New Perspective escrita por lantejulia, Lala Ferreira


Capítulo 3
Nós Somos Reais - Supercombo


Notas iniciais do capítulo

Então eu sou a Lay e vou escrever os pontos de vista masculinos.
Eu sou o Well quando ele está tagarela, eu sou a Mari com cara de apaixonada, eu sou o Arthur tentando trazer a paz mundial ao mungo dos ogros, sou a Lay que responde todas as perguntas do mundo, sou a coautora que ainda não ensinou a Ju a fazer um travessão (—) e sou a menina que coloca músicas brasileiras nos capítulos só pra contrariar.
Mas no fim das contas, sou só eu :3



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Estava descendo as escadas com o horário das aulas na mão quando a viu.

Não via Mari desde o fim do ano letivo anterior, quando cada um entrou em seu carro e seguiu pra longe dos demais. Vê-la o fez sorrir. Eram amigos desde que ele entrou na Academy Sant Mariann.

— Oi. — Ela disse, empurrando o cabelo pra trás da orelha enquanto ele a puxava pra si.

— Oi garota. — A apertou, sentindo Mari se encolher. — O que foi?

— Saudades.

E aí estava. Todos sabiam que Mari tinha uma queda por Arthur. Queda essa, que ela nem tentava disfarçar, talvez porque pensasse que ninguém sabia. Ele próprio fingia não saber. Menos um constrangimento ter de explicar a ela os 36 motivos pra não ficarem juntos.

— Acabei de ver o Well na portaria. — Ela se afastou, corada. — Ele estava quase batendo na Julia.

Arthur suspirou. De volta à rotina.

Embora fossem muito amigos, ele e Well eram totalmente diferentes, principalmente no quesito gentileza. Costumava comparar o amigo a um ogro; sempre de mau humor, querendo socar as coisas e enforcar todo mundo.

Sentia que era seu dever controlar a fúria de Well, porque sabia que na maior parte do tempo, ele tentava não ter raiva, mas era impossível.

Raiva era pra ele, o que a gravidade é pros humanos. Quando calmo, Well podia ser a pessoa mais doce e gentil do mundo, mas é claro, o Hulk também podia e isso não o impediu de matar meio mundo.

Suspirou outra vez, mostrando o horário das aulas pra Mari.

— Química... — Ela riu.

— Pode ficar com ele, eu estou indo atrás do Well...

— Vou com você. — Ela disse, ainda olhando atentamente para o pedaço de papel rabiscado, tentando decorar as outras aulas.

Arthur enlaçou sua cintura e voltou a descer as escadas até os corredores. Mari apontou pra dois alunos saindo do banheiro feminino. Julia e Well.

— Vou ver se ela está bem. — A garota sorriu e hesitou por um momento, antes de sair de perto de Arthur e correu atrás da amiga.

— Você a espancou? — Perguntou a Well, quando se aproximaram.

— Faltou pouco.

— E vocês se beijaram?

— Que raio de pergunta é essa, Arthur? Fumou uma nas férias?

— Vocês saíram juntos do banheiro feminino. Ou se beijaram, ou tentaram se matar. Ou você...

— Não ouse dizer isso. Não ouse pensar nisso. — Well reclamou, ajeitando o topete.

Os dois riram e começaram a andar sem rumo pelos longos corredores. Era um jeito estranho de dizer “oi, senti sua falta”, mas era o jeito deles.

O rosto de Well foi ficando menos vermelho à medida que conversavam. Acontecia sempre e os dois sabiam que aconteceria sempre. Uma das coisas que aprenderam com os anos no Ensino Médio, era que coisas ruins aconteciam quando se estava bravo com seu melhor amigo.

— Festa na sua casa esse ano? — Arthur começou.

— Claro. O início do fim merece ser celebrado. Mas não na minha casa. A gente devia falar com as freiras, pensei em uma festa temática e a Kel tá ajudando com isso, ela pensou em todos vestidos de anjos, assim iam nos deixar usar um dos pavilhões da escola...

Quando Well começava a falar sobre festas, não havia quem o fizesse parar. Aliás, poucas pessoas sabiam quando parar de falar naquela escola.

Arthur apenas continuou andando e concordando com a cabeça, sem prestar muita atenção enquanto o amigo falava sem parar e gesticulava pra todos os lados, marcando onde ficariam mesas e DJs e o preço altíssimo das fantasias e as freiras e tudo em que conseguia pensar.

— O que estava fazendo no banheiro feminino com a Julia?

E finalmente, Well se calou. Por um tempo.

— Precisava de um conselho. — Disse, corando absurdamente e mudando de assunto logo em seguida. — Uma coisa que eu não podia perguntar pra você, porque duvido muito que conseguiria me dizer o que fazer com esses corredores, já prestou atenção neles? Um é muito iluminado e ela disse que seria bom pôr umas malhas e o outro é muito escuro, o que seria realmente um problema se...

— Well. — Arthur o interrompeu. — Pelo amor de Deus, para de falar. Não me deve explicações, esqueceu? O que quer que estivesse fazendo naquele banheiro é problema seu.

— Obrigado. — O garoto sussurrou, entrando na sala de aula.

Arthur suspirou e entrou em seguida, arrastando os pés até o lugar onde tinha jogado a mochila mais cedo.

Duas freiras estavam conversando do lado de fora, mas ele não conseguiu identificar quais.

Era uma piada antiga que começou no primeiro ano, quando ele perguntou por que a mesma freira dava todas as aulas. Pra sua surpresa, Lay franziu a testa e disse que eram freiras diferentes.

Depois que passou a observar melhor, vira que ela tinha razão. Embora todas fossem baixas, brancas, enrugadas e usassem a mesma roupa, tinham diferenças mínimas que o ajudaram a definir qual dava qual aula, mas nunca soube o nome delas, então as chamava pelo nome das matérias que ensinavam.

As freiras que passavam mais tempo na diretoria ganharam números aleatórios como “Freira-623” ou “Freira-711” e assim, a brincadeira acabou pegando, mas de dentro da sala, não conseguia distinguir aquelas duas. Sabia que a Freira-de-Química chegaria logo pra dar aula, mas o discurso anual vinha primeiro.

Quando as duas mulheres baixas entraram na sala, as lembranças do primeiro ano o abandonaram e tudo o que lhe restou foi o presente. Era um saco.


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