Furioso, o Hulk socava o rosto de seu sósia vermelho no chão da estação de metrô de Hell's Kitchen. O Hulk Vermelho se contorcia de dor e tentava levantar, mas não conseguia. O Hulk fazia isso, porém, a pedido de Thor. Segundo o Deus do Trovão, a única maneira de libertar o Hulk Vermelho do controle de Loki e transformá-lo novamente em General Ross estava em Asgard.

Àquela altura do campeonato, alguém no metrô já devia ter chamado a polícia. Thor, porém, acreditava que a S.H.I.E.L.D. interceptaria a chamada e enviaria seus próprios agentes para cuidarem disso. Como previsto, horas depois dos Hulks aparecerem, uma quinjet aterrizou na passarela através do buraco aberto por Fin Fang Foom.

Thor já se aproximava da quinjet quando um enorme borrão vermelho o acertou. Com seu martelo, jogou o Hulk Vermelho longe e olhou novamente para o Hulk, confuso.

– Esperar. Nave não ser como outras.

– Você está querendo dizer que esta quinjet não é da S.H.I.E.L.D.? Não posso afirmar nada, mas... –Thor congelou ao ler a sigla I.M.A. na porta da quinjet.

Caminhando até a porta da quinjet, Thor preparou-se para arremessar seu martelo... quando uma voz conhecida e querida o fez parar. Jane, pensou.

– Thor? Você está aí? – chamava a voz da jovem pesquisadora terráquea.

– Jane Foster?

A porta da quinjet começou a descer. Thor então reconheceu todos lá dentro: o doutor Erik Selvig, os agentes Barton, Hill e Rommanoff da S.H.I.E.L.D. e Jane Foster, todos conhecidos seus da época em que Odin o enviara para Midgard atrás de um artefato.

O artefato, um cordão dourado, estava em posse da Hidra. Foi nessa missão que Thor conheceu Nick Fury e a S.H.I.E.L.D. e teve a chance de trabalhar ao lado de mentes brilhantes como Tony Stark, Bruce Banner, Hank Pym, Erik Selvig e a jovem Jane Foster. Thor mão conseguira evitar se apaixonar por Jane. Teimosa, inocente, inteligente e curiosa, Jane Foster era tudo que Thor desejava na sua vida.

Infelizmente, ao final da missão, Thor teve que retornar para Asgard. Quase se esquecera de Jane, pois seus pais, Odin e Frigga, fizeram para unir Thor e Lady Sif. E conseguiram, mas a menor menção a Midgard fazia Thor se lembrar de Jane Foster.

– Thor! – Jane Foster correu para os braços do Deus do Trovão, que a recebeu com um abraço, porém distante.

– Agente Hill, permite-me perguntar uma coisa? – pediu Thor.

– Sim? – respondeu Maria Hill.

– Por que vocês, agentes da S.H.I.E.L.D., estão em um veículo que não é de vocês?

– Ele não sabe, Maria – lembrou Natasha Rommanoff.

– Ah, verdade. Thor, a S.H.I.E.L.D. não existe mais. A Hidra deu um golpe externo, sequestrando Nick Fury e, quando estávamos sem rumo, agentes infiltrados destruíram a S.H.I.E.L.D. por dentro.

– E como está Alexander Pierce depois de tudo isso? – perguntou Thor, lembrando do gentil homem que conhecera no passado.

– Thor... – começou Selvig.

– Pierce não está mais conosco – disse Clint Barton, cortando o doutor Selvig.

– Ele morreu? – Thor não entendera a piada sem graça.

– Não! – corrigiu Selvig, irritado. Foi Maria Hill quem explicou tudo.

– Ele foi um dos agentes corruptos.

– Não um deles, mas o líder deles – confirmou Rommanoff.

Thor virou-se, tonto, para o Hulk Vermelho desmaiado no chão. Tirou o braço do ombro de Jane Foster e ergueu o martelo para cima. Tentando não pensar na traição de Alexander Pierce, Thor invocou a Bifrost com o nome de seu guardião.

– Heimdall! – gritou.

Tudo ao redor deles começou a ficar colorido. O Hulk, que estava mais distantes deles, parecia girar enquanto erguia o Hulk Vermelho em seu ombro. Thor mantinha o martelo acima de sua cabeça, como se estivesse voando. Quando tudo normalizou, estavam em um enorme salão redondo. Engrenagens douradas giravam no teto e um homem observava o grupo que acabara de chegar.

Aquele homem era o asgardiano Heimdall, guardião da Bifrost. Tinha a pele escura e usava uma armadura vermelha, com um capacete laranja. Empunhava uma espada prateada que brilhava enquanto ele observava aquele grupo estranho: um asgardiano, cinco humanos e dois monstros, um verde e um vermelho.

– Heimdall! – chamou Thor, se aproximando do guardião. – Eu quero lhe pedir um favor. Não como seu governante, mas como amigo. Peço que não avise quem quer que esteja no comando sobre minha chegada.

– Thor, você sabe que eu faria isso por você. Mas Hogun já está a caminho.

Hogun. Dos três guerreiros que eram escolhas prováveis para governar Asgard (Hogun, Fandral e Volstagg), Hogun era o menos provável. Ele era um tanto frio, e nunca parecia prestar atenção nas ordens que recebia. Quando Thor percebeu o que estava acontecendo, as portas do salão se abriram.

O cavaleiro do manto azul, Hogun, entrou seguido por um exército de guerreiros de armadura prateada. Thor reconheceu a magia em Hogun antes mesmo de ele falar.

– Olá, Thor – disse Hogun, ríspido.

– Loki – respondeu Thor, igualmente desagradável.

O Hulk se virou para Hogun ao ouvir o nome do Deus da Trapaça. Nos olhos de Hogun estava um brilho laranja, como aquele nos olhos do Hulk Vermelho, decorrente da magia da Joia da Mente. Hogun se aproximou de Heimdall, irritado.

– Thor, seu irmão fugiu atrás de você. Não sou ele. Quanto a você, Heimdall, por que não me alertou sobre a chegada de Thor?

Antes que Heimdall pudesse responder, Hogun estendeu o braço na direção dele e um lobo saltou por cima de seu ombro, abocanhando o braço de Heimdall. Era, Thor reparou, na verdade, uma loba. Angerboda, lembrou Thor, pensando na serpente que Loki levava sempre enrolada em seu cajado.

A loba começou a puxar o braço de Heimdall. Thor arremessou seu martelo nela, e a loba voou, levando o braço de Heimdall junto. O cordão dourado no pescoço dela quase se partiu ao atingir o chão. Foi quando Thor percebeu que aquele era o cordão que fora buscar em Midgard quando conhecera Jane Foster.

O guardião da Bifrost berrou enquanto os guerreiros prateados avançavam, silvando. Esse silvo era familiar para Thor... Jotuns! Os agentes Rommanoff e Barton entraram entre Thor e os Jotuns. O Gavião Arqueiro preparou seu arco, mirando Hogun, enquanto a Viúva Negra atirava nos Jotuns.

Maria Hill levou Jane e Selvig pela mão até a saída do outro lado do salão. Thor, levando um Heimdall sem braço, e o Hulk, carregando o Hulk Vermelho, a seguiram. Hill quase caiu no enorme precipício do outro lado da porta ao sair. Parou na pequena borda que havia em volta da cúpula que era o salão. Lentamente, o grupo foi andando pela borda e chegaram em uma ponte colorida. Mais para frente, os enormes portões da Cidadela de Asgard jaziam abertos.

Do outro lado dos portões, montes e montes de neve se erguiam, decorrentes da presença de Jotuns. Alguns Gigantes de Gelo que patrulhavam o lugar se viraram na direção deles. Maria Hill entrou na frente de Jane e Selvig, com suas armas nas mãos. Derrubou alguns Jotuns com tiros, enquanto Thor colocava Heimdall com Jane e Selvig e se unia a ela. O Hulk usava Hulk Vermelho como arma para derrubar alguns Jotuns.

De repente, tudo parou. O relinchar ensurdecedor semelhante ao de um cavalo de uma besta Jotun fez com que os Gigantes de Gelo abrissem caminho. Montado na besta (que mais parecia um touro azul de três chifres) vinha Laufey, pai de Loki, governante dos Gigantes de Gelo de Jotunheim.

– Olá, Thor – disse ele, se aproximando.

– Loki sabe? – perguntou Thor.

– Sobre eu estar vivo? Acredito que ainda não.

Thor se aproximou, hesitante.

– O que quer, Laufey?

– Um acordo. Preciso saber onde está meu filho. Ymir o quer. Também preciso saber para quem Loki trabalha. Em troca dessas informações, deixarei vocês irem e libertarei seus amigos Fandral, Volstagg e Lady Sif. Acordo fechado?

Após ponderar um pouco sobre a proposta, Thor aceitou e contou o que sabia. Laufey ordenou que os Jotuns os deixassem passar. Do outro lado, alguns Jotuns entregaram Lady Sif, Fandral e Volstagg ao grupo. Antes de eles irem, Laufey se virou para Thor.

– Lembre-se, Príncipe de Asgard. Quando passarem dos portões leste de Asgard, serão fugitivos. Procurados não só por Hogun, mas também por Ymir. E o Inverno Vivo não para até conseguir o que quer.

O Deus do Trovão não protestou, apenas seguiu para o Portão Leste. Nem sequer questionou como Laufey sabia para onde iam. Só quando chegaram lá que Lady Sif se aproximou de Thor, zangada, para protestar sobre a presença de Jane Foster.

– Não é culpa minha – respondeu Thor. – Foi Erik Selvig quem quis trazê-la.

Ela calou-se. Fandral e Volstagg já haviam se enturmado, mas Sif apenas conversava com Maria Hill e Heimdall. Thor guiou o grupo por um bosque asgardiano até uma enorme árvore.

– Há alguns anos, Frigga me contou sobre a existência de uma árvore mística em Asgard, capaz de responder qualquer pergunta. Eis a Árvore da Sabedoria, diante de vocês.

Havia um rosto entalhado na árvore, olhos e boca fechados. Quando se aproximaram, ela os abriu.

– O que querem? – falou ela, rabugenta.

– Queríamos saber se a senhora, ó sábia árvore, teria a resposta... – começou Thor.

– Senhora? Posso ser uma árvore, mas tenho certeza de que não sou fêmea.

– Meu perdão, senhor. Imploramos que nos diga: é possível reverter o feitiço poderoso sobre este homem transformado em uma fera vermelha?

–A transformação ou o controle da mente?

– Se possível, ambos.

– A transformação só pode ser revertida por um homem em Midgard, o Mago Supremo. O nome dele é Stephen Vincent Strange, e ele vive em Nova York. Cidade que creio que você conheça bem. O controle da mente é poderoso. Só alguém que é muito próximo dele pode trazê-lo de volta a si.

– Mas... – Thor ia dizer algo mais, quando o grito de Jane Foster o fez parar.

Quando se virou para trás, Heimdall, com os dois braços novamente, estava segurando Erik Selvig nos braços, com a espada no pescoço dele. Thor tentou impedi-lo, mas ele cortou o pescoço de Selvig. Rindo, Heimdall começou a se transformar em um homem de sobretudo preto e cartola... Loki.

Ainda com a espada de Heimdall, Loki desviou de todos e cortou a Árvore da Sabedoria. A Árvore começou a envelhecer e encolher, se transformando em um senhor idos calvo. Ele usava roupa amarela.

Loki contornou o senhor e segurou por trás. Transformou a espada em seu cajado (sem a cobra) e o enfiou na cabeça calva do senhor. Retirou o cajado, largando o senhor morto no chão, e riu. Ainda gargalhando, Loki desapareceu, seu riso ainda audível.

Agamotto era Devoto, concluiu Stephen Strange, fechando seu livro. O Doutor Estranho se levantou, com a xícara de chá na mão. O Olho de Agamotto brilhava em seu pescoço. Arrumou sua capa e chamou por Wong.

– Feche a casa, Wong. Estamos de partida – ordenou.

– Posso saber para onde vamos? – perguntou Wong.

– Visitar um amigo meu.