Capítulo 3

— Shauna. — Como ex-membro da Franqueza, Christina não sabe mentir. O quê? Não existe mais Franqueza. Preciso pensar no agora, isso é o que importa.
— Hum, Christina. — Ouço a voz de Tobias.
— Sim?
— Está me escondendo algo?
— Não. É que...
— Tobias? — Chris é interrompida por alguém. Tento me esticar ao máximo para ver quem é. Evelyn. — Por que a demora?
— Encontrei com meus amigos. — Explica Tobias.
— Não importa. Vamos. Preciso de sua ajuda. — Demora um pouco para o barulho do salto de Evelyn não existir. Quando percebo que está tudo bem, eu reapareço.
— Essa foi por pouco. — Diz Zeke.
— Muito pouco! — Acrescento.
— É hora de irmos. Já está quase anoitecendo. — Diz Caleb. Foi tanta a distração, que mal percebi que o céu começou a escurecer. Caleb vem caminhando em minha direção e me pega em seu colo.
— Caleb! Me solta! — Grito.
— Não. Você está muito fraca para subir todas aquelas escadas sozinhas. — Retruca.
— E você está muito sedentário para me aguentar por quase sem andares. — Digo. Os outros riem, mas mesmo assim Caleb não me solta. E assim vamos, até o Hancock.
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Assim que chegamos em meu quarto, Caleb está ofegante.
— Eu avisei. — Digo, sorrindo.
— Pelo menos eu perdi alguns quilos. — Solta Caleb.
— Você não é gordo, e sim sedentário. É diferente, você é cientista, deveria saber.
— Só estou brincando bobona! — Então ele me empurra.
— Caleb. — Faço uma pausa. — Não.
— Não o quê? — Diz ele me encarando.
— Você não fez isso.
— Ah! Pode apostar que fiz.
— Isso é um desafio? — Pergunto. A resposta logo vem.
—Com certeza!
Pulo em cima dele e começo a socá-lo. Ele me segura e me derruba na cama, assim começamos uma brincadeira de luta. Eu e ele. Minha única família. “Eu serei sua família agora.” As palavras de Tobias vêm em minha cabeça.
Sinto-me fraca. Manchas invadem minha visão.

Acordo na cama, com Shauna dando pequenos tapas em meu rosto.
— Tris?! — Ouço um pouco da voz de Matthew.
— Oi? — Digo com uma voz rouca. — Estou faminta.
— Tudo bem, Zeke já trouxe sopa. — Fala Caleb.
Me sento na cama e vejo que há um pedaço de vidro. Será mais informações sobre minha família? Não, pois há uma tigela com sopa e uma flor. Estou cansada de sopa. Posso e devo comer algo descente, Minha reação é impulsiva. Jogo a tigela e a flor longe, o pedaço de vidro também, se desfazendo em mil pedaços no chão.
— Não quero essa droga de sopa! Será que não posso comer mais nada!? — Grito. — Desde que acordei, vocês só me deram sopa, como almoço, jantar e café da manhã. — Sou tomada por lágrimas que não consigo segurar.
— Tris…
— Cala a boca Caleb! — Ordeno. — Eu só queria poder ver ele.
— Tris! Agora não! — Grita Caleb, admito. Fiquei assustada, ele nunca gritou comigo.
— Vocês podem me deixar sozinho com ela? — O que Matthew quis dizer com “sozinho com ela?”
Os outros logo saem. Caleb foi o primeiro.
Minha cabeça dói. Quanto mais choro, mais dor.

Matthew se senta na minha frente. Ele me abraça, então choro mais ainda.
— Tris, você tem que entender. Você morreu para Tobias. — Ele já me disse isso. — Você morreu em todos os sentidos. — Saio de seus braços. Estamos um de frente para o outro.
— Como assim Matthew?
— Você não é mais a família de Tobias. E nem ele a sua.
— Matthew o que voc…
— Tobias achou outro alguém Tris.

Mesmo em cima de uma cama, sinto que perdi o chão. Matthew não está mais na minha frente. Tudo sumiu. Estou apenas eu. No meio de um nada. Escuro e vazio. É assim que me sinto por dentro, vazia. Começo a cair. Flashes aparecem ao meu redor. “Serei sua família agora.” “Te amo.” “Você e Eu.”
Caleb aparece na minha frente.
— Tris, acorde! Você dormiu no meu colo.