Ilha das Nuvens escrita por Masrani


Capítulo 1
A Febre




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Não sabia a quanto tempo eu estive desacordado. Se algumas horas ou alguns dias. Meu estômago ainda estava revolto e minha cabeça doía. Me lembrava de pouca coisa, a única certeza que eu tinha era que havia sido mordido por um lagarto. Meu braço estava enfaixado e ainda assim eu sentia um formigamento onde ocorrera a mordida. Acima de mim o ventilador balançava enquanto girava e gerava uma leve brisa. A qualquer momento aquilo poderia se desprender e cair sobre mim. Decidi me sentar na cama, mas minha dor de cabeça estava tão forte, que uma leve tentativa de movimento e eu cai para trás.

__ Não se esforce.__ a voz veio de algum lugar do quarto. Olhei para os lados e não vi ninguém. Até por que meu campo de visão se resumia a esquerda e direita, tudo o que estava a frente dos meus pés, estava as cegas.

__ Onde estou?__ pergunto olhando de um lado a outro procurando pela pessoa que me acompanhava naquele quarto.

__Em um hospital no litoral da Costa Rica.__ enfim o dono da voz, no caso a dona, se revela. Uma linda latina de cabelos morenos. Deduzi que era uma enfermeira ou médica devido ao traje e por estar segurando uma prancheta de anotações. Que obviamente tinha anotações como meu nome, o motivo de eu estar ali e meu real estado clinico.__ Miguel chegou com você aqui à algumas horas. Estava completamente apagado.

__ O que foi que me mordeu?__ não lembro muito do que ocorreu. Mas até onde eu sei, lagartos não tem toxinas capazes de derrubar um ser humano adulto.

__Miguel não conseguiu identificar, foi muito rápido e o animal fugiu após te morder.__ ela vira algumas folhas na prancheta.__ Pela mordida, parece que foi um lagarto basilisco. Existem muitos deles nas matas daqui.

__Esses não são aquelas lagartixas que conseguem correr sobre as aguas.__ a médica da uma gargalhada e concorda com um movimento de cabeça.

__Descanse mais um pouco. Daqui a pouco você já poderá sair.__ ela caminha até a porta e pouco antes de sair, olha para mim sem jeito, como se tivesse esquecido de algo importante.__ A propósito, meu nome é Eleanor.__ ela sorri e fecha a porta, me deixando sozinho novamente.
Fiquei ali por mais algumas horas, olhando para o ventilador, imaginando em quanto tempo, ele iria cair e me matar, ou matar algum futuro paciente.

Já era mais de dez horas da noite. Eu acabara de jantar e ainda estava um pouco tonto. Uma chuva forte estava caindo do lado de fora. Eu conseguia ouvir o som do mar alguns metros dali. Estava tudo em completo silencio até que alguém gritou e ouvi passos no corredor. Me levantei e fui até a porta olhar. Ao por a cabeça para fora, quase fui acertado por um enfermeiro que passou correndo. Voltei e peguei um casaco, para ir dar uma olhada. No fim do corredor, estava um entra e sai em um dos quartos. Gritos de dor de um homem vinham lá de dentro. Fiquei de pé na porta e vi um homem se debatendo na cama, enquanto dois enfermeiros tentavam mantê-lo firme. Pouco consegui ver, mas por um momento, percebi que a carne na altura da costela, por sob o braço esquerdo estava roxa e mesmo estando de longe consegui sentir um cheiro pútrido. Cheiro de morte.
Voltei para meu quarto, achando que era melhor não atrapalhar. Fechei a porta e mal me sentei na cama, a porta se abriu e Miguel entrou.

Miguel era o guia que contratei para me acompanhar por algumas trilhas. Estava na Costa Rica para concluir um trabalho de meu curso de intercambio. Faltava um semestre pra me formar em fotografo por uma academia de Nova York. Escolhi o belo e paradisíaco ambiente quase pré histórico da Costa Rica para tirar minhas fotos.

__Como você está?__ Miguel arrastou uma cadeira velha e se sentou na frente da minha cama.

__Estou bem.__ Me levanto e vou até a janela olhar a tempestade. Sinto que Miguel me seguiu com o olhar.__ O que houve com aquele homem no fim do corredor?

__Com o senhor Levine?__ ele se levanta e vai ficar de pé ao meu lado.

__Você o conhece?

__Sim. Alguns dias atrás, me procurou pedindo o levasse a Isla Sorna.

__Que ilha é essa?__ eu nunca ouvi falar dessa ilha.

__Já ouviu falar da InGen?__ ele atravessa rapidamente o quarto e tranca a porta.

O movimento repentino dele me assusta. Porque trancar a porta. Até parece que estava falando sobre algo que poderia nos levar pra cadeia.

__Sim. Soube que houve um incidente em uma ilha que eles alugaram.__ fazia uns seis anos, algumas pessoas foram a mídia, e ficaram datadas como loucas. Pois diziam que a tal InGen havia criado dinossauros em um ilha a alguns quilômetros da Costa Rica. Em pronunciamento oficial, a empresa disse que estava construindo um resort e que ao perfurar um poço artesanal, acabaram atingindo uma bolsa de gás que causou uma grande explosão na ilha, inviabilizando o retorno das obras, mas nada de dinossauros.__ Mas o que esse tal Levine tem haver com isso e com essa tal Isla Sorna. Até onde eu sei, a InGen estava trabalhando em um hotel na Ilha das Nuvens, ou como ouvi uma vez, Isla Nublar.

__ Sim, mas até onde tudo indica eles também tinham instalações na outra ilha.__Ele tirou um caderno de anotações do bolso e o folheou a procura de algo.__ Achei. Olhe isso.
Miguel me passou o caderno e havia uma folha dobrada. Ao abri-la. Encontrei um desenho de um pequeno lagarto de pescoço longo, de pé sobre as patas traseiras.

__O que é isso? __ parecia um pequeno dinossauro, mas preferi que ele me contasse.

__ Há seis anos, uma garotinha foi mordida por um lagarto, que todos pensaram ser um basilisco. Esse é o desenho feito por ela -o animal que a mordeu. Ninguem conseguiu provar, mas acreditava-se tratar-se de um dinossauro.

__Você quer me dizer, que isso daqui__aponto para o desenho__ Que este desenho, é de um dinossauro. Um dinossauro que mordeu uma garotinha.

__Sim. Isso aconteceu a alguns metros de onde estávamos quando você foi mordido.

__Para. Você quer que eu acredite que o que mordeu é um dinossauro.

__Não tem como ter certeza. Mas os sintomas foram os mesmo na garotinha.
A ideia de uma ilha com dinossauros foi demais para mim. Como alguém poderia acreditar em uma coisa dessas. Do nada, minha tontura se agravou e eu apaguei.

Quando acordei no dia seguinte, estava amarrado a cama, minha dor de cabeça era insuportável e ao meu redor estava diversas pessoas com mascaras no rosto. O medo tomou conta de mim, tentei gritar, mas foi impossível. Minha boca estava amordaçada. Meu corpo estava ensopado de suor. Eu tremia de frio. Uma mulher, que pelo olhar, reconheci ser Eleanor, tira um termômetro de debaixo de meus braços e o olhar que ela fez ao ver minha temperatura não me agradou. Eleanor olhou para outro mascarado ao lado dela e balançou negativamente a cabeça.

Eu não sabia o que estava acontecendo. Mas com certeza, algo muito ruim estava por vir.


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