POV Robert.

Depois de alguns dias eu fui falar com a Sadie, como o Arthur disse. Mas eu não estava a encontrando em nenhum lugar na escola, acho que ela estava em algum lugar com o seu amigo.

Fiquei procurando ela pelo colégio inteiro, mas não consegui a encontrar, até encontrei o amigo dela, mas ele estava sozinho. Dei uma passada rápida no quarto dela e nada dela aparecer, a cama dela estava perfeita. Acho que ela não dormiu no colégio. Voltei pra junto dos meus amigos e me sentei.

–Não a encontrei em lugar nenhum.

–Quem?? -Charlie perguntou, não acho que ele saiba do que aconteceu.

–A Sadie. - falei o olhando.

–Não está sabendo?? Ela não está no colégio, viajou a trabalho, vai passar a semana inteira fora. -falou me olhando. Passou uns garotos com quem eu não me dava muito bem e um deles jogou um coração de papel em mim.

–Olha Robert, mas um pra você destruir. -falaram debochadamente. -Tenta destruir os de papel invés de destruir os das garotas inocentes.

Eu apenas ignorei os garotos e o coração.

–Acho melhor eu também viajar.

–Não é uma ideia ruim. -Charlie concordou.

Arthur tentou afastar os garotos, mas dois deles se modificaram, se transformando em mim e na Sadie, depois fazendo como se eu batesse nela, mesmo ela implorando pra eu parar. Essa era outra mentira que estava rolando por aí. Alguém tinha inventado que eu batia nela enquanto estávamos juntos.

–Vão se ferrar seu bando de desocupados. -Arthur falou com raiva e eles começaram a rir.

–Pra mim já chega. - falei me levantando e saindo dali.

Por sorte os garotos não me seguiram, ia passar um tempo longe do colégio até as historia de que eu batia da Sadie, de que humilhei ela e até mesmo de que tinha terminado com ela porque talvez ela estivesse grávida. Estava disposto a fugir dessas mentiras antes que inventassem algo pior.

Entrei no meu quarto e comecei a fazer uma mala pequena, não poderia ficar muito tempo fora com as provas chegando. Não sabia ainda exatamente pra onde iria, só queria ficar longe até a fumaça abaixar.

Desbloqueei meu celular, bateu uma saudade na hora, a foto de fundo era eu e ela, aquela era nossa primeira foto juntos, que ela estava me beijando na bochecha. Me lembrei do dia como um flashback muito antigo, tinha sido a alguns meses.

Me lembrei de quando eu tomei coragem e a beijei, lembrei de que aquela foi a primeira vez que ela tinha uma ideia do que eu iria fazer e não recuou. Também lembrei que eu tinha terminado com a Patrícia e que percebi que a Sadie era bem mais inocente do que eu pensava. Lembrei que eu tinha tirado o BV dela e que só ai eu percebi que apesar dela já ter tido outros namorados, ela ainda era completamente pura e intocada. Sabia que com ela eu não seria só "o primeiro", mas sim "O único".

Entrei na galeria e vi que ela tinha criado uma pasta só nossa, nos tirávamos varias fotos, mas não mostrávamos à ninguém, ficava somente entre nos. Era uma coisa intima nossa. Estávamos tão felizes nas fotos, tinha foto de todos os jeitos. Sorrindo, dando língua, ela me obrigou a tirar uma foto fazendo biquinho. Mas agora todas aquelas fotos tinham um peso muito grande, deixaram de serem fotos qualquer e viraram as fotos, nossas fotos juntas. O valor sentimental que tinha ali era tão forte, me trazia boas lembranças.

Desliguei meu celular, não queria ficar ali, revendo nossas lembranças, tinha muitas coisas naquele celular. Fotos, vídeos, mensagens, porém de todos ali, eu daria mais atenção aos áudios que mandávamos no meio da madrugada porque estávamos com preguiça de digitar, adorava ouvir a voz de sono dela. Sempre que isso acontecia, eu tinha a função de mate-la acordada durante a aula no dia seguinte, ou no mínimo fazer anotações. Não iria dar muito certo eu anotar as coisas da aula, a única vez que tentei, entreguei a ela um papel com vários jogos da velha e uma carinha sorridente, junto com a mensagem “Não prestei atenção na aula, desculpa.”

Fiquei ali lembrando tudo que aconteceu entre nós, mas depois de um tempo sai dali. Fui pra frente da escola e peguei um taxi, logo indo pro aeroporto. No caminho resolvi ir para França, era o único lugar onde eu podia ficar linde dessas pessoas. Minha família quase toda mora lá, então não teria problemas.

Cheguei no aeroporto e comprei uma passagem pro primeiro voo disponível para Paris. Acho que iria passar um tempo com meus primos e acho que vou aproveitar pra rever meus avós. A última vez que vi eles foi a alguns séculos atrás. Entrei no avião e coloquei meus fones de ouvidos, sentando perto da janela, ao meu lado estava um casal, aparentemente de lua de mel.

"Aff... Ninguém merece ficar de vela de desconhecido no avião." Pensei enquanto evitava os olhar, mas pra minha sorte, eles dormiram um pouco depois do avião decolar. Na rádio estava tocando muitas músicas animadas, até um retardado pedir uma música lenta e romântica.

Não é possível, o universo está conspirando contra mim. A galeria, o casal e agora a música romântica. Que merda!! Arranquei os fones do ouvido e coloquei a venda e o protetor auricular, não demorou muito para que eu caísse no sono.

Quando eu cheguei a Paris saí logo do aeroporto e peguei um taxi indo pra casa dos meus avós. Teria que ver minha avó logo, antes que ela descobrisse sozinha que eu estava aqui. Depois que o táxi chegou lá, peguei minha mala e bati na porta. Minha avó abriu a porta e eu consegui ver a felicidade estampada no sorriso dela.

–Oi meu netinho querido. -falou me abraçando e depois me fazendo entrar. -Quanto tempo. O que aconteceu?? Está se alimentando direito?? Como esta meu filho?? Veio ficar com a vovó por quanto tempo??

–Oi vó. Eu vou ficar pouco tempo aqui, só enquanto as provas não começam.

–Que bom. Você está tão magrinho. -falou ajeitando os óculos. -Você quer eu faça uma torta pra você?? Talvez um suco natural. Quer alguma coisa?? Olha só, da pra sentir seus ossos. -falou cutucando meus gominhos, seria difícil explicar que aquilo era um abdômen definido. -Não está comendo por quê??

–Vó, eu estou comendo direito. - falei a olhando. - Não se preocupa.

–Tudo bem. -falou parando quieta. Eu somente fiquei a olhando com um sorriso de canto, sabia que ela não iria aguentar muito, e eu acertei. -Mas você não quer nem uma torta?? Eu faço a que você quiser.

–OK vó, eu quero um torta. - falei sorrindo.

–Que bom netinho. -falou sorrindo e foi pra cozinha. -Olha, eu coloquei aquele seu negócio de adolescente aqui. Agora você pode entrar no face tube.

–Face tube??

–É. Aquele site onde você fica conversando com os seus amigos. -falou voltando pra sala com um pedaço bem grande de torta. -Coma tudo.

–Seria o Facebook??

–Sei lá. Isso não é da minha época. -falou se sentando e pegando um bolo de lã, começando a tricotar. -A sua tia daqui a pouco está aí.

–OK. - falei começando a comer.

Fui comendo aquele monte de torta, estava deliciosa, minha avó era a melhor cozinheira do mundo. Levantei e fui até a cozinha, peguei um copo de leite e depois voltei. Deu uns cinco minutos que eu terminei e minha tia chegou.

–Robert, que milagre você vim aqui. -falou sorrindo e me abraçando. -Já está de férias??

–Ainda não, mas eu vou passar alguns dias aqui. - falei sorrindo.

–Que bom que não esqueceu sua família. -falou sorrindo e sentou ao meu lado depois de cumprimentar minha avó. -Como esta na escola??

–Mais ou menos.

–Por que mais ou menos?? Canta pra titia o que está te incomodando. -falou me abraçando de lado.

–É que todo mundo me odeia.

–Por quê?? -perguntou surpresa.

–Por que minha namorada terminou comigo, e todo mundo acha que eu trai ela e também batia nela.

–E por que acham isso?? Ela não disse nada pra desmentir essa história??

–Ela nem sabe. - falei a olhando. - E o pior é que eu amo ela, e ela nem acredita.

–Diga à ela que você a ama. -minha falou como se fosse simples.

–Ele com certeza já disse vovó. -minha tia falou a olhando, depois voltando seu olhar pra mim. -Por que ela terminou com você??

–Por que ela me viu abraçando uma garota, e depois eu aceitei dar aulas de natação pra ela.

–Que motivo mais bobo.

–Pois é. - falei a olhando.

–Mas foi só isso, ou teve mais coisa?? Acha que ela te ama??

–Ela disse que me ama, só que ela não acredita em mim. - falei a olhando.- Acho melhor te contar a história toda.

–Também acho. -falou me olhando. -Porque eu particularmente não acho que ela terminaria com você por um motivo bobo se ela te ama. Não precisa esconder nada da sua tia.

–OK.- falei e comecei a contar novamente a história toda.

Ela ouviu atentamente toda a história, bom, eu tinha dado um resumo que contava exatamente o que aconteceu. Por que os detalhes davam a razão pra ela?? Já estava cansando de relembrar esse acontecimento.

–Bom... Nesse caso, não foi um motivo tão bobo assim. Você agiu mal. E muito!! -ela falou me olhando. Parecia pensar em algo pra me ajudar.

–Eu sei. –falei abaixando a cabeça.

–Não fica depre sobrinho. Você é um francês legítimo!! O romance corre nas suas veias. Faça alguma coisa pra conquistar novamente seu amor.

–Não tem nada que eu possa fazer.

–Já tentou?? Sei lá Robert. Tenta usar flores, chocolate, você é um bom cantor!! Tenta fazer uma serenata. -falou sorrindo, acho que ela ainda não reparou que nenhuma dessas coisas não tem nada a ver comigo.

–Tia, isso não combina comigo.

–O que é romântico do seu modo??

–Tia, eu não sei ser romântico!!

–Mas sabe ficar sozinho longe da garota que ama??

–É...

–Robert. Se você realmente ama ela, terá que fazer algum sacrifício. E parar de dar confiança pra essa Gabrielle.

–Eu sei, mas eu acho que não vou conseguir falar com ela.

–Você tem que ter coragem sobrinho!!

–Eu tenho coragem, mas não vou conseguir.

–OK então. Vai pensando assim, ajuda muito. -falou ironicamente.

–OK. - falei a olhando.

–Vai tentar??

–Hum... Vou.

–É isso ae. O que você vai fazer??

–Vou falar com ela.

–Legal. Me mostra quem é ela.

–OK. - falei pegando meu celular e mostrei nossas fotos pra ela.

–Vocês são tão lindos juntos. -falou sorrindo. -Você sabia que ela está começando a carreira dela?? Vi ela na TV.

–Sério??

–Sim. Ela é uma modelo de revista, mas está estreando nas passarelas.

–Eu não sabia. - falei a olhando.

–Ela mantém segredo, diz que não ter privilégios da vida de artista. -falou sorrindo. -Agora já está tarde, vai dormir.

–OK, mas eu não sei onde vou ficar.

–No quarto de hóspedes.

–OK. Boa noite pra vocês. - falei as olhando e depois fui pro quarto.

–Boa noite. -falaram juntas e eu subi para o quarto. Entrei no quarto e coloquei minha mala em um canto, depois peguei uma roupa e fui tomar um banho. Me deitei na cama e fiquei tentando dormir.