Agilidade escrita por Diane


Capítulo 9
Capitulo 9 - Cobra em chamas.




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Perspectiva de Christine

Ilithya fez todos da escola descerem até o salão de entrada. Segundo ela, era uma tradição de quando a Guarda vinha até o Campo de Treinamento.

Os alunos ficaram no fundo do salão e os professores ficaram na frente do portão.

As portas da escola estavam abertas e não vi nenhum sinal dos soldados que faziam parte da guarda. Alguns minutos depois ouvi o som de metal se chocando pesadamente contra o chão e a Guarda entrou no Campo de Treinamento.

Na frente vinha um homem alto com uma armadura de um dourado suspeitosamente parecido com do ouro. Ele usava um elmo de estilo grego e não era possível ver seu rosto.

Atrás vinha pelo menos uma centena de soldados, todos marchando uniformemente e reto. As armaduras eram feitas de aço reforçado e tinham um estilo medieval.

Eles continuaram a marchar até o soldado de armadura dourada chegar até Ilithya e Raphael. Ele tirou o elmo da cabeça e apertou a mão dos professores, um por um.

Do fundo do salão não dava para ver muita coisa, mas tive a suave impressão que já tinha visto o homem de armadura dourada em algum lugar. Ele tinha cabelos castanhos claros, uma palidez típica de vampiros e os olhos eram cinzentos.

— Gideon — Ilithya falou friamente quando apertou a mão dele.

— Olá minha cara cunhada — disse ele e a abraçou. Ilithya parecia não estar muito feliz com esse abraço.

Ele era o pai de Vanessa, deve ser por isso que o achei familiar. Lembro que Vanessa tinha cabelos castanhos claros antes de tingir eles de ruivo, e ela e Gideon se pareciam muito se fosse analisar cuidadosamente.

A formalidade da situação se desfez quando os soldados da Guarda começaram a tirar os elmos e irem para os quartos que estavam reservados á eles. Poucos alunos ficaram no salão e grande parte voltou aos quartos.

— Cadê a minha filhinha linda? — Gideon perguntou sorrindo.

Vanessa correu até ele e o abraçou. Alec ficou parado do meu lado encarando a cena friamente.

Depois de abraçar Vanessa, Gideon se voltou para Ilithya e Raphael.

— Como está a situação?

Raphael revirou os olhos.

— Se a situação estivesse boa não teríamos chamado você e a sua Guarda. — disse ele.

Gideon não parecia nem um pouco irritado ou chocado com a irônica de Raphael, ele agia como se isso fosse algo normal.

— Quantas mortes? — perguntou novamente.

— Três até o momento — Dessa vez foi Ilithya que respondeu.

— Apenas três, por que nenhum louco se atreveria á cometer um crime com a guarda por perto — Gideon garantiu.

Ilithya levantou uma sobrancelha.

— Será?

Então ela, Raphael e Gideon partiram para a sala de reuniões. Não pude deixar de notar que Gideon não se referiu nem uma vez ao filho.

[...]

Perspectiva de Damien.

Damien ficara encarregado de interrogar Max Kewood, mas ele não faria isso.

Max era um antigo amigo dele, eles se conheciam desde que tinham seis anos, e Damien conhecia Max melhor do que ninguém e podia afirmar com todas as letras que o garoto jamais seria capaz de assassinar alguém. Max podia ter um humor do capeta, gostar de arremessar bolas de basquete na cara dos outros, mas nunca mataria.

Damien não interrogaria, apenas iria conversar e tentar descobrir alguma coisa útil.

E aquele era o melhor momento para conversar sobre assassinatos sem parecer que estava acusando Max, enquanto a Guarda se dispersava pelos corredores Damien caminhou até Max.

— O que você acha disso que esta acontecendo? — o feiticeiro perguntou casualmente.

— Eu nunca esperava que isso acontecesse aqui.

Ninguém esperava que isso acontecesse, para fazer a verdade. Max foi para perto de uma janela tendo cuidado de ficar longe de lustres enquanto falava sobre uma historia que sua mãe contou da época que estudava.

Damien olhou Max enquanto falava. Ele podia ser uma pessoa falante e irritada, mas nunca faria atrocidades, e ele conhecia o garoto desde pequeno. Então Damien se deu conta que Christine conhecia Layla desde que era pequena e mesmo assim Layla era Trivia.

Ele não podia confiar nem nos amigos antigos.

— O que acho mais chocante, foi o que aconteceu á Ethan — O feiticeiro comentou tranquilamente.

Os olhos azuis de Max se arregalaram e ele parou de falar.

— É — foi a única coisa que ele pronunciou.

Max e Ethan se detestavam. Isso era uma história antiga, de quanto eles ainda eram pequenos e Max era um pequeno feiticeiro, mas era bom, e em um pequeno ato de maldade conjurou uma ventania que fez Ethan cair de cara em um bolo. Não era nada demais, mas Ethan ficou humilhado e a decorrer dos anos os dois faziam pequenas maldades um com o outro. Não havia nada grave nisso á ponto de um desejar a morte do outro, bom, isso até onde Damien sabia.

Depois da pergunta os dois ficaram em silêncio, até Max resolver quebrar o silêncio.

— O que mais sinto, é pena pelo que aconteceu a Lauren. Ethan era um babaca e Alaric era um esquisitão, mas Lauren era a única que prestava, se o assassino não a matasse, eu poderia afirmar que ele estava tentando fazer uma limpeza no mundo dando fim em Ethan e Alaric.

Aquilo foi uma frase forte demais, Damien percebeu.

O feiticeiro se lembrou de certa vez em que Max lhe confidenciou que tinha uma pequena queda por Lauren, isso antes de Lauren começar a namorar Ethan.

Uma teoria absurda passou pela mente de Damien. Será que Max seria capaz de matar Ethan para poder ficar com Lauren? Max era bom em produzir ventanias, ele poderia fazer, com algum esforço, o lustre cair na cabeça de Ethan. Mas se Max fosse o assassino, por que ele mataria Lauren ou Alaric?

Talvez Lauren não quisesse nada com ele e isso o deixou irritado á ponto de mata-la. E talvez Alaric tivesse visto algo, ou então, Alaric tivesse algo com Lauren.

— No que você está pensando? — Max perguntou.

— Em nada importante.

Então Damien se deu conta que estava imaginando como se seu amigo fosse um psicopata. Talvez fosse.

[...]

Perspectiva de Christine.

“Os tenentes de Trivia foram os únicos seres místicos de Nárnia que a mesma prometeu poupar depois de ascender o trono. Era três, sendo cada um o mais forte da sua raça.

O mais forte era Aeghon, um dos primeiros vampiros á surgir em Nárnia. Sozinho destruiu um exército de mil guerreiros. Era conhecido por sua enorme força e agilidade, graças á isso, era temido por todos. O seu principal poder era o dom de controlar a mente de seus oponentes e fazendo-os obedece-lo, embora todos os vampiros tenham esse dom, Aeghon era mais forte, chegando ao ponto de fazer seus inimigos se suicidarem com um simples aceno e controlar massas de população para obedece-lo.

Ankh era uma ninfa poderosa, filha da própria Demeter com um feiticeiro, juntando parte dos poderes das duas raças: a de deuses e a de feiticeiros. Seu nome era uma irônica, pois significava vida em egípcio, e ela era uma ninfa especializada em venenos e hipnose, e consequentemente, acabava com a vida dos inimigos de Trivia.

Baldr foi considerado o feiticeiro mais poderoso daquela época por poder controlar os terremotos graças á sua descendência direta de Poseidon. O terremoto que devastou o país das Amazonas foi atribuído á ele.

Juntos, Trivia e seus tenentes ganhavam todas as guerras, até seus tenentes serem mortos por Diana, um por um”.

— O que você está lendo, Chris?

Virei para o lado e vi Ian tentando se esforçar para ler a capa do livro, que, bom... estava em grego antigo.

— É um livro sobre as guerras de Nárnia, nada demais. Apenas gosto de ler sobre as guerras que venci.

Isso soou extremamente convencido na minha parte, mas nunca falei que sou humilde.

Eu estava na biblioteca antiga, sempre gostei de ficar lá, embora os livros empoeirados de mais de séculos possam causar problemas pulmonares gravíssimos. Quando finalmente tenho tempo livre, sempre vou até a biblioteca ler alguns livros antigos. Principalmente os livros sobre mim.

É, eu sou convencida mesmo.

— Como você lê isso? Está em grego! — Ian parecia admirado, provavelmente ninguém nunca contou á ele as minhas incríveis habilidades de ler em outros idiomas.

— Eu entendo grego antigo.

— Esses livros tem mais pó do que a gaveta de maquiagem da Vanessa — Ele comentou quando tentou abrir um livro e por infelicidade, um quilo de pó caiu na cara dele.

O livro que estava lendo parecia ter pelo menos mil anos, as páginas estavam tão amareladas que pareciam estar em estado de decomposição avançada. E vamos ignorar o pó, por que ele é demais para poder se comentar.

Sam entrou pela porta saltitando.

— Ilithya me mandou trazer vocês para aula e avisar que é feio matar aula na biblioteca. Alias por que todos os feiticeiros tem fascinação por livros empoeirados?

Ian sorriu.

— Livros empoeirados é uma boa desculpa para pegar asma e não comparecer nas aulas pelos próximos vinte dias.

Era uma excelente ideia, pena que não pensei nisso antes.

Sam repetiu tudo o que Ilithya tinha o mandado dizer, o que era basicamente uma ameaça para mim. A velha história de “Se você não comparecer nas minhas aulas irei contar para sua mãe e ela vai te fulminar, literalmente, não esqueça que ela é uma deusa”. Típico, e só para mencionar, minha mãe não teria coragem de me fulminar, eu sou linda e inteligente demais.

Seguimos Sam para o corredor que levava até a sala de treinos mágicos. No corredor segui pelo caminho que ficava longe dos lustres, só por precaução, vai que o negocio cai na minha cabeça...

A sala estava como sempre esteve. Bagunçada. Algumas ninfas faziam florezinhas crescerem no chão, feiticeiros lançavam raios nas paredes, alguns vampiros treinavam controle mental com animais. Estava tudo normal.

— Christine! Ian!

Congelei, “bom, é agora que ela me mata pelo atraso” pensei e tenho certeza que Ian pensou o mesmo.

— Onde vocês estavam?

Ian fez cara de anjo, e ele era melhor nisso do que eu. Talvez seja que com o passar dos anos, a minha cara de anjo tenha virado cara de capetinha.

— Estávamos na biblioteca. — disse ele.

Aprenda uma coisa sobre Ilithya Lowe: Ela não cai no truque de carinha de anjo.

— Ian você vai limpar tudo isso quando a aula acabar — Ela gesticulou para as paredes chamuscadas, o chão coberto de flores queimadas e poças de água ou de ácido, na pior das hipóteses — E Christine...

“Pronto, morri” pensei.

— Você vai para a arena.

A arena é um circulo extenso no meio da sala. Em nada se assemelha á uma arena romana antiga, é apenas o lugar para aonde Ilithya nos manda quando quer ver uma luta, ou nos castigar. Uma vez entrado na arena, você não pode sair até que Ilithya baixe as barreiras mágicas, isso mesmo, a porcaria tem barreiras mágicas.

A arena é um terror para mim. Entenda, meus poderes não estão completamente desenvolvidos e segundo Ilithya, pessoas poderosas demoram mais para se desenvolver completamente, enquanto os outros já estão mais desenvolvidos.

Entrei na arena á contra gosto, fazendo cara feia. Mal dei um passo e senti a barreira se fechar.

Deve existir um sindicato dos professores mágicos e eu vou denunciar Ilithya.

Na minha frente tinha uma garota. Ela era loira, com o corpo bronzeado artificialmente e os olhos eram profundamente verdes, parecia uma típica californiana. Ela me lembrava alguém, mas eu não conseguia definir quem era.

A garota não parecia assustada e segurava um cajado feito de um material avermelhado.

— Christine, pegue seu cajado! — Escutei a professora maldita berrar.

O problema é que eu não tinha trazido o cajado comigo. Todo feiticeiro é capaz de fazer objetos aparecerem nas mãos, mas não sou muito boa nisso, lembro de uma vez que o cajado apareceu pela metade...

Fechei as mãos e imaginei o cajado aparecendo na minha mão esquerda. Um leve brilho serpenteou sobre meus dedos e lá estava ele. Um longo cajado reto, parecendo um tirso feito de ferro negro e na ponta tinha uma terminação afiada.

— Eu falei um cajado não uma lança!

Acenei e a ponta afiada sumiu e eu tinha um cajado de ferro negro pesado entre minhas mãos. Vejamos o lado positivo, caso eu não consiga lutar, pelo menos posso bater o cajado na garota, afinal, ele é pesado pra caramba.

— Comecem!

A garota bateu seu cajado no chão e dele se originou uma cobra flamejante. No momento em que ela fez isso tive a impressão de ver uma sombra negra envolver a garota, e isso me fez ter uma sensação estranha. Todos os meus instintos gritavam que ela era uma inimiga e que eu precisava abatê-la.

A cobra se expandiu e veio na minha direção.

Que lindo, todos vão me ver ser devorada por uma cobra gigante.

O sorriso no rosto da garota me irritou. Ela parecia simpática, quase com pena, mas percebi que era apenas uma mascara, na verdade ela queria que aquela cobra me devorasse.

Eu não vou deixar uma cobrinha me devorar” pensei.

Chamas. Bom, ela tem as chamas, mas eu tenho a água.

Bati o pé no piso e o chão da arena se rachou. Da rachadura um corrente de água eclodiu para cima, encharcando todos lá dentro, inclusive á cobra.

A cobra começou a se desfigurar lentamente enquanto a água atingia suas entranhas, até que por fim, só restava cinzas.

Fiquei tão distraída com a senhorita cobrinha flamejante que nem percebi que a garota tinha sido atingida pela água e estava encharcada. Ela parecia até normal, sério, nem aparentara estar irritada, mas quando olhei para os olhos dela tornei a ver uma sombra.

A barreira se desfez e Ilithya me arrancou de lá.

— O que você estava pensando quando rachou o chão para invocar uma corrente de água de debaixo do Campo de Treinamento? — Ela me perguntou gritando.

— Oras, uma cobra flamejante me atacou! Você queria que eu convocasse apenas uma bolinha de água?

Ela franziu a testa.

— Que cobra? Ela apenas lançou uma bola de fogo em você.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da garota? Quem vocês acham que ela é?
E o que acharam de Gideon?