Sorte de nós dois. escrita por jugil


Capítulo 2
A Mudança.


Notas iniciais do capítulo

Gente amei os comentários, e agora mais um cap!



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– Karina deve evitar qualquer tipo de esforço físico e mental. Deve, portanto, evitar a fadiga. A alimentação dela será uma dieta especial, ela deve comer bastantes frutas e legumes para evitar a anemia. Dona Ana, ao contrario do que a senhora pensa sua filha não deve ficar trancafiada dentro de casa, nós receitamos o máximo de liberdade possível. Se a senhora deixá-la presa, ela poderá entra em depressão. Estamos combinados assim?

–Sim doutor. Eu só gostaria de saber quando ela poderá iniciar o tratamento?

– Dona Ana eu sinto informar, mas aqui em Lisboa será difícil encontrar esse tipo de tratamento eu aconselho a senhora a procurar esse tipo de tratamento em outro lugar. Conheço hospitais que oferecem um tratamento ótimo ao pacientes com leucemia. Vejamos, temos um em Paris, Londres, Rio de Janeiro, Berlim...

– Rio de Janeiro o senhor disse? O senhor tem certeza?

–Tenho sim Dona Ana. Eu mesmo já estive lá e comprovei. Claro, nós temos esse tratamento em quase toda Europa, caso a senhora não queira atravessar o Atlântico. Mas acredito que no Brasil a adaptação seria bem melhor, até mesmo por causa do idioma, mas fica a sua escolha.

– Eu irei conversar com o meu marido sobre isso e amanhã mesmo eu informo o senhor a nossa decisão.

– Tudo bem. Disse o doutor carinhosamente.

Não acreditei quando minha mãe me contou sobre o que o médico havia dito. Eu sempre quisera conhecer o Brasil, mas não pensava que seria desse jeito. Meus pais conversaram a noite toda, planejando quando seria a viagem e por quando tempo ficaríamos por lá. Era óbvio que não voltaríamos para Portugal em quanto eu não estivesse completamente curada.

Sabendo de nossa viagem, muitas pessoas vieram se despedir. Alguns amigos meus, com quem eu não falava a tempos, meus parentes distantes, das quais eu nem recordava que tinha. Eu chorava imaginando se por acaso eu não voltasse a vê-los, que sentiria muito a falta deles.

A nossa viagem estava marcada para uma segunda- feira de janeiro. Meus pais já haviam comprado as passagens e uma casa no Rio de Janeiro, só faltava arrumar as malas. Eu estava feliz na expectativa de conhecer um lugar diferente e de conhecer pessoas diferentes.

O engraçado é que, embora eu estivesse ansiosa em conhecer o Brasil, sentia- me triste em deixar Portugal. Afinal foi onde eu cresci e passei todos os anos da minha, até agora.

–x-

A cidade maravilhosa era realmente maravilhosa. Com a praia incrível de Copacabana e o Corcovado com o Cristo Redentor. Mas nós não ficaríamos no centro da cidade, estávamos indo para Petrópolis, uma linda cidade na região serrana do Rio.

A casa em ficamos tinha o mesmo estilo colonial da minha casa em Portugal. Afinal estamos falando de um país que outrora foi colônia de Portugal. Havia muitas montanhas ao nosso redor e casas que ficavam no topo delas. Como chegamos pela manhã, depois de ter tomado café, saí para olhar a cidade. Eu andava distraidamente, observando as lindas casinhas das montanhas, quando bati de frente com um garoto. Ele também parecia estar andando distraído, pois me olhava com uma expressão de: o que aconteceu?

– Me desculpa, eu estava distraída e não te vi. Disse constrangida.

– É você deveria olhar por onde anda. Falou parecendo irritado. Ele era lindo, mas também, um pouco arrogante.

– Ei você também não estava olhando por onde andava, senão teria me visto. Além do mais, eu já pedi desculpas. Repliquei indignada. Ele olhou para mim como se só agora tivesse me visto, mas não disse nada. Saiu andando sem nem mesmo dizer um tchau. – Que grosso! Pensei.

Tirando esse inconveniente, meu passeio foi bastante produtivo. Voltei para casa na hora do almoço. Depois de almoçar, fui tirar uma soneca n sofá, mas não consegui, porque minha mãe quis saber tudo o que eu tinha feito e visto. Contei a ela sobre tudo, menos sobre o rapaz que eu havia conhecido.

Como se faz para tirar alguém da mente? Devemos ignorar ou se render aos pensamentos até que ele desapareça sozinho? Eu não conseguia tirar aquele garoto da minha cabeça. Ele era espetacular mesmo sendo grosseiro. Eu estava ansiosa para encontrá-lo de novo, e talvez até esbarrar nele, só para ver qual seria sua reação desta vez.

Era chegado o dia do tratamento. Minha vida estava para se tornar um inferno. Não sei se era a minha repulsa por hospitais ou pelo fato de estar de mau humor. Só queria poder ficar na minha cama pensando ou lendo algum livro. Mas se eu não quisesse morrer, deveria me tratar. E para minha infelicidade o tempo estava frio, muito frio.

– Querida já esta pronta? Vamos nós temos hora marcada.

– Sim Dona Ana eu estou pronta. Vamos antes que eu desista. Disse resignada.

Chegamos ao hospital a tempo e fomos levadas ao setor de tratamento para leucemia. Decidi deixar meu mau humor de lado e tentar parecer o mais tranqüila possível. Isso deu certo, eu já me sentia melhor.

Estávamos na sala de espera quando ouvi meu nome ser chamado na recepção.

– Podem entrar. O doutor as espera. Falou a recepcionista muito maquiada.

–Obrigada.

A sala estava fria, por isso estremeci.

O doutor era um homem na casa de seus 60 anos, sua expressão era marcada e seus olhos passavam tranqüilidade e confiança, como se nada fosse impossível para ele.

– Então você deve ser Karina. Falou como se estivesse acabado de adivinhar meu nome. –E essa bela senhora deve ser sua mãe. É um prazer conhece- La. Disse estendendo a mão com ar cínico.

–Sim doutor. Minha mãe disse tranquilamente. Eu, porém sabia que ela não havia gostado do jeito cínico do médico.

– Pelo que me disseram, vocês vieram até aqui para o tratamento de Karina, certo. Estou confiante que após alguns meses sua filha estará bem melhor. Ao contrário dele eu não estava tão confiante assim.

O câncer é progressivo, ou seja, evolui com o tempo. Recapitulando, leucemia é um tipo de câncer. Multiplica-se o número de glóbulos vermelhos. Pode até aparecer interessante ter bastantes anticorpos assim, mas os glóbulos vermelhos também têm sua função e não podemos eliminá-los.

O tratamento seria quimioterapia. Eu iria tomar veneno. Sim, veneno, porque os medicamentos iriam agir no meu organismo matando os glóbulos brancos excedentes. Isso me deixaria fraca, cansada, sonolenta e provavelmente cairiam meus lindos cabelos loiros. Eu estava totalmente dependente da eficiência da quimioterapia para ficar curada. Sendo assim, se este tratamento não desse certo, talvez eu não tivesse chance de viver, e eu me preocupava em viver e fazer tudo enquanto havia tempo.

No dia seguinte começavam as primeiras sessões de quimioterapia. Então decidi que deveria fazer algo extraordinário antes de ter que vomitar e ver meus cabelos caírem. Saí ao anoitecer, procurando um lugar onde pudesse me divertir.

Havia um albergue, um pouco distante do centro da cidade. Era bem quente no interior. Havia também poucas pessoas, assim, me dirigi ao um lugar reservado de onde eu pudesse ver quem entrava no albergue.

Se para minha felicidade ou infelicidade não sei, meu coração sabe. Entrou no albergue aquele garoto em quem eu havia esbarrado que eu não sabia o nome e que era perfeitamente lindo. Meu coração disparou no mesmo instante (não sei por que) e senti que começava a corar. Ele não podia me ver só eu a ele.

– Você vai beber o que? Perguntou o garçom (pelo menos eu pensava que era).

– Oh, pode ser um suco, por favor.

– Hmhum, suco de quê?

–Hã, qualquer um sabor.

– Com gelo ou sem?

–Pode ser com gelo. Respondi tentando manter meus olhos no lindo garoto que eu não sabia o nome.

– Você deseja um aperitivo para acompanhar?

– Sim eu desejo, mas agora, você pode me trazer ou não? Disse realmente olhando para o garçom. Surpreendi-me ele não estava vestido como garçom e olhava para mim sorrindo.

–Oh, me desculpe, você é garçom? Perguntei constrangida, esperando pelo sim.

– Não, mas ficarei grato em servi-la. Disse sorrindo ainda mais. Era um garoto lindo moreno de olhos castanhos e era no estilo atleta. Bonito? Sim, e agora eu estava pensando na sorte que eu tinha, em conhecer dois lindos garotos em menos de uma semana.

– Posso me sentar com você? Perguntou.

–Sim, mas porque quer sentar aqui? Eu pergunte confusa. Oh, que gafe, não queria parecer intimidada. Eu estava intimidada? Nossa, há muito tempo não me sentia assim.

–Por quê? Senão quiser eu posso sentar em outro lugar. Ele parecia confuso agora. Talvez não esperasse essa reação.

–Não, é pode se sentar. Ele sentou. – Qual seu nome?

– Desculpe a indelicadeza, eu me chamo Carlos Eduardo, mas pode me chamar de Duca. E o seu é?

–Karina, Karina Duarte.

– Você é espanhola?

– Oh não, sou brasileira, mas naturalizada portuguesa.

– Hm, uma garota com duas nacionalidades. Gostei é muito interessante. Falou sorrindo.

– E você é espanhol, eu supondo. Disse sorrindo também. Só para constar, o sorriso dele era lindo. Os dentes perfeitamente alinhados. Uma beleza de visão!

–Não, não, quem me dera se fosse. Mas posso dizer que sou um... Descendente.

–Hmhum entendo. Eu disse. Agora eu não podia me concentrar mo garoto que estava sentado no balcão. E como eu poderia? Eu tinha sentado na minha um garoto tão lindo quanto o de lá. Aliás, sua companhia era muito agradável. Sentia-me muito feliz em estar ali conversando com alguém tão simpático.

– O que você faz Karina? Trabalha, estuda...

–Não, eu estou aqui como turista. Não queria que soubessem que eu tinha câncer. Queria aproveitar aquela noite. – Como disse, vim de Portugal.

– Eis o motivo desse sotaque carregado, você fala um português muito bonito. Oh, não fique envergonhada, eu acho lindo o seu sotaque é diferente.

– Me diga Carlos Edu...

–Pode me chamar de Duca.

– Sim Duca, o que fez você vir falar comigo? Ele olhou pra mim como se estranhasse a pergunta, mas se aproximou e falou:

– Eu vi você entrar e se sentar sozinha. Bom, eu nunca te vi por aqui antes e então decidi dar as boas vindas. Parece que eu acertei você não era daqui. Mas aí eu tinha que arrumar um jeito de me aproximar sem assustá-la.

– Aí você fingiu-se de garçom. Eu disse

–Sim, e deu certo, você pensou que eu era garçom e fez seu pedido. Então se tocou que eu não era garçom e se desculpou. Foi uma bela deixa para cobrar sua falta.

– Você é bem esperto. Eu nunca suspeitaria se estivesse uniformizado.

– Acredito que sim. E por quanto tempo pretende ficar?

E agora o que diria? Bom, mentir seria a melhor opção. Essa noite nada poderia dar errado. Imaginar um garoto tão lindo, sentindo pena da garota com leucemia. Oh, que lástima! Não, definitivamente não, não quero ninguém sentindo pena de mim. Eu ia suportar isso, eu ia seguir em frente e lutar contra esse mal.

– Vou ficar um tempo. Foi o que respondi. Sim porque eu ia mesmo ficar um tempo. Não sei quanto tempo, mas ia ficar.

– Se vai ficar me concede a honra de levá-la para conhecer a cidade?Perguntou de forma tão convincente, que não pude resistir.

–Sim eu adoraria. Sussurrei.

–Então estamos combinados, me dê seu endereço, que eu passo na sua casa para te buscar. Ele falou realmente empolgado.

Eu tinha um passeio marcado para o dia da minha primeira sessão de quimioterapia. Como eu queria aceitar, mas o tratamento de chamava. Decidi então pegar o telefone dele para que pudéssemos marcar o passeio para outro dia.

–Tudo bem Karina. No próximo sábado suponho que você estará livre. Aí poderemos sair.

– Acho que já vou indo. Está tarde. Bocejei.

– Vejo que está cansada, quer uma carona?

–Não vejo porque importunar você, eu vim andando e posso ir andando. Murmurei já me levantando. – Foi um prazer conhecê-lo. Tenha uma boa noite Duca.

–Pra você também Karina. Ele disse carinhosamente sorrindo- Aliás, você é muito graciosa.

– O que disse? Perguntei sem entender.

– Você é muito graciosa. E também não seria mesmo conveniente, andar por aí num carro com um garoto estranho sozinha. Este é o significado do seu nome não é?

– Meu nome? Eu não sabia. Mas obrigada pela informação. Disse saindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Amanhã eu apareço com mais. Bjooooooos



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