despertador tocando. O corpo inda mole e os olhos ardendo, peguei o celular e desliguei o despertador. Lentamente me levantei e fui ao banheiro. Lavei meu rosto, encarei meu reflexo no espelho. Foi então que eu me toquei. Hoje faz um mês que namoro Gustavo. Neste momento o celular toca. Não precisei nem olhar o número. Sabia que era ele.

- Bom dia amor! Te acordei? – Sua voz com que eu despertasse rapidamente.

- Bom dia amor! Gostaria que você me acordasse pessoalmente... – Sorri e espantei os pensamentos malignos que apareceram em minha mente. Estava pensando muita besteira ultimamente.

- Tá afim de ir para a escola? – Ele perguntou.

- Na real? Nem um pouco...

- Então se arruma. Tô indo de buscar.

- Pra que? – Perguntei, curiosamente.

- Estamos fazendo um mês de namoro hoje. Pensa que eu esqueci? – Sim... Eu pensava. – Quero te levar à um lugar especial e te dar um presente.

- Gustavo...

- O que?

- Você é o namorado mais fofo que alguém pode ter... – Sorri com a minha sorte.

- Eu sei! – Sorri com seu ego. – E você é namorada mais perfeita que alguém pode ter!

- Muitos querem.

- Mas só eu tenho. – Gargalhei diante a sua frase. – to indo te buscar!

- Vou me arrumar!

- Te amo.

- Também te amo.

            Desliguei o telefone e fui tomar banho. Saí tranquilamente do chuveiro só de toalha e fui em direção ao meu quarto. Por que eu tenho privacidade na minha casa. Certo? Errado. Quem estava na minha cama? Gustavo. O que ele estava fazendo? Lendo o meu diário.

- GUSTAVO! – Gritei furiosa, arrancando o diário de suas mãos.

- GOSTOSA! – Ele gritou, encarando minhas pernas e meus seios semi-cobertos.

- O que você estava fazendo?

- Tava lendo o seu diário ué! – ele me agarrou pela cintura, fazendo com que deitasse sobre ele.

- Por que você estava lendo meu diário?

- Por que ele estava na sua gaveta de calcinhas dando sopa.

- POR QUE VOCÊ REVIROU MINHA GAVETA DE CALCINHAS?

- Por que eu queria ter fantasias mais concretas. – Ele falou, assim. Simples. – Sinceramente, não pensei que você fosse daquelas garotas que escrevem em diários. – Eu não era. Até o dia em que você deu a louca e ficou meio emo... – e eu adorei aquela calcinha fio-dental branca.

 - GUSTAVO! – Estava incrédula.

- Que foi?

Eu estava sem fala.

- Que você é gostosa todo mundo já sabe. Eu pelo menos sei muito bem. – Tenho certeza que eu corei depois que ele disse isso.  – E que eu tenho sonhos eróticos com você... Bem, isso não é novidade. Então... O que tem? – Ele me encarou. – Você fica linda com vergonha.

- Você faz de propósito! – Ainda não tive coragem de encarar seus olhos.

- Olha para mim. – Não consegui. – Por favor! – Encarei seus olhos. – Eu te amo. – Aposto que fiquei mais vermelha do que já estava. Aqueles olhos, sua voz, sua boca... Me derretia de um tal forma... Seus lábios tocaram os meus. Sua língua doce, quente e deliciosa tocou a minha de uma forma delicada. Começava assim, uma dança deliciosa e enlouquecedora. Senti suas mãos percorrendo lentamente meu corpo, mesmo por cima da toalha, me causando arrepios. Em segundos, sua boca passou para meu pescoço. Voltou novamente para minha boca. E parou. Simplesmente parou. Assim.

 - Ainda não. – Seus olhos me encararam. Sérios.

- A-ainda não?

- É, ainda não.

- Ook. Ainda não. – Suspirei – Vou... Me... Vestir...

- Vai lá.

- NADA DE MEXER NAS MINHAS CALCINHAS!

- Nem no seu diário.

- Jura?

- Claro!

            Peguei minha roupa e vesti. Um short jeans curto e uma blusa meio largada. E all-star, claro.

- Vamos.

- UAU! – Sorri, envergonhada.

- Aonde nós vamos? – Perguntei enquanto saíamos de casa e entrávamos no carro.

- Para um lugar especial. Não tão longe daqui. E é uma surpresa. Por isso você está de venda.

- Eu não estou de venda! – Ele retirou um pano preto de seu bolso e sorriu.

            Não sei quanto tempo fiquei no carro, muito menos tive noção ou pista de onde íamos. Até que senti sua mão retirar o cinto de segurança e me pegar em seus braços. Eu caí na gargalhada.

- Por que estou em seu colo?

- Por que assim fica mais divertido.

- hun... Posso retirar a venda? – Estava me remoendo de curiosidade.

- Ainda não. – Preciso comentar que esse ainda não estava me irritando?

            Ele me colocou delicadamente no chão. Pelo p que senti, era grama.

- Tem alguma noção de onde você está? – Ele sussurrou em meu ouvido,me fazendo arrepiar.

- Não. Mas parece que tem grama. E ar puro. E rosas. Talvez até lírios. E passarinhos. E um riacho, cachoeira ou rio por aqui perto.

- Você é muito chata! – Sorri.

- Desculpe.

- Vou retirar sua venda, finja estar surpresa. – Senti ele sorrir.

            A venda foi retirada. Não foi preciso fingir surpresa. Por que eu realmente estava. Era um terreno enorme com muitas árvores e pássaros ao redor. Eu ainda ouvia a água do rio que pelo visto, era próximo. O cheiro de rosas e lírios vinham dos buquês que se encontravam perto da cesta de piquenique, colocada delicadamente em um pano xadrez.

- ta vendo aquela casa ao fundo? – Ele apontou para uma GRANDE casa. Eu pensei que ele dissesse algo do tipo “Foi o castelo de um conde importante” ou “foi o palácio do rei fulaninho”. – Meu pai deu aquela casa para minha madrasta de presente. – Pois é... Mel na pomba. Ou você tem, ou você não tem.

- Teu pai deu aquela casa pra sua madrasta? – eu estava atônica.

- É, e esse é o singelo quintal. Onde faremos nosso piquenique. Eu sei que é muito gay. Mas...

- Eu adorei.

- Por isso que eu fiz. – Seus olhos me encararam mais uma vez. O que aquele ser perfeito estava fazendo comigo?

            A manhã foi maravilhosa. Nossas risadas ecoavam pelo singelo quintal da família. Nossas conversas eram as mais bobas que se pode imaginar.     Nossos beijos... Inesquecíveis. Mas eu quero falar uma coisa. Eu precisava. Mesmo. Um mês de namoro e eu não tinha a mínima idéia. Coragem Gabi, É agora!  

- Gustavo?

- Oi?

- Eu...Eu quero... Bem, é que... Eu quero...

- Gabi, desabafa – Ele riu. Encarei seus olhos É agora.

- Quero conhecer seus pais.