Nárnia - Uma última visita. escrita por Gennie Licce
Notas iniciais do capítulo
BOA LEITURA.
Haviam se passado cinco dias desde que Pedro e sua amada América chegaram na antiga residência do Professor. Apesar da estanha recepção, os dias que se seguiram foram mais calmos e acolhedores.
O sol brilhava ainda por detrás das montanhas, o ar úmido e uma brisa gelada penetravam nas paredes da casa. Apesar de ser tão cedo já havia movimentos, principalmente na sala de refeições.
O cômodo não é tão pequeno e nem possui uma decoração como a de outros lugares pela casa. O papel de parede é menos tradicional, formado por imagens de tijolos e a mobília está reformada, tendo um aspecto de novo. No meio do cômodo uma mesa de vidro retangular se encontra forrada por um pano de mesa fino e branco, por cima há diversos pratos, talheres de prata e xícaras. Sem contar na quantidade de fartas comidas, tendo entre elas pães, frutas e pão de queijo, típico do Brasil.
Edmundo já estava arrumado, veste uma calça bege e uma camisa grossa de lã listrada da core vermelha desbotada. O jovem estava acomodado ao lado da irmã caçula, Lúcia, que ainda vestia pijamas e por cima um roupão branco. Ambos se serviam aleatoriamente. Susana também se encontrava na sala de refeições, vestindo um de seus clássicos modelitos – um vestido claro, desta vez com estampa de bolinhas e azul – Sentada em uma das pontas, também se deliciando com as comidas.
Pedro, ainda de pijama, chegara atrasado. Se encontrava em estado suspeito, descabelado e preguiçoso. Todos o olharam curiosos e suspeitando de diversas maneiras, e é Edmundo o primeiro a falar.
“ Você está horrível, Pedro.” Semblantes na voz dele dizia que segurava o riso.
“ Não consegui pregar os olhos ontem a noite.” Respondeu Pedro, meio bocejando.
“ Nós imaginamos o motivo.” Brincava Edmundo baixinho e soltando risinhos, junto com Lúcia.
Pedro o encarava sério, entendendo a brincadeira logo de primeira e parecendo não gostar. Mas antes de responder, Hina, a empregada mais velha – de cerca de 34 anos. – entrava segurando uma bandeja prata, com dois recipientes médios, dos quais sai uma fumaça pequena e quase transparente. Ela traz consigo o leite quente, e o café. Os repousou em um espaço reservado na mesa e sorrindo disse:
“ O que vai querer hoje, Senhor Pedro? ” Ela parecia ter acordado de bom humor, extremamente diferente dos dias anteriores, quando reclamava que teria que trabalhar mais nas refeições porque mias duas bocas haviam sido adicionadas.
“ Que não me chame de senhor.” Ele respondera com carisma, mesmo parecendo estressado. “ Vou querer o café, por favor.”
Hina assentiu com a cabeça e encheu a xícara em frente a Pedro, o cheiro de café forte flutuava se misturando com o aroma das comidas. Só de olhar a fartura posta sobre a mesa dava água na boca. E por mais estranho que parecesse, Pedro apenas se serve de torradas. Susana é quem interroga.
“ O que houve Pedro? ”
“ Nada demais, apenas não conseguir dormir ontem a noite.” Ele afirmou com clareza, já de boca cheia. O que irritou, totalmente, Susana.
“ E por que disso?” Ela insistiu curiosa.
“ Foi uma dama de cabelos claros, doce e gentil? ” Comentou Lúcia no tom da brincadeira. Ela e Edmundo queriam envergonhar Pedro. Uma brincadeira estranha mas que os trazia risadas.
“ Não, fora o sonho que tenho tido inúmeras vezes.” Esbravejou Pedro largando sua comida no pires de desenhos minúsculos.
“ Sonho?!” Pergunta Susana curiosa.
“ Lembranças misturadas e cenas que é melhor nem lembrar.”
“ Lembranças de Nárnia?!” Perguntou Lúcia, de repente séria, quase afirmando a própria pergunta.
“ É.” Respondeu Pedro, enquanto encarava os pães de queijo brasileiros.
“ Sabia que eu não era única a ter esses sonhos esquisitos.” Ela quase grita, afirmando e declarando. Lúcia largara os talheres que ruidosamente caíram sobre o prato. Se Dona Marta ainda estivesse ali ela surtaria, temendo pela louça.
“ Você também tem tido?” Perguntou Pedro surpreso.
“ Sim e Susana dizia que era apenas pesadelos.” Debochou Lúcia com desdém.
“Eih!” Protestou Susana.
Edmundo riu e em seguida tomou um pouco do café em sua xícara, parecendo nem se importar com o assunto, mas logo é o foco das atenções e obrigado a se pronunciar. “ O que?! Isso é engraçado!” Dizia ele olhando cada um dos seus irmãos.
“ Ed, não há nada de engraçado nisso.” Repreendia Susana.
“ O que?! No começo você achava isso um absurdo, não venha me corrigir.” Pestanejou Edmundo, que continua. “ E eu acho apenas uma coincidência, vão me falar que há uma semelhança nos dois sonhos? ”
A pergunta de Edmundo circulou pelo ar, nenhum deles havia pensado nisso. Sonhos parecidos porém não idênticos, quais chances de isso acontecer teria? Todos se entreolharam, pensando na possibilidade. O silêncio tomou conta do cômodo, uma brisa gelada pareceu circular o ambiente arrepiando o pelo da nuca de cada um dos Pevensie.
Depois de minutos cada um, Pedro e Lúcia, contaram seus ‘pesadelos’ e procuraram cenas parecidas. Entretanto só acharam personagem idênticos, conhecidos que participaram do dia-a-dia deles em Nárnia, nada há mais até...
“ Espera ai.” Começou Susana olhando para o nada, pensando enquanto fala. “ Ambos disseram que havia palavras nas paredes, no chão...” ela observa. “ O que havia escrito?”
“ Estavam numa língua antiga de Nárnia, que se não me falhe a memória dizia...” Pedro começa, nunca foi bom com as línguas antigas de Nárnia, sempre se confundia.
“ Se à Nárnia quer ir, não precisa apenas acreditar ...” Inicia Lúcia.
“ ...precisa parar de pensar e deixar que Nárnia o chame. ” Termina Pedro, fazendo todos refletir.
“ O que será que isso quer dizer?” Sussurrou Su.
“ Quem sabe se pararmos de pensar em Nárnia...” Edmundo começou.
“ Mas não temos pensado em Nárnia nos últimos dias...” Afirmou Pedro.
“ Pedro...” Susana o encarava. Ela sabia que ninguém parava de pensar naquela mágica terra desde que se viram pela primeira vez há cinco dias atrás. Talvez fosse por isso que a tão esperada viagem estivesse demorando. “ Anda, dêem as mãos.” Pediu ela.
“ Susana é meio impossível...”
“ Faça o que eu disse.” Ela reclamou se levantando e se sentando ao lado de Pedro.
Os outros não gostaram da ideia mas mesmo assim deram as mãos e fecharam os olhos, esperando que algo acontecesse.
De repente uma brisa gelada os chicoteia, o silêncio vence. Nada acontece mas eles ficam assim por minutos e minutos. E então abrem os olhos.
NADA mudou, nem mesmo a iluminação lá fora. Todos recolhem as mãos e se entreolhavam, depois fixaram em Susana.
“ Desculpe, achei que funcionaria!” Ela diz cabisbaixa.
“ É mas não funcionou.” Edmundo afirmou o óbvio.
“ Não é a mesma coisa que antes Susana, não é só dar as mãos.” Explicou Lúcia, com um pouco de raiva e decepcionada.
“ Não fale assim comigo, eu tentei pelo menos.” Explicou ela chateada.
“ Menos as duas, o podemos fazer agora é comer.” Reclama Edmundo ainda faminto.
“ Guloso!” Brinca Lúcia.
“Ah engraçadinha.” Edmundo devolve. “ Pelo menos eu estou recuperando as energias.”
“ Ora essa, cadê a América?!” Nota por fim, Susana. Agora que se conformara com a presença dela era impossível não parar de pensar onde ela estaria.
Pedro os olhou sem saber responder, quando acordara, minutos atrás, América não estava em seus aposentos. Por mais que o assustasse ele pensou que a amada teria levantado mais cedo e já estará a tomar café. Balançou a cabeça coçou os olhos, dizendo por fim:
“ Eu não sei.”
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Foi um hiatus de 2 anos! Dois longos e indiscutíveis anos! Eu peço desculpas, desculpas por deixá-los abandonados, por deixar a história de América e Pedro de lado, e por voltar apenas agora.
Os capítulos foram atualizados neste mês - Outubro de 2017 - e pretendo continuar a história e postar um próximo capítulo até depois desta sexta feira treze.
Talvez eu possa expandir os horizontes dessa história, mas pensarei nisto mais para frente. Até o próximo capítulo.