Enquanto andávamos, a pirralha não parou de falar nem por cinco segundos. Começou contando sobre sua “experiência” em Tokiwadai, depois falou sobre como a supervisora do colégio era “monstruosa”, cotou também sobre os testes que fez para entrar na Judgment...

–... Ah, é tão divertido sair durante a noite. – Disse a pirralha olhando para o céu.

– Qual diversão você está vendo agora?

– Você – Disse ela apontando para mim.

– Eu?! Diversão?!

– Sim. Eu gosto de sair com você.

– Quantas vezes você já “saiu” comigo?!

– Muitas vezes. Eu sempre te seguia, seis anos atrás. – Disse ela sorrindo.

Lembrei-me de quando a pirralha ficava indo atrás de mim pela cidade acadêmica...

– Não tenho tanta liberdade quanto antes... – Retrucou a pirralha olhando para o chão.

– Você não tem cara de responsável.

– Você também não. – Disse a pirralha rindo.

A Last Order pegou em meu braço e começou a andar mais devagar.

– O quê você gosta de fazer à noite, Acce?

– Dormir.

– Ah, não. Pense em uma coisa divertida. Dormir é para os fracos!

– C-como é?! Você não dorme?!

– Na maioria das vezes, não.

– O quê você fica fazendo durante a noite? – Perguntei desconfiado.

– Tento sair do quarto, sem que a supervisora note, e fico passeando pelos jardins de Tokiwadai. Ou até mesmo pela cidade acadêmica. É claro coma ajuda da minha teleporte favorita.

– T-t-teleporte?

– Yue Sakai. Yue é minha colega de quarto, ela me ajuda em algumas “fugas”. Mas não é tão avançada quanto Shirai sempai.

A pirralha tem comparsas! Eu sabia que ela não seria capaz de fazer fugas sozinha...

Quando finalmente chegamos até uma loja, onde haviam várias máquinas de refrigerante, compramos o refrigerante da Aiho, da pirralha e o meu. Fomos andando de volta para casa, mas a pirralha acabou parando no meio do caminho.

– Vamos logo, pirralha. Eu não tenho todo o tempo do mundo.

– O quê você pretende fazer quando chegarmos? – Perguntou a pirralha com uma expressão curiosa no rosto.

– Por que você quer saber?

– Curiosidade... Você está tão apressado...

Naquele mesmo momento, o celular da pirralha começou a tocar, então ela tirou-o do bolso e atendeu.

– Yue?

– Last, a supervisora voltou! Ela já passou por aqui duas vezes, e tive que mentir cobre o seu “sumiço”. Na primeira vez, eu disse que você estava no banheiro, e na segunda, falei que você estava no quarto da Shirai sempai. Ouço os passos dela vindo para cá de novo, o quê eu vou fazer?!

– Diga que estou dormindo. Coloque dois ou três travesseiros na cama, e por cima um cobertor. Talvez ela acredite...

– “Talvez”?!

– N-n-não posso voltar agora, Yue! – Disse a pirralha ao telefone quase gritando.

– Ela vai descobrir da sua fuga, Last Order!

– Se você for cuidadosa, claro que não vai descobrir, Yue!

– Estou fazendo tudo o quê posso... Mas ela não é burra!

– Y-Y-Yue... Por favor...

– Vou dar meu o melhor, mas se ela descobrir saiba que não vou ser castigada sozinha!

– Hum... E-er... Tá.

A pirralha desligou o celular, e guardou no bolso de sua blusa.

– Droga... Yue... – Disse a pirralha com um tom de voz baixo e olhando para o chão.

Ficamos um bom tempo calados, então a pirralha começou a “tagarelar” de novo.

– Parece que você está encrencada. – Eu disse olhando para ela.

– Não estou encrencada... Nunca fui descoberta, e nunca vou ser!

– A Aiho não deveria saber que você...

– Para minha sorte, a Aiho nem liga para isso. Você deve ter percebido... Que eu sempre dormia em casa, e não no dormitório do colégio.

– E a Kikyou?

– Kikyou também não está nem aí...

A cada dia que passa, a pirralha está ficando mais sortuda! Ela é bem esperta... Não entendo porquê Aiho não liga para o quê a pirralha faz, ou não, no colégio. Estranho...

– Aonde você que ir agora, Acce? – Perguntou a pirralha sorrindo.

– Para o meu quarto, dormir.

– Nada de dormir, Acce!

– Pirralha, você não faz ideia de como eu estou cansado...

– Mas, Acce...

– Mas o quê?! Não percebe que já estou todo quebrado, de ficar seguindo você?!

– Quero me divertir, Accelerator!

A pirralha começou a atirar correntes elétricas por onde passava.

– Estamos na Cidade Acadêmica, e não na Disneylândia! E pare de usar correntes elétricas, habilidades não são brincadeiras.

– às vezes, eu queria ter uma habilidade mais divertida...

– Do quê está reclamando?! Você é nível quatro!

– Talvez, esse seja o lado bom. – Disse ela sorrindo.

– Pirralha, mostre-me uma de suas moedas.

Ela tirou uma moeda do bolso, e me entregou.

– O quê isso significa? – Eu disse, apontando para o “No_20001”

– É meu... Número da sorte!

– Da sorte?! Por que precisa ser um número tão alto?

– Não tenho mais explicações... È apenas um número da sorte.

Sinto que a pirralha está me escondendo alguma coisa, mas não vou obriga-la a contar... A expressão no rosto dela já dizia tudo. Ela não parecia segura, e muito menos calma. Já tínhamos comprado os refrigerantes, e estávamos a caminho de casa.

A pirralha parou de correr, e pegou em meu braço. Ela tinha que para com isso! Estávamos parecendo... Um casal! Ela começou a segurar com força meu braço. De novo!

– Ei! O quê você tem? Está com medo?

– N-n-n-não... – Disse a pirralha me abraçando.

– A-A-Acce... Vamos rápido!

Eu não estava entendendo o quê tinha acontecido para a pirralha mudar de ideia tão rápido... Em um momento, ela queria me fazer de parque de diversões, e em outro ela começa a apertar meu braço e pedindo para ir embora. Estranho...

Ela foi me “arrastando” o caminho inteiro.

– Ei! Calma...

– Já estamos chegando, Acce...

– Mas eu não iria dizer nada a respeito diss-... – Ela não me deixou terminar a frase, e foi logo me “Arrastando” para dentro de casa. Quando entramos, todos começaram a olhar para nós dois... Situação constrangedora...

Infelizmente, a Kikyou estava na sala, e notou primeiro do quê todos os outros.

– Já estava perdendo as esperanças! – Disse a Aiho pegando o refrigerante.

A Kikyou continuou olhando, e a Last não soltava o meu braço, por mais que eu tentasse tirar das mãos dela...