Flawless escrita por wendy


Capítulo 34
33. Quem é a irmã desobediente agora?




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Na manhã seguinte, Spencer voltou para o quarto depois de tomar um banho e notou que a janela estava aberta, toda aberta mesmo, erguida uns sessenta centímetros. As cortinas balança-vam com o vento.

Ela correu até a janela, com um nó na garganta. Embora tivesse se acalmado depois de ter conseguido falar com Emily na noite anterior, isso era esquisito. Os Hastings nunca abriam os vidros, pois mariposas poderiam entrar e estragar os tapetes caríssimos. Ela fechou a janela. Muito nervosa, verificou embaixo da cama e no guarda-roupa. Não havia ninguém.

Quando o Sidekick tocou, ela quase pulou para fora das calças do pijama de seda. Achou o telefone enterrado no vestido que usou na Foxy, ela o havia tirado na noite passada e deixado numa pilha no chão — algo que a velha Spencer Hastings nunca teria feito. Era um e-mail do Lula Molusco.

Cara Spencer, obrigado por entregar as questões do seu

trabalho adiantadas. Eu li e estou muito contente. Vejo

você na segunda. —Sr. McAdam

Spencer pulou de volta na cama, seu coração batia, lentamente, mas com força. Pela janela do quarto, ela podia ver um dia lindo, um delicioso domingo de setembro. O cheiro das maçãs pairava no ar. Sua mãe, usando um chapéu de palha e calças jeans com as bar-ras dobradas, caminhava para o fundo do quintal com o tesourão para podar os arbustos.

Ela não conseguia lidar com isso... com toda a calmaria. Pegou o celular e apertou a discagem rápida para o número de Wren. Talvez eles pudessem se encontrar mais cedo. Ela precisava se livrar de Rosewood. O telefone tocou algumas vezes; então, veio o bipe que indicava bateria fraca. Demorou alguns segundos para Wren dizer alô.

— Sou eu — gemeu Spencer.

— Spencer? —Wren soou grogue.

— Sim. — Seu humor mudou para irritação. Ele não reconheceu sua voz?

— Posso ligar depois? —Wren bocejou. — Desculpe... ainda estou dormindo.

— Mas... eu preciso falar com você. Ele suspirou.

Spencer assumiu um tom mais dócil.

— Desculpe. Você pode, por favor, falar comigo agora? — Ela caminhava pelo quarto. — Preciso ouvir uma voz conhecida.

Wren estava quieto. Spencer até verificou a tela de seu aparelho para ter certeza de que a ligação não tinha caído.

— Olha só — disse ele, finalmente. — Não é a coisa mais fácil de dizer, mas... não acho que isso vá funcionar.

Spencer esfregou as orelhas.

— O quê?

— Eu achei que ia ser legal. — Wren soava entorpecido. Quase robótico. — Mas acho que você é muito nova para mim. Eu simplesmente... não sei. Parece que estamos em lugares di-ferentes.

O quarto ficou borrado e, então, turvo. Spencer apertou tanto o telefone que as juntas dos dedos ficaram brancas.

— Espere. O quê? Nós estivemos juntos no outro dia, e estava tudo bem.

— Eu sei. Mas... Deus, isso não é fácil... eu comecei a sair com outra pessoa.

Por alguns segundos, o cérebro de Spencer desligou. Ela não fazia ideia de como responder. Tinha certeza de que não estava nem respirando.

— Mas eu transei com você — sussurrou ela.

— Eu sei. Desculpe. Mas acho que é melhor assim.

Melhor... para quem? No fundo, Spencer podia ouvir a cafeteira de Wren apitando para indicar que o café estava pronto.

— Wren... — suplicou ela. — Por que você está fazendo isso?

Mas ele já havia desligado.

O visor do telefone indicava LIGAÇÃO ENCERRADA. Spencer o contemplou, segurando-o com o braço esticado.

—Oi!

Spencer se assustou. Melissa estava parada na porta.Vestindo uma camiseta J. Crew de tecido amarelo e shorts Adidas laranja. Parecia irradiar raios de sol.

— Como foi?

Spencer piscou.

— Hein?

— A Foxy! Foi legal?

Spencer tentou disfarçar o seu turbilhão de emoções.

— Hum, sim, foi divertida.

— Eles fizeram um leilão de joias feias este ano? Como está o Andrew?

Andrew? Ela queria ter explicado tudo para Andrew, mas Toby tinha entrado no meio. Spencer havia saído da Foxy pouco depois de ter descoberto que Emily estava bem, tomando um dos táxis que zuniam pela rotatória do Kingman Hall. Seus pais tinham reativado seus cartões de crédito, então, podia pagar para volta pra casa.

Pensar em como Andrew estaria se sentindo naquele dia a fez tremer. Eles deviam estar se sentindo da mesma forma — postos de lado, descartados. Mas o que acontecera entre eles havia sido uma coisa boba. Spencer e Wren tinham tido algo sério... Andrew estava delirando se achava que ele e Spencer tinham estado juntos para valer.

Os olhos de Spencer se escancararam. Ela também estaria delirando, pensando que estava mesmo com Wren? Que tipo de sacana dispensa alguém pelo telefone?

Melissa sentou-se ao seu lado na cama, esperando ansiosamente por uma resposta. — Andrew foi legal. — O cérebro de Spencer parecia mais lerdo que nunca. — Ele... bem... é... hum... cavalheiro.

— O que tinha pra jantar?

— Hum, codorna — mentiu Spencer. Ela não fazia a menor ideia.

— E foi romântico?

Spencer rapidamente tentou imaginar umas cenas românticas com Andrew. Compartilhando o aperitivo. Dançando ao som de Shakira. Ela se controlou. Para que fazer isso? Já não importava mais.

O cérebro dela começou a desenevoar. Melissa estava sentada ali, tentando docemente fazer um esforço para consertar as coisas. O jeito como ela tinha se interessado pela Foxy, a maneira como implorara a seus pais para a perdoarem... e Spencer a tinha recompensado roubando Wren e afanando seu velho relatório de economia. Nem mesmo Melissa merecia aquilo.

— Eu tenho uma coisa para te contar — desembuchou Spencer. — Eu... eu vi Wren. Melissa não deu um pio, por isso Spencer continuou:

— Esta semana toda. Fui ao novo apartamento dele, na Filadélfia, conversamos pelo telefone e tudo mais. Mas... acho que está tudo acabado agora.

Ela se curvou em posição fetal, protegendo-se para quando Melissa começasse a bater nela.

—Você pode me odiar. Quer dizer, eu não a culparia. Pode ir contar à mamãe e ao papai, para eles me expulsarem de casa.

Melissa calmamente abraçou o travesseiro listrado de Spencer contra o peito e levou um tempão para responder.

— Tudo bem. Eu não vou contar nada. — Melissa se encostou de volta. — Na verdade, eu tenho uma coisa pra contar a você. Lembra-se de sexta à noite, quando você não conseguia achar o Wren? De quando você deixou cinco mensagens?

Spencer a encarou.

— C-Como é que você sabe disso?

Melissa deu um sorriso satisfeito. Um sorriso que, de repente, deixou tudo muito claro. Estou saindo com outra pessoa, Wren tinha dito. Não pode ser, pensou Spencer.

— Porque Wren não estava na Filadélfia — respondeu Melissa friamente. — Estava aqui, em Rosewood. Comigo.

Ela levantou-se da cama, colocou o cabelo atrás das orelhas e Spencer viu o chupão no pescoço de Melissa, praticamente no mesmo lugar em que o seu tinha estado. Melissa não poderia deixá-lo mais aparente nem que o tivesse contornado com caneta marca-texto.

— Ele contou pra você? — conseguiu dizer ela. —Você sabia, o tempo todo? — Não, só descobri na noite passada. — Melissa passou a mão no queixo. — Digamos que eu recebi uma denúncia anônima de uma pessoa preocupada.

Spencer segurou a sua colcha. A.

— De qualquer forma — anunciou Melissa —, eu estava com Wren na noite passada também, quando você estava na Foxy. — Ela abaixou a cabeça até Spencer, com aquele mesmo olhar de desdém que ela dava quando brincavam de rainha, antigamente, quando eram pequenas. As regras do jogo nunca mudaram: Melissa era sempre a rainha, e Spencer sempre tinha que fazer o que ela mandava. Faça minha cama, súdito leal, Melissa dizia. Beije meus pés.

Você será minha para sempre.

Melissa deu um passo em direção à porta.

— Mas eu decidi esta manhã. Não disse a ele ainda, mas Wren, realmente, não é pra mim. Então, nunca mais o verei de novo. — Ela fez uma pausa, mediu suas palavras e então deu um sorriso falso. — E pelo jeito que as coisas estão indo, acho que você também não vai vê-lo nunca mais.


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