Shot At The Night escrita por Shiori


Capítulo 1
Kuroshitsuji — sora no iro


Notas iniciais do capítulo

Bem, como fã descontrolada de Kuro, apresento-lhes minha primeira one-shot dessa coletânea.
Boa leitura!!
bjos bjos



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Sora no iro - Cor do céu
24 de Dezembro de 1892

O céu pode assumir uma infinidade de cores. Eu costumava associá-las ao humor de Ciel, o que explicava a rara ocorrência de dias ensolarados na Inglaterra.

Na maior parte das vezes, a íris dele era de um tom azul-ferro, prussiano, meio metálico graças a um brilho malicioso de astúcia, e nessas ocasiões ele se permitia sorrir vez ou outra (embora agora eu questione a genuinidade de seus sorrisos) e usava de toda a sua paciência para lidar comigo. Era quando o céu estava nublado.

De vez em quando a íris dele era de um tom azul meia-noite, tomado pela fúria de algo que fugira de seu controle. Não apreciava nem um pouco quando as coisas não fluíam do modo como ele esperava que fluíssem, portanto ora explodia cinicamente ora explodia a plenos pulmões, esbravejando por todos os cantos. Era quando o céu estava tempestuoso, salpicado por relâmpagos e trovões.

Às vezes a íris dele era de um tom azul-escuro, como azul naval, e nessas ocasiões ele costumava estar tranquilo, quase contente. Como quando ele ganhava num jogo de xadrez ou provava seu ponto em uma discussão, ou ainda como quando solucionava o mistério mais simples sem fugir à sua arrogância. Era quando o céu se banhava ao luar, numa noite serena pontilhada por estrelas brilhantes.

Bem, mas bem esporadicamente, a íris dele era de um tom azul-cobalto, e nessas ocasiões ele estava simplesmente feliz. Acontecia quando ele se perdia em devaneios ou quando estava plenamente satisfeito com pequenas coisas, ou quando ganhava um abraço verdadeiro que o fazia arregalar os olhos de surpresa. Era quando o céu se despedia da tarde de uma vez por todas e adentrava na escuridão da noite em uma belíssima transição pacífica e limpa, sem nuvens, sem nada, apenas um infinito azulado.

Hoje o céu está azul celeste, com o sol escondido por detrás das nuvens bem brancas e gordas, como algodão. Com as pálpebras fechadas, imagino que essa seja a cor que a íris de Ciel assuma. Não é uma cor feliz, tampouco triste; é uma cor neutra, porém, sem vida.

Eu costumava achar que os olhos do Ciel representavam o céu e os meus olhos esmeralda representavam a grama, e por isso nós dois éramos feitos um para o outro. Nós nos completávamos. Nós nos encontrávamos na linha do horizonte. Seu cabelo meio acinzentado representava a lua e os meus cachos dourados representavam o sol; éramos opostos, e opostos se atraem. Lembro-me de ter feito tudo ao meu alcance para ser a noiva ideal, para ser alguém digna de ostentar seu sobrenome.

Agora que ele partiu, não sei dizer se tentei o suficiente. Não se dizer se poderia ter feito melhor, se poderia tê-lo feito sorrir mais vezes. Ciel não fazia ideia de como seu sorriso era encantador; mesmo os falsos. Não sei dizer se poderia tê-lo feito expressar o que sentia, fosse ódio, tristeza, fosse qualquer coisa. Não queria que ele tivesse de ter passado toda a sua vida guardando tudo para si. Queria ter sido sua companheira, a quem ele poderia recorrer em seus momentos mais solitários.

Ciel Phantomhive morreu muito jovem; levou consigo sua bondade peculiar, a admiração que conquistou de seus empregados e de quem o conheceu. Levou consigo aquele mordomo negro cuja gentileza sempre me encantou, bem como a eficácia. Acima de tudo, levou consigo meu coração, pela segunda vez.

Uma última olhada no céu e uma última lágrima me faz pensar que o fato de tê-lo perdido duas vezes pode sempre alimentar esperanças de que um dia ele volte, apareça misteriosamente, mesmo que ainda mais arrogante e fechado, ou ainda intolerante. Quem sabe ele retorne para mim, para sua mansão, para seu belíssimo jardim de rosas prata-esterlinas.

Então voltarei às minhas roupas muito pretas, ao meu humor muito preto enquanto um inverno igualmente negro começa a despontar. E quem sabe um dia, como ele fez outrora, je vais avoir mon ciel retour*.

“Tia Frances é bonita, mas... Uma esposa tão forte... Que chega a me assustar. Estou muito feliz que você é quem vai ser minha esposa, Lizzy.”


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Notas finais do capítulo

* "je vais avoir mon ciel retour" - Eu terei meu céu de volta.



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