Outro lado do amor escrita por Ju


Capítulo 6
O susto




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No dia seguinte levei o maior susto de toda minha vida, pensei que nada ia superar o dia que meu pai saiu de casa, mas superou. Quando acordei, desci as escadas e vi minha mãe jogada no chão gelado da cozinha. Gritei umas duzentas vezes a chamando, mas ela não me respondia, não dava sinal de vida. Chequei o pulso, tinha batimentos, isso me fez ter mais calma e a colocar no carro. Entreguei ela a um médico que estava de plantão, morrendo de medo, depois de algum tempo peguei meu celular e mandei mensagem pra Júlia e pro Bruno. Os únicos parentes que eu tinha por perto eram os do meu pai, então não tinha ninguém da família pra ligar no momento. Minutos depois os dois chegaram juntos.
– Já vieram te informar sobre ela?- A Júlia perguntou enquanto me acalmava. Fiz que não, parece que as palavras não saíam de jeito nenhum. Ela não tentou mais falar, entendeu que eu não conseguia e continuou me abraçando.- Vai ficar tudo bem.- Ela disse baixinho um tempo depois, e então me lembrei do acidente dela. Não devia ser fácil pra ela estar aqui, era como reviver o passado. Mas ela estava aqui, então me fez perceber o quão importante eu era pra ela.
– Leandro?- O médico veio em nossa direção, me fazendo dar um pulo da cadeira.- Já está tudo bem, ela já acordou. Ta tomando soro e ainda vamos fazer alguns exames. O desmaio pode ter sido causado por várias coisas, sua mãe não vem se alimentando bem pelo que vi. Ela apresenta várias doenças entre elas anemia, estamos cuidando disso, mas ela vai ter que ficar pelo menos uma semana aqui. Pra termos certeza de que ela já está melhor. Você pode vir comigo, preciso que assine umas papeladas.- Eu não sabia se respirava aliviado ou não. Ele tinha explicado por alto, obviamente na cabeça dele eu não devia saber de todos os detalhes. O segui e assinei tudo que ele pedia. Depois me deixaram ver minha mãe. Ela estava pálida e sorriu ao me ver.
– Desculpe pelo susto.- Só consegui abraçar, nada mais.- Não fica assim filho, me desculpa...
– Ta tudo bem, a culpa também é minha de tudo isso. Eu não te dei tanta atenção nos últimos dias, e se eu não ficar no seu pé você não se alimenta direito...
– Ei, para com isso! Para de se culpar por um erro meu, eu tenho que me alimentar, não sou mais nenhuma criança...Uma enfermeira estava conversando comigo a pouco, ela acha que eu preciso ir ao psicólogo, e anotou na minha ficha. Amanhã um do hospital vem me ver, acho que vai ser bom pra mim.
– Vai sim, tenta melhorar...Por mim.
– Tudo é por você filho, não fique assim, vem cá me dá outro abraço desse.- Quando voltei a Júlia e o Bruno estavam lá, me encheram de perguntas e respondi todas.
– Que tal a gente ir comer?- O Bruno perguntou nos olhando.
– Acho bom, vamos sim.- Não deu certo dizer que não estava com fome, eles me empurraram pro carro. Fomos num restaurante perto do hospital.- O que foi?- Ela perguntou quando o Bruno foi ao banheiro.
– To me sentindo culpado pelo que aconteceu...
– Você não tem culpa de nada disso meu amor, não fica assim, isso acaba comigo.
– Pode parecer idiota falar isso agora, mas essa sua frase que acabou comigo nesse momento.- Ela sorriu.- Juntou o "amor" com o "acaba comigo" de me ver assim...Deu um ótimo resultado.
– Você é tão bobo...
– Só por você.- Ela me beijou.
– Ah não cara, vocês vão ficar se esfregando na minha frente mesmo?
– Foi mal.- Eu disse rindo.
– Olha só, a mãe do Léo teve que parar no hospital pra gente se encontrar pra fazer alguma coisa...Não achei nada legal da parte de vocês me deixar de fora disso, e já sei que você é amiga daquela mina bonitinha da praia.- Ele entrou numa de falar sem parar, já tinha até parado de prestar atenção nele. Me concentrei na Júlia, que estava escutando tudo muito atenta e ria de tudo que ele falava. O sol entrava pela janela bem ao lado dela, e seus cabelos ficavam mais claros que o normal, e o seus olhos mudavam pra uma cor fora do normal de tão bonita. E de repente, como se não bastasse tudo isso, ela solta uma gargalhada, como se fosse uma criança e me olha toda boba. Eu sinceramente não quero saber o motivo dessa risada toda, quero apenas continuar olhando. Como se eu estivesse na platéia, vendo a garota mais linda do mundo dando um show.
– Ei!- Ela chamou minha atenção.- Você quer ou não?
– O quê?
– Lasanha...
– Pode ser.- Dei um sorriso pra ela entender que só estava distraído e não ficar preocupada. Depois que comemos e a Júlia voltou comigo no hospital, ficamos até o fim de tarde lá. Minha mãe me obrigou a dormir em casa, porque hospital era lugar de doentes e eu não tinha nada...
– Leandro, vá pra casa, isso é uma ordem.- Ela disse por fim.
– Fica bem tá? E come tudo que mandarem!
– Tudo bem.- Ela olhou pra Júlia e ficou debochando da minha cara.- Esse moleque acha que é meu pai...
– Eu volto aqui amanhã pra lhe ver.- Elas se abraçaram e fomos andando até o estacionamento. De repente a Júlia parou no meio do caminho, ficou encarando um carro e quando olhou pra mim seus olhos estavam cheios de lágrimas. Você nunca poderá imaginar o quanto aquilo doeu, nenhuma dor física pode se comparar com aquela dor. Ver a garota que você ama chorando...A segurei em meus braços sem perguntar nada, alguns minutos depois ela parou e me puxou pro carro. Entramos e ficamos um bom tempo em silêncio.- Era um carro daquele...Quando você me mandou mensagem dizendo que sua mãe tava no hospital, eu surtei. E hoje foi um dia que me trouxe de volta ao passado sabe, eu me segurei o dia todo, porque você já tinha problemas demais. Mas quando eu vi o carro, me desculpa, eu realmente não consegui segurar.
– Não se pede desculpas por sentir, muito menos por sentir isso. Vem cá.- Lhe abracei.- Ta tudo bem, eu to aqui, e você nunca vai ser um problema pra mim.- Liguei o som do carro, e deixei o cd que ela me deu tocar. Sabia que era disso que ela precisava pra se acalmar, música. Em pouco tempo eu já sabia que música pra Júlia era mais importante que oxigênio.
– Obrigada por me acalmar.- Estávamos na porta da casa dela, mas parecia que tinha um imã entre nós, ela não conseguia entrar.- Você vai ficar bem mesmo?
– Vou sim, essa é a terceira vez que você me pergunta isso.- Eu ri.- Entra logo antes que eu te coloque de volta no carro e te leve comigo.- Ela me olhou e não deu um sorriso.
– Você pode fazer isso se quiser.- Eu olhei rindo, mas vi que ela tava falando sério.
– Sério mesmo?- Ela fez que sim, então não pensei duas vezes em puxar ela pro carro e levar pra minha casa.- Ta com fome?
– Um pouco.- Eu sorri lembrando que ela me disse isso no nosso primeiro encontro.- Na verdade eu to louca pra tomar um banho, me empresta alguma camiseta sua.- Ela foi no meu quarto e escolheu uma, em seguida entrou no banheiro. Aproveitei pra arrumar a bagunça que estava o meu quarto, e depois fui pra cozinha fazer um sanduíche. Quando estava passando pelo corredor vi que a porta do banheiro estava meio aberta, assim...Sem querer claro, ela estava em frente ao espelho colocando minha camiseta. Passei direto antes que ela me visse olhando e fui no quarto pegar o que eu queria.
– Fica bem melhor em você.- Apontei pra camisa quando a vi descendo as escadas.
– Obrigada.- Ela fez uma pose como se estivesse sendo fotografada, o que me fez rir.- Você preparou uma lanche e ainda tomou banho...Já vi que sou a lerda da história.
– Deve ser mesmo.- Ela me deu um tapa e depois riu.- Já falou com seus tios?
– Aham, eles só pediram pra que eu chegasse cedo, por causa da Duda.- Ela tinha dito que ia dormir na casa da Sara. Terminamos de comer e subimos pro quarto pra assistir filme. Era impressionante como ela não sentia medo de filme de terror e ainda ria das cenas que geralmente faziam as garotas pularem e saírem correndo. Em nenhum momento segurou minha mão, ou escondeu o rosto pra não ver a cena...Quando o filme acabou apenas deitamos de frente pro outro, encarando um ao outro sem dizer nada. Eu acariciava seu rosto e ela alisava meu cabelo, um bom tempo assim.- Eu quero fazer isso, com você.- Ela sentou na cama e tirou a camisa. Fiquei meio surpreso, porque realmente não esperava aquilo essa noite. Então a beijei, lentamente nos deitamos e tiramos toda roupa que atrapalhava no momento. Então beijei todo seu corpo, aquela pele quente e macia.
– Tem certeza?- Ela fez que sim, então fizemos amor pela primeira vez, com toda calma do mundo. Ela adormeceu por cima de mim, a respiração estava ofegante e foi se acalmando até ficar bem leve. Era ótimo sentir isso, nossos corpos ainda estavam quentes e depois de algum tempo adormeci também. No dia seguinte quando acordei ela não estava na cama, fui no banheiro escovar os dentes e desci. Ela estava na cozinha fazendo alguma coisa no fogão, tão concentrada que não notou quando entrei e então lhe agarrei por trás. Fiquei beijando seu pescoço enquanto ela virava o omelete, com sucesso.
– Você gosta de omelete?
– Amo.
– Ótimo, então toma esse aqui, se quiser faço outro.
– Um só ta bom.- Lhe dei um beijo e sentei na mesa esperando por ela. Ela terminou de fazer o seu e então comemos, rindo um para o outro depois do que fizemos ontem. Ela me olhava envergonhada, quando eu dizia que ela estava linda daquele jeito, e me mandava parar com aquilo.
– Vou tomar banho pra gente ir tá? Tenho que pegar a Duda no colégio.
– A gente pode pegar ela no colégio, daí deixo vocês em casa e vou no hospital ver como a minha mãe ta...
– Tudo bem.- Depois que as deixei em casa fui até o hospital, minha mãe havia feito algum dos exames que tinha que fazer, e agora estava dormindo. Passou boa parte do dia assim, pela noite me mandou ir pra casa.


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