Acordar. Fazer a ronda. Matar quantos puder sem ser morta.

Essa virou a rotina de Amélia desde que tudo começou. Tenta afastar o tédio, procurando alimentos e mantendo a redondeza de sua casa sem nenhum deles. Estava a tanto tempo sozinha que começava a ler os livros que tinha comprado antes de tudo, se lembra que era apaixonada por livros e quadrinhos, era a única coisa que a distraia dos grunhidos vindo de fora. Às vezes tocava o seu piano bem baixinho. Só tinha aprendido o básico quando fazia aulas, mas ficou tanto tempo sem fazer nada que pegou seu livro e tirou muitas músicas sozinhas.

Acordar. Fazer a ronda. Matar quantos puder sem ser morta. Todos e todos os dias, não tinha amigos ou nenhum familiar para conversar todos, provavelmente mortos.

Acordar. Fazer a ronda. Ia ao mercadinho onde sua mãe sempre a mandava pra ir comprar alguma coisa que iria precisar para fazer o almoço, sempre pegava um real a mais para poder comprar chicletes. Lembrava de como a moça gentil de cabelos grisalhos a atendia bem, e sempre deixava passar um chiclete a mais para ela.

Antes de tudo aquilo Amélia era uma menina com muitos amigos. Educada, bela, só tirava dez, sempre foi à melhor da sala, uma boa amiga e filha.

Acordar. Fazer a ronda. Matar quantos puder sem ser morta. Sua rotina ficou tão maçante que depois de algum tempo começou a dar nomes para os mortos e ficar conversando com eles pela janela de seu quarto. Tinha medo que se parasse de falar por muito tempo ira desaprender.

Acordar. Fazer a ronda. Matar quantos puder sem ser morta... Até que um dia, saindo de casa pra sua ronda matinal, viu de longe três pessoas. Achou que estava ficando maluca, pois nunca tinha visto pessoas depois que seus companheiros morreram, governo cair e as transmissões serem cortadas.

Escondeu-se, pois não sabia o que aquelas pessoas queriam, não sabia se queriam roubar sua comida ou sua pouca munição, pobre Amélia com apenas 14 anos já desconfiava tanto das pessoas. Esperou até passarem para poder dizer alguma coisa, quanto mais perto chegavam Amy conseguia distinguir que era quem. Era uma mulher negra, de estatura média que carregava uma katana muito parecida com a dela, um homem pouca mais alto que a mulher carregava um revolver na mão preparado atirar em qualquer coisa que se move, e um garoto bonito, parecia ter a mesma idade que ela, cabelos longos, olhos azuis e um chapéu de xerife.

Assim que três passaram pela casa, Amy sacou sua arma e os fez como "reféns"

-Quem são vocês?-Amy pergunta diretamente para o homem que começou a falar.

-Não temos intenção nenhuma de te machucar ou te roubar só estamos de passagem e...

Antes dele pode continuar a explicação três errantes apareceram do meio da floresta.

- Não movam um musculo-Amy sacou sua katana e decepou a cabeça dos três errantes como se fosse à coisa mais normal do mundo, pegou a arma da cintura novamente e retornou ao interrogatório.

Antes de o homem falar novamente e começou a perguntar

-Tem mais?Mais pessoas vivas?Eu não sabia que ainda tinham sobreviventes-Ela disse com um pesar no coração.

-Olha você não me parece ser uma má pessoa, e eu temos um ótimo detector de bom caráter. Então porque não abaixa sua arma e vamos conversar. Nós entregamos nossas armas para você se isso te deixar mais segura.

Amélia ainda meio relutante disse - Tudo bem, me entreguem as armas e vamos conversar La dentro-Amélia tirava as chaves da casa enquanto eles entregavam suas armas. Abria a porta de sua casa enquanto os "convidados” entravam.

Assim que entrou na casa Amy percebeu a cara de pasmos deles e foi logos explicando.

-Muito tempo sozinho da nisso, uma casa enorme e limpa em pleno apocalipse zumbi - Deu uma risadinha baixa no final, pois não queria demonstrar fraqueza para eles.

-Então meu nome é Rick e sim nós temos mais pessoas conosco - Assim que Rick disse isso uma luz se iluminou no interior de Amélia-Essa a Michonne e esse é meu filho Carl.

-Belo golpe aquele que você deu nos zumbis La fora -Michonne comentou - Você seria de grande ajuda pra a nossa equipe. Mais é sempre melhor. -Ela disse dando um sorriso verdadeiro parecia ter pena da garota por ser tão jovem e ter que passar por tudo isso sozinha.

-Meu nome é Amélia, Quantos de você e onde estão ficando?-Ela disse já de um jeito mais suave.

-Nós temos bastantes pessoas conosco, e eu sei como é ruim ficar sozinho, acredite em mim eu já fiquei, como essa parte da estrada esta mais limpa parece que você limpou tudo isso, estou certo?Você pode fazer parte da nossa família se quiser. Estamos ficando numa prisão não muito longe daqui. Mas se quiser ficar conosco vai ter que responder três perguntas antes.

Amy já estava vibrando com a idéia de não ficar mais sozinhas e sem nem pensar disse

-Manda

-Quantos deles você já matou?

-Nunca parei pra contar, mas, bastante.

-Quantas pessoas você já matou?

-Uma-Amy disse isso com uma tonelada de lembranças vinda à sua cabeça.

-Por quê?

-Porque ela não queria se transformar.

Depois que ela disse isso Rick se calou.

-E então...?-Disse tentando quebrar aquele clima triste - Vou poder me juntar a vocês?

Os três se entre olharam por um instante, e então Michonne disse “Com certeza!”

Amy deu um sorriso tão grande que achou que as bochechas iam se rasgar. Por puro impulso deu um salto e abraçou Michonne, que meio surpresa pelo ato da menina respondeu o abraço verdadeiramente.

Deu um passo pra trás se recompondo

-Desculpe... É que desses dias pra cá eu não tenho tido muitos motivos pra ficar feliz - Deu um sorriso torto meio envergonhado.

-Não tem nada pra se desculpar!Deve aproveitar cada momento de felicidades nos tempos de hoje.

-Eu acho que em duas mochilas cabem as comidas que eu tenho. Aqui estão elas-disse pegando duas mochilas grades do chão-Eu vou pegar umas coisas minhas no meu quarto, enquanto isso peguem as comidas pra nos partirmos antes do escurecer.

-Não acham ir melhor amanhã de manhã? Está quase escurecendo. –Manifestou-se o garoto de olhos azuis pela primeira vez naquele tempo todo.

-Você deve ter razão, só estava muito animada pra sair logo dessa casa. La em cima tem dois quartos vocês podem dormir lá, enquanto eu durmo no sofá.

-Não há necessidade disso Amélia Carl, Michonne e você podem ir dormir nos quarto enquanto eu fico com o sofá. Nós somos os seus convidados.

-Tudo bem então. Lá em cima tem um galão para tomar banho, vocês podem usar. Mas não usem muito porque esta quase acabando-Ela disse subindo as escadas enquanto os outros a seguiam estavam olhando para a parede com várias fotos de Amy com algumas pessoas, e uma foto que com certeza era de longe a favorita de Amy era uma que tinha tirado com sua irmã. Estavam num casamento, usando vestidos deslumbrantes. Brenda, sua irmã, parecia muito com ela, as duas tinham cabelos castanhos e longos, olhos castanhos, altas a única diferença era que Amy era um pouco mais branca que a irmã.

-Aqui esta ela disse apontando para o banheiro, podem aproveitar, enquanto isso vou arrumar logo as comidas nas bolsas. -Disse isso já se virando para poder descer quando Rick virou e disse:

-Amélia... Obrigado. Já encontramos muitas pessoas ai fora, nem todos tão boas quanto você. -Disse com um sorriso no rosto.

-Eu realmente estou confiando em vocês. Por favor, não me desapontem.

-Nós não iremos Amélia-Disse Carl

-Podem me chamar de Amy. Disse sorrindo enquanto descia as escadas.