Diários escrita por rhavs


Capítulo 30
Capítulo 30 - Revelações




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***

Acordei com uma tremenda dor de cabeça e visão muito turva, também sentia um cheiro muito forte de coisas velhas, devia ser o cativeiro.

Tentei levantar, mas minhas mãos e meus pés estavam amarrados.

Fosse quem fosse, teve força suficiente para me levantar, me por no colo e me trazer para aquele lugar, tinha inteligência suficiente para não mostrar o rosto e manter as luzes apagadas, isso de cara já eliminava muita gente conhecida minha.

Com muita dificuldade eu consegui apalpar um bolso na saia do vestido onde estava o celular, mas não adiantaria nada ligar, sem saber de onde e nem de quem eu era refém, alem disso, mesmo que fosse rastreado o seqüestrador podia muito bem me tirar daquele lugar.

É! Eu penso em tudo mesmo! Decidi esperar.

Ouvi barulhos de passos e vi um vulto entrando no lugar, mas sem a mínima chance de poder ser reconhecido, apenas era baixo somente um pouco maior que eu, e minha visão turva não ajudava muito. Daí, notei que eu estava numa cama.

“E ferrou! Esse cara quer me... aquilo... Pedófilo desgraçado!”

Não gosto muito de falar esse tipo de coisa.

Ele deitou na cama ao meu lado e começou a alisar meu rosto

“Eu me fu&¨*! Caralho!”

- Você esta tão bonita hoje, sabia? – ele tinha a voz terna e despreocupada

“Hoje? Quer dizer que me via em outros dias, ele acompanhava minha vida... Vagabundo!”

- Desde a primeira vez que te vi, eu já gostei de você, sabia- ele levantou e foi até um tipo de mesinha onde havia uma garrafa de uísque, acho.

“Sorte eu não poder dizer o mesmo!”

- Ruiva, bonita, inteligente, amorosa quando quer, de opinião forte e, principalmente, difícil, muito difícil – ele sentou na cama com uma taça na mão – o tipo de garota que eu gosto.

“Se quiser beber, vai ter de tirar a mascara. Isso facilita muita coisa”

Mas ele não bebeu, deixou a taça num criado-mudo, sentou na cama e me pôs em seu colo, segurando em minhas mãos

- Imagina você e eu numa cabana rústica, no meio do paraíso, vivendo felizes, com nossos filhos...

“Que filhos?! Nem em sonho!”

- Nicole falou tudo que você gosta! E eu estou muito disposto a realizar tudo que você pedir.

“Nick? Falou de mim? Traidora! Ou não... Ela pode ter falado sem nem saber...”

Ele beijou minha testa

- Ai esses olhos que me enfeitiçam, duas esmeraldas lindas!

“Você roubou essa frase do meu avô!”

- Que tal uma menina? Ela seria igualzinha a você! Podíamos chamá-la de Sophie que nem a mãe...

“Hã?! Já está pensando no nome da criança? E nem vai ter criança!”

A idéia de estupro pareceu meio tola, já que o tal cara pensava em filhos e casas no campo!

- E o casamento, já pensou?

“Não penso no que não vai acontecer...”

- Eu de terno, muito elegante e você entrando sorridente de branco na igreja, com um buquê de tulipas e lírios. Eu sei que são suas flores favoritas.

“Não quero casar de branco, gosto de burlar regras! Nicole deve ter falado muito de mim, ein?

Tudo aquilo me levava a crer que devia ser alguém da minha classe, mas eu não reconhecia a voz, acho que a injeção devia ter afetado minha audição também.

Ele começou a desamarrar meu espartilho.

“Bem, retomemos a idéia de estupro!”

Retirou o enfeite de cabelo e me cheirou

“Achei que fosse um homem, não um cachorro!”

- Seu cheiro é tão bom... Pareci um jardim de flores numa tarde ensolarada

“Filosofou...”

A primeira vez que alguém gostava de mim e tinha de ser dessa forma?! EU NÃO MEREÇO!

Parecia que ele tinha um tipo de alteração mental, de possessividade, obceção e o pior é que ele achava que eu sentia o mesmo.

Ele levantou e começou a tirar minhas botas, enquanto isso, comecei reparar no quarto, parecia estranhamente familiar, mas eu não conseguia lembrar onde.

O relógio badalou no andar de baixo, ao que tudo indicava, eu estava no primeiro andar

Ele já começava a tentar tirar meu vestido quando se ouviram as badaladas de meia-noite

- Melhor eu ir “desligar”¹ o relógio, não queremos eu nada nos atrapalhe certo?

“Você não quer ouvir minha opinião? Que tal esquecer tudo isso? Meus pais já devem ter notado que eu sumi. Isso facilita algumas coisas e complicam outras”

A poeira do lençol entrava no meu nariz e me fez espirrar, então lembrei, eu só podia estar em um lugar! Peguei o celular com muita dificuldade e digitei o SMS mais curto e informativo que pude: “S.O.S./  KSA A.!” E enviei para todos meus favoritos o que incluía Ryan, Nick, Thew, Kyle, o nono e todo resto da família. Ouvi batidas no andar de baixo, com certeza ele não estava tentando “desligar” o relógio.

Um telefone começou a tocar dentro do quarto. Um dos meus favoritos estava lá! Só me restaram duas alternativas: Ryan x Thew

A chegada do Ryan tinha ocasionado muitos casos de policia na minha vida, mas por outro lado o Thew sempre agiu conforme as regras o que não levantaria suspeitas e por isso ele seria um suspeito!

“Ótimo, agora ele vai saber que eu mandei um SMS... Para de tocar, por favor!

O celular parou

“Até que enfim!”

Ouvi barulhos no andar de baixo, minutos depois, parecia gente brigando, fosse quem fosse devia estar de carro ou no ginásio, já que este não era muito longe da casa abandonada. Isso já me fazia eliminar meus tios que não tinham carro e seus filhos. Sobravam os meus pais e o Ryan ou o Thew. De toda forma, parecia uma briga só de dois.

Gritos, alguém subindo a escada, alguém correndo, caindo, correndo de novo, batendo, apanhado.

Nicole entrou no quarto arrombando a porta

- Eu vou te tirar daqui

Mal falou e foi empurrada pelo mascarado contra a parede, desmaiando

O cara se aproximou dela vitorioso, já ia dar um chute na barriga da pobre Nick quando outro vulto pulou sobre ele e rolaram pelo chão, se estapeando e se socando.

Até que o de mascara segurou a cabeça do outro e o jogou contra um espelho

“E eu aqui sem poder fazer nada! Que inferno!”

O de mascara amarrou o outro e pôs sentado apoiado na cama. O coitado estava desacordado e sangrando muito, quando a luz da lua entrou pela janela eu pude ver seu rosto.

O cara pareceu desorientado depois de ter seu “encontro a dois” frustrado por dois adolescentes, eu tinha quase certeza de quem era, só faltava ele tirar a mascara para eu confirmar.

Ele foi até a mesinha, que eu descobri que era uma penteadeira, e viu o celular.

“Agora lascou! Sabe-se lá o que ele vai fazer depois de saber disso?”

Ele leu a mensagem e se aproximou devagar de mim se deitando de novo na cama

- Você me mandou isso, não é?

“Não, imagina... Só tem meu nome como remetente, mas foi o Chapolin Colorado que mandou!”

- E mandou para ele também, não foi?! – ele apontou o corpo desfalecido e amarrado – é dele que você gosta! – ele lançou o celular no outro refém – mas isso vai mudar, a gente vai para Veneza, onde você nasceu... E lá a gente vai ser muito feliz!

Ele começou a beijar meu rosto e puxar o zíper do vestido para tentar tirá-lo. Ouviu-se um barulho no andar de baixo.

- Tem alguém com ciúmes que não quer nos ver juntos...

“Não sabe o quanto eu agradeço por isso!”

O amarrado acordou e me olhou triste

- Desculpe

- É fácil falar, não é você que vai ser estuprado!

- Calma Cloe! Tenta achar um jeito... Cadê a Nick?

- Desmaiada ali no canto

- Eu não sei o que fazer... – o tom de voz dele era baixo e pesaroso

Olhei em volta e vi que um dos canos da cama estava quebrado formando uma lamina, eu poderia tenta rasgar as cordas dos meus pés

“Eu posso pegar tétano, mas e daí, não é? Melhor que ser abusada!”

Não é que eu cortei a perna mesmo, mas pelo menos me soltei, fiz o mesmo com as cordas das minhas mãos.

“Isso é surreal demais!”

Fui soltar o Ryan.

- Se não fosse eu...

ISSO MESMO! APESAR DE TODAS AS EVIDENCIAS PASSADAS APONTAREM PARA ELE COMO CULPADO, ERA O THEW O SEQUESTRADOR PERVERTIDO!

Nick ainda estava desmaiada e eu não ia acordar ela ainda, decidi armar um jeito de pegar o Thew na própria armadinha, desci a escada acompanhada de Ryan e com uma cortina em punho. Ele estava brigando com o Kyle, e logo meu irmão estava posto a nocaute, antes que Thew pudesse inferir um canivete nele, pulei sobre ele com a cortina lhe cobrindo.

Thew se virou bruscamente e empunhou o canivete sem nem ver para onde, atingiu minha coxa. Senti uma dor tremenda.

“Merda! Eu tinha de sair machucada nisso!”

Quando ele finalmente viu o que tinha feito jogou o canivete para o lado e se ajoelhou pedindo perdão, mal levantei para vê-lo melhor o Ryan veio por trás e lhe deu um chute direto na cabeça, fazendo-o cair para frente desacordado.

- Isso é por ter me jogado no espelho e chutado lugares indevidos!

- Ele chutou?! – Nick desceu a escada com a mão na cabeça de dor.

- É! E doeu!

- Ryan, menos... – pedi, enquanto ele amarrava o Thew com a cortina e me voltei para Nick – Sinto muito

- É... Acho que ele não era para mim mesmo

Apesar de essa frase indicar certa conformidade a Nick parecia inconformada que o príncipe encantado dela tivesse se tornado o escravo de sua melhor amiga e se declarado para ela, e conhecendo a Nick ela passaria dias remoendo esta historia.

- Já vi que nos veremos no hospital de novo – Ryan falou enquanto examinava minha coxa

Eu não conseguia ficar de pé. Nick fechou me vestido e eu liguei para minha mãe, logo ela chegou:

- Ele machucou o Kyle, mãe! E meteu uma faca na minha perna e jogou o Ryan num espelho, ele está todo cortado.

- Como uma pessoa faz tudo isso com quatro pessoas

- Sei lá! Chama uma ambulância! Ele também machucou a Nick

- Já chamei querida. Ele não te fez mais nada fez?

- Não, mas podia...

- Mas não fez! Nem pensa nisso, amor – ela me abraçava demais.

Agora...

EU ESTOU NO HOSPITAL, TODO MUNDO DA ESCOLA SABE O MOTIVO, O THEW FOI MANDADO PARA VENEZA, ONDE O PAI DELE MORA E TODO MUNDO LEVOU PELO MENOS UNS CINCO PONTOS NA CABEÇA.

VIDA DE CÃO!

Por ironia eu, Ryan, Nick e o Kyle estamos no mesmo quarto, eles disseram “oi”, aliás.

O dia está ensolarado e poderemos sair daqui amanhã, ou hoje à noite, então...

“Até lá!”


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Notas finais do capítulo

1- Não desligam relógios desse tipo

Isso serviu para eu saber em quem devia confiar, e realmente agora eu sei em quem confiar.
Penso que a Nick esteja sentida por isso, ela gostava muito do Thew... Mas acho que ela supera
Não falei que ia para o hospital, acho que todos de lá já me conhecem.



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