interrompeu seu momento nostalgia, pois Maria já sentia a sua falta na cozinha, de fato, ela se perdeu em pensamentos e acabou se atrasando.

– Minha menina aqui está seu vestido, lavadinho e passadinho.

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Felicity sorriu para o carinho de Maria com ela e empurrou para longe aquela lágrima que escorria pela sua bochecha, Maria mostrou preocupação, mas Felicity sorriu para ela e sussurrou um “saudades de casa”, provocando em Maria um olhar ainda mais carinhoso. Com um beijo na testa de Felicity, a senhora se despediu.

– Estamos lhe esperando para o café, não demore, certo?

– Estamos? Pensei que Jonh estaria na folga dele devido ao baile...

– Ele está, mas eu me referia a Oliver e eu, ele me mandou ver se estava tudo bem com você.

Felicity baixou a cabeça, mas Maria pôde ver o sorriso que se formava em seu rosto com apenas a pronunciação do nome de Oliver, e ela sorriu satisfeita, pois o mesmo acontecia a ele quando ela tocava em qualquer assunto sobre Felicity. Maria saiu do quarto deixando uma Felicity sorridente e se dirigiu a cozinha onde encontrou um Oliver em uma pilha de nervos.

– Então, ela está bem?

– Sim, meu menino, ela está ótima. Apenas se atrasou um pouco, afinal, o dia de hoje merece um pouco mais de cuidado com a produção não é?

– Não Maria, não comece.

– O que estou dizendo demais? Ora, se trata de um baile de gala, várias convidadas com seus vestidos luxuosos e maquiagens perfeitas, casais dançando no salão, várias damas solteiras sob os olhares dos homens mais lindos e cobiçados de toda a cidade, e com certeza, entre todas essas damas Felicity será a mais linda, sempre.

Oliver coçava o maxilar visivelmente incomodado com a visão que Maria acabara de lhe dar: Felicity incrivelmente bela sendo cobiçada e até incomodada por todos os homens solteiros da festa, automaticamente veio a sua mente a imagem de Felicity cedendo as investidas de Ray Palmer que tantas vezes provocou ira em Oliver ao vê-lo no monitor de seu escritório diante das câmeras da empresa, Não, definitivamente, ele não vai permitir.

– Meu menino, posso saber o que é essa ruga em sua testa? Algo que eu disse?

Maria perguntava com um sorriso zombeteiro e Oliver sorriu sem humor diante da provocação dela.

– Eu sei bem onde quer chegar e não, não vamos ter aquela conversa novamente.

– Que conversa?

Felicity surgiu de repente fazendo Oliver virar-se bruscamente para vê-la, e como ela estava bonita. Oliver não sabia explicar se foram as provocações de Maria ou se realmente aquela escuridão estava indo embora graças a chegada de Felicity e finalmente ele podia enxergar as coisas e principalmente, as pessoas com felicidade, beleza, e essas duas coisas Felicity tinha em abundância. Oliver respondeu conscientemente o sorriso de Felicity com o seu e ela sentiu que seu humor estava melhor.

Felicity sentiu seu rosto queimar em vergonha pelo silêncio que surgiu diante a sua pergunta e apenas sussurrou um “desculpa” para Oliver e sorriu para Maria. Oliver puxou a cadeira para que ela se sentar ao seu lado e os corações dos dois pareciam que explodiriam a qualquer momento. Maria observou os dois que se olhavam e sorriam e às vezes sentia vontade de gargalhar a cada olhar de repreensão que Oliver lhe enviava, afinal, ele tinha que admitir que seguir o conselho dela deixando tudo fluir naturalmente e aproveitando a companhia daquela moça era tudo que ele estava precisando a um bom tempo.

O resto da manhã seguiu iluminado, afinal, os três conversavam livremente sobre todo tipo de assunto, por vezes, Felicity contava sobre suas atividades nada comuns a uma criança de 7 anos que desmontava e montava computadores com muita facilidade, Maria se divertia bastante e Oliver se sentia estranho a cada sorriso e olhar que Felicity lhe lançava, era como se ele estivesse em uma guerra interna sobre revelar ou não seus sentimentos. Em certo momento, Maria comentou:

– Ora minha menina, você não deu trabalho algum aos seus pais. Você não tem ideia do que esse mocinho aprontava ao redor dessa mansão com a irmã e o melhor amigo, Tommy. Nossa, aquele menino era um misto de capetinha aprontando de tudo e anjo ao mesmo tempo com aquele sorriso.

Felicity se focou na reação de Oliver e notou nele um sorriso de saudade, mas que demonstrava felicidade com a recordação, ela aproveitou para alfinetar.

– Muito bem lembrado, Maria, pois esse mesmo mocinho me deve uma história do passado dele e não acredito que ele pense que pode me enganar...

Felicity lançou um olhar reprovador para Oliver, porém um sorriso enorme brincava em seus lábios, Oliver suspirou cansado baixando a cabeça, mas sorrindo, ele se questionava como poderia se manter preso na escuridão sendo que a garota sempre provocava nele sorrisos, mesmo que involuntários.

– Não me esqueci, Felicity, nem seria tolo ao pensar que posso lhe enganar... na hora certa você terá minha promessa cumprida, está bem?

Felicity alargou o sorriso e ajeitou os óculos, toda aquela aproximação era novidade para ela e definitivamente ela amava mais ainda esse Oliver bem humorado... espera aí, “amava”? É isso mesmo? Oh meu Deus, será que Felicity está mesmo no amor por Oliver? Felicity detesta não ter controle sobre as coisas, mistérios então, as deixa maluca, ela definitivamente precisa descobrir o que sente por Oliver.

Jonh chegou e por mais feliz que estivesse com toda aquela movimentação, sorrisos e olhares, ele teve que interromper.

– Oliver, sua encomenda já está no escritório.

Com uma troca de olhares silenciosa com Jonh, Oliver se despediu deixando um “nos vemos mais tarde” para Felicity que apenas sorriu em resposta. Maria já sabia do que se tratava a tal encomenda o que deixou Felicity totalmente alheia ao momento, sem muitas opções, ela também se despediu indo em direção ao seu quarto. Felicity se sentia feliz, mas ao mesmo tempo estava nostálgica, afinal, era seu primeiro baile e ela não tinha sua mãe para lhe ajudar a se vestir e com certeza fazer mil comentários sobre quão linda sua bebê estava. Foi pensando nisso que ela adormeceu acordando as 18 horas, deixando apenas 2 horas para se produzir, com um salto ela saiu da cama em direção ao banheiro, tomou um banho rápido e começou a enrolar os cabelos na bablylis que comprou no dia que fez compras com Jonh. Era verdade que Maria insistiu muito para que ela fosse para um salão cujo horário já estava reservado, mas Felicity não se sentia bem com tanta atenção, ela não estava acostumada com muita gente ao seu redor e optou por ela mesma se produzir desde que Maria pudesse ajuda-la.

Antes que pudesse sair do banheiro, Maria chegou com uma caixa azul em veludo e um sorriso enorme no rosto, ao olhar intrigante de Felicity, Maria respondeu:

– Presente do meu menino Oliver, ele quer que você use e disse que não aceita devolução.

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Felicity sorria enquanto suas sobrancelhas demonstravam o quão surpresa ela estava com aquela atitude de Oliver. Felicity abria e fechava a boca, mas nenhum som audível saía dela, Maria adiantou.

– Essa jóia era da mãe dele, estava guardada há bastante tempo então ele mandou para restauração. Não tenho dúvida que você será a mais linda da noite, mas meu menino deseja que você use, ele disse que você é a única mulher que ele consegue imaginar usando esse colar.

Os olhos de Felicity brilhavam de admiração e não era pelo colar e sim pela ação de Oliver, definitivamente ela não esperava por isso. Ainda bastante emocionada e sem tirar os olhos da jóia, Felicity permitiu que Maria lhe ajudasse a colocar o colar e vestir o vestido. Ela optou por uma maquiagem marcante que combinava perfeitamente com sua máscara.

Maquiagem

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Máscara

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Após toda produção, com o cabelo preso em um coque e alguns cachos soltos, Felicity mal podia acreditar em quão bela estava, o olhar de Maria era pura admiração e ansiedade, pois não podia esperar pra ver a reação do seu menino. Felicity saiu do quarto com seu tablete em sua bolsa, afinal, ela ainda tinha o discurso para fazer, e em passos lentos chegou a escada. Oliver estava de costas para a escada enquanto Jonh que estava de frente parou bruscamente de falar para apresentar um olhar de pura admiração, sem entender bem a reação do seu amigo, Oliver se virou na direção do olhar de Jonh, porém, ele teve piscar algumas vezes para ter certeza que aquela imagem não era um sonho ou ilusão, toda a beleza de Felicity estava ainda mais destacada, seu sorriso tímido só a deixava ainda mais sedutora.

Os batimentos cardíacos de Oliver não estavam colaborando com a confusão que estava em sua mente e entre um milhão de coisas que se passaram pela sua cabeça enquanto Felicity descia as escadas, a única que saiu foi:

– Linda.