Flawless escrita por wendy


Capítulo 29
28. Não é uma festa sem Hanna Marin




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Assim que o táxi parou no Kingman Hall, Hanna deu vinte pratas para o taxista, um cara velho e careca, que parecia ter um problema com suor.

— Fique com o troco. — Ela bateu a porta do carro e correu para a entrada com o estômago embrulhado. Tinha comprado um pacote de Doritos na estação de trem, na Filadélfia, e comido o saquinho todo feito uma desvairada, em cinco minutos. Péssima escolha.

À sua direita, estava o balcão de entrada da Foxy. Uma moça magra como um galgo, com cabelos loiros muito curtos e toneladas de delineador, estava pegando os ingressos e verificando os nomes num livro. Hanna hesitou. Ela não tinha ideia de onde colocara seu convite, mas se tentasse negociar sua entrada, iriam mandá-la para casa. Focou os olhos na tenda da Foxy, que brilhou como um bolo de aniversário. De jeito nenhum ela ia deixar Sean se livrar dessa. Ela ia entrar na Foxy, quer a Garota de Delineador gostasse ou não. Respirando fundo para tomar fôlego, Hanna correu em alta velocidade pelo balcão de entrada.

— Ei! — Ela ouviu a moça falar. — Espere!

Hanna se escondeu atrás de uma coluna, o coração batendo acelerado. Um segurança musculoso, vestindo um smoking, passou correndo por ela, depois parou e olhou ao redor. Frustrado e confuso, ele deu de ombros e disse alguma coisa no radiocomunicador. Hanna sentiu certa satisfação. Entrar de penetra causou-lhe a mesma sensação de roubar algo.

A Foxy era uma confusão de garotos e garotas. Ela não se lembrava de nenhum ano em que a festa tivesse estado tão 10tada. A maioria das meninas na pista de dança tinha tirado os sa-patos, segurando-os no ar enquanto rodopiavam. Havia uma multidão igualmente enorme no bar, e mais jovens estavam amontoados numa fila do que parecia uma cabine de caraoquê. Pelas mesas arrumadas e vazias, eles ainda não tinham servido o jantar.

Hanna agarrou o cotovelo de Amanda Williamson, estudante do ensino médio de Rosewood Day, que sempre tentava lhe dar um oi nas festas. O rosto da menina se iluminou.

— Oiii, Hanna!

—Você viu o Sean? — berrou Hanna.

Um olhar de surpresa passou pelo rosto de Amanda; então, ela deu de ombros.

— Não tenho certeza...

Hanna continuou andando, seu coração dando cambalhotas. Talvez ele não estivesse ali. Mudou de direção, quase esbarrando num garçom, que carregava uma enorme bandeja de queijo. Hanna agarrou um pedaço enorme de cheddar e enfiou na boca. Engoliu sem sentir o gosto.

— Hanna! — gritou Naomi Zeigler, que usava um vestido dourado apertado e parecia ter acabado de sair de uma câmara de bronzeamento artificial.

— Que legal! Você está aqui! Eu pensei que você tivesse dito que não vinha!

Hanna franziu a testa. Naomi estava abraçada a James Freed. Ela apontou para os dois. — Vocês dois vieram juntos? — Hanna tinha achado que talvez Naomi fosse a acompanhante de Sean.

Naomi fez que sim. Então, ela se inclinou para a frente.

—Você está procurando o Sean?

Ela balançou a cabeça, abismada.

— É que todos têm comentado. Eu, sinceramente, não consigo acreditar nisso.

O coração de Hanna bateu mais rápido.

— Então, o Sean está aqui?

— É, está aqui, sim. — James se esquivou, tirou do bolso do blazer uma garrafa de Coca-Cola, cheia de um líquido transparente com aparência suspeita, e o despejou no seu suco de laranja. Ele tomou um gole e sorriu.

— Quer dizer, eles são tão diferentes. — Naomi admirou-se.

— Você disse que ainda são amigos, certo? Ele contou pra você por que convidou a outra?

— Para com isso — disse James para Naomi.

— Ela é sexy.

— Quem? — berrou Hanna. Por que todo mundo sabia o que estava rolando menos ela?

— Olha eles ali. — Naomi apontou para o outro lado do salão.

Foi como se o mar de jovens se abrisse e um grande holofote os iluminasse do teto. Sean estava no canto perto do aparelho de caraoquê, abraçado a uma moça alta, com um vestido de bolinhas preto e branco. Ele estava com a cabeça enfiada no pescoço dela, e as mãos dela estavam perigosamente perto do traseiro dele. Então, a moça virou a cabeça, e Hanna viu a elfa que ela conhecia muito bem — as características exóticas, e aquele típico cabelo negro azulado.

Aria.

Hanna gritou:

— Ai, meu Deus, eu não acredito que você não sabia. —Naomi colocou um dos braços ao redor do ombro de Hanna, para consolá-la.

Hanna balançou a cabeça e saiu enfurecida pelo salão, bem na direção de Sean e Aria, que estavam se abraçando. Não dançando, apenas se abraçando. Que gente bizarra.

Depois de Hanna ter ficado parada lá por alguns segundos, Aria abriu um dos olhos, depois o outro. E soltou um pequeno suspiro.

— Hum... oi, Hanna.

Hanna ficou lá parada, tremendo de raiva.

— Sua... sua vadia.

Sean entrou na frente de Aria, para defendê-la.

— Segura a onda...

— Segura a onda? — A voz de Hanna desafinou por completo. Ela apontou para Sean. Estava tão brava que seu dedo tremia. — Você... você disse que não viria porque todos os seus amigos trariam alguma garota, e você não queria vir!

Sean deu de ombros.

— As coisas mudaram.

As bochechas de Hanna estavam ardendo, como se ele tivesse dado um tapa nela.

— Mas nós íamos sair para um encontro esta semana!

— Nós vamos jantar juntos esta semana — corrigiu Sean. —Como amigos. — Ele sorriu para Hanna, como se ela estivesse no jardim da infância. — Nós terminamos sexta passada, Hanna. Lembra?

Ela piscou.

— E aí você fica com ela?.

— Bem.... — Sean olhou para Aria. — Sim.

Hanna abraçou a própria barriga, certa de que iria vomitar. Isso tinha de ser uma piada. Sean e Aria juntos fazia tanto sentido quanto uma garota gorda usar um jeans apertado. Então, ela notou o vestido de Aria. O zíper lateral estava aberto, mostrando metade de seu sutiã de renda tomara que caia.

— Seu peito está escapando do vestido — grunhiu ela, apontando para o zíper.

Aria rapidamente olhou para baixo, cruzou os braços sobre o peito e fechou o zíper do vestido.

— Onde você conseguiu esse vestido, hein? — perguntou Hanna. — Na ponta de estoque da Luella?

Aria endireitou as costas.

— Na verdade, foi mesmo. Eu achei uma graça.

— Meu Deus. — Hanna revirou os olhos. —Você é uma pobre coitada. — Ela olhou para Sean. — De fato, eu acho que vocês dois têm isso em comum. Você sabia que o Sean quer ficar virgem até os trinta anos, Aria? Ele deve ter tentado te passar a mão, mas não vai chegar até o fim. Ele fez uma promessa sagrada.

— Hanna... — Sean tentou fazê-la calar a boca.

— Eu, pessoalmente, acho que ele é gay. O que você acha?

— Hanna... — Havia, então, um tom de súplica na voz de Sean.

— O quê? — desafiou-o Hanna. — Você é um mentiroso, Sean. E um safado.

Quando Hanna olhou ao redor, um grupo de jovens havia se juntado em torno deles. Aqueles que sempre eram convidados para as festas, aqueles que eram convidados de vez em quando. As garotas que não eram descoladas o suficiente, os garotos com excesso de peso, aceitos apenas por serem engraçados, os garotos riquinhos que gastavam rios de dinheiro com todo mundo, pois eram bonitinhos, interessantes ou manipuladores. Todos estavam devorando avidamente a situação. Os murmúrios já haviam começado.

Hanna deu uma última olhada em Sean, mas, em vez de dizer alguma coisa, foi embora. No banheiro feminino, ela encaminhou-se diretamente para a frente da fila. Como se estivesse saindo de uma barraca de feira, Hanna abriu caminho.

—Vagabunda! — gritou alguém, mas Hanna não se importou.

Uma vez que a porta se fechou, ela se inclinou e livrou-se do Doritos e de tudo o mais que havia contido aquela noite. Quando terminou, deu um suspiro.

A expressão no rosto de todo mundo. De pena. E Hanna tinha chorado na frente das pessoas. Esta era uma das primeiras regras dela e de Mona, depois de terem se reinventado: nunca, de jeito nenhum, deixe alguém ver você chorar. E, mais do que isso, ela sentiu-se tão ingênua. Realmente estava pensando que Sean voltaria para ela. Achou que, indo à clínica para pessoas com queimaduras e ao Clube da Virgindade, estivesse fazendo a diferença, mas o tempo todo... ele estava pensando em outra pessoa.

Quando, finalmente, abriu a porta, o banheiro encontrava-se vazio. Estava tão quieto que ela podia ouvir a água pingando no mosaico de azulejos da pia. Hanna olhou-se no espelho, para ver se estava com uma aparência muito ruim. Quando o fez, gritou.

Uma Hanna muito diferente a encarou de volta. Essa Hanna era gorducha, com cabelos castanhos, cor de cocô, e uma pele horrível. Ela usava aparelho com elástico cor-de-rosa, e seus olhos estavam semicerrados por tentar focar o que via, pois não quis usar óculos. O casaco marrom estava apertado em seus braços roliços, e a blusa estava enrugada na linha do sutiã.

Hanna cobriu os olhos horrorizada. É A, ela pensou. A está fazendo isso comigo. Então, pensou no recado de A: Vá à Foxy agora. Sean está lá, com outra garota. Se A sabia que Sean estava na Foxy com outra garota, então, isso significava que...

A estava na Foxy.

—Oi.

Hanna deu um pulo e se virou. Mona estava parada na porta, linda num vestido preto colado que Hanna não reconheceu de nenhuma das expedições de compras que haviam feito juntas. O cabelo claro estava preso pra trás, e sua pele brilhava. Envergonhada — ela provavelmente tinha vômito no rosto —, Hanna cambaleou de volta à privada.

— Espere. — Mona agarrou o braço dela.

Quando Hanna se virou, Mona parecia realmente muito preocupada.

— Naomi disse que você não viria esta noite.

Hanna deu uma olhada no espelho novamente. Seu reflexo mostrou a Hanna do segundo ano do ensino médio, não a do ensino fundamental. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, mas, no geral, parecia bem.

— É o Sean, não é? — perguntou Mona. — Eu acabei de chegar e o vi com aquela garota. — Ela abaixou a cabeça. — Sinto muito, Han.

Hanna fechou os olhos.

— Eu me sinto uma grande idiota — admitiu ela. Não. Ele é que é.

Elas se entreolharam. Hanna sentiu uma ponta de arrependimento. A amizade da Mona significava muito para ela, e ela estava deixando todo o restante entrar no caminho. Nem conseguia lembrar por que haviam brigado.

— Eu sinto muito, Mon. Por tudo.

— Me desculpe — disse Mona.

E elas se abraçaram, bem forte.

Spencer Hastings sapateou no piso de mármore do banheiro e puxou Hanna do abraço.

— Eu preciso falar com você.

Hanna se desvencilhou, incomodada.

— O quê? Por quê?

Spencer deu uma olhada de través para Mona.

— Não posso contar aqui.Você precisa vir comigo.

— Hanna não precisa ir a lugar nenhum. — Mona pegou no braço dela e a puxou para mais perto.

— Desta vez, precisa sim — disse Spencer, aumentando o tom da voz. — É uma emergência.

Mona segurou firmemente o braço da Hanna. Ela tinha a mesma expressão de proibição do outro dia, no shopping — o olhar que dizia: se você esconder mais um segredo de mim, eu juro que nossa amizade estará acabada. Mas Spencer parecia apavorada. Alguma coisa parecia errada. Muito errada.

— Desculpe — disse Hanna, tocando a mão de Mona. — Eu já volto.

Mona largou o braço dela.

— Tudo bem. — Brava, ela foi em direção ao espelho para verificar a maquiagem. — Sem pressa.


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