Monstro

"Como eu deveria me sentir?"

Monster- Meg & Dia

Nascer.

Sofrer.

Morrer.

A vida era tão tosca, tão simplista, tão desnecessária. Por mais que buscasse nos confins de sua mente não conseguia entender qual o sentido da vida, encher o mundo de seres humanos sem nenhum propósito apenas para que morressem e fossem esquecidos. Sim, todos morreriam e seriam esquecidos, assim como aqueles treze corpos guardados em frigoríficos, ficar ali dava uma sensação estranha, não que nunca tivesse lidado com mortos antes, lidava com cadáveres antes mesmo da Hope's Peak, mas ele conhecia aquelas pessoas, talvez isso despertasse um pouco seu lado humano... bem, só um pouco.

Fora tão fácil encher seus corações de desespero, ele sabia desde o começo que a cosplayer mataria alguém, sua personalidade instável, o medo dentro dela, bastou mostrar um vídeo qualquer torturando seus pais, queimando suas coisas que ela não pensou duas vezes antes de matar o poeta boboca. E o que dizer do geneticista? Precisou apenas ameaçar o namoradinho dele, e a atriz tagarela estava morta- uma grande pena, ela era engraçada- e nenhum dos dois foi esperto o suficiente para saírem impunes.

Bastou apenas confirmar que todos os parentes daquele garoto chato estavam mortos e foram três de uma vez, ninguém aturava a timidez daquela sacerdotisa mesmo e quem diria que a ruivinha irritada tinha alguma compaixão? No fim isso resultou na morte dela. Ah, uma pena mesmo foi perder duas cobaias tão interessantes, uma serial killer e uma garota com um passado frustrante, queria ter deixado elas para o grand finale. E por fim, levar o gamer a matar a repórter intrometida foi bem mais fácil do que ele imaginara, e de quebra ainda matou aquele agente fedelho- desacatar suas ordens e regras era inadmissível.

Voltou sua visão ao corpo de Clarabell, puro e conservado, como ele sempre a idealizara. O desespero lhe caíra muito bem, pena que não conseguiu dar ao seu jogo o toque que lhe faltava, mas também com aquele elenco tão brega, por onde andariam naquele momento? Ah, quem se importa não é mesmo? Puxou do bolso três adesivos que mostravam coelhos customizados, parecidos com os estudantes e os colou nas três últimas vítimas. O lobo devorara um por um, e logo os outros cinco também seriam devorados. 

— Upupu... upupu... Isso está ficando mais divertido do que eu imaginei, o desespero é mesmo excitante Junko-san... Olhe para mim meu amor, olhe para mim Clarabell, é assim que eu deveria me sentir não é? Vocês estão vendo que estou dando meu melhor não é mesmo? O desespero... o desespero completo ainda está por vir.

E em meio a gargalhadas altas, caiu de joelhos em frente aos corpos dos seus colegas. Cenas do seu passado surgiam em sua mente, enquanto a realidade parecia se distorcer. Não era a mesma pessoa de antes, o desespero mudara sua personalidade, seu antigo "eu" havia com certeza morrido, estava agora em meio as cinzas, e estava ali de pé para cumprir o propósito que lhe foi dado: Destruir a turma mais querida da Academia Topo da Esperança.

E convenhamos... Era fácil demais.