Complicated escrita por Gica Buya


Capítulo 1
Porquê?


Notas iniciais do capítulo

Leiam com carinho! :3
Aceito comentários positivos e críticas



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Chamo-me Ewan Schmidt, moro em um bairro chamado The West End*, movimentado além da conta. Estudo – ou estudava – em uma escola chamada High School Field, não tinha muitas amizades, então apenas me concentrava nos estudos, sem sucesso... Meus pais vendo minha situação pareciam pensativos, e de uns tempos pra cá, viviam cochichando.

Em um belo dia de 06 de Abril, uma manhã ensolarada e barulhos de construção ao pé do meu ouvido, fui ‘’convidado’’ para uma conversa na sala de jantar, que ficava de frente para a cozinha estilo americana realmente muito linda e bem organizada por Elize, que podemos dizer que tem um ‘’toque’’.

Sentei-me em uma cadeira de madeira com alguns desenhos feitos á mão em suas costas e uma almofada com estampas floridas de todos os gostos, era confortável e majestosa. James, meu pai que já estava com quarenta anos, estava com a expressão séria, e minha mãe, parecia preocupada.

Filho... Nós conversamos e... – Ele pigarreou. – Decidimos te colocar em um colégio interno.
Minha sensação de curiosidade se retirou, dando espaço á uma decepção e um enorme e gigantesco espanto.
Colégio interno? – Me segurei para não deixar as lágrimas caírem e tentei deixar a voz mais firme possível.

Depois de uma longa – LONGA MESMO! – e irritante conversa, decidi aceitar a proposta de ambos, não havia nada que eu perderia me mudando de escola ou de bairro. Apenas o fato de que teria que dormir em uma FUCKING ESCOLA me deixava apreensivo.

Recebi a informação que começaria na semana que vem, então teria apenas sete dias para aproveitar a liberdade de sair ao meio-dia e deitar-me em uma cama confortável e ouvir minha mãe gritando com a televisão por um motivo idiota.

Na escola, não falava nada com ninguém, afinal, eu não tinha amigos, era praticamente invisível naquele lugar frio e indiferente. A semana passou como um raio em uma noite de chuva. Logo me vi em um domingo perto da meia-noite arrumando uma pequena mala de couro preto.

Apenas o essencial: Cuecas, roupas – boa parte são moletons -, sapatos, meias, escova de dente, pasta, escova, shampoo, toalha etc. Pode parecer meio gay, mas eu gosto de me arrumar.

Terminei de arrumar meus apetrechos, e logo indo dormir sem jantar e nem olhar na cara daquilo que eu chamava de pais. Não que eu os odeie, apenas não queria ver ninguém.
No meio da madrugada, tive alguns sonhos sem sentido, que não duraram mais do que simples segundos.

Acordei com cutucões e barulhos de carros totalmente irritantes. Levantei-me ao susto, correndo para tomar banho e me arrumar. Tomei uma ducha rápida, mas caprichosa, chegando a dar uma cafungada em meu braço direito sentindo o cheiro de sabonete perfumado com flores. Estava com preguiça de me ‘’emperiquitar’’ – como dizia Elize – então apenas escovei meus dentes rapidamente e passei as mãos por meus fios negros e lavei meu rosto novamente esfregando-o para não parecer que tinha dormido mal.

Sempre fui meio retardado para fazer coisas importantes, dali caiu-me a ficha que uma mochila seria bem mais prática que uma maleta. Abri-a o mais rápido possível, jogando tudo dentro de uma pequena mochila azul marinho que ficava no canto perto do armário marrom.

Coloquei um chinelo branco tamanho 39 (me julguem!) e dois tênis da Nike pretos e com detalhes brancos, em uma sacola de mesma cor. Coloquei uma camiseta branca e uma calça jeans simples, um sneaker* (como sou baixinho além do normal, tendo míseros 1,69.) e dei uma ultima olhada em meu cabelo.

Ouvi uma buzina e um ônibus amarelado escrito em letras negras: Colégio Birnfield. ‘'Ridículo’’ foi a primeira palavra á vir em minha mente quando vi aquela cena pela janela de cortinas vermelhas. Não parecia muito cheio, alguns bancos da frente estavam limitados á algumas pessoas, a maioria homens... Estranho, será que vou ser molestado?

Coloquei minha mochila no ombro esquerdo e levava o resto das coisas no mesmo lado. Por algum motivo, não consigo carregar nada no lado oposto, bizarrices minhas...
Dei um ‘’tchau’’ sem expressão e totalmente frio para meus pais, descendo até o portão, abrindo-o com uma pequena chave reserva e logo fechando o cadeado prateado.

Subi as escadas do ônibus, vendo um motorista que parecia ter setenta anos, ninguém me olhava, me senti invisível. Nunca vi tanta gente mongol por causa de um simples aparelho celular, é essencial, mas não vinte e quatro horas por dia. Sentei-me em um banco vazio, perto da janela, que parecia a única coisa que não me causava tédio por causa das paisagens que via ao longo do caminho.

Para mim, durou a eternidade, mas foram apenas trinta minutos. Virando uma esquina, vi um prédio alto e com uma pintura obscura, parecia nada convidativo. Um letreiro dizia o mesmo nome estampado no veículo em que estava. Merda! Enganaram-me e agora estou no inferno!

Aquele lugar aparentava ser gigantesco, como uma prisão de segurança máxima. Uma mulher de cabelos louros – provavelmente oxigenados – presos em um coque alto, que usava um óculos de aro arredondado se apresentou dizendo que era a coordenadora geral dos ‘’alunos’’, seu nome era Kelly.

Apenas eu era o novato naquele lugar, me sentia um idiota. Os outros garotos que estavam junto comigo no caminho para esta amostra de tortura seguiram seu rumo pela escola á dentro, enquanto eu tive que aguentar aquela vaca com sua voz macia, pura falsidade.

Fiz novamente um cadastro em sua sala, que parecia uma biblioteca, porém antiga e extremamente empoeirada e desorganizada. Entregou-me um papel azul que dizia onde eu dormiria dali em diante. Confesso que senti minha consciência pesar, e que logo me arrependeria de obedecer.

Meu quarto – se é que posso chama-lo assim – era o número 301, e para piorar, tive que subir uma remessa de escadas até chegar ao mesmo.
Ao entrar por uma porta de ferro sem fechadura e maçaneta, vi uma figura deitada em uma cama de solteiro perto de um criado-mudo, lendo uma revista sem sentido.

Rezei para que não tenha me percebido, assim não teria que aguentá-lo. Além de ter que ver a cara daquela enjoada, vou ter que aguentar um cara me enchendo o saco todos os dias.
Coloquei minha mochila silenciosamente em cima de outro lugar ao lado de uma cabeceira, tirando meu sapato e deixando-o embaixo do mesmo.

Senti alguém perigosamente perto de mim, e alguns fios castanho mel tocavam minha testa.
Me chamo Martin. – Sorriu de forma tão estranha, que parecia rasgar sua face. – E você? – Seu dedo indicador pousou em meu queixo, levantando-o para encarar seus olhos azuis como o céu.

Meu coração começou a bater freneticamente... Mas que merda está acontecendo?


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Notas finais do capítulo

The West End = Bairro de Londres, muito famoso e conhecido por sua moda. Sneaker = Tênis com salto embutido na sola.



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