E Se O Céu Fosse Azul? escrita por Casinha de Cachorro


Capítulo 1
Hoje, que não é amanhã


Notas iniciais do capítulo

Uma oitava série psicodélica foi o necessário.



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“É complicado explicar nossos sentimentos quando todos estão focados demais em seguir suas vidas dentro de um padrão. Assim como os ocidentais não conseguem entender a relação conjugal muçulmana, a massa populacional generaliza todo e qualquer bem-querer para suas simplistas e humildes categorias afetivas, simplesmente não conseguindo compreender a verdadeira beleza do amor.

Não, não especificamente o amor de namorado e namorada. Não que alguém possa ser julgado por pensar dentro desses limites, visto que desde os antigos gregos as relações já eram categorizadas em apenas três tipos: o amor familiar, o amor de amigo e o amor erótico. Oh, mas pergunto eu, agora, nesta mais dramática e horrenda fase da vida, em meus castos dezesseis anos: será que nunca ninguém parou para pensar que coisas assim abstratas não devem e não podem ser categorizadas?

Digo por experiência própria; sou perfeccionista e muito organizado. Etiqueto todos meus livros, e meus lápis-de-cor estão por ordem de marca e então de tonalidade, passo as noites classificando minhas ações diárias em boas ou más — que me desculpem os mimados filósofos, eu tenho uma crença dualista —, por que não iria tentar categorizar, decifrar e entender as causas de meus sentimentos? Graças a isso, percebi que o auto-sadismo é uma utopia tão grande quanto o comunismo. Dominar a nós mesmos? Ora, nem sequer conhecemos a esse “nós mesmos” para termos a nós em nossas próprias mãos!

Talvez seja por ter tido meu chão arrancado de sob meus pés ao descobrir que não há limites na vida que eu perdoe a todos. Talvez seja apenas minha péssima memória, mas eu não guardo rancor de daqueles que nunca entenderam e que eu sei que nunca entenderão, pois se nem mesmo eu entendo, o que podem os outros?”

Fecho o diário e o jogo contra a parede. Por Deus, como ando dramático esses dias. Os hormônios, dizem, a escola, a pressão jovial, a sociedade, o capitalismo, as estrelas, as ervilhas que você não comeu aos sete anos, Ad, eu avisei você que devia ter comido (vamos, mãe, depois a senhora não compreende por que não temos laços estreitos), há cada desculpa dita que as vezes penso em deixar de tomar a homeopatia para ver se minha imunidade baixa de vez e eu arranje uma pneumonia fatal.

Mas não devo, porque poder, eu posso. Nem tenho real motivo, na verdade sou orgulhoso demais para admitir minha morte. Suicida, eu? Por favor, tenho um diploma de doutorado me esperando num futuro bem distante desse Ensino Médio medíocre que de bom grado curso, ainda tenho muito que apanhar neste mundo.

E não só isso: seja, ou não, as ervilhas... Eu tenho aqueles que amo. Considere-se um deus, sabe para que negativos números de pessoas que eu conto a respeito de minhas relações? Exato! Simplesmente não entendo aquelas garotinhas de internet que espalham sua vida a todos e depois reclamam de falsidade, fofoca e essas coisas entediantes. Pelas divindades que esses seres humanos creem, quem deu saúde a vocês? Não que eu esteja condenando o estilo de vida “sou um livro aberto”, só apenas aquelas pessoas que não ligam a Física à vida em “Toda ação tem uma reação”, não associando seus atos com suas recompensas.

Se bem que não mereço minhas recompensas. E lá vou eu novamente recolher meu diário da cesta de basquete em minha parede para cair novamente em uma crise de auto depreciação e baixa confiança em minha capacidade.  Mas de fato, como eu gostaria de ter mais problemas em minha vida para justificar minha sede por atenção, a mesma atenção que eu rejeito da penca de pessoas que arduamente oferecem-na para mim.

Eu sou um monstro. Mas um monstro com sentimentos. Um bem cruel, talvez, daquele que tem sua própria política de lidar com as pessoas, mas isso não convém aqui, não agora, não nesta parte da narração.

Levanto da cama, a tal bem arrumada que eu odeio que sentem para não amassar a colcha. Calço os simples tênis sem cadarço, ponho um casaco fino, mais por ganhar um upgrade de bolsos do que pela estação, recolho a chave e o celular da escrivaninha e saio para uma caminhada reflexiva. Nesses dias que, perdoem-me as garotas, são piores que o mensal feminino, ficar trancado em casa com ar de melancolia apenas piora as coisas.

Meus pais não estão em casa, não que isso signifique que eles estão sempre trabalhando e não podem dar atenção para mim, pois são um exemplar casal que visa a melhora da estrutura e padrão de vida familiar. A última parte até é verdade, mas eu passo um bom tempo com eles, mesmo que os ignorando. Ignorando apenas para depois reclamar da falta de atenção deles para comigo. Abaixo a cabeça e sigo em direção da porta me sentindo um lixo.

Sentir o ar de outono me deixa melhor. Amo meias-estações por suas temperaturas agradáveis, moderadas e neutras, por sua impotência de atividades pré-definidas que deixa a maioria das pessoas zangadas. Seja por ser um jovem rebelde com minhas calças largas e zíper aberto, ou não, eu adoro isso.

Na rua, sei para onde estou indo. Costumo desligar totalmente enquanto caminho, por isso estou sempre mais perdido que as pessoas que eventualmente me pedem informações. Mas neste bairro sei onde fica os lugares que vou, que tenho e que gosto de ir. Especialmente esse que me dirijo agora, o único lugar que sei que, independente de todos os defeitos que amo definir e categorizar, serei aceito e ganharei atenção, mesmo com toda manha de criança mimada que faço o tempo todo, como neste exato momento!

Se estar doente faz qualquer um ganhar atenção, então ser doente não cumpriria minhas expectativas de vida? Houve um tempo em que achei que o simples contato social era o suficiente de atenção que eu precisaria conquistar, mesmo que me negasse a ganhar até mesmo isso. Porém, me superei, ultrapassei as barreiras de mim mesmo e fiz laços. Mas agora percebo que... preciso de mais. Eu preciso de muito mais do que apenas umas boas horas de conversa e de riso, eu preciso de contato físico.

Sim, julguem-me, seus infelizes, admito ser mortal.

É por esse imperador dos meus defeitos que acelero meus passos até começar a correr pela calçada, sentindo o vento refrescante me ajudando a ganhar velocidade, agitando meus cabelos e quase espantando meu choro. Chego à sua casa e aperto o interfone, cruzando os dedos para ele estar sozinho em casa também. Por mais que eu tenha veia artística para encantar a todos quem queira, com uma especialização em pais de amigos e colegas, não é um bom momento para tal coisa. Quando a habilidade e o mau momento se confrontam, minha reação quase sempre termina numa mistura de nazista com ogro canibal em frente de um ser da minha espécie, mas de etnia diferente.

Al atende a porta com um olhar meio inocente de curiosidade e abre um sorriso ao me ver. Desce as escadas com a chave do portão, calmamente, do jeito que sabe que fico doido quando age tão vagarosamente. Minhas pernas estão balançando de forma violenta, flexionando os joelhos e os jogando para a posição normal novamente como se eu quisesse quebrá-los. Faço isso quando estou nervoso ou com excesso de energia. Ele testa chave por chave, como se não soubesse qual é a certa mesmo morando nesta casa por toda sua vida.

— Anda logo, seu filho da mãe, eu quero entrar. — Coço o nariz com a manga do casaco e percebo que não consigo deixar meus braços parados também. Parece que necessito fazer milhões de coisas ao mesmo tempo para obter milhões de sensações ao mesmo tempo, exatamente a motivação que leva alguém às drogas psicoativas, como a cafeína. E olha que hoje eu nem cheguei perto da cafeteira.

Al finalmente abre o portão fazendo um pequeno suspense e sorri para mim novamente. Parece que não percebe que estou — tão visivelmente — distante de uma recepção sorridente, mas na verdade sei que ele sabe. Sei que ele não entende, mas respeita e aceita essa limitação, o que faz dele a pessoa que mais amo nesse mundo.

— Só não incendeie minha casa novamente que vai ficar tudo bem. — Ele me puxa pelo ombro, envolvendo-me num abraço. Sabe que sou orgulhoso demais para iniciar a ação, não importa o quão necessitado estou, sabe que sou um idiota. Sou um idiota maior ainda por nos meus bons dias ignorar e ter nojo da afetividade de Al, por isso me esquivo de seus abraços sempre que estou bem. Sim, sou mais fresco que um vegetariano num churrasco, ignorando até mesmo os formais abraços de despedidas, especialmente os de Al. Mas não agora, porque é por eles que agora estou aqui.

Seus braços são fortes, apesar de não parecer, ou simplesmente os sinto melhor quando estou fraco. Eles me envolvem de forma tão paternal e aconchegante que é quase hipnótico, assim como seu perfume. Ah, o cretino parece fazer de propósito em usar o mesmo perfume forte que meu irmão mais velho, que divide o mesmo péssimo gosto de Al. Meu irmão não mora comigo, mas sempre que vem me traz um presente. Eu sempre quis abraçar meu irmão desta maneira, como ele me abraçava na infância, mas quando passei dos dez anos comecei a refutar o afeto. Por que sou tão patético?

Estou com os dedos enterrados nas costas de sua blusa, absorvendo todo seu calor, tudo o que tem para me dar. Ele já passou por situações parecidas nesses anos em que começou a me chamar de amigo, essas minhas crises não são raras. Seu corpo é proporcional ao meu, mas neste momento parece muito maior, abrangendo não apenas meus ombros e costas, mas todo meu ser. Um nível muito mais abstrato e metafísico de abraço.

— Adrian, seriamente, você está mesmo muito carente. Ache logo uma namorada. — Alberto se afasta, mas ainda mantém suas mãos pesadas sobre meus ombros. — E, eu não queria falar nada, mas você é muito mais legal quando está quase chorando.

É tão verdade que ao invés de responder algo a altura apenas suspiro sonoramente para impor um limite de abuso verbal sobre a situação e me enrolo novamente num abraço, esfregando meu rosto na sua blusa para absorver melhor o perfume. E Al não se importa. Apenas dá uma risadinha afetuosa e me leva para dentro depois de trancar o portão comigo pendurado ao seu tronco como uma criança, que talvez, no fim, é mesmo o que eu queira ser neste momento. Voltar às coisas simples e objetivas de antigamente, onde o céu é azul e tem estrelas, e não uma confusa teoria de universo expandido e incerto.

                Al me larga no sofá da sala para pegar o controle remoto da televisão. Não aparenta estar preocupado, zangado, aborrecido, não está tenso como qualquer um estaria quando um amigo apenas de más horas aparece na porta. Não me enxota, muito menos tenta me ajudar com perguntinhas de motivo, causa, intensidade; Al simplesmente me ajuda sendo Al nas horas certas. E é esse o problema.

Logo que senta ao meu lado não consigo evitar de segurar sua mão, entrelaçando firmemente nossos dedos, não importando o que isso possa parecer. Meu nariz escorre as lágrimas que eu não posso nem vou derramar, e minha garganta sofre com meus sentimentos arranhando as grades da prisão.

— O que quer assistir? Está passando a reprodução dos babuínos do canal animal. — Ele me olha com seus olhos brilhantes que não são descritíveis. Nenhum olhar é descritível no momento em que se olha nos olhos, pois você se obriga a retribuir, e todo olhar profundo vai além de globos oculares e seu reflexo de luminosidade, passa a ser uma conexão de almas. Todos sabem que almas não são plausíveis de serem postas em palavras.

— Você está se alienando com essa televisão — respondi entre fungadelas.

— Oh, desculpe, sou um burguês indigno?

Seu tom de falsa preocupação acompanhada da risadinha estranha e pausada que faz com que seus ombros e peito mexam mais que o normal me abre um corte interior. Sua mão está quente e age como sal nessa ferida, porque sei que há mais um mundo inteiro de pessoas que acham “fofo” isso em Al. Ele não é fofo, é estranho, mas carismático o suficiente para ser adorado por todos aqueles que o conhecem, e admirado por aqueles que o acompanham mais de perto. Al é um exemplo de estudante, de colega, de amigo, o maldito de um garoto popular com compaixão por todos. Quantos não devem ter exposto, e oferecido, e empurrado seus sentimentos a ele, assim como estou fazendo? E quantos Al já não ajudou exatamente como está fazendo agora? Não sou único, não sou especial. Ele também me ama, assim como a todos.

Mas eu infelizmente preciso dele, como muita gente. Às vezes sinto por ele, naqueles dias em que estou pensando e formulando uma visão mais concreta e administrável de Al, sinto realmente pena. Ele cuida de todos, mas essa massa não é suficiente para dar conta de seus sofrimentos. Aqueles que deveriam fazer isso simplesmente estão num nível superior de egoísmo, ocupados demais para lembrar dele. Mas não me importo, não é meu dever cuidar do meu amigo, não quando eu não tenho a mesma exclusividade que dedico a ele.

 Ele nunca será feliz, por isso deverá continuar contentando-se em cuidar de pessoas como eu. E estou contente com isso, afinal, sempre soube que nossa relação perduraria enquanto não existisse bons momentos entre nós, a tristeza e o sofrimento são o que nos mantêm unidos.

— Você é uma família tão família que chega a ser mais que a minha família. — Al avança para cima de mim fazendo um ruído de coisas meigas e passa seus braços sobre mim, balançando nossos corpos de um lado para o outro no sofá. Seu rosto também é quente, o que me enoja um pouco. Tão gay.

— Eu também te amo, Adrian, querido. — ele sempre teve uma adoração ridícula por colocar sotaque nas palavras para retribuir o afeto verbal ou físico das pessoas, especialmente daquelas que geralmente não fazem isso. Vai ver que é sua herança europeia dominadora cantando mais uma vitória.

— Pare de ser gay.

— Eu? Gay? Fumou alguma coisa?

— Gay pra caralho.

— Amiga, não brinque com isso.

— Cale a boca que você ajuda mais.

Ele riu mais uma vez. Sentir seu peito também quente quase febril colado ao meu ouvido quase me questiona que tipo de desejo sinto por Al. Mas já discuti tal assunto internamente milhões de vezes, já abordei em meu diário essa dúvida por pelo menos meses, somando todos os relatos, e foi assim que cheguei à conclusão que o amor não pode ser categorizado. Amo do fundo de todo meu ser esse cara, mas nunca poderei explicar como. Nunca conseguirei definir minha relação com ele a não ser superficialmente.

E superficialmente, posso dizer que nunca o terei para mim, o que talvez seja o único motivo pelo qual eu ainda estime seu abraço tanto assim. Não sou conhecido por ter os relacionamentos mais duradouros, meu espírito neocolonialista me recorre a lógica do dominar, explorar e abandonar. Sou um monstro, um monstro nos braços da única pessoa que provavelmente iria para o paraíso no caso de apocalipse, por não se importar com esse meu jeito de considerar os outros.

Não consigo mais me conter e minhas lágrimas escapam em pares ridículos. Al acaricia meus cabelos, compreensivo, e sinto raiva por ele já saber o que fazer. Odeio estar nessa frágil desvantagem. Odeio precisar parecer estar mal para conseguir atenção de meu amigo. Odeio ter que ver outros fazendo o mesmo, e odeio mais ainda aqueles que recebem sua atenção, necessitadas, mas se mantém firme em todos os momentos. Esses últimos são os piores falsos atores metidos a heróis que já vi, todos sabem que os melhores personagens são os vilões.

Meu celular vibra, sei que é minha mãe. Está começando a escurecer mais cedo e ela se preocupa muito comigo, sei que sim. Mas não quero de modo algum voltar para minha realidade, mesmo que não consiga parar de pensar nela. Em minha mente, pensamentos são verdadeiros, mas são apenas pensamentos. Alberto é tão horrível por me mimar deste jeito...

Ele me convida para passar a noite na sua casa, dizendo que podemos jantar sua macarronada especial e encontrar a melhor fórmula de enganar a professora de Matemática por não termos feito o dever de casa, mas rejeito o convite. Sei que é de coração, mas não posso aceitar.

Levanto-me e respondo minha mãe por mensagem, limpando minhas lágrimas. Al pede então se quero companhia até em casa, e isso eu aceito. Guardo o celular o no bolso e seguro sua cintura delineada, que apenas consegue fazer com que sua afirmação masculinidade seja queimada e assoprada para longe do plausível.

Ele passa o braço sobre meus ombros e já estou melhor. Eu sempre estou melhor depois de receber uma boa dose do meu amor físico e compreensivamente espiritual. Deste meu afeto que não posso classificar e deceparia um membro daquele que o tentasse fazer.

— Vamos logo, eu ainda não fiz os deveres.

O mundo é uma maldita competição, onde não há como sofrer por amor, mas só por sua falta. O que todos buscam é bastante abstrato e de certa forma coletivo. Há como separar e monopolizar, mas... Não se corta um membro para esse sobreviver, isso é certo.

O caminho de volta sempre é doloroso porque já fico pensando na falta de carinho de Al que terei por aquela noite, na negligência de meu sonho de sonhar enrolado nessa bolha de afago que ganho dele. Por isso, passo o trajeto até minha casa apenas aproveitando a sensação de falsa exclusividade que Al me passa.

Por que alguns abraços são melhores que outros? Será psicológico? Será um sensor da alma que diga “esse é bom, esse não, fique longe”, será a vontade e compreensão da outra pessoa para nós, necessitados? Será que varia da personalidade e despojo do outro, do medo de demonstrar proximidade em público? Não sei, mas parece não exatamente depender dos outros, é muito mais minha vontade e julgamento que contam.

Chegamos e Al para, olha para mim e suspira. Suas sobrancelhas estão levemente franzidas e seus lábios contraídos nas extremidades, uso muito da minha percepção de desenhista para analisá-lo. Ele sabe que minha mãe não gosta que faça isso, mas mesmo assim beija minha testa e me manda entrar.

— Está frio, vá para dentro logo. — Talvez minha mãe não goste de Al porque não compreenda verdadeiramente nossa relação. Se compreendesse, também não gostaria por julgá-la impura e prejudicial, como faz agora, mas levando esses adjetivos em outro sentido, o verdadeiro.

— E você fique mais uns minutos aqui que talvez consiga faltar aula amanhã — respondo encontrando as chaves e abrindo o portão. Já está bem escuro, e minha irmã mais nova nos observa da janela. Sei que vou levar uma bronca por ter chegado tarde, não ter avisado que sairia, nem para onde, nem com quem, e ainda mais por voltar com um garoto para casa. Mas isso só acontece porque as pessoas categorizam os sentimentos.

Um acesso de raiva toma conta de mim, sei que odeio todos dentro dessa casa, sei que não poderei conversar adequadamente com nenhum deles. Sei que vou tentar me controlar, mas vou acabar fugindo de todos e me trancar no quarto, vou pegar meu diário, falarei mal deles, desenharei Al e rasgarei a folha.

Aceno uma última vez para meu amigo antes de entrar em casa. Pela luminosidade dos postes de luz sei que ele sorriu para mim antes de dar meia volta e ir para casa. Amanhã agirei como se nada tivesse acontecido e estarei todo sorrisos. Ignorarei Al e refutarei todo e qualquer sentimento negativo que tente chegar perto de mim. É um ciclo vicioso e desgastante, mas que semana que vem poderei recuperar minhas forças novamente. Antes de fechar a porta e encarar a realidade, murmuro para a solidão da rua:

— Até semana que vem, Al.


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Notas finais do capítulo

Ainda que ninguém aqui está na oitava série, não é mesmo?



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