Azul para Carmesin escrita por Medusa


Capítulo 6
In Bloom


Notas iniciais do capítulo

Voltando a ativa (;



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Acordei assustada amaldiçoando-me por ter esquecido de acionar o despertador na noite anterior, uma olhada rápida no relógio confirmou meu atraso de mais de meia hora, mas só quando a água gelada tocou meu corpo e a vi correr azulada pelo chão do banheiro me dei conta de que era sábado.

Suspirei enquanto enrolava uma toalha felpuda no corpo , tentei vestir algo quente pus meus fones de ouvido e deitei irritada. Ótimo, o dia já havia começado matando. Sábados particularmente já eram absurdamente extressantes pra mim, desde sempre. E nos ultimos tempos, com a vida tão bagunçada como estava, até os dias bons estavam ruins, com os sábados não seria diferente.

Flashback on

Sorri enquanto brincava com o cabelo de Laura sentada num banquinho baixo, “snells like teen spirit” tocava ao redor da sala enquanto Rafael dizia nos desenhar.

– Eu queria que meu cabelo fosse bonito como o seu – Laura sussurrou analisando uma mecha do cabelo entre os dedos.

– Ah não! O seu é muito, muito mais bonito – Segurei uma mecha do meu cabelo que trazia um degradê de roxo para azul escuro na época – Está vendo? O seu nem precisa de tinta!

– Mas você parece uma boneca daquelas de desenho animado!

Ri e abracei-a fazendo cócegas “ Você que parece”

– Vocês querem ficaren ficar quietas? – Rafel riu largando o lápis – É impossível trabalhar desse jeito!

– Chato – Laura gritou.

– Viu só? Chato! – Repeti sorrindo

– Ah é? – Ele abriu um gande sorrindo correndo em direção nós, que fugimos incialmente, mas ele acabou nos alcalçando e atando-nos com cócegas.

– Tudo bem, eu me rendo eu me rendo – Ergui as mãos enquanto Laura gritava aos risos.

– Se rendem? – Ele riu, e nós gritamos “sim” em unissono. Ele parou por alguns segundos e então voltou a nos atacar.

– Ei vocês – Mamãe apareceu na sala com um olhar irritado, mas ainda assim diverido – Parem de gritar! O Marcelo manou avisar que o almoço está pronto – Mamãe sumiu do nosso campo de visão.

– Trégua? – Perguntei ainda rindo e logo depois sussurrando “por favor”

– Por comida? – Ele riu largando a irmã – Claro.

Laura correu para a cozinha, e enquanto a seguiámos Rafael me puxou para um abraço e beijou minha testa.

– Olha se não é a garota que odeia sábados sorrindo... E que dia é hoje mesmo?

– Não se acostume.

Flashback off

Acordei sentindo as lágrimas molharem meu rosto, mas estava sorrindo quando as sequei. Eu havia determinado parar com o choro, mas as lembranças, lembranças felizes como aquela, podiam ser traiçoeiras.

Arrastei-me para a cozinha seguindo o cheiro de comida, talvez minha mente estivesse me pregando peças, precisava conferir. Era real: Mamãe vestia um avental colorido e estava cortando legumes na mesa da cozinha. Sentei na extremidade seguinte sem deixar de perceber que aquele mesa havia se tornado grande demais recentemente.

– Bom dia Mel, estou seguindo aquela receita que... Bem, eu vi numa revista.

Apoiei os braços na mesa observando-a. Mamãe nunca, nunca, jamais cozinhava. Ela odiava cozinhar, e qualquer ser vivo pensante odiava sua comida. Sempre estavámos pedindo alguma coisa, esquentando pré-cozidos, ou esperando Marcelo que era um ótimo cozinheiro para nos alimentar. Mas desde... Não, havia alguma coisa muito errada.

– O que é isso tudo? – Perguntei preocupada .

– Parece uma salada, mas não é – Ela disse jganndo alguma coisa para Dourado que cheirou a commida depois ignorou-a – Também parece macarrão, mas...

– Mãe, não estou falando da comida, quer dizer... eu...

– Você o quê, querida? – Ela continuou cortando coisas. Ok, tinha algo muito errada alí

Ela continuou “tentando” cozinhar e eu, fiquei lá, sentada observando qnquanto fingia beber café. Eu odiava café, mas ela pareceu não notar nada fora do normal e apenas continuou correndo de um lado para o outro entre panelas queimadas cortes nos deedos e erros de cálculo.

Levei cerca de quinze minutos para perceber o que era.

– Essa é aquela coisa que o Marcelo fez no verão passado não é? Mãe?

Ela não respondeu, continuou fingindo que não me ouvia franzindo as sobrancelhas daquele jeito que fazia quando tentava ignorar algo que não podia.

– Ei, responde a minha pergunta. Que droga você está fazendo? Está chorando? Ei...

– Eu não consigo mais... Eu, não aguento olhar esssas paredes e lembrar...

– Do que você está falando?

– Do eu estou falando? Você não tem ideia não é? Você nunca entende – Ela largou as coisas na pia e começo a limpar as mãos sem parar, esfregando com mais força do que devia – Ele sempre entendia, e... Isso não importa. Nós vamos embora.

– Embora? – Pisquei aturdida sem entender do que ela podia estar falando, de onde havia vindo aquilo? – Mãe..

– Eu vou acabar enlouquecendo se passar mais um mês dentro dessa casa. Tudo aqui me lembra ele. É tão... Vazio. Desde que seu irmão morreu, eu não tenho nada. E essa casa me lembra isso.

Aquilo doeu de uma forma diferente. Algo menos superficial. Todo esse tempo tetando impelir as lágrimas e senti meus olhos arderem outra vez.

– Como você consegue ser tão... Cruel?

– Cruel? – Ela riu enxugando as lágrimas – Você não tem idéia de como dói, não sabe o que é perdeu um filho, perder... Tudo.

– Ele está morto, e nem assim você consegue considerar, só considerar que tem, ou teve dois filhos? Eu não... – Fiquei de pé e comecei a me afastar – Eu não vou deixar você fazer isso comigo.

– Nós vamos nos mudar. Eu não quero viver aqui, então não vamos – Ela reagrupou as panelas tentando recomeçar a cozinhar – Você tem duas semanas pra guardar suas coisas.

– Isso é tudo, é tudo que restou – Olhei em volta sentindo as lágrimas correr por meu rosto. Toda aminha vida estava immpressa naquelas paredes – É tudo que eu tenho, você não pode fazer isso comigo.

Ela abriu a toorneira e então olhou pra mim.

– Você viu onde eu guardei o sal, Mel?

Saí de lá as pressas tetando controlar a respiração, troquei de roupas correndo e só parei para pegar a câmera e o celular.

Andei rápido pelas ruas tomando respirações fundas sem rumo certo e logo as lágrimas cessaram. Eu não conseeguia parar de caminhar ou pensar em algo conciso. Girava a pulseirinha de couro no meu pulso nervosamente sentindo a pele arder e avermelhar rapidamente.

– Melanie?

Girei sobre os calcanhares “não, não, não” ela era a ultima pessoa que queria ver. Ana Lúcia me encarou com um mistoo de ansiedade e indecisão.

– Eu, não... – Minha voz falhou sem saber ao certo que dizer. Nós não falávamos muito uma com a outra desde a mmorte de Rafael, e minha ex-sogra nunca havia sidoo muito receptiva para afalar a verdade.

– Você não parece bem – Ela tentou sorrir, mas seu olhar estava tão devastado quanto o meu – Nós podemos conversar?

– Eu não acho que realmente seja uma boa ideia.

– Só vai levar um seundo, eu só...

– Lúcia, eu tenho que... Eu não... Eu... Preciso de um tempo.

– Você o conhecia tão bem, e les estava tão distante... E eu não, eu.... Você não sabe o quanto é difícil perder um filho.

Aquela era a ultima coisa que eu queria ouvir.

– Desculpa, eu não posso ajudar – Me afastei andando de costas e logo segui andando ainda mais rápido que antes, esava quase correndo quando desacelrei tentando idenficar onde estava... Havia me afastado alguas quadras de casa, suspirei e cerca de cindo minutos depois cheguei numa praça simples.

Sentei num dos bancos e tentei esvaziar a mente, mas aquela sensação ruim continuava a crescer dentro de mim, olhei em volta tentando a char algo de que pudesse tirar fotos, mas eu não conseguia ter “inspiração” então por fim, comecei a disparar cliques inconsistentes do chão ou da rua, ou do céu...

Parei tratando de apagar cada uma delas com a mesma pressa. Meus dedos tremiam ao alternar s botões e então apenas largei a camera e me sentei com os olhos fixos no chão. Eu estava nervosa, precisava me acalmar...

Quando o dia já se dispersava, meu celular tocou, eu pesei mesmo em ignorar, mas acabei atendendo.

– Hey atrasada.

– Você ainda lembra disso? – A voz de Lucas se tornava cada vez mais estranhamente familiar.

– Mas é claro – Ele riu – Não deveria?

– Eu... – Minha voz falhou – Só faz tempo.

– Nem tanto – Ele respondeu em dúvida – O que você tem?

– Eu estou bem – Menti numa voz tão superficial que nem eu acreditei.

– Onde você está? – Sua voz soou mais séria que antes, talvez preocupada, eu realmente queria ficar sozinha, e estava prestes a dizer isso a ele, mas logo em seguida ouvi minha recitando o endereço.

Cerca de dez minutos depois ele estava sentado ao meu lado, ele me contou que costumava ir aquele lugar quando era criança. Nós onversamos por alguns minutos, mas então, ele parou e ficou me encarando com um olhar estranho.

– O que é?

– Você não está nada bem.

– Eu não tenho estado.

– Vamos sair daqui – Ele ficou de pé e estenndeu a mõ pra mim – Tem um lugar aqui perto que vendo um milk-shake capaz de deixar qualquer um bem.

– Podem tentar – Seguimos nos distanciando pla esquerda enquanto o sol se punha.

– Você quer falar sobre o que está te irritando?

– Não mesmo – Prendi o cabelo no alto tomando ar – Só preciso me distrair – Você não me disse que ia falar sobre as outras tatuagens?

– Ah, não – Ele riu – Eu disse que faria depois.

– Uma semana é depois – Ergui as sobracelhas.

– E daqui a três semanas ainda vai ser depois.

– Isso é... Ah, você está me enrolando.

– Não estou não, estou falando sério. Pergunta outra coisa, qualquer coisa.

– Está bem... – Estreitei os olhos pensando enquantoo ele me fitava com ansiedade – Onde você fez?

– Fiz o quê? – Nós dois rimos enquanto andávamos o que fez pensar em como já me sentia melhor.

– As tatuagens. Onde você fez?

– Ah, você é quem está me enrolando, Atrasada – Ele riu – Mas, eu fiz aqui perto. Minha irmã tem um estúdio.

– De tatuagem?

– Assim espero – Ele cofiou a barba sorrindo.

– Onde fica? – Parei de andar e ele pareceu confuso parando à minha frente.

– Perto. Talvez uns vinte minutos, e...

– Eu quero ir lá.

– Agora? – Ele ergueu as sobrancelhas num sorriso incrédulo

– Agora.

– Você quer fazer uma tatuagem agora?

– Agora – Repeeti e ele passou alguns segundos me fitando, analisando se eu estava falando sério.

Ri, e ele sorriu agarrando minha mão “por aqui” disse e mudamos de direção ouutra vez seguindo a esquina seguinte.


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Notas finais do capítulo

Alguém?



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