Narradora

Helena sairá da casa grande bem no horário em que o jantar era encerrado. Não tinha comido nada descente o dia inteiro, mas realmente não se importava. Ainda se sentia cheia pelos morangos mergulhados em Nutella que Dean havia levado para ela.

Dean.

Somente agora a filha de Atena se lembrará da promessa, bom se ele viesse cobrar, ela inventaria uma desculpa, diria que tinha jantado na casa grande ou que Alaska levará um lanche pra ela no jantar.

Não era certo ela sabia, mas não era da conta de Dean saber se ela tinha ou não se alimentado bem durante o dia. Na verdade ela nem sabia o porquê de ultimamente o filho de Zeus ter agido de forma estranha com ela.

Primeiro: eles brigavam com mais frequência ultimamente e, por mais improvável que seja Dean sempre mostrava se divertir com essas discussões. Helena desconfiava até que ele fazia de propósito.

Segundo: O modo como ele a tratou naquela maldita noite. Porque, em nome de Atena ele havia feito aquilo? Pelos deuses, ele havia a abraçado!Nem mesmo Kevin fazia aquilo! Não depois da morte de Celine claro.

Ainda descubro o que aquela tomada humana quer! – Pensou, afinal, nada que viesse de Dean era algo bom.

Quando viu que todos estavam sentados ao redor da fogueira, Helena decidiu ir direto para o chalé 6,estava cansada demais para se explicar para qualquer um que fosse, o porque de não ter saído do chalé 22 a tarde inteira.

Tudo o que a filha de Atena queria no momento, era desmaiar em sua cama. E foi isso que Helena fez.

–------------------------------------Na fogueira-----------------------------------------

Alaska procurava desesperada a amiga, não tivera nem noticias de onde a filha de Atena estava à tarde inteira, e só fora saber agora que Helena estava no chalé de Circe fazendo uma poção.

A duvida da filha de Hades era: Porque Helena não lhe contará nada sobre a poção.

Ela já estava prestes a ir à procura da amiga quando Daniel, um filho de Apolo se colocou em sua frente.

– Laska! Quanto tempo que não temos uma conversa “agradável!” - Disse o louro de olhos azuis com um sorriso galanteador.

Alaska se limitou a apenas arquear as sobrancelhas de forma sarcástica.

–

–Ah sim! Da ultima vez você foi parar na enfermaria com fortes dores nas regiões de baixo não é? - O garoto estremeceu diante da observação da filha de Hades.

–

–Nem me fale, é como se eu ainda sentisse as dores daquela região! – Alaska revirou os olhos diante do drama.

–

– Isso é apenas mais um motivo para largar do meu pé e seguir em frente com as vagabundas que você pega. - Dizendo isso, a morena foi em direção ao próprio chalé, conversaria com Helena depois, pois com toda certeza acabariam discutindo, de tão grande que era a raiva recém adquirida da filha de Hades.

–-------------------------------------Com Helena----------------------------------------

Todos os campistas já tinham sido recolhidos, um silêncio assombroso dominava todo o acampamento. Helena se remexia em sua cama, tivera outro pesadelo, pior que o da noite anterior. Só que não poderia ir para a praia que, normalmente era sua zona de conforto, pois temia dar de cara com o filho de Zeus.

Sentia-se estúpida e infantil por ter tal medo, por isso, tentando se a convencer de quão imatura estava sendo, Helena se levantou saindo discretamente do chalé.

Afinal quais eram as chances de Dean estar na praia àquela hora da noite? E outra, não era como se ele fosse estar lá apenas esperando por ela não?

Parte dela se sentiu incomodada com a possibilidade de ele não estar lá, esperando por ela.

O que raios estava acontecendo? Será que finalmente seus neurônios haviam sido queimados pelo estresse das noites mal dormidas e das brigas com as amigas e com o irmão?

Estava divagando tanto em pensamentos que nem percebera que já havia chegado à praia. E para sua surpresa, desespero (ou felicidade), lá estava ele, o garoto irritante que de alguma forma ocupava seus pensamentos naquele momento. Dean.

O filho de Zeus pareceu não notar sua presença e, por isso Helena resolveu sair de fininho por meio as árvores e arbustos.

–

– Eu sei que você está ai. – Na mesma hora a filha de Atena congelou no lugar. Como? Antes que pudesse fazer a pergunta, o moreno se virou com um sorriso levemente sarcástico nos lábios.

– Pensei que não viria mais! – Helena soltou um suspiro de derrota, se aproximou então de Dean, não querendo demonstrar que se sentia incomodada e confusa por sua presença. Só agora notara uma pequena cesta de piqueniques em cima da famosa e tradicional toalha xadrez.

Ergueu então uma sobrancelha e olhou para o filho de Zeus,desconfiada.

– Vai ter um encontro com uma de suas varias seguidoras malucas? – Ela perguntou sem nem disfarçar o sarcasmo. Dean riu incrédulo.

– Claro que não! A essa hora eu e ela já estaríamos no meu chalé fazendo...você sabe...coisas. – Helena não pode evitar revirar os olhos diante de tal comentário estúpido e desnecessário.

– Informação demais, duracel. – Respondeu então à loura, não conseguindo conter um leve sorriso, que foi logo retribuído pelo moreno. Porém este ficou serio.

– Teve outro pesadelo não é? – Ele perguntou ainda serio.

Como se realmente ele se importasse. – Pensou Helena, mas se conteve. A filha de Atena então somente confirmou com a cabeça, mas logo tratou de concluir:

– Parecem ficar cada vez piores. – O filho de Zeus pareceu compreender a situação e vendo que Helena não diria mais nada, resolveu perguntar:

– Não vai continuar me contando a história da sua vida? Vamos lá eu mereço saber! Levei-te lanche à tarde, fiz esse belo jantar improvisado e ainda estou disposto a ser seu ombro amigo. – Vendo que ele não desistiria e com um suspiro frustrado, ela se rendeu.

– Tudo bem. Onde foi que eu parei mesmo? – Perguntou a contra gosto.

–Na...parte em que você fugia enquanto...sua meia-irmã ficava para trás. – Disse Dean com cautela. Helena pareceu se lembrar, um pouco triste.

– verdade.

“depois disso eu meio que fiquei vagando por toda Nova York, as vezes pessoas boas me davam alimento ou um lugar temporário para ficar a noite, mas nunca pude ficar temporariamente em um lugar só, com medo de que,se eu o fizesse, os monstros me achassem. Foi aí que eu conheci Oliver, um homem que me tirou das ruas por uma noite e me levou para sua casa”

–-------------------------------------FlashBack---------------------------------------------

Helena vagava por uma rua deserta no meio da noite, não havia encontrado nenhum lugar que aceitasse abriga-la e, quando estava seriamente pensando em dormir em uma praça um homem, ruivo e de boa aparência foi até ela.

–

– Você pelo visto não tem um lugar para ficar não é criança? Então, quer vir para minha casa? - Perguntou o homem com gentileza, a pequena não tinha muita escolha e por fim aceitou. O homem ruivo lhe lançou um sorriso amigável.

–

– Eu sou Oliver Naughty – Disse o ruivo, provavelmente esperando que Helena lhe dissesse seu próprio nome.

–

– Helena – Sussurrou a loura, um pouco desconfiada com tanta gentileza. Oliver então a levou para sua casa. Oliver tinha um filho de aproximadamente 13 anos, seu nome era Nick. Levaram então a loura para o quarto de hospedes, onde ela teve o melhor sono possível.

No outro dia, Helena acordou de forma discreta, não querendo acordar ninguém, estava planejando ir embora como o de costume. Tentou abrir a Janela, mas não conseguiu, pois a mesma estava trancada. Tentou então abrir a porta, mesmo resultado. Helena então se se encostou à parede assustada, o que estava acontecendo?!Algumas horas depois Oliver abriu a porta com brutalidade, jogando dentro do quarto outro garoto, no máximo dois anos mais velho que Helena.

–

– O que está acontecendo?! - Perguntou a loura atordoada. Porém o homem ruivo não lhe respondeu e fechou a porta com a mesma brutalidade com que abriu. Helena então começou a chutar e a bater a porta varias vezes, tentando em vão chamar por Oliver ou por Nick.

–

– Não adianta chamar por eles! A única coisa que fará será irrita-los, e acredite em mim, você não quer isso. – Disse o garoto que havia sido jogado lá dentro. Somente naquele momento Helena pareceu notar a existência dele. Um garoto magricela, dois anos mais velho que ela, moreno com olhos de um tom castanho chocolate.

–

– Quem é você? O que querem com a gente?! – Perguntou a loura desesperada por respostas.

–

– Eu sou Josh, e eles, querem nos torturar. – Respondeu o garoto com frieza e desinteresse. Somente agora Helena percebera as marcas vermelhas na pele extremamente branca do garoto. Pelo corpo de Josh também havia cicatrizes recentes. O que só comprovava que aquilo que ele dizia era verdade. Inicialmente Helena foi invadida pelo choque. Depois pela frustração, afinal tinha fugido de monstros, drogados alcoólatras pedófilos e agora mais essa. Um torturador!

–

– Não vai gritar, chorar ou coisa do tipo? – Perguntou Josh com curiosidade, estranhando o fato da garota a sua frente até agora não ter surtado.

–

– Já passei Fome, frio, apanhei de um canalha, tive que abandonar a única pessoa com quem eu realmente me importava no mundo e vi uma meia-irmã minha morrer para monstros da mitologia grega. Um torturador não é surpresa. – O garoto lhe lançou um olhar espantado. Monstros mitológicos?

–

– Você por acaso também não seria uma semideusa, ou seria? – Agora quem estava espantada era Helena, como ele adivinhará? A não ser que...

–

–Você também é um semideus?! – Um sorriso convencido tomou conta dos lábios de Josh.

–

– Sim, filho de Hades e você? – Perguntou tentando ao máximo conter a curiosidade.

–

–- Segundo certas pessoas, sou filha de Atena.- Os dois trocaram sorrisos e começaram a conversar. Como se tivessem esquecido que eram prisioneiros de um torturador. Mas Oliver não havia se esquecido deles. Depois de algumas horas, Oliver entrou no quarto e puxou as duas crianças pelo braço até o porão, um lugar quase totalmente dominado pela escuridão. Onde Nick, filho de Oliver, limpava um liquido vermelho que ambas as crianças julgaram ser sangue.

As parcas realmente não iam com a cara daqueles dois semideuses.

–-------------------------cinco meses depois---------------------------Apesar de estarem na pior situação possível, as duas crianças se tornaram amigas. Helena finalmente tinha encontrado alguém que como ela conhecia a dor física e psicológica. Alguém que pensava como ela, bom na maioria dos casos claro. Josh tinha fugido de casa depois de ver o padrasto matando sua mãe, desde então ele assim como Helena tinha vagado pelas ruas das cidades, sobrevivendo da ajuda de boas pessoas. Só que diferente da loura, Josh viajará quase metade do mundo em um ano, sempre viajando pelas sombras para fugir de monstros. Ele contará para ela tudo sobre os lugares que visitara, mas sempre falava muito bem da Europa. Contava sobre as belezas naturais, pontos turísticos mais famosos, tudo! Fazendo com que Helena se encantasse ainda mais com o lugar.Josh também explicou que não viajava mais pelas sombras, porque aquilo o cansava muito e com tantos ferimentos pelo corpo, ele simplesmente não tinha forças para viajar pelas sombras.

Helena então contará para ele tudo o que viverá no orfanato, sobre Cecília, Cristina e sobre Julio.

Eles estavam realmente muito próximos, como irmãos e, possuíam laços mais fortes que os de sangue. Cicatrizes, queimaduras, dores compartilhadas o tempo todo.

Porém, por mais que ambos compartilhassem tantas coisas, era inevitável impedir o que estava cada vez mais perto, a morte.

Eles não se alimentavam direito, perdiam muito sangue e não conseguiam dormir, pois sempre ouviam os gritos de dor um do outro.

Helena por ser mais nova, sofria mais. Era o brinquedinho de Nick. Josh não aguentava nem ouvir, quem dirá ver o sofrimento estampado no rosto da companheira.

Até um dia em que ele resolveu dar um basta naquilo. Precisava arriscar pelo menos uma vez na vida, por Helena valia a pena.

Na madrugada, muito antes do sol nascer, Josh acordou a companheira, sacudindo a mesma de leve.

–

– Helena, vamos logo antes que eles acordem! – A filha de Atena acordou na hora preocupada. Não sabia o que raios, estava acontecendo.

–

– O que você quer Josh? – Perguntou a pequena ainda bêbada de sono.

–

– Vamos viajar pelas sombras, anda logo levanta. – Ainda sem entender muita coisa, graças ao sono, Helena se levantou. Josh segurou de leve a mão da pequena, pensou em um lugar qualquer longe dali, e os transportou. Para longe daquela casa dos horrores.

Josh caiu no chão, inconsciente. Quando viram, perceberam logo que estavam no meio de uma floresta, Helena (que já tinha despertado totalmente) ficou desesperada. Tentou arrasta-lo para qualquer lugar, a procura de qualquer sinal de civilização.

Tudo o que conseguiu foi chegar até um rio. Ela então sem muita escolha decidiu então lavar os ferimentos do filho de Hades.

Pela manhã, Josh já tinha despertado e ambos caminhavam sem rumo algum, sobrevivendo o máximo que conseguiam na floresta. Eles estavam indo muito bem, sempre seguindo o curso do rio, comendo amoras e frutas que sabiam serem boas para comer.

Foi então que tudo definitivamente desabou.