The Big Four - A Nova Geração escrita por Excalibur


Capítulo 27
O Melhor Esconderijo é a Casa de um Antigo Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Não vou mentir, pra mim é bem mais fácil entrar no Watt, escrevo pelo celular e tal. Vou tentar atualizar aqui com mais frequência, mas caso eu demore, podem puxar minha orelha aqui ou dar uma olhada no outro site, pra ver se já postei lá.
Obrigada por acompanharem, bjksssssssss
Excalibur



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Banguela estava no mínimo, assustado. A tempestade do lado de fora estava bem melhor do que a de antes, mas isso não quer dizer que não continuava horrível. Merida me apertava forte, e seu rosto enterrado no meu pescoço me fazia sentir um conforto anormal.

O vento era tão frio e seco, que mesmo que eu não inspirasse, ele arrumava um jeito de penetrar meus pulmões e congelar meu corpo.

Jack e Rapunzel seguiam só um pouco mais à frente, com o trenó roubado do Papei Noel. Dentre tantas coisas absurdas que estavam ocorrendo, certamente essa era a mais impensada.

Pequenos pisca-piscas vermelhos mostravam quando o trenó mudava de direção, mas era cômico eles serem as únicas coisas que eu via em meio à tempestade. Tudo aconteceu tão rápido, que meu cérebro não teve tempo de organizar as ideias.

Por algum motivo eu acreditava em Andrômeda, algo em seus olhos me diziam que ela era confiável. As palavras que ela disse assim que as meninas saíram atrás das bonecas continuavam em looping em minha mente. A cena parecia estar acontecendo de novo.


— De onde conhece ela? — Jack perguntou quando a porta se fechou atrás de Merida.

No cristal, a pequena garota loira tentava controlar a sua respiração, passando a mão no rosto.

— Conheci ela antes de morrer. — Respondi dando de ombros e apoiando as mãos atrás do pescoço.

— Escutem, isso não era para estar acontecendo agora. — Ela afirmou apoiando as duas mãozinhas na cintura e aproximando o rosto do cristal. — Achei que uma vez sendo Guardiões, então tudo ficaria mais fácil, mas isso não é o que está acontecendo.

— Ei, vai devagar pequena. Não entendi metade das coisas que você disse. — Jack comentou com uma risada no final.

— Devem tomar cuidado, Ele é bom em enganar e manipular quem quer que seja. — Andrômeda alertou baixando consideravelmente o tom de voz e falando mais devagar também. — Qualquer um pode estar trabalhando com ele, mesmo sem saber.

— Quem é "ele"? — Perguntei dando um pequeno empurrão em Jack, que com certeza iria fazer alguma piada totalmente fora de hora.

— Seymour. — O Guardião do inverno respondeu, me deixando completamente surpreso.

— Não confiem em ninguém, vou enviar uma mensagem para Solium. Falo com vocês assim que conseguir. — A garotinha concluiu, apagando junto com o cristal.

— O que você sabe que eu não sei? — As palavras saíram lentamente da minha boca, enquanto Jack só observava com um olhar perdido o cristal opaco.


— SOLUÇO! — A voz estridente de Merida soou, quase me deixando surdo, por estar tão perto do meu ouvido.

Um pinheiro que juro que até um minuto atrás estava invisível, surgiu bem na nossa frente. Banguela desviou sem precisar da minha ajuda, e logo estávamos na cola do trenó de novo.

O aviso de Andrômeda continuava ecoando na minha mente, colocando a prova o que fizemos. Talvez tenha sido imprudente fugir dos Guardiões desse jeito, mas era isso que meus instintos gritavam para fazer.

Merida nunca tinha ido com a cara deles, mas são poucas as pessoas que ganham a confiança da ruiva. Já Rapunzel era o oposto, acreditava que havia uma explicação e com certeza ia preferir que ficássemos. Um voto contra um. Empate.

Jack ainda parecia em dúvida, mas onde quer que tenha ido com Merida antes, deve ter feito sua opinião pender para o lado dela. É claro que roubar um trenó contava muito.

E eu, bom, confio no julgamento de Merida. A conversa que ouvi no escritório de Norte foi o suficiente para me fazer duvidar dos quatro.

Depois de vários minutos de voo, a tempestade foi ficando para trás, e fomos baixando a altitude para pousar em uma parte da floresta. O problema é que Jack não fez isso.

Aumentando mais ainda a velocidade, o Guardião atravessou um pequeno monte de neve, sumindo dentro dele. Eu e Merida nos entreolhamos, mas acabamos passando pelos pinheiros e mergulhamos no chão.

Esperei bater de cara na superfície da floresta, mas invés disso, passamos direto, entrando num túnel grande e comprido, que levava para baixo. As paredes tinham uma camada de gelo, e não eram grandes o suficiente para Banguela seguir voando.

Fomos escorregando no gelo como em um escorrega do mal ruma à morte e chegamos em um salão. O lugar definitivamente tinha a cara de Jack, tudo parcialmente congelado, com alguns objetos roubados do Castelo de Norte e com certeza de Coelhão também.

O lugar devia ser antes uma caverna, pois tinha estalagmites e estalactites, assim como um pé direito alto. O salão não tinha mais de 500 metros quadrados, mas o gelo e a escuridão o fazia parecer maior.

— Onde estamos? — Merida perguntou já saltando de Banguela e procurando não escorregar na superfície lisa e escorregadia.

— Só os Guardiões podem ter onde morar? — Jack perguntou levando a mão até o peito, fingindo estar ofendido. O trenó estava parado longe de nós, então suas palavras ecoaram pelo lugar.

— Mora nesse buraco? — Ela caçoou, fazendo uma careta de reprovação e dando uma rodada no próprio eixo.

— Licença, porque pelo menos tenho um lugar pra chamar de meu. — Jack retrucou pegando o saco de bonecas e arrastando até várias almofadas coloridas no chão. Até agora Punzie e eu não tínhamos nos manifestado.

Merida deu de ombros e jogou as mãos para o alto, se rendendo. Banguela espirrou e se sacudiu, reclamando do frio. Saltei de cima dele e acariciei sua cabeça, o acalmando. 

— Esse lugar estava abandonado desde que expulsei seu antigo dono. Breu era o morador original, então sugiro que não andem sozinhos por aí, podem acabar achando algo estranho pelos corredores. — Ele explicou dando de ombros, como se fosse totalmente normal.

— Breu é o cara dos pesadelos? — Perguntei levantando uma sobrancelha. — Escolheu morar na antiga casa de um cara que tentou de matar?

— Sim. — Jack disse entre risadas. — Fala sério, não tem nenhum problema, nenhum pesadelo ia se aventurar aqui. Te asseguro que estamos seguros, está tudo congelado.

Mesmo sendo o Guardião da diversão, sei que ele não nos colocaria em risco. Só acenei com a cabeça e andei para perto de Merida, que mexia em um telefone antigo sobre uma mesinha.

— Tem umas coisas que recuperei da minha antiga casa. Nunca me preocupei em arrumar direito esse lugar. — Ele falou também se distraindo com um objeto próximo.

Desviei meu olhar para Punzie, e ela continuava sentada no trenó, com o olhar baixo. Deixei a Ruiva inspecionando o local e me aproximei do trenó. Assim que me afastei de Merida, Jack foi para o seu lado, e eles começaram a falar em voz baixa.

— E aí? — Perguntei me apoiando na lateral do trenó e observando a garota na minha frente.

— Estou cansada de não saber de nada. — Ela resmungou cansada, levantando os olhos até os meus. — Parece que cada vez estamos nos dividindo mais.

Pensei um pouco em duas palavras e suspirei cansado. Era verdade.

— É complicado, Punzie. Pelo menos pra mim, é muito difícil de aceitar isso tudo. — Expliquei olhando para ela novamente e esticando a mão para a mesma, para que ela saísse do trenó. — Quer dar uma caminhada por aí?

A garota assentiu e saltou do trenó, com sua mochila nas costas. Merida e Jack nem mesmo notaram quando saímos por um dos corredores laterais, mergulhando no gelo.



— Como acha que funciona os Centros? — Ela perguntou depois de muito tempo de silêncio.

— Acho que é o que Norte nos explicou. Algo que nos resume, como se fosse a luz que usamos na hora da morte. — Falei chutando pequenos pedaços de gelo do caminho.

— Acha então que é algo permanente? — Punzie questionou de novo, após mais uns segundos quieta.

— Acho que sim. Como se fosse um arquétipo. — Respondi levantando o olhar para o dela. — Por que a pergunta?

— Quando estávamos no escritório de Norte, eu e Merida achamos aquele saco de bonecas, e também a do próprio Norte, dentro de uma gaveta. Ela largou a boneca dele em cima da mesa, e não pegamos depois de sair. Mas...... — A garota fez uma pequena pausa, levantando um pouco os ombros. — ....quando estava no trenó, uma delas caiu do saco, e era do Norte.

— Tem certeza que Merida não a jogou lá dentro? — Perguntei virando a cabeça para o lado, pois uma leve luz dourada chamou minha atenção, refletida pelo gelo.

— Tenho. Mas o mais estranho foi quando a abri. O Centro dele estava escrito como o da a boneca da Ceifadora, com uma tinta dourada. O problema foi que quando passei o dedo sobre as letras, a tinta saiu e mostrou algo em baixo. Ilusão era o que estava escrito. — Ela contou, voltando sua atenção para o mesmo lugar que eu.

Dei uns passou para perto do corredor com a luz, mas as mãos de Punzie me pararam.

— Acha que o Centro pode ser mudado? Ou talvez Norte o tenha escondido, com medo de o descobrirmos? — Seus olhos continham dúvida assim como os meus.

— Eu não sei Punzie, mas independente do que seja, tem algo bem errado. Talvez Jack possa explicar. — Falei dando de ombros e andando até à luz.

— Não. Se eles não me explicam o que sabem, não vou ficar dando mais coisas para esconderem. — Ela disse ligeiramente irritada. A garota apressou o passo para andar do meu lado, mas acabou caindo no chão, e o conteúdo da sua mochila se espalhou pelo lugar.

Dei uma risada e a ajudei a se levantar. Colocamos o resto das coisas de volta na mochila, e seguimos até o final do corredor. Um caderno no chão me distraiu, pois não tinha percebido ele escorregando para longe.

Um grande globo terrestre estava desenhado, com vários pontos dourados pelos continentes. Me perdi pelos traços perfeitos que Punzie fazia, e seu toque no meu ombro me fez voltar a realidade.

Olhei para frente e encarei a luz dourada. Por mais improvável que pareça, ela vinha de um globo exatamente igual ao do desenho.

— SOLUÇO! PUNZIE? — A voz de Merida ecoou pelos corredores, se repetindo várias e várias vezes.

Eu e Punzie simplesmente nos entreolhamos e desviamos o olhar de volta para o globo. Nenhum de nós teve vontade de responder ao seu chamado.

 


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