No dia seguinte à chegada de Tony em Malibu, Pepper, Gwen e Mary Jane estavam deitadas na praia, tomando sol. Stark e Peter observavam-nas pelo vidro de uma das paredes da enorme mansão branca.

– Sabe, Peter? É isso que gosto em Malibu. Você pode observar mulheres de biquíni pelo vidro sem elas perceberem – Tony disse, sorrindo.

– Sei...

– O que foi? Parece distante. Quer dizer, eu não teria percebido se você não tivesse ignorado minha piada machista.

– É que foi tudo tão repentino... A morte do Tio Ben, meus novos super-poderes, você...

– Ei, você sabe que muitos dariam tudo para estar no seu lugar. ao lado de um bilionário filantropo lindo como eu, agindo como um super-herói...

–Eu sei, mas é que...

A conversa deles foi interrompida por J.A.R.V.I.S., que fez uma luz vermelha se projetar nos vidros.

– Senhor, perdoe-me por interromper sua conversa, mas...

– A conversa tudo bem, J.A.R.V.I.S., mas quando vou ter a oportunidade de ver Pepper de biquíni?

– Senhor, é muito importante. Sugiro que dê uma olhada na mais recente reportagem publicada pelo Clarim Diário.

– Mostre-me, J.A.R.V.I.S., afinal já me interrompeu mesmo.

Uma tela azul apareceu no vidro. Nela estava uma página da Internet, no site do Clarim Diário. Tony e Peter leram o que estava escrito.

CRIMINOSO MASCARADO MATA CIVIL NA TORRE STARK

"Segundo fontes que se mantêm no anonimato, um criminoso mascarado foi visto neste sábado invadindo a Torre Stark, em Manhattan, Nova York, e levando o corpo de um civil, Benjamin Parker, para o heliporto da Torre.

O senhor Stark ainda não se manifestou, mas peritos alegam envolvimento entre este criminoso, que se autodenomina 'Homem-Aranha', e o terrorista que causou polêmica na mídia recentemente, o Mandarim.

Testemunhas alegaram vê-lo se pendurando por um cabo e se erguendo até o heliporto de Stark, carregando consigo o corpo de Benjamin Parker. A família de Parker nega saber algo sobre o criminoso.

Fotos de Peter Parker"

– Alfo a declarar, Peter?

–Eu dei fotos minhas, no uniforme, para Jameson, mas não contei essa história para ele. O que eu falei foi algo completamente diferente.

–Certo... Obrigado, J.A.R.V.I.S., mas já pode retornar à aparência normal do vidro.

O vidro voltou ao normal.

– Tony, acredite em mim...

– Imagina, Peter. Nada pode estragar minha alegria por estar novamente na costa oeste americana, longe dos problemas corriqueiros de Nova York. Mas ainda assim... Por que Jameson mudaria sua história?

– Eu posso explicar – disse Norman Osborn ao se aproximar.

– Conte-nos o que sabe, senhor Osborn.

– A mulher de John foi assassinada diante dele e do filho por um homem mascarado. Desde então, ele criou um ódio por pessoas mascaradas que escondem sua real identidade. Quer dizer, ele acha que qualquer um que oculta sua real identidade o faz por medo de ser pego em seus atos criminosos. Ele teria acabado com a imagem do Homem de Ferro, se você não tivesse revelado sua identidade, Tony.

– Acho que faz sentido. Jameson tinha me falado algo sobre não confiar em mascarados quando passei as fotos para ele.

– Então é isso. Obrigado, Norman. Já disse isso antes, mas repito: há um grande e promissor futuro para nossas empresas, e ele pode ser melhor ainda se nos unirmos. Como presente, ordenei que J.A.R.V.I.S. montasse uma armadura para você.

Isso não era completamente verdade. Tony mandara, sim, que J.A.R.V.I.S. montasse um armadura nova. Mas não fora para Norman. Ele a construíra para dar para o Capitão América, que rejeitara a ideia.

– E como é essa minha armadura?

– Se chama Patriota de Ferro. Como o nome sugere, tem elementos que lembram a pátria americana, como as cores dela (azul, vermelho e branco) e a enorme estrela no peito. Ela está acoplada com um transmissor que controla armaduras independentes, um exército mecânico de armaduras.

– Interessante.

– Tem uma para você também, Peter. É bem melhor do que esse uniforme vulnerável que você pegou na Torre.

– Sabe que eu até gosto do uniforme?

– A armadura, que eu chamei de Aranha de Ferro, é muito mais resistente e segura que o uniforme.

– Está bem, então.

– Venham. Vou dar-lhes suas armaduras.

Em um laboratório secreto da I.M.A. em Malibu, Wilson Fisk e Leland Owlsley aguardavam ansiosos a chegada do Barão Von Strucker e Aldrich Killian.

– Por que deixamos Killian escolher o ponto de encontro, mesmo? – perguntou Owlsley.

– Oras, foi culpa de Giorgio, seu funcionário.

– Ah, Giorgio. Certo. Estranhei que Wesley não estivesse com você hoje.

– James? Ele estava ocupado. Pedi que ele contatasse o Mercenário.

– Quem Lester matou desta vez?

– Anatoly Ranshahov.

– O irmão de Vladimir?! Você enlouqueceu?!

– Acalme-se. Vladimir foi avisado. Ele se negou a matar Sergei, o funcionário dele que matou um membro do Tentáculo.

– Compreendo. Soube da morte de Anatoly, mas pensei que tivesse sido Nobu.

– Foi ele quem me pediu para fazer com que Vladimir se desculpasse, por bem ou por mal.

Um painel na parede se acendeu, piscando. Uma voz seca e robótica se fez ouvir.

– Entrega para o Mandarim.

– Quem falou isso?! – perguntou Leland.

– Meu nome é Ultron.

– Ultron? – perguntou Fisk. – Você foi criado por Killian?

– Não. Fui criado por três gênios da ciência. Bruce Banner, Tony Stark e Hank Pym.

– E por que está aqui, em uma base da I.M.A.?

– Base da I.M.A.?

– Sim.

– Senhores, esta é a base americana do Mandarim.

– Mandarim... O terrorista?

– Só existe esse, que eu saiba.

– Você acha que devemos...?

– Wilson, é muito arriscado.

Fisk ignorou-o, aproximando-se da parede que piscava. Apertou um botão e a parede desapareceu. Uma enorme caixa começou a entrar por ela. Quer dizer, pelo menos parecia uma. Quando Fisk encostou nela, ela se mexeu. Parecia um ser enorme e pesado, num corpo cabeçudo amarelo.

– Meu... nome... é... George. George Tarleton.

– Não, meu caro. É M.O.D.O.K., lembra? – era a voz do Mandarim. Ele entrou na sala e deu um choque no cabeçudo com um pequeno dispositivo. – Muito obrigado, senhores, por colocá-lo para dentro. Foi uma experiência falha do antigo presidente da I.M.A., Aldrich Killian.

– Antigo?

– Ele está desaparecido, portanto sou o novo líder.

– Mas meu funcionário, Giorgio. Ele o contatou.

– Err... Não? Ele falou com um agente da I.M.A., Nathan Garrett. O tal de Giorgio disse que queria falar com o líder da I.M.A., e aqui estou eu.

– Você está mentindo – disse Fisk.

– Como?

– Killian não está desaparecido.

– Sim, está.

– Não. Está com Tony Stark, aqui em Malibu.

– Está mesmo?

– Sim.

– Muito obrigado pelo seus serviços, senhor Fisk. Leland, por favor?

– Ah, claro.

Leland Owlsley eletrocutou Fisk, que desmaiou.

– Ah, claro – disse Leland Owlsley.

Então o Coruja trabalha para a I.M.A., pensou o comandante da S.T.R.I.K.E. em sua cadeira. Congelou a imagem e deu um zoom no painel de controle no fundo da gravação. Leu em voz alta:

– "Ultron".

Ligou o transmissor e ouviu a mensagem gravada que Masters deixara.

–Senhor, capturamos Sharon Carter. A parceira dela, uma enfermeira mascarada, fugiu. Conseguimos ver o rosto dela e a identificamos como sendo Linda Carter.

Linda Carter. Mais uma Carter no meu caminho... Elas são uma peste, pelo que vejo. Ativou uma chamada para seu chefe, o Conde Nefária.

– Conde?

– Diga, comandante.

– Masters capturou a Agente 13. A irmã dela, porém, pode vir a ser um problema.

– Cuide dela para mim, por favor. Eu e Nathaniel estamos tentando encontrar Whyndam ainda.

– Se deixasse eu tentar, senhor, eu já teria conseguido.

– Eu sei disso. Mas é muito importante que Giulietta tenha uma missão para ela. Sinistro e eu estamos fazendo a maior parte, mas ela é uma Nefária. Tem que ter uma missão para se fortalecer. E, de qualquer forma, se livrar das Carter é mais importante. O Barão Zemo nos fez, inconscientemente, o favor de tirar a mais perigosa delas, Peggy, do nosso caminho. Mas isso quase nos custou informação. Quer dizer, não sabemos o quanto Jason Wyngarde encontrou na mente dela. Ainda assim, Sharon e Linda sabem de tudo e têm que ser eliminadas.

– Certo. Masters vai capturá-la.

– Muito obrigado. Vou ativar mais uma escuta para você, para que possa acompanhar tudo o que está acontecendo com Luke Cage na S.H.I.E.L.D. e monitore as atividades da Harpia. Eles são importantes nesta trama toda. Se conseguirmos neutralizá-los, serão dois pássaros a menos na revoada.

– Mais uma coisa. Ultron está em posse do Mandarim. E o Coruja o serve e capturou o Rei do Crime.

– Sei que quer matá-los, Silvio. Mas, se alguém for numa missão para onde eles estão, será para pegar o Ultron. A maior invenção de Banner, Stark e Pym. Desligo.

O comandante da S.T.R.I.K.E. ativou a nova câmera e observou o interior de uma quinjet. Nela, Luke Cage estava sentado em um banco. Ao lado dele, Punho de Ferro.

– Estranho não nos algemarem, não?

– Sim. Mas acho que sei porque. Falei com Mãe Crane. Ela afirmou que o pessoal da S.H.I.E.L.D. é de confiança.

– Pode ser. Mas isso não muda o fato de que aquela agente Morse é muito gata.

O Punho de Ferro riu.

– Concordo.

O comandante da S.T.R.I.K.E. bufou, entediado. Aquelas gírias adolescentes como "gata", "mano", "mina", "véio" e "cara" eram tão vulgares para Silvio...

Stephen Strange atendeu seu celular, que Linda fizera questão de comprar para ele nas semanas que passaram juntos.

– Linda?

– Sim.

–O que foi?

– Preciso sumir do mapa. A S.T.R.I.K.E. está atrás de mim.

– Como posso ajudá-la?

–Você pode mudar minha fisionomia. Eu vou até você e você usa sua magia em mim.

– Eu adoraria poder ajudá-la, mas... Estou em Malibu.

–Malibu? Na Califórnia? Pelo amor de Deus, me diga que isso não tem nada a ver com Tony Stark.

– Tem sim. Por quê?

– Porque ele saiu nos jornais. Lembra daquele terrorista que está atrás dele? Contratou um criminoso para matá-lo.

– Linda, vou teleportar Wong para trazê-la até aqui.

– O verdadeiro Wong, né?

– Claro. Aquele que nunca nos traiu.

– Muito obrigado, Stephen. Tchau.

– De nada, Linda. Tchau.

Ele desligou. Bem a tempo de ouvir a explosão.

No andar debaixo, Matt, Foggy e Karen conversavam. Estavam acertando alguns detalhes de como fariam protegê-la de James Wesley e seu empregador, Wilson Fisk. Stark, Parker e Osborn tinham acabado de deixar a sala. Harry Osborn e May Parker haviam sentado perto deles, conversando. Foi quando aconteceu. Mary Jane, Gwen e Pepper entraram correndo, avisando que viram um helicóptero sem identificação se aproximando da mansão.

Então o vidro explodiu. Os cacos se espalharam pela sala, jogando todos no chão. O helicóptero disparava na mansão sem cessar fogo momento algum. A porta do helicóptero se abriu e um homem de terno e cabelos compridos desceu. Estendeu as mãos para baixo e flutuou. Aterrissou em meio à sala e sorriu.

– Senhores, me chamo Khan. Devem me conhecer como Mandarim. Me entreguem o senhor Stark que ninguém se ferirá.